O
Papa Francisco aprovou os votos favoráveis da Sessão Ordinária dos Cardeais e Bispos Membros da Congregação sobre a
canonização dos Protomártires do Brasil, também conhecidos como mártires de
Cunhaú e Uruaçu.
Ao receber nesta quinta-feira o Prefeito da Congregação das
Causas dos Santos, Cardeal Angelo Amato, o Pontífice deu a autorização que
levará à canonização de André de Soveral e Ambrósio Francisco Ferro, sacerdotes
diocesanos, e Mateus Moreira, leigo, como também de 27 companheiros, mártires. Eles foram assassinados por ódio à fé no Brasil em 16 de julho
de 1645 e 3 de outubro de 1645.
Em entrevista à rádio Rural, da Arquidiocese de Natal,
o Arcebispo, Dom Jaime Vieira Rocha, deu a notícia da aprovação da canonização
dos mártires. “Estamos vivendo este momento muito feliz de ação de graças a
Deus”, disse.
O
Arcebispo informou que agora o Papa Francisco “vai convocar um consistório para
oficializar a canonização dos nossos mártires”.
“Mas, já podemos nos alegrar. Hoje é o dia em que a Arquidiocese
de Natal, a Igreja no Brasil, todos nós povo de Deus e,
sobretudo os devotos dos mártires de Cunhaú e Uruaçu guardarão na memória como
a data histórica quando foi propagada a notícia da aprovação da canonização dos
mártires”, ressaltou.
Em seguida, recordou um refrão do hino dos protomártires, que
diz: “Mártires da fé, filhos do Rio Grande, homens e mulheres, jovens e
meninos. Pelo bom pastor deram o seu sangue, nossa Igreja em festa canta os
seus hinos”.
O nome de protomártires foi dado na ocasião da visita do Papa
João Paulo II, em 13 de outubro de 1991, na Missa de
encerramento do XII Congresso Eucarístico, ocorrido em Natal.
Sua história remonta ao período em que holandeses calvinistas
ocuparam territórios do nordeste do país, entre 1630 e 1654. Na época, quiseram
obrigar os católicos a se converterem ao calvinismo e proibiram a celebração da
Santa Missa.
Foi nesse contexto que, em 1645, católicos do Engenho de Cunhaú
foram martirizados durante a Celebração Eucarística, de maneira violenta. Três
meses depois, o caso voltou a se repetir em Uruaçu com crueldade ainda maior.
Segundo relatos, nessa ocasião, o camponês Mateus Moreira teve o coração
arrancado pelas costas, mas, antes de morrer pôde gritar em alta voz: “Louvado
seja o Santíssimo Sacramento!”.
Padre André de Soveral, Padre Ambrósio Francisco Ferro, Mateus
Moreira e outros 27 companheiros foram beatificados por São João Paulo II, em 5
de março de 2000.