Esta pergunta pode ter dois sentidos: não sei se o
leitor pergunta pela perda ou morte da alma, da vida espiritual, ou se pergunta pelo momento da morte corporal ou biológica.
No caso da morte corporal ou biológica, o que se verifica é
somente o cessar da atividade cerebral (fundamento da alma racional), causada muitas vezes pela interrupção
do funcionamento dos órgãos vitais.
Em que momento exato isso acontece? Como verificar os sinais?
A morte biológica é uma dissolução. E o momento de tal
dissolução não é diretamente perceptível; então, a questão é identificar os
sinais.
A constatação e interpretação destes sinais não compete à fé
nem à moral, mas sim à ciência médica. Corresponde ao médico dar uma definição
clara e precisa da morte e do momento em que ela ocorreu.
De qualquer maneira, a fé cristã afirma a persistência, para
além da morte, do princípio espiritual do ser humano. A fé alimenta no
cristão a esperança de "reencontrar" sua integridade pessoal
(espírito, alma, corpo) transfigurada e definitivamente possuída em Cristo
(cf. 1 Cor 15, 22).
No caso da morte da alma, uma coisa é certa: a única maneira pela qual se pode perder
a alma é o distanciamento pleno e definitivo de Deus
devido ao pecado grave ou mortal, o que se conhece como morte espiritual ou, o que é a mesma coisa, a perda da vida de Deus em nós, a perda da graça santificante.
Jesus disse: "Pois que aproveitará ao homem ganhar o
mundo inteiro, se vier a perder a sua vida? Ou que dará o homem em troca da sua vida?" (Mc 8,
36-37). Com estas palavras, o Senhor nos adverte sobre o objetivo central da
nossa existência: a salvação.
O mundo e os bens materiais nunca são um fim último para o
homem, nem sequer o bem temporal – que os cristãos têm a obrigação de buscar.
"O pecado mortal é uma possibilidade radical da
liberdade humana, tal como o próprio amor. Tem como consequência a perda da
caridade e a privação da graça santificante, ou seja, do estado de graça. E se
não for resgatado pelo arrependimento e pelo perdão de Deus, originará a
exclusão do Reino de Cristo e a morte eterna no inferno, uma vez que a nossa liberdade
tem capacidade para fazer escolhas definitivas, irreversíveis." (Catecismo da
Igreja Católica, 1861)
Recordemos que "Deus não quer a morte do pecador, mas que se converta e viva" (Ez
18, 23).