quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Homilética: Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo - Ano C: "Um Rei na Cruz: relativismo e verdade".



A festa de hoje foi especialmente instituída no Ano Jubilar de 1925 pelo Papa Pio XI com a Carta Encíclica “Quas Primas” (QP), para nos mostrar Jesus como único soberano de uma sociedade que parece querer viver de costas para Deus. A publicação desta encíclica coincidiu com o 16º centenário do Concílio de Nicéia, que proclamara a divindade do Filho de Deus; este Concílio inseriu também em sua fórmula de fé as palavras: “cujo reino não terá fim”, afirmando assim a dignidade real de Cristo (cf. QP 2).


Jesus Cristo, sendo a Verdade, é também o rei da verdade, isto é, verdade é o que ele diz. O ser humano sempre mantém essa sadia curiosidade por conhecer a verdade. No filme “A Paixão de Cristo” de M. Gibson há um momento em que Pilatos pergunta a Jesus: Quid est veritas? – O que é a verdade? Tanto no filme como na Escritura se pode ver que “falando isso, saiu de novo” (Jo 18,38). Dá a impressão de que no fundo ele não queria saber a resposta. E, no entanto, o ser humano sempre tem o desejo de conhecer a resposta para os seus interrogantes, ainda que seja verdade que às vezes tente abafar esse desejo.


No Evangelho de hoje, se percebe esse desejo a través da conjunção “se”: “se é o Cristo, o escolhido de Deus!” – manifestam os príncipes dos sacerdotes; “se és o rei dos judeus” – dizem os soldados; “se és o Cristo” – diz um dos malfeitores crucificados com Jesus. Parece existir uma dúvida que no fundo é um “grito silencioso” que poderia ser traduzido dessa maneira: “Por favor, Senhor, se manifesta; por favor, me diz quem é você. Não aconteça que pela minha ignorância, venha eu a perecer. Se você é o Cristo, me salva”. Frequentemente, diante da aparente indiferença em relação à escuta do Evangelho, devemos escutar esse apelo oculto, silencioso, um grito suplantado.

O chamado “bom ladrão” teve coragem de expressar nitidamente o desejo do seu coração: “Jesus, lembra-te de mim, quando tiveres entrado no teu Reino!” Não devemos temer as revoltas humanas contra Deus. Temos a esperança de que, um dia, essas pessoas possam dizer como esse pecador que, como era um bom ladrão, soube “roubar” o céu nos últimos minutos de vida. Tenhamos por certo: a verdade de Cristo é que o que todos os homens e mulheres desejam, sabendo ou não.

A verdade, na Sagrada Escritura, não é somente uma luz na inteligência evidente para o sujeito, mas principalmente um apoio para toda a vida. O símbolo da verdade na Escritura é a rocha, a solidez da pedra. Na verdade de Deus nós podemos apoiar-nos para levar uma vida justa e bela, humana e sobrenaturalmente.

Cristo é o rei da verdade, mas é custoso deixar que essa verdade penetre até o mais profundo do nosso ser para ser nosso apoio, guia e modelo. Queremos conhecer a verdade, mas temos medo de comprometer-nos com ela, tememos que a verdade conhecida nos arranque do nosso habitual comodismo e das nossas costumeiras tradições. Quando Cristo bate à porta do nosso coração nos sentimos alegres, mas também – à medida que ele vai pedindo um maior espaço – percebemos como nos incomoda. No entanto, graças a Deus, somos conscientes de que a felicidade desejada só se encontra nessa verdade abraçada.
COMENTÁRIOS DOS TEXTOS BÍBLICOS


Leituras: 2Sm 5,1-3; Sl 121; Cl 1,12-20; Lc 23,35-43

Celebramos neste último domingo do tempo litúrgico a solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo, estabelecida no calendário litúrgico pelo Papa Pio XI, no ano de 1925, como resposta aos regimes políticos ateus e totalitários que negavam os diretos de Deus e da Igreja. Esta solenidade nasceu com o objetivo de responder às correntes que se opunham aos valores cristãos. Cristo é o rei do universo e deve reinar no mundo e no coração dos homens. Seu reino é um reino de justiça, de paz e de amor.

As origens do reconhecimento do reinado de Cristo se encontram no próprio evangelho. Cristo não reina de acordo com categorias humanas e ele mesmo esclarece que o seu reinado não é deste mundo. A Cristo pertence o Reino de Deus. Em um diálogo com Jesus diante do tribunal, Pilatos pergunta: “Tu és Rei?”. Diante deste questionamento Jesus responde:  “Tu o dizes, eu sou rei. Para isso nasci e vim ao mundo, para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta minha voz” (Jo 18,37).

Quando alguém era condenado, no alto da cruz fixavam uma inscrição declarando o crime cometido.  No caminho, essa inscrição era levada, de maneira visível, por um soldado, ou o condenado o trazia pendurada ao pescoço.  Jesus recebeu a seguinte inscrição: ‘Este é o Rei dos Judeus”.  Esta inscrição foi redigida em três línguas: grego, latim e hebraico.  Hebraico, por ser a língua dos judeus.  Latim, o idioma oficial do Império Romano.  Grego, porque era popular, muito conhecido e falado em toda a região.

Tudo isto está pensando a Igreja ao celebrar a solenidade de Cristo, Rei do Universo.  Ela não está pensando em cetros e coroas.  Está pensando no profundo sentido espiritual e teológico que tem o Reino de Cristo, segundo a palavra que Ele mesmo disse ao governador romano: “Meu reino não é deste mundo” (Jo 18,36).

Na leitura do evangelho que a Igreja nos convida a refletir neste dia, temos a figura do bom ladrão que a tradição identifica como São Dimas. Ela se encontra tambérm na cruz, ao lado de Jesus, presenciando a sua morte e testemunhando todos os acontecimentos. Na verdade, junto a Jesus estavam dois malfeitores, um se converte e se salva, sabe aproveitar a companhia de Jesus, o outro, não.

O mau ladrão estava junto de Jesus na cruz, no entanto, não soube aproveitar este momento.  O bom ladrão, ao contrário reconhece a sua inocência e faz uma alusão à sua realeza ao dirigir a Ele estas palavras: “Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado” (v. 42).  Ele faz isto em um espírito de fé e obtém do Cristo uma resposta: “Hoje mesmo estarás comigo no paraíso” (v. 43).

O bom ladrão recebe o paraíso por causa desta fé, como muitos outros personagens da Sagrada Escritura, que também receberam a cura pela fé (cf. Lc 18,42).  Somente o bom ladrão atinge o mistério profundo de Jesus.  Precisamente um bandido é o único que entende algo do que está acontecendo.  Ele reprova a atitude do seu companheiro, e reconhece que o Cristo foi condenado injustamente, para finalmente lhe suplicar com humildade: “Jesus, lembra-te de mim quando chegares em teu reino” (v. 42).

E Jesus, que até então estava calado e não havia respondido aos que zombavam dele, abriu os lábios para falar ao bom ladrão: “Em verdade vos digo: hoje mesmo estarás comigo no paraíso” (v. 43).  Assim foi ele o primeiro beneficiário da salvação trazida ao homem pela cruz de Cristo.

Até o momento de sua morte vemos o que foi a constante da vida do Cristo Senhor: sua preferência pelos pecadores, como bem ressalta os evangelhos: Ele acolhe os pecadores (Lc 15,2).  A promessa que o Senhor faz ao bom ladrão revela esta vitória e é garantia de nossa esperança cristã. O “hoje estarás comigo” é o “hoje” perene da salvação, o hoje que inicia a escatologia, isto é, o presente e o futuro da nova criação e da nova humanidade dos redimidos.  Uma vez vencida a morte, esperamos estar com o Senhor no paraíso, isto é, na vida eterna que a cruz gloriosa de Cristo, Rei e Senhor da vida, anuncia.

O título que para muitos foi motivo de escândalo e de injúrias, será a salvação do bom ladrão, em quem a fé lançou raízes, quando mais oculta parecia a divindade do Salvador.  Com isto percebemos também o valor da oração.  Na prece curta do bom ladrão ele pede apenas para que Cristo possa lembrar dele, mas ouve a respota: “Hoje estarás comigo no Paraíso” (v. 43).  A vida consiste em habitar com Jesus Cristo, e onde está Jesus Cristo ali está o Reino. Possamos dizer como disse na cruz o bom ladrão: “Jesus, lembra-te de mim, quando vieres com teu reino”(Lc 23,42).

Chama ainda a nossa atenção a frase: “Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso”. Foi decisivo este “comigo”, pronunciada por Jesus. Observamos que bom ladrão está na cruz “como” Jesus, mas, sobretudo, está na cruz “com” Jesus. E, contrariamente ao outro malfeitor e a todos os demais que o ridicularizam, não pede a Jesus que desça da cruz, nem que o faça descer, mas, ao contrário, diz: “Lembra-te de mim, quando entrares no teu reino” (v. 42).

O bom ladrão vê Jesus na cruz desfigurado, irreconhecível e, no entanto, pela fé, o vê como a um rei e deposita nele a sua confiança. O bom ladrão acredita naquilo que está escrito no letreiro acima da cabeça de Jesus: “Rei dos judeus”. Ele crê e confia. Por isso, já se encontra no “hoje” de Deus, no Paraíso, porque o Paraíso consiste nisto: estar com Jesus, estar com Deus.

Nesta passagem, observa-se que o futuro é antecipado para o presente, quando Jesus promete ao bom ladrão: “Hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23, 43).  A acusação: “Este é o Rei dos Judeus”, escrita numa tábua pregada no alto da cruz, torna-se assim a proclamação da verdade, o que deve sempre constituir para nós um convite a recordar de que Rei somos servos, sobre qual trono ele foi elevado e como foi Ele fiel até ao fim, para vencer o pecado e a morte com a força da misericórdia divina.

A exemplo do bom ladrão, todos nós, que carregamos nossas cruzes, esperamos um dia ouvir as palavras do Rei, que tem a cruz como trono: “Em verdade vos digo, hoje mesmo estarás comigo no meu Reino” (v. 43).

Nesta perspectiva, a pergunta importante que devemos fazer na solenidade de Cristo Rei é se Ele reina dentro de mim e se a sua realeza é reconhecida e vivida por mim. E nós, que cremos que Jesus retornará como Rei da Glória e que o seu eino não terá fim, peçamos a ele que nos faça repetir como o bom ladrão no alto da cruz: “Jesus, lembra-te de mim, quando vieres com teu reino” (v. 42).  Esta deve ser a nossa oração quotidiana, para que o Cristo Senhor venha reinar em cada um de nós.

Peçamos também a Virgem Maria, a quem Deus associou de modo singular à realeza do seu Filho, nos conceda acolhê-lo como Senhor da nossa vida e a ela, também invocada pelo povo cristão como Rainha e advogada nossa, que ela possa interceder sempre por nós, para que possamos seguir cotidianamente Jesus, o nosso Rei, como ela fez, e que possamos todos os dias pedir a Ele: “Venha a nós o vosso Reino”.  Assim seja.



PARA REFLETIR

É este o último Domingo do Ano da Igreja. Na corrida, na fiada de dias iniciada no Advento do ano passado, contemplamos o Cristo que se fez homem por nós, por nós anunciou e tornou presente o Reino do Pai e, para nos dar esse Reino de modo definitivo, por nós entregou-se na cruz, morreu e ressuscitou, dando-nos de modo definitivo o seu Espírito Santo. Pois bem: depois de termos contemplado todo este mistério, chegamos ao fim e proclamamos o Senhor Jesus como Reino do Universo. Como afirma o Apocalipse, “Jesus Cristo fez de nós um reino e sacerdotes para Deus, seu Pai. A ele a glória e o poder pelos séculos dos séculos!”

Mas, que significa afirmar esta realeza de Cristo Jesus? Pensando bem, é um título problemático, esse dado ao Senhor… Ele é Rei mesmo? Rei do quê? Rei num mundo que o rejeita, Rei de um Ocidente que cada vez mais lhe volta as costas? Rei de uma humanidade de coração fechado para o seu senhorio? Não seria mais lógico, mais realista afirmar que os reis de hoje são os Ronaldinhos, o Paulo Coelho, o Bush e os heróis de plantão? Será que celebrar o Senhor Jesus com este título portentoso, “Rei do Universo”, não é mais uma prova de que os cristãos estão delirando, apegados a um passado glorioso, quando a sociedade era cristã e a Igreja tinha poder?

Quando os cristãos confessamos que Cristo é Rei, de que reinado estamos falando? A que Reino estamos nos referindo? Nós realmente acreditamos com todo o coração e confessamos com toda convicção que Jesus Cristo – e só ele! – é Rei: Rei do universo, Rei da história, Rei da humanidade, Rei da vida de cada pessoa humana, cristã ou não-cristã. Ele é Rei porque é Deus feito homem, é, como diz a Escritura, aquele “através de quem e para quem todas as coisas foram criadas, no céu e na terra… Tudo foi criado através dele e para ele… Ele é o Primogênito dentre os mortos” (Cl 1,1518).

No entanto, é necessário compreender a natureza do reinado de Jesus. A Liturgia de hoje coloca como antífona de entrada do Missal romano uma frase do Apocalipse que é surpreendente: “O Cordeiro que foi imolado é digno de receber o poder, a divindade, a sabedoria, a força e a honra. A ele a glória e poder através dos séculos!” Frase surpreendente, sim! Quem é Aquele que proclamamos Rei? O Cordeiro; e Cordeiro imolado. Cordeiro evoca mansidão, paz, fragilidade… Nosso Rei não é aquele que faz e acontece, aquele que passa por cima feito trator… Nosso Rei é o Cordeiro que foi esmagado na cruz, Aquele que foi imolado pelo Pecado do mundo. O mundo passou e passa por cima do nosso Rei, refuta seu Evangelho, desdenha de sua Palavra, ridiculariza seus preceitos, calunia sua Igreja… Esse Rei é Aquele que foi crucificado, que foi derrotado e terminou sozinho, é o homem de dores prenunciado por Isaías. No Evangelho escutamos que zombaram e zombam dele: “A outros ele salvou. Salve-se a si mesmo, se de fato é o Cristo de Deus, o Escolhido! Tu não és o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós!” (Lc 23,35.39)

Não! Decididamente, Jesus não é Rei nos moldes dos reis da terra. Não podemos imaginar os reis, presidentes e manda-chuvas deste mundo, para depois enquadrar Cristo nesses modelos. O reinado de Cristo somente pode ser compreendido a partir da lógica do próprio Cristo: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos” (Mc 10,45). Eis o modo que Cristo tem de reinar: servindo, dando vida e entregando a própria vida. Tão diferente dos reis da terra, dos políticos e líderes de ontem de hoje: “Sabeis que aqueles que vemos governar as nações as dominam, e os seus grandes as tiranizam. Entre vos não será assim…” (Mc 10,42s). Cristo é Rei porque se fez solidário conosco ao fazer-se um de nós, é Rei porque tomou nossa vida sobre seus ombros, é Rei porque passou entre nós servindo, até o maior serviço: entregar-se totalmente na cruz. É rei porque, agora, no céu, Deus e homem verdadeiro, é Cabeça e Princípio de uma nova criação, de uma nova humanidade, de uma nova história, que se consumará na plenitude final. A festa de Cristo Rei recorda-nos uma outra: a do Domingo de Ramos, quando, com palmas nas mãos, cantamos o reinado de Cristo, que entrava em Jerusalém num burrico – animal de carga de serviço – para ser coroado de espinhos, morrer e ressuscitar.

Tudo isto nos coloca em crise, pois este Rei-Messias olha para nós, cristãos, seus discípulos, e nos convida a segui-lo por esse caminho: não o da glória, mas da humildade; não o do sucesso a qualquer custo, mas da fidelidade a todo preço; não o das honras, mas do serviço; não o da imposição, mas da proposta humilde. Quantas vezes os cristãos pensaram o reinado de Cristo de modo demasiado humano, quantas vezes a Igreja pensou que o Reino do Senhor estava mais presente quando ela era honrada, reverenciada, presente nos corredores dos palácios ou nos palanques dos grandes do mundo… Quantas vezes vemos o reinado do Senhor quando tudo sai bem para nós… Ilusão; tentação diabólica! Nosso verdadeiro reinado, nossa real serviço, nossa inalienável dignidade é unir-se a Cristo no seu caminho de humilde serviço ao Evangelho, seguindo os passos do nosso Senhor: “Fiel é esta palavra: Se com ele morremos, com ele viveremos. Se com ele sofremos, com ele reinaremos” (2Tm 2,11). Todas as vezes que esquecemos isso, fomos infiéis e indignos de reinar com Cristo. Houve tempos gloriosos na nossa história de Igreja de Cristo: já fomos perseguidos pelos romanos, já fomos perseguidos em tantos lugares da terra: já nos mataram, torturaram, pisaram, discriminaram… Houve tempos tristes: quando perseguimos, torturamos e discriminamos… pensando, assim, manifestar o Reino de Cristo! Que engano! Que ilusão!

Hoje, temos uma nova chance. Nos países muçulmanos e budistas, somos cidadãos de segunda classe, perseguidos e mortos (ninguém divulga isso!), na China, somos colocados na prisão e nossos Bispos são condenados a trabalhos forçados e, aqui, no nosso Brasil, somos chamados de reacionários, medievais, obscurantistas, anacrônicos, contrários à ciência e ao progresso… porque não aceitamos o aborto, a eutanásia, o assassinato de deficientes, a dissolução da família… É, mais uma vez, a chance de testemunhar o reinado de Cristo, de permanecermos firmes no combate, com a humildade que é capaz de dialogar e ouvir, mas também com a firmeza que não arreda o pé da fidelidade ao Senhor: “Vós sois os que permanecestes constantemente comigo em minhas tribulações; também eu disponho para vós o Reino, como meu Pai o dispôs para mim, a fim de que comais e bebais à minha mesa em meu Reino” (Lc 22,28-30). Que missão, que chance, que desafio, que graça! Com serenidade e firmeza, na palavra, na vida e na morte, testemunhemos: Jesus Cristo é Rei e Senhor, Princípio e Fim de todas as coisas.

Humildemente, elevemos, cheios de confiança, o nosso olhar para ele, e como o Bom Ladrão, supliquemos: “Jesus, lembra-te de mim, lembra-te de nós, quando entrares no teu Reino!” Só a ti a glória, pelos séculos dos séculos. Amém.

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