segunda-feira, 24 de abril de 2017

Homilética: 3º Domingo de Páscoa - Ano A: "Fica conosco, Senhor!".


No dia da Ressurreição, à tarde, Jesus, sob as aparências de um peregrino, junta-se aos dois discípulos que se dirigem para Emaús e falam, entre si, dos acontecimentos surpreendentes da sexta-feira anterior, em Jerusalém. (Lc 24, 13-35)

Os discípulos estão tristes, desanimados, decepcionados, frustrados…

Aguardavam um Messias glorioso, um Rei poderoso, um vencedor e encontram-se diante de um derrotado, que tinha morrido na Cruz.

Aparece um peregrino, que caminha com eles… Ao longo da conversa com Jesus os discípulos passam da tristeza à alegria, recuperam a esperança e com isso o afã de comunicar a alegria que há nos seus corações, tornando-se deste modo anunciadores e testemunhas de Cristo ressuscitado.

Jesus caminha junto daqueles dois homens que perderam quase toda a esperança, de modo que a vida começa a parecer-lhes sem sentido. Compreende a sua dor, penetra nos seus corações, comunica-lhes algo da vida que nele habita. “Quando, ao chegar àquela aldeia, Jesus faz menção de seguir o caminho; porém os discípulos insistiram com Jesus para que Ele ficasse com eles. Reconhecem-no depois ao partir o pão: O Senhor, exclamam, esteve conosco! Então disseram um para o outro: “Não estava ardendo o nosso coração quando Ele nos falava e nos explicava as Escrituras? (Lc 24,32). Cada cristão deve tornar Cristo presente entre os homens; deve viver de tal maneira que todos com quem tem contato sintam o bom odor de Cristo (2 Cor 24,32); o bom odor de Cristo deve atuar de forma que, através das ações do discípulo, se possa descobrir o rosto do Mestre” (Cristo que passa, nº 105).

A conversa dos dois discípulos com Jesus a caminho de Emaús, resume perfeitamente a desilusão dos que tinham seguido o Senhor, diante do aparente fracasso que representava para eles a Sua morte.

Jesus, em resposta ao desalento dos discípulos, vai pacientemente descobrindo-lhes o sentido de toda a Sagrada Escritura acerca do Messias: “Não era preciso que o Cristo padecesse estas coisas e assim entrasse na Sua glória?” Com estas palavras o Senhor desfaz a idéia que ainda poderiam ter de um Messias terreno e político, fazendo-lhes ver que a missão de Cristo é sobrenatural: a salvação do gênero humano.

Na Sagrada Escritura estava anunciado que o plano salvador de Deus se realizaria por meio da Paixão e Morte redentora do Messias. A Cruz não é um fracasso, mas o caminho querido por Deus para o triunfo definitivo de Cristo sobre o pecado e sobre a morte (1 cor 1, 23-24).

A presença e a palavra do Mestre recupera estes discípulos desanimados, e acende neles uma esperança nova e definitiva: “Iam os dois discípulos para Emaús. O seu caminho era normal, como o de tantas outras pessoas que passavam por aquelas estradas. E aí, com naturalidade, aparece-lhes Jesus e vai com eles, com uma conversa que diminui a fadiga.

“Jesus, no caminho! Senhor, que grande és Tu sempre! Mas comoves-me quando Te rebaixas para nos acompanhares, para nos procurares na nossa lida diária. Senhor, conhece-nos a simplicidade de espírito, o olhar limpo, a mente clara, que permitem entender-Te, quando vens sem nenhum sinal externo da Tua glória!

Termina o trajeto ao chegar à aldeia e aqueles dois que, sem o saberem, tinham sido feridos no fundo do coração pela palavra e pelo amor de Deus feito homem, têm pena de que Ele se vá embora. Porque Jesus despede-se como quem vai para mais longe (Lc 24,28). Nosso Senhor nunca Se impõe! Quer que O chamemos livremente, desde que entrevimos a pureza do Amor que nos colocou na alma. Temos de O deter à força e pedir-lhe: fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando (Lc 24,29).

Somos assim: sempre pouco atrevidos, talvez por falta de sinceridade, talvez por pudor. No fundo pensamos: fica conosco, porque as trevas nos rodeiam a alma e só Tu és luz, só Tu podes acalmar esta ânsia que nos consome! Porque entre as coisas belas, honestas, não ignoramos qual é a primeira: possuir sempre Deus” (São Gregório Nazianzeno).

Depois da escuta da Palavra e o partir o Pão, os discípulos de Emaús sentem agora a urgência de voltar a Jerusalém!… Partem logo para anunciar a descoberta aos irmãos e, junto com eles, proclamam a fé: “ O Senhor ressuscitou!” É o impulso à Missão.

Os discípulos dizem: “enquanto Ele nos falava, ardia o nosso coração!”

A verdade é que: Sem a Eucaristia, sem a Palavra, os outros nos cansam, nos assustam. Com a Palavra e com o partir o Pão, reconhecemos que Cristo está no próximo. Reconhecemos que Cristo está do nosso lado e a presença dele é capaz de nos reanimar.

Quando Jesus Cristo saiu, os discípulos levantaram-se e foram correndo contar a boa nova para os outros discípulos.

Fica conosco, Senhor! Que o Senhor permaneça conosco em pleno século XXI, porque nós queremos continuar servindo a Deus e a todas as pessoas. “Nós queremos servir a Igreja como ela deseja ser servida”, não conforme os nossos caprichos ou gostos pessoais.

É preciso redescobrir essa realidade: a pessoa humana como caminho da Igreja para apresentarmos a cada ser humano o caminho que realmente é o seu, Cristo. Precisamos compreender as pessoas, amá-las, participar das suas alegrias e tristezas, entender o mundo no qual habitamos junto a elas, acompanhar as situações de pobreza e de riqueza, descobrir o poder da técnica e dos novos meios de comunicação.


Andar por um caminho que não se conhece é muito difícil! A Igreja, como entende que o homem é caminho para ela, se sabe e se declara “mestra de humanidade”: há dois mil anos a Igreja Católica tem acompanhado o ser humano, ela sim entende quem é a pessoa humana e sabe o que é melhor para ela. E nós temos que colocar todos os meios para que sejamos, na Igreja e como Igreja, mestres em humanidade. É preciso conhecer os nossos semelhantes através da simpatia e do amor, conduzidos pelo Espírito Santo, que nos faz apreciar retamente todas as coisas. O Senhor continua no meio de nós.

As Adulterações descaradas nas Bíblias protestantes


Foram terríveis os prejuízos causados pelos tradutores protestantes em todas as suas tentativas de traduzir as Sagradas Escrituras. A incompetência, aliada muitas vezes a má fé, causou danos irreparáveis aos ensinamentos de Jesus Cristo na terra contribuindo decisivamente para a dispersão de seu rebanho. Acompanhe abaixo cada tradutor protestante e seu atentado às Escrituras:

Lutero

Na Alemanha, já havia 30 diferentes edições católicas alemãs da Bíblia*, mas, Lutero, fundando o protestantismo, resolveu fazer sua tradução e adulterou Romanos 1,17, onde diz que “o justo viverá pela fé”. Ele acrescentou a palavra alemã “allein” que significa “somente”, e passou a pregar que o justo “viverá SOMENTE pela fé”. Foi o modo desonesto que ele achou para justificar sua nova religião do “Sola fide”. Ele mesmo confirmou esta adulteração, quando cheio de ódio disse: “Se um papista lhe questionar sobre a palavra ‘somente’, diga-lhe isto: papistas e excrementos são a mesma coisa. Quem não aceitar a minha tradução, que se vá. O demônio agradecerá por esta censura sem minha permissão.” (Amic. Discussion, 1, 127,’The Facts About Luther,’ O’Hare, TAN Books, 1987, p. 201). – * (Imperial Encyclopedia and Dictionary © 1904 Vol. 4, Hanry G. Allen & Company), (Holman Bible Dictionary © 1991).A carta de Tiago que condena o “Somente a fé” em (2,20), (2,14-16) e (2,21-22), foi assim tratada pelo dito “reformador”: ”A carta de Tiago é uma carta de palha, pois não contém nada de evangélico.” (‘Preface to the New Testament,’ ed. Dillenberger, p. 19.).

Hoje, discretamente retiraram o “somente” das traduções protestantes posteriores, mas a doutrina de Lutero (sola fide) é a essência do protestantismo. Continua o jeito fácil de salvar-se, “somente” tendo fé, como determinou Lutero: “Seja um pecador e peque fortemente, mas creia e se alegre em Cristo mais fortemente ainda…Se estamos aqui (neste mundo) devemos pecar…Pecado algum nos separará do Cordeiro, mesmo praticando fornicação e assassinatos milhares de vezes ao dia”. (Carta a Melanchthon, 1 de agosto de 1521 – American Edition, Luther’s Works, vol. 48, pp. 281-82, editado por H. Lehmann, Fortress, 1963).


Zwinglio

Zwínglio foi além, na sua tradução alemã, ousou adulterar as mais importantes palavras de Jesus Cristo, com visível intenção de eliminar sua presença na Eucaristia. Colocou a palavra “significa”, onde Jesus diz que o pão “É” seu Corpo e o vinho “É” seu Sangue. Veja o repúdio de um autor protestante da época: “Não é possível de modo algum excusar este crime de Zwínglio; a cousa é por demais manifesta; (…) Não o podeis negar nem ocultar porque andam pelas mãos de muitos os exemplares dedicados por Zwinglio a Francisco, rei de França, e impressos em Zurique no mês de março de 1525. Na aldeia de Munder, na Saxônia, no ano 60 eu vi na casa do reitor do colégio, Humberto, não sem grande maravilha e perturbação, exemplares da Bíblia alemã, impressas em Zurique, onde
verifiquei que as palavras do Filho de Deus haviam sido adulteradas no sentido dos sonhos de Zwinglio. Em todos os quatro lugares (Mt., 26; Mc., 14; Lc., 22; I cor., 11) em que se referem as palavras da instituição do Filho de Deus, o texto achava-se assim falseado: Das bedeutet meinen Leib, das bedeutet meinen Blut, isto significa o meu corpo, isto significa o meu sangue.” (Conr. Schluesselburg, op. cit. f. 44 a.) (citações em padre Leonel Franca, op. cit., pág. 211).

Lutero levantou-se contra Zwinglio, e disse que isso “não pode ser traduzido por “significa”. (Uma Confissão a respeito da Ceia de Cristo – Von Abendmahl Christi, Bekenntnis WA 26, 261-509, LW 37. 151-372, PEC 287-296. – SASSE, H. Isto é o meu Corpo, p. 107). Citado em: 
http://www.seminarioconcordia.com.br/Artigos_Prunzel/A_Santa_Ceia%20_em_Lutero.mht

Eles corrigiram isso nas versões protestantes seguintes. Mas, até hoje os pastores pregam que “significa”.

domingo, 23 de abril de 2017

Por que os protestantes não leem as obras de Lutero?


Nos debates entre católicos e protestantes, nós, católicos, notamos que nossos opositores são bastante exigentes em relação ao detalhamento das doutrinas da Igreja. Geralmente submetem-nos a diversas perguntas, sejam elas bem ou mal formuladas. O apologista católico, então, deve estar preparado, estudar a doutrina de sua Igreja, ler as obras dos padres apologistas, e responder a esses fundamentalistas satisfatoriamente (infelizmente, eles não se satisfazem com respostas). Mas, será que os protestantes buscam nos seus “pais” a resposta para nossas questões?

Vocês, leitores, já perceberam que os protestantes geralmente buscam suas fontes a partir de grandes teólogos do passado e do presente, mesmo de Calvino, no caso dos calvinistas, e vários outros teólogos modernos? Entretanto, geralmente falta um personagem, o personagem principal, no âmbito reformado: Martinho Lutero.

Já é ampla a nossa cobertura da revolta protestante do século 16, mas muito ainda falta ser dito. Os protestantes costumam colocar Lutero como um príncipe, um homem iluminado, que trouxe à luz a Igreja que jazia nas trevas da “corrupção”. Em todos os meios protestantes, Lutero foi um homem que, ao ler “um livro proibido”, a Bíblia, descobriu em suas letras simples a doutrina até então “obscura” de Cristo: a salvação somente pela fé. Desde então Lutero é uma figura ímpar na história do protestantismo. Inclusive alguns teólogos católicos reconhecem em Lutero valores dignos dos grandes doutores da Igreja.

Porém, seus escritos praticamente desapareceram da estante dos protestantes modernos (ou pelo menos, de suas obras). O que vemos hoje é que os protestantes fundamentalistas se baseiam mais em sua própria opinião “errada” das Escrituras do que num fundamento ao menos mais criterioso. Entretanto, será que é válida a fundamentação da teologia protestante na herança dos estudos de Lutero?

Quantos protestantes, mesmo pastores, já leram obras de Lutero. Dificilmente um católico que não seja estudioso do assunto leria. Mas espera-se que os protestantes tenham uma certa noção dos escritos dos seus pais. Nós católicos buscamos ler e entender o que pensavam e ensinavam os pais da Igreja: Inácio, Clemente, Leão, Tertuliano, Gregório, Agostinho, Vicente, Aquino. Entre milhares de outros. É uma vasta literatura, mas todo católico que esteja interessado nas suas doutrinas busca conhecer a sua patrologia.

Lutero deixou uma obra extensa, da qual em português creio não existir nem metade. Suponho, também, que nem metade dos protestantes já leu as obras dele. O que será que encontrariam? Talvez não gostem muito do que encontrarão, caso se aventurem. Na realidade, apesar de ser um estudioso da Bíblia, ter causado uma revolução no seio da Igreja, muitas vezes Lutero foi um blasfemo. Ao menos, pelos seus escritos, é o que nos parece.

Muitos protestantes questionam os católicos acerca do que falaram os seus teólogos do passado. Muitos dizem que Papas pecaram, disseram isso ou aquilo. Tudo isso, para eles, é prova de que a Igreja Católica não é a Igreja fundada por Jesus, nosso Senhor. Que o Espírito Santo não pode conduzir uma Igreja que ensina a “venda do perdão”, por exemplo. Outros alegam que a Igreja não podia ter transferido a um homem o poder que somente Deus contém. Entre várias outras alegações, os erros do passado são, para os protestantes, prova mais que suficiente de que a Igreja é demoníaca.

No nosso país, é comum o uso de “ditados populares”. Um deles, que podemos até aplicar aqui, é “Cuidado! O peixe morre pela boca”.

Muito do que Lutero escreveu, em confronto com o Papa e a autoridade da Igreja, é defendida até o fim pelos seus idealistas. Mas será que  defenderiam com a mesma vontade o Lutero que vamos apresentar aqui? Talvez fiquem surpresos, digam que ele não quis dizer o que está aparentado, que existem outros escritos dele que dizem o contrário. Ora, pelo que vamos ler, parece que não há como entender outro contexto, o que faz com que entendamos exatamente o que Lutero quis dizer quando da redação das obras. E se existem outros escritos dele que dizem o contrário, isto não é um fator de alívio, mas de complicação.

Mas, de qualquer forma, o leitor julgue as palavras de Lutero…ditas pelo próprio reformador. 

sábado, 22 de abril de 2017

Do jeito que o diabo gosta: Padre profana missa de primeira comunhão


Se tem uma coisa que os demônios invejam – e certamente invejam – é a criatividade pastoral da maioria dos padres brasileiros. No que concerne a falta de escrúpulos e de respeito com o que há de mais precioso, alguns sacerdotes não poupam esforços para escandalizar toda a Igreja.


O Pe. José Oslei de Souza (Diocese de Uberlândia), pároco da paróquia São Francisco das Chagas, Monte Alegre de Minas, resolveu utilizar sua criatividade e fazer uma primeira comunhão diferente. Ora, a criatividade do distinto padre é uma coisa tremenda. Sua verdadeira vocação era ser marqueteiro de circo, mas resolveu empenhar sua energia no âmbito litúrgico e pastoral.


O sacerdote resolveu criar uma cerimonia litúrgica, como dizer, aggiornata. O padre, muito piedoso, fez diante do altar uma fileira de mesas na vertical e outra na horizontal. As fileiras cruzando-se formaram uma cruz. Que tocante! A cruz poderia indicar o calvário, mas não. Esta cruz indicava o sofrimento em sentido popular mesmo. O reverendíssimo que deveria atualizar o sacrifício do calvário, mas tentou atualizar sua heterodoxia. Em vez de oferecer o cordeiro de Deus, o distinto ofereceu as cusparadas.

O “Amém” nas Escrituras e na Liturgia


A palavra “Amém” é de origem hebraica e conota noções de estabilidade, verdade e firmeza. Na tradição grega, atestada por Justino, a palavra também se firma como auspício, augúrio, desejo, querendo dizer, por exemplo, “possa realizar-se tudo o que o sacerdote diz em meu nome”, ou ainda “que assim seja”, como nas orações presidenciais. Mas o sentido primitivo do “Amém” é mais de afirmação. Assim, dizer “Amém” na hora da Comunhão é o mesmo que dizer “Sim, é o Corpo (e o Sangue) de Cristo que vou receber, eu creio!”.

O “AMÉM” NAS SAGRADAS ESCRITURAS

No Antigo Testamento, o “Amém” revela o ponto culminante de participação efetiva do povo de Israel, seja nos momentos de oração como nos de bênção. No contexto mais amplo da antiga aliança, respondendo “Amém” a comunidade ou o fiel se punha por uma asserção positiva sob os sinais então de vida, como se vê em Ne 8,6, ou de morte, como se vê em Dt 27,15-26, por exemplo. Contudo, o sentido mais pleno do “Amém” no AT é, sem dúvida, quando aparece concluindo doxologias dos livros do Saltério, bendizendo a Deus, como em Sl 41(40),14; 72(71),19; 89(88),53 e 106(105),48, esta última com claro sentido litúrgico.

Se no AT o “Amém” aparece mais em sentido assertivo, concluindo doxologias na referência a Deus, no NT aparece como conclusivo nas doxologias em louvor a Cristo, como se vê em Rm 9,5; 1Pd 4,11; Jd 25; Hb 13,21; Ap 1,7, dentre outras. É interessante notar que no NT o “Amém” torna-se um puro “sim”, até mesmo uma espécie de nome próprio, nome divino,   indicativo então de Jesus, o “sim” de Deus (cf. 2Cor 1,19-20; Ap 3,14). 

Santa Maria Egipcíaca (do Egito)


Maria Egipcíaca, chamada a Pecadora, passou 47 anos no deserto em austera penitência, começada por volta do ano do Senhor de 270, no tempo do Imperador Cláudio.

Certa vez, um abade chamado Zózimo atravessou o rio Jordão e percorria um grande deserto procurando um santo eremita, quando viu caminhando uma pessoa nua e de corpo enegrecido pelo sol. Era Maria Egipcíaca, que imediatamente fugiu, com Zózimo correndo atrás dela, por isso perguntou: “Abade Zózimo, por que me persegue? Desculpe-me, não posso mostrar meu rosto porque sou mulher e estou nua; dê-me seu manto para que eu possa olhá-lo sem me envergonhar”. Ouvindo ser chamado pelo nome, ele ficou surpreso e depois de dar seu manto prosternou-se aos seus pés e pediu a ela que o abençoasse. Ela disse: “É você, padre, que deve me abençoar, você que é ornado pela dignidade sacerdotal”.

Ao perceber que ela sabia seu nome e sua condição, ficou ainda mais impressionado e insistiu para que o abençoasse. Mas ela disse: “Bendito seja Deus, redentor de nossas almas”. Enquanto ela orava de mãos estendidas, Zózimo viu que ela tinha se erguido a um côvado do chão. Vendo aquilo, o ancião pôs-se a pensar se não era um espírito que estava fingindo rezar. Então ela disse: “Que Deus o perdoe por ter tomado uma mulher pecadora por um espírito imundo”. Zózimo conjurou-a em nome do Senhor a lhe contar sua vida. Ela retorquiu: “Perdoe-me, padre, mas se contar minha história você fugirá apavorado, como se visse uma serpente. Seus ouvidos serão maculados por minhas palavras e o ar contaminado por coisas sórdidas”. Mas diante da veemente insistência, ela contou:

Nasci no Egito, irmão, e aos doze anos de idade fui para Alexandria, onde durante dezessete anos entreguei-me publicamente à libertinagem e nunca me recusei a quem quer que fosse. Quando alguns homens da região embarcaram para Jerusalém a fim de adorar a Santa Cruz, pedi aos marinheiros que me levassem com eles. Como me pediram para pagar a passagem, respondi: “Não tenho dinheiro, irmãos, mas posso entregar meu corpo como pagamento”. Eles me levaram e usaram meu corpo.

Chegando a Jerusalém, fui com as outras pessoas até a igreja para adorar a cruz, mas imediatamente uma força invisível me repeliu e me impediu de entrar. Várias vezes fui até a soleira da porta, e continuava a ser repelida, enquanto todo mundo entrava sem dificuldade e sem encontrar nenhum obstáculo. Pus-me a pensar e concluí que tudo aquilo tinha como causa a enormidade de meus crimes. Comecei a bater no peito com as mãos, a derramar lágrimas amargas, a dar profundos suspiros do fundo do coração e, ao erguer a cabeça, vi uma imagem da bem-aventurada Virgem Maria. Pedi então, com lágrimas, que ela obtivesse o perdão de meus pecados e me deixasse entrar para adorar a Santa Cruz, prometendo renunciar ao mundo e levar, dali em diante, uma vida casta.

Após essa prece, confiando na bem-aventurada Virgem, fui mais uma vez até a porta da igreja, pela qual passei sem o menor obstáculo. Quando terminei de adorar a Santa Cruz com grande devoção, alguém me deu três moedas, com as quais comprei três pães, e ouvi uma voz que me dizia: “Se atravessar o Jordão, estará salva”. Atravessei o Jordão e vim para este deserto, no qual fiquei 47 anos sem ter visto homem algum. Os três pães que levei comigo, embora com o tempo tenham se tornado duros como pedras, bastaram para me alimentar por 47 anos, mas minhas roupas há muito tempo apodreceram. Durante os primeiros dezessete anos passados neste deserto fui atormentada pelas tentações da carne, mas hoje já as venci, com a graça de Deus. Agora que contei toda a minha história, peço que reze a Deus por mim.

O ancião ajoelhou-se e abençoou a escrava do Senhor. Ela lhe disse: “Peço que no dia da ceia do Senhor você venha para a margem do Jordão e traga o corpo do Senhor. Eu irei encontrá-lo ali e receber de sua mão esse corpo sagrado, porque desde o dia em que vim para cá não recebi a comunhão do Senhor”. O ancião voltou para seu mosteiro e no ano seguinte, ao se aproximar o dia da Ceia, pegou o corpo do Senhor e foi até a margem do Jordão. Do outro lado estava de pé uma mulher que fez o sinal-da-cruz sobre as águas e veio ao encontro dele. Ao ver isso, tomado de surpresa, prosternou-se humildemente a seus pés. Disse ela: “Não faça isso, pois você carrega os sacramentos do Senhor e tem a dignidade sacerdotal. No entanto, padre, eu suplico que no próximo ano você se digne a me ver novamente no mesmo lugar em que nos encontramos pela primeira vez”. Depois de fazer o sinal-da-cruz, ela atravessou de volta as águas do Jordão para ganhar a solidão do seu deserto.

Quanto ao ancião, retornou a seu mosteiro e no ano seguinte foi ao lugar combinado, mas encontrou Maria morta. Pôs-se a chorar e não ousou tocá-la, mas disse consigo mesmo: “Eu sepultaria de bom grado o corpo desta santa, mas temo que isso a desagrade”. Enquanto pensava assim, viu as seguintes palavras gravadas na terra, perto da cabeça dela: “Zózimo, enterre o corpo de Maria, devolva à terra sua poeira e ore por mim ao Senhor, por ordem do qual deixei este mundo no segundo dia de abril”. Meditando o fato, o ancião concluiu que ela terminara sua vida no deserto, no ano anterior, logo após ter recebido o sacramento do Senhor. Ora, antes de ir para junto de Deus, Maria tinha ido em uma hora do Jordão ao deserto, distância que Zózimo com muita dificuldade levava trinta dias para percorrer.

Vendo um leão que mansamente vinha em sua direção, o ancião disse-lhe: “Esta santa mulher mandou sepultar aqui seu corpo, mas não posso cavar a terra porque sou velho e não tenho ferramentas. Cave você a terra para que possamos sepultar seu santíssimo corpo”. O leão começou a cavar e a fazer uma cova adequada, depois do que foi embora manso como um cordeiro, enquanto o ancião voltava para o seu mosteiro glorificando a Deus.
  
Santa Maria do Egito, que fostes perseguida desde a igreja do Santo Sepulcro por um anjo com uma espada, que te ajoelhastes diante de um crânio, nua, mas vestida com teus  cabelos longos; que recebestes a Sagrada Comunhão de São Zózimo, que sentastes debaixo de uma palmeira,  em contemplação, do outro lado do Jordão; que lavastes os cabelos na Jordânia, como Maria Madalena, com o leão que cavou tua sepultura;  mulher segurando três pães, mostrando como pouco era teu alimento, por favor ore por nós, para que sempre possamos ser puros  e perseverar nossa alma sem pecado até o último respiro de nossa vida. Amém.


Santa Maria Egipcíaca, rogai por nós!

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Como obter indulgência plenária no Domingo da Divina Misericórdia?


No segundo domingo da Páscoa, é celebrada a Divina Misericórdia. Esta festa litúrgica permite ao fiel alcançar a graça do perdão dos pecados.

“Desejo que a Festa da Misericórdia seja refúgio e abrigo para todas as almas, especialmente para os pecadores (...). Derramo todo um mar de graças sobre as almas que se aproximam da fonte da Minha misericórdia. A alma que se confessar e comungar alcançará o perdão das culpas e das penas. Nesse dia, estão abertas todas as comportas divinas, pelas quais fluem as graças”, prometeu Jesus em suas aparições à Santa Faustina Kowalska.

“Que nenhuma alma tenha medo de se aproximar de Mim, ainda que seus pecados sejam como o escarlate”, assegurou-lhe o Senhor.

No ano 2000, o então Papa João Paulo II instituiu esta Festa da Misericórdia e, em 2002, foi publicado pela Santa Sé o “decreto sobre as indulgências recebidas na Festa da Divina Misericórdia”, um dom que também pode ser alcançado pelos doentes e navegantes em alto mar.

Concede-se indulgência plenária no segundo domingo de Páscoa ao fiel que, com as condições habituais (confissão sacramental, comunhão eucarística e oração pelas intenções do Santo Padre), “participe nas práticas de piedade em honra da Divina Misericórdia, ou pelo menos recite, na presença do Santíssimo Sacramento da Eucaristia, publicamente exposto ou guardado no Tabernáculo, o Pai-Nosso e o Credo, juntamente com uma invocação piedosa ao Senhor Jesus Misericordioso (por ex., ‘Ó Jesus Misericordioso, confio em Ti’)”.

E a indulgência parcial é concedida “ao fiel que, pelo menos com o coração contrito, eleve ao Senhor Jesus Misericordioso uma das invocações piedosas legitimamente aprovadas”.

Também os doentes e as pessoas que os ajudam, os navegantes, os afetados pela guerra, conflitos ou clima severamente adverso “e a todos os que, por uma justa causa, não podem abandonar a casa ou desempenham uma atividade que não pode ser adiada em benefício da comunidade, poderão obter a Indulgência plenária no Domingo da Divina Misericórdia”. 

Família de mórmons se converte graças à Virgem e à Eucaristia

A família Odulio, da esquerda, Amoz, Rico, Heidi e Omri, foi batizada na Igreja Católica na Vigília Pascal.

Os Odulio são uma família filipina que, apesar de viver em uma cidade onde a maioria da população é mórmon, se converteram à Igreja católica graças à Virgem Maria e à Eucaristia.

A família recebeu os sacramentos de iniciação cristã (Batismo, Crisma e Eucaristia) no Sábado Santo, 15 de abril, durante a Vigília Pascal na Diocese de Salt Lake City, em Utah (Estados Unidos).

O pai, Rico Odulio, nasceu nas Filipinas em uma família católica, que alguns anos depois se converteu à Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, conhecidos como mórmons.

Apesar da conversão da sua família, Rico continuou frequentando uma escola católica devido à boa qualidade na educação que esta oferecia. Segundo disse a The Intermountain Catholic, jornal da Diocese de Salt Lake City, no estado de Utah, para ele foi “muito difícil crescer em meio a duas igrejas”.

Rico conheceu a sua esposa Heidi na igreja mórmon. Durante o namoro, foram como missionários à cidade filipina de Cebu e permaneceram dois anos separados. Ao se reencontrar, casaram-se segundo o rito mórmon.

O casal teve dois filhos e desde pequenos ensinaram os hábitos de oração e de partilha na família.

Em 1998, Rico deixou os mórmons, mas manteve o hábito de ler livros sobre teologia, que se tornaram o seu apoio espiritual. Em 2001, a família se mudou para Salt Lake City e Heidi continuou frequentando a igreja mórmon com seus dois filhos.

Calcula-se que das mais de 3 milhões de pessoas que vivem no estado de Utah, cerca de 60% são mórmons.

A primeira aproximação profunda da família Odulio com a Igreja Católica foi quando Rico leu sobre a Batalha de Lepanto, ocorrida em 7 de outubro de 1571. Nesse combate naval, a frota da coalizão católica derrotou os turcos otomanos e o Papa Pio V atribuiu a vitória à intercessão da Virgem Maria, pois havia pedido aos fiéis para que rezassem o Rosário pela vitória cristã.

Até então, Rico não acreditava na Virgem e a considerava como “mais uma dessas superstições católicas”. Mas ao ler sobre este milagre, sentiu vontade de se aproximar de uma igreja e começou a ir à Missa.

Quando convidou os seus filhos Amoz e Omri para que o acompanhassem, ambos se surpreenderam. “Nunca imaginei o meu pai como um homem religioso”, disse Omri. Entretanto, quando Rico teve que voltar às Filipinas pelo trabalho, seus filhos se afastaram da Igreja.

O segundo momento que influenciou na conversão da família foi em 2014, quando Omri sofreu um acidente de carro, no qual quase morreu. Ele disse: “Pensei que nunca acordaria”.

Quando ele finalmente se recuperou, viu um vídeo no YouTube em que mostrava um guitarrista tocando na Catedral de Magdalena de Salt Lake City. Omri ficou impressionado pela beleza da igreja e pediu ao seu irmão Amoz que o levasse à Missa lá.

“Essa foi a primeira vez que atravessei as portas da catedral e a liturgia me impressionou. Desde então, fiquei atraído”, relatou Omri.