A palavra “Amém” é de origem hebraica e
conota noções de estabilidade, verdade e firmeza. Na tradição grega, atestada
por Justino, a palavra também se firma como auspício, augúrio, desejo, querendo
dizer, por exemplo, “possa realizar-se tudo o que o sacerdote diz em meu nome”,
ou ainda “que assim seja”, como nas orações presidenciais. Mas o sentido
primitivo do “Amém” é mais de afirmação. Assim, dizer “Amém” na hora da
Comunhão é o mesmo que dizer “Sim, é o Corpo (e o Sangue) de Cristo que vou
receber, eu creio!”.
O “AMÉM” NAS SAGRADAS ESCRITURAS
No Antigo Testamento, o “Amém” revela o ponto
culminante de participação efetiva do povo de Israel, seja nos momentos de
oração como nos de bênção. No contexto mais amplo da antiga aliança,
respondendo “Amém” a comunidade ou o fiel se punha por uma asserção positiva
sob os sinais então de vida, como se vê em Ne 8,6, ou de morte, como se vê em
Dt 27,15-26, por exemplo. Contudo, o sentido mais pleno do “Amém” no AT é, sem
dúvida, quando aparece concluindo doxologias dos livros do Saltério, bendizendo
a Deus, como em Sl 41(40),14; 72(71),19; 89(88),53 e 106(105),48, esta última
com claro sentido litúrgico.
Se no AT o “Amém” aparece mais em sentido
assertivo, concluindo doxologias na referência a Deus, no NT aparece como
conclusivo nas doxologias em louvor a Cristo, como se vê em Rm 9,5; 1Pd 4,11;
Jd 25; Hb 13,21; Ap 1,7, dentre outras. É interessante notar que no NT o “Amém”
torna-se um puro “sim”, até mesmo uma espécie de nome próprio, nome
divino, indicativo então de Jesus, o “sim” de Deus (cf. 2Cor
1,19-20; Ap 3,14).
O “AMÉM” NA
LITURGIA
Na Liturgia o “Amém” expressa antes de tudo
uma adesão consciente dos fiéis à ação sagrada e aos ritos litúrgicos, ou seja,
é uma amostra de participação viva e ativa no mistério que se celebra. Assim,
jamais deve parecer mera conformidade com o que se propõe na celebração, como
às vezes se pode notar em muitas de nossas assembleias, onde o “Amém” aparece
raquítico, frágil, quase inaudível, sem aquela qualidade aclamativa que o
caracteriza. Sabemos também que, felizmente, existem assembleias onde o “Amém”
ressoa em uníssono, o que dá à Liturgia um rosto de viva participação, de
alegria pascal.
Na aplicação litúrgica, respondendo “Amém”
depois que foi pronunciada uma oração presidencial, a assembleia, por meio
dessa aclamação, ao mesmo tempo assertiva e augural, faz seu o discurso orante
de seu presidente e se associa a ele sem reservas. Daí fica claro como
pronunciar o “Amém” é tão comprometedor como pronunciar a oração que o “Amém”
confirma. Como observa Cesare Giraudo, “os mistagogos antigos estavam bem
conscientes disso”, citando Santo Agostinho, por exemplo.
Na celebração da Eucaristia, o “Amém” das
orações presidenciais tem mais importância que os demais, sobretudo o
conclusivo da Oração Eucarística, na doxologia final, esta como plena
glorificação e louvor de Deus, pois a assembleia, com o “Amém”, ratifica todo o
formulário eucarístico recitado pelo presidente (cf. IGMR n. 79h). Também nas
demais orações presidenciais, tanto da missa como de outros formulários, a
assembleia, com o “Amém” conclusivo, faz suas as orações recitadas (cf. IGMR
54, 77c, e 89).
_____________________________________
A Fé Explicada
Nenhum comentário:
Postar um comentário