sábado, 15 de abril de 2017

Frei Raniero: "A cruz não está contra o mundo, mas pelo mundo".


HOMILIA
Frei Raniero Cantalamessa

CELEBRAÇÃO DA PAIXÃO DO SENHOR
Basílica de São Pedro
Sexta-feira, 14 de abril de 2017

“A CRUZ, ÚNICA ESPERANÇA DO MUNDO”

Escutamos a narrativa da Paixão de Cristo. Trata-se, essencialmente, do relato de uma morte violenta. Notícias de mortes, e mortes violentas, quase nunca faltam nos noticiários vespertinos. Também nestes últimos dias, temos escutado tais notícias, como a dos 38 cristãos coptas assassinados no Egito no Domingo de Ramos. Estas notícias se sucedem com tal rapidez, que nos fazem esquecer, a cada noite, as do dia anterior. Por que, então, após 2000 anos, o mundo ainda recorda, como se tivesse acontecido ontem, a morte de Cristo? É que esta morte mudou para sempre o rosto da morte; ela deu um novo sentido à morte de cada ser humano. Sobre ela, reflitamos por um momento.

"Chegando, porém, a Jesus, como o vissem já morto, não lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu sangue e água" (Jo 19, 33-34). No início do seu ministério, àqueles que lhe perguntavam com qual autoridade ele expulsava os vendedores do templo, Jesus disse: "Destruí este templo e em três dias eu o levantarei". "Ele falava do templo do seu corpo" (Jo 2, 19. 21), havia comentado João naquela ocasião, e eis que agora o próprio evangelista nos diz que do lado deste templo "destruído" jorram água e sangue. É uma clara alusão à profecia de Ezequiel que falava do futuro templo de Deus, daquele lado do qual jorra um fio de água que se torna primeiro um riacho, depois um rio navegável, em torno do qual floresce toda forma de vida.

Mas, penetremos no epicentro da fonte deste “rio de água viva” (Jo 7, 38), no coração trespassado de Cristo. No Apocalipse, o mesmo discípulo que Jesus amava escreve: "Com efeito, entre o trono com os quatro Viventes e os Anciãos, vi um Cordeiro de pé, como que imolado” (Ap 5, 6). Imolado, mas de pé, ou seja, trespassado, mas ressuscitado e vivo.

Existe agora, dentro da Trindade e dentro do mundo, um coração humano que bate, não só metaforicamente, mas realmente. Se, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, também o seu coração ressuscitou dentre os mortos; este coração vive, como todo o resto do seu corpo, em uma dimensão diferente da primeira, real, embora mística. Se o Cordeiro vive no céu "imolado, mas de pé”, também o seu coração compartilha o mesmo estado; é um coração trespassado, mas vivente; eternamente trespassado, precisamente porque eternamente vivente.

Há uma expressão que foi criada justamente para descrever a profundidade da maldade que pode aglutinar-se no seio da humanidade: “coração de trevas”. Depois do sacrifício de Cristo, mais profundo do que o coração de trevas, palpita no mundo um coração de luz. Cristo, de fato, subindo ao céu, não abandonou a terra, assim como, encarnando-se, não tinha abandonado a Trindade.

"Agora cumpre-se o plano do Pai – diz uma antífona da Liturgia das horas –, fazer de Cristo o coração do mundo”. Isso explica o irredutível otimismo cristão que fez uma mística medieval exclamar: "O pecado é inevitável, mas tudo ficará bem e todo tipo de coisa ficará bem " (Juliana de Norwich).

A solidão do caminho da santidade


Deus tocou o seu coração e você decidiu se entregar totalmente a Ele. Mudou suas escolhas, começou a fazer sacrifícios e rezar o terço. Não perde uma missa aos domingos e seu coração se enche de alegria de poder colocar seus dons a serviço de Deus e dos irmãos. Mas você olhou pro lado e não tinha mais ninguém.

Não estou falando da vida em comunidade dentro da Igreja. Estou falando dos seus amigos de infância, dos colegas de trabalho, do pessoal da faculdade, do cursinho, da sua família. Estou falando do mundo à sua volta.

Você olha pros lados e parece que ninguém mais procura a santidade, só você. Ninguém quer saber de rezar junto, ouvir a pregação que te emocionou, de compartilhar as dificuldades na oração, de ir com você na missa, nos retiros, nos eventos, no show daquele artista católico. Eles simplesmente não querem saber. Você fala de Deus e elas mudam de assunto, isso quando não criticam o que eles chamam de seu “novo estilo de vida”. Dizem que a santidade é impossível e que a castidade é algo impensável. Você quer viver na retidão e é taxado de chato, puritano e moralista.

Se você se identificou com tudo isso, preciso te dizer: você não está sozinho. É sério. Neste momento, há muitas pessoas, principalmente jovens, que passam pela mesma situação.

São Crescente


Nasceu em Mira, na Ásia Menor. Crescente chorou muitas vezes quando percebia pessoas que se entregavam a religiões politeístas, de muitas divindades, longe daquele que é o único Senhor e Salvador: Jesus Cristo.

Seu esforço era o de levar a sua experiência. Primeiro, através de uma oração de intercessão constante pela conversão de todos.

Certa vez, numa festa pagã aos deuses, ele se fez presente e movido pelo Espírito Santo, começou a evangelizar. Inimigos da fé cristã o levaram a um juiz, que propôs que ele “apenas” expressasse exteriormente o culto às divindades pagãs, com o objetivo de preservar sua vida.

Crescente desprezou a proposta, e foi martirizado por não negar a Jesus Cristo.

Deus onipotente e misericordioso, destes a São Crescente superar as torturas do martírio. Concedei que, celebrando o dia do seu triunfo, passemos invictos por entre as ciladas do inimigo, graças à vossa proteção. Por Cristo Senhor nosso. Amém.


São Crescente, rogai por nós!

sexta-feira, 14 de abril de 2017

O Anjo de Guarda é menos inteligente do que o demônio?


A Igreja ensina que Deus criou os Anjos muito superiores a nós. Puros espíritos, de inteligência lucidíssima e grande poder, excedem por sua natureza mesmo os homens mais bem dotados.

Com sua revolta, os Anjos maus perderam a virtude, não porém a inteligência, nem o poder. Deus costuma frear a ação deles mais ou menos, segundo os desígnios de sua Providência. Mas de per si, e segundo sua natureza, continuam eles muito superiores ao homem.

Daí o fato de que a Igreja sempre aprovou que os artistas figurassem o demônio sob a forma de um ente inteligente, sagaz, astuto, poderoso, se bem que cheio de malícia em todos os seus desígnios. Aprovou Ela até que se apresentasse o demônio como um ente de encantos fascinantes, para manifestar assim as aparências de qualidade de que o espírito das trevas pode revestir-se para seduzir os homens.


Em nosso primeiro clichê, temos um exemplo desta apresentação do demônio. Mefistófeles, com um semblante fino, astucioso, de psicólogo penetrante e cheio de lábia, instila pensamentos de perdição, suaves e profundos, ao Doutor Fausto, que dorme, e se acha em pleno sonho.

Este tipo de representação se tem tornado tão freqüente que quase não se figura o demônio senão sob este aspecto.

Tudo isto é, como dissemos, perfeitamente ortodoxo.

As representações que certa iconografia muito corrente faz dos Anjos bons em que sentido são? Mostram-nos como seres eminentemente bem intencionados, felizes, cândidos, e tudo isto é conforme à santidade, à bem-aventurança, à pureza que possuem em grau eminente. Mas essas representações passam da conta, e, querendo acentuar a bondade e a pureza dos Anjos fiéis, não sabendo de outro lado como exprimir ao mesmo tempo sua inteligência, sua fortaleza, sua admirável majestade, figuram seres insípidos e sem valor. 

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Senado se posiciona contra descriminalização do aborto pelo STF


O Senado, por meio de sua Advocacia, enviou um parecer ao Supremo Tribunal Federal (STF), no qual defende as atuais leis do Brasil em relação ao aborto e afirma que eventuais mudanças quanto ao tema devem partir do Legislativo.

O parecer foi enviado em resposta à solicitação da ministra Rosa Weber, relatora da Arguição por Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) aberta pelo PSOL e pelo Instituto Anis, que pede medida cautelar que reconheça a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação.

O parecer do Senado defende que os dois artigos do Código Penal questionados na ADF são aplicados no Brasil há décadas.

“Os artigos questionados não foram alterados na reforma do Código Penal promovida pela Lei nº 7.209, de 11 de julho de 1984, e são aplicados desde então pelas autoridades judiciais do País”, assinala.

Reforça ainda que, “sob a égide da Constituição da República de 1988”, o artigo 2º do Código Civil assegura os direitos do feto.

“Os aludidos dispositivos infraconstitucionais disciplinam a matéria objeto do debate, cuja eventual alteração está sendo discutida pelas Casas do Congresso Nacional por intermédio dos parlamentares eleitos pelo povo, com a participação da sociedade, por meio de consultas e audiências públicas”, completa a Advocacia do Senado Federal. 

Algumas igrejas no Egito não festejarão a Páscoa, em luto pelos mortos nos ataques


As Igrejas na cidade de Minya, no sul do Egito, informaram esta terça-feira que não festejarão a Páscoa no próximo domingo, em luto pelos 46 cristãos coptas mortos nas explosões em duas igrejas nas cidades de Tanta e Alexandria, durante as cerimônias do Domingo de Ramos.

A Diocese Copta Ortodoxa de Minya explicou que as celebrações se aterão às orações litúrgicas, "sem manifestações festivas".


A Província de Minya tem a maior população cristã copta do país. Tradicionalmente, os coptas realizam as celebrações e orações da Páscoa na noite de sábado, dedicando o Domingo da Ressurreição à vida em família e refeição na presença de amigos e visitantes.

O Parlamento egípcio aprovou na terça-feira a decisão do Presidente Abdel Fattah al-Sissi de decretar o Estado de Emergência de três meses após os ataques no último domingo. O gabinete declarou que a decisão entrou em vigor às 13 horas de segunda-feira.

A câmara unicameral aprovou preliminarmente emendas a um conjunto de leis na segunda-feira destinadas a acelerar os julgamentos dos acusados em casos relacionados com o terrorismo. 

Identificada ferida de lança no corpo envolto na mortalha e o Sudário


O Sudário de Turim e o Sudário de Olviedo não só envolveram a mesma pessoa, mas também “sofreu uma ferida” sobre o seu lado quando já era um cadáver, o que é consistente com o Evangelho de São João quando ele narra o momento em que um centurião romano perfurou o lado de Cristo, relatou a Universidade Católica de Murcia (Espanha).

Universidade Católica de Murcia (UCAM), disse em 31 de março que a esta conclusão chegou o estudo médico-forense liderado por Alfonso Sánchez Hermosilla, um pesquisador nesta escola.

Sánchez Hermosilla é médico forense do Instituto de Medicina Legal de Murcia, diretor da equipe de pesquisa do Centro Espanhol de Sindonologia (EDICES) e conselheiro científico do Centro Internacional de Sindonologia Turim.


O estudo foi “conduzido conjuntamente no Sudário de Olviedo e no Síndone de Turim” e “não só reafirmou-se que ambas as peças envolveram a mesma pessoa, mas também que quando ele já estava morto e estando em posição vertical, sofreu um ferimento que perfurou o peito direito, com entrada através do quinto espaço intercostal e saia pelo quarto, ao lado da coluna e ombro direito, deixando marcas de coágulos de sangue e líquido pleuro-pericárdico em ambas as peças de vestuário (no Sudário, por seu contato com a entrada e a saída, e a mortalha com o de saída).

“Isto, disse o UCAM, “é consistente com o que é refletido no Evangelho de João, que no capítulo 19, versículos 33-34 diz: ‘mas quando eles chegaram perto de Jesus, viram que já estava morto, não lhe quebraram as pernas; mas um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e no momento saíram sangue e água”. 

A abstinência é somente deixar de comer carne?


A Sexta-feira Santa é um dos dias em que é obrigatório para o católico a prática do jejum e da abstinência. No cristianismo, o jejum consiste em ingerir apenas uma refeição forte durante o dia e, sendo necessário, tomar outras que não sejam completas. A abstinência (do latim abstinentia) é um gesto penitencial no qual os fiéis se privam ou abstêm voluntariamente de comer carne.

Estão obrigados ao jejum os maiores de 18 anos, até os 59 anos; e à abstinência, os maiores de 14 anos e tal obrigação se prolonga por toda a vida. Além da Sexta-feira Santa, o jejum e a abstinência também são obrigatórios na Quarta-feira de Cinzas.

Não obstante, a abstinência pode ser trocada por outro sacrifício, dependendo do que ditem as Conferências Episcopais de cada país, pois elas são as que têm autoridade para determinar as diversas formas de penitência cristã.

Com este sacrifício, como o jejum, trata-se de que todo nosso ser (espírito, alma e corpo) participe de um ato na qual reconheça a necessidade de fazer obras com as quais reparemos o dano ocasionado com nossos pecados e para o bem da Igreja.