sábado, 22 de abril de 2017

O “Amém” nas Escrituras e na Liturgia


A palavra “Amém” é de origem hebraica e conota noções de estabilidade, verdade e firmeza. Na tradição grega, atestada por Justino, a palavra também se firma como auspício, augúrio, desejo, querendo dizer, por exemplo, “possa realizar-se tudo o que o sacerdote diz em meu nome”, ou ainda “que assim seja”, como nas orações presidenciais. Mas o sentido primitivo do “Amém” é mais de afirmação. Assim, dizer “Amém” na hora da Comunhão é o mesmo que dizer “Sim, é o Corpo (e o Sangue) de Cristo que vou receber, eu creio!”.

O “AMÉM” NAS SAGRADAS ESCRITURAS

No Antigo Testamento, o “Amém” revela o ponto culminante de participação efetiva do povo de Israel, seja nos momentos de oração como nos de bênção. No contexto mais amplo da antiga aliança, respondendo “Amém” a comunidade ou o fiel se punha por uma asserção positiva sob os sinais então de vida, como se vê em Ne 8,6, ou de morte, como se vê em Dt 27,15-26, por exemplo. Contudo, o sentido mais pleno do “Amém” no AT é, sem dúvida, quando aparece concluindo doxologias dos livros do Saltério, bendizendo a Deus, como em Sl 41(40),14; 72(71),19; 89(88),53 e 106(105),48, esta última com claro sentido litúrgico.

Se no AT o “Amém” aparece mais em sentido assertivo, concluindo doxologias na referência a Deus, no NT aparece como conclusivo nas doxologias em louvor a Cristo, como se vê em Rm 9,5; 1Pd 4,11; Jd 25; Hb 13,21; Ap 1,7, dentre outras. É interessante notar que no NT o “Amém” torna-se um puro “sim”, até mesmo uma espécie de nome próprio, nome divino,   indicativo então de Jesus, o “sim” de Deus (cf. 2Cor 1,19-20; Ap 3,14). 

O “AMÉM” NA LITURGIA

Na Liturgia o “Amém” expressa antes de tudo uma adesão consciente dos fiéis à ação sagrada e aos ritos litúrgicos, ou seja, é uma amostra de participação viva e ativa no mistério que se celebra. Assim, jamais deve parecer mera conformidade com o que se propõe na celebração, como às vezes se pode notar em muitas de nossas assembleias, onde o “Amém” aparece raquítico, frágil, quase inaudível, sem aquela qualidade aclamativa que o caracteriza. Sabemos também que, felizmente, existem assembleias onde o “Amém” ressoa em uníssono, o que dá à Liturgia um rosto de viva participação, de alegria pascal.

Na aplicação litúrgica, respondendo “Amém” depois que foi pronunciada uma oração presidencial, a assembleia, por meio dessa aclamação, ao mesmo tempo assertiva e augural, faz seu o discurso orante de seu presidente e se associa a ele sem reservas. Daí fica claro como pronunciar o “Amém” é tão comprometedor como pronunciar a oração que o “Amém” confirma. Como observa Cesare Giraudo, “os mistagogos antigos estavam bem conscientes disso”, citando Santo Agostinho, por exemplo.

Na celebração da Eucaristia, o “Amém” das orações presidenciais tem mais importância que os demais, sobretudo o conclusivo da Oração Eucarística, na doxologia final, esta como plena glorificação e louvor de Deus, pois a assembleia, com o “Amém”, ratifica todo o formulário eucarístico recitado pelo presidente (cf. IGMR n. 79h). Também nas demais orações presidenciais, tanto da missa como de outros formulários, a assembleia, com o “Amém” conclusivo, faz suas as orações recitadas (cf. IGMR 54, 77c, e 89).
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A Fé Explicada

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