sexta-feira, 16 de junho de 2017

Papa: "Não existem crianças ou adolescentes maus, mas pessoas infelizes".


CATEQUESE
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 14 de junho de 2017


Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Hoje fazemos esta audiência em dois lugares, mas ligados pelas telas: os doentes, para que não sofram tanto no calor, estão na Sala Paulo VI, e nós aqui. Mas permanecemos todos juntos e nos conecta o Espírito Santo, que é aquele que sempre faz a unidade. Saudemos aqueles que estão na Sala!

Ninguém de nós pode viver sem amor. E uma bruta escravidão em que podemos cair é aquela de acreditar que o amor deve ser merecido. Talvez boa parte da angústia do homem contemporâneo deriva disso: acreditar que se não somos fortes, atraentes e belos, então ninguém se ocupará de nós. Tantas pessoas hoje procuram uma visibilidade somente para preencher um vazio interior: como se fôssemos pessoas eternamente necessitadas de confirmações. Porém, imaginem um mundo onde todos mendigam motivos para suscitar atenção dos outros e ninguém, em vez disso, está disposto a querer o bem gratuitamente a uma outra pessoa? Imaginem um mundo assim: um mundo sem a gratuidade de querer bem! Parece um mundo humano, mas na verdade é um inferno. Tantos narcisismos do homem nascem de um sentimento de solidão e de orfandade. Por trás de tantos comportamentos aparentemente inexplicáveis está uma pergunta: é possível que eu não mereça ser chamado pelo nome, isso é, ser amado? Porque o amor sempre chama pelo nome…

Quando a não ser amado ou não sentir-se amado é um adolescente, então pode nascer a violência. Por trás de tantas formas de ódio social e de delinquência muitas vezes há um coração que não foi reconhecido. Não existem crianças más, como não existem adolescentes malvados, mas existem pessoas infelizes. E o que pode nos tornar felizes se não a experiência do amor dado e recebido? A vida do ser humano é uma troca de olhares: alguém que nos olhando nos arranca um sorriso e nós gratuitamente sorrimos a quem está fechado na tristeza e assim lhe abrimos um caminho de saída. Troca de olhares: olhar nos olhos e se abrem as portas do coração.

É o povo ou a massa?


Estamos no tempo de manifestações populares, a voz das ruas, pedindo tal ou tal coisa: a voz do povo! E cita-se o provérbio: “Vox populi, vox Dei”, “a voz do povo é a voz de Deus”. Será mesmo?

Nem sempre. Se fosse realmente o povo... Por isso há que se fazer a distinção entre povo e massa.

Como assim? Qual a diferença? O povo raciocina, a massa não. O povo caminha, a massa é conduzida. O povo segue racionalmente, a massa é manipulada cegamente. O povo percebe os embustes, a massa é alvo fácil de quaisquer demagogos e propagandistas. “O povo vive, a massa é inerte e não se move se não do exterior, fácil joguete nas mãos de quem quer que lhe explore os instintos e as impressões, pronta a seguir, alternadamente, hoje esta bandeira e amanhã aquela” (Pio XII).

Por isso, nem sempre é exato dizer: o povo quer isso, o povo pede tal coisa, o povo está gritando, quebrando tudo, cheio de indignação. Será mesmo o povo? Ou a massa?

Na Paixão de Jesus, temos um exemplo gritante e intrigante: a mudança repentina do “povo” que pediu a morte de Jesus, depois de tê-lo aclamado rei no Domingo de Ramos. Como pode ocorrer uma mudança assim em cinco dias? Gritaram “hosana ao Filho de Davi!” no Domingo e “crucifica-o!” na sexta-feira seguinte?! Será que foi o mesmo “povo” ou foi outro? Ou o povo se transformou em massa?! Ou houve alguma mudança que transformou sua mentalidade e comportamento? Ou foi a massa, manobrada?

São Francisco Régis


O santo de hoje nasceu no ano de 1597 numa aldeia francesa. Muito cedo recebeu a graça de ser despertado para o chamado a santidade. Quando Francisco foi estudar no colégio dos Jesuítas, formou um grupo de rapazes dispostos a viverem o Evangelho. Ao entrar para a Companhia de Jesus, que fazia um lindo trabalho missionário, conseguiu ele ser exemplar em todas as etapas de sua formação que desembocou no exercício do ministério sacerdotal. Como padre priorizou a assistência aos doentes atingidos por uma peste crescente e desejou evangelizar as terras da América, Índia – coisa que não aconteceu – já que foi enviado para uma região desassistida da França.

Francisco Régis buscava evangelizar as aldeias durante o inverno e, no verão as cidades, nestes lugares colocava todo o seu zelo nos púlpitos, confessionários e nos atendimentos aos doentes. Aconteceu que, impelido pelo Espírito da Caridade, fez inúmeras obras sociais visando as crianças abandonadas e os jovens, isto perdurou até completar 45 anos, quando pôde dizer: “Que felicidade poder morrer, pois vejo Jesus e Maria vindo ao meu encontro para me conduzir à terra dos eleitos”.


Peço permissão ao meu Deus Todo Poderoso, meu criador, para pedir a intervenção de São Francisco Régis em nome de Nosso Sr. Jesus Cristo.

São Francisco Régis, vós que fostes uma arma que Nosso Senhor Jesus Cristo utilizou para aliviar o sofrimento dos pobres oprimidos, dos doentes e encarcerados, vos rogo em nome do santo evangelho que tanto pregastes que venha em meu socorro nesta hora de desamparo em que me encontro.

Sei que somente receberei aquilo que tiver merecimento, por isso vos imploro que me torneis digno de receber tal graça, mostrando-me os meus erros, livrando-me do orgulho e de todo e qualquer preconceito que eu possa ter dentro de mim, para que eu possa entregar-me totalmente ao amor ao próximo, tornando-me também um soldado de Cristo. Que Assim Seja!


São Francisco Régis, rogai por nós!

quinta-feira, 15 de junho de 2017

As 5 Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo


As Chagas de Jesus são aquelas benditas fontes preditas por Isaías, das quais podemos tirar todas as graças, se as pedimos com fé. São fontes de misericórdia, fontes de esperança, e sobretudo fontes de amor; porquanto as suas águas, ao passo que purificam a alma das manchas da culpa, abrasam-na no santo amor. Avizinhemo-nos muitas vezes daquelas fontes do Salvador, para apagar a nossa sede das graças.

As Chagas de Jesus Cristo são aquelas benditas fontes preditas por Isaías, das quais podemos tirar todas as graças, se as pedimos com fé: Haurietis aquas in gaudio de fontibus Salvatoris Tirareis com alegria água das fontes do Salvador.

São em primeiro lugar fontes de misericórdia. Jesus Cristo quis que lhe fossem traspassados as mãos, os pés e o lado sacrossanto, a fim de aplacar por nós a divina justiça e ao mesmo tempo abrir-nos um asilo seguro, no qual nos pudéssemos subtrair às setas da ira de Deus.

Por isso, o Senhor mesmo nos anima, dizendo no Cântico dos cânticos: Vem, pomba minha, nas aberturas da pedra (Cant. 2, 14); isto é, na interpretação de São Pedro Damião: vem dentro destas minhas chagas, onde acharás todo o bem para tua alma. — Mais expressivas ainda são as palavras de que se serve na profecia de Isaías: Ecce in manibus meis descripsi te (Is. 49, 16) — Eis que te gravei em minhas mãos. Como se dissesse: Minha pobre ovelha, tem ânimo; não vês quanto me custaste? Eu te gravei em minhas mãos, nestas chagas que recebi por teu amor. Elas me solicitam sempre a ajudar-te e defender-te de teus inimigos; tem, pois, amor e confiança em mim. 

Beata Albertina Berkenbrock


Albertina Berkenbrock nasceu a 11 de Abril de 1919, em São Luís, Imaruí, em Santa Catarina (Brasil), numa família de origem alemã, simples e profundamente cristã. Há uma singular concordância entre os testemunhos dados nos vários processos canónicos por parte das testemunhas que a tinham conhecido e convivido com a Serva de Deus, ao descrevê-la como uma menina bondosa no mais amplo sentido do termo. A natural mansidão e bondade de Albertina conjugavam-se bem com uma vida cristã compreendida e vivida completamente. Da prática cristã derivava a sua inclinação à bondade, às práticas religiosas e às virtudes, na medida em que uma criança da sua idade podia entendê-las e vivê-las.

Sabia ajudar os pais no trabalho dos campos e especialmente em casa. Sempre dócil, obediente, incansável, com espírito de sacrifício, paciente, até quando os irmãos a mortificavam ou lhe batiam ela sofria em silêncio, unindo-se aos sofrimentos de Jesus, que amava sinceramente.

A frequência aos sacramentos e a profunda compenetração que mostrava ter na participação da mesa eucarística é um índice de maturidade espiritual que a menina tinha alcançado; distinguia-se pela piedade e recolhimento.

O cenário no qual foi consumado o delito é terrivelmente simples, quanto atroz e violenta foi a morte da Serva de Deus. No dia 15 de Junho de 1931, Albertina estava apascentando os animais de propriedade da família quando o pai lhe disse para ir procurar um bovino que se tinha distanciado. Ela obedeceu. Num campo vizinho encontrou Idanlício e perguntou-lhe se tinha visto o animal passar por ali.

Idanlício Cipriano Martins, conhecido com o nome de Manuel Martins da Silva, era chamado pelo apelido de Maneco. Tinha 33 anos, vivia com a mulher próximo da casa de Albertina e trabalhava para um tio dela. Embora já tivesse matado uma pessoa, era considerado por todos um homem recto e um trabalhador honesto. Albertina muitas vezes levava-lhe comida e brincava com os seus filhos; portanto, era uma pessoa do seu conhecimento. Quando Albertina lhe perguntou se tinha visto o boi, Maneco responde que sim, acrescentando que o tinha visto ir para o bosque próximo dali e ofereceu-se para a acompanhar e ajudar na busca. Mas, ao chegarem perto do bosque, convidou-a para deitar com ele. Seguiu-a com intenção de lhe fazer mal. Albertina não consentiu e Maneco então a pegou pelos cabelos, jogou-a ao chão e, visto que não conseguia obter o que queria porque ela reagia, pegou um canivete e cortou o seu pescoço. A jovem morreu imediatamente. Dos testemunhos dos companheiros de prisão de Maneco revelou-se que a menina declarou a sua indisponibilidade pois aquele acto era pecado. A intenção de Maneco era clara, a posição de Albertina também:  não queria pecar.

Durante o velório, Maneco controlava a situação fingindo velar a vítima e ficando por perto da casa. Porém, antes que descobrissem quem era o assassino, algumas pessoas notaram um fenômeno particular:  todas as vezes que ele se aproximava do cadáver da Serva de Deus, a grande ferida do pescoço começava a sangrar.

No funeral de Albertina participou um elevado número de pessoas e todos diziam já que era uma "pequena mártir", pois dado o seu temperamento, a sua piedade e delicadeza, eram convictos de que tinha preferido a morte ao pecado. Albertina sacrificou a vida somente pela virtude.


Deus, Pai de todos nós! Vós nos destes vosso Filho Jesus, que derramou seu sangue na cruz por amor a cada um de nós. Vossa serva Albertina foi declarada bem-aventurada pela Igreja, porque, ainda jovem, também derramou seu sangue para ser fiel à vossa vontade e defender a vida em plenitude.


Concedei-nos que, por seu testemunho, nos tornemos fortes na fé, no amor e na esperança, vivamos fielmente os compromissos do nosso Batismo, façamos da Eucaristia a fonte e o cume da nossa vida cristã, busquemos continuamente o perdão através da Confissão, sejamos plenos do Espírito Santo, vivenciando a Crisma, e cultivemos os valores do Evangelho. 

Por intercessão de Albertina, alcançai-nos a graça que neste momento imploramos de vós (expressar a graça que se deseja). Nós vo-lo pedimos por Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Eu creio em Jesus Cristo, mas não vou à Igreja. Pode isso?!


“Você pode ter sido batizado na igreja, ter sido criado na igreja, servido na igreja. Pode ser que tenha se casado na igreja, morrido na igreja. Pode ter sido velado na igreja e ainda assim acordar no inferno caso esteja meramente só na igreja, e não em Cristo.”

De vez em quando encontramos na internet comentários estúpidos, como esse acima, que são compartilhados até por católicos. Porém, cabe dizer que este comentário é falso. Quem está na Igreja está em Cristo. Não é possível estar em Cristo fora da Igreja. A via graciosa e ordinária pela qual uma pessoa se une a Cristo é o sacramento do batismo. Neste sacramento a pessoa recebe o dom da fé ou o dom de reconhecer, amar e obedecer a Deus seu criador; se torna filha adotiva do Pai por meio de Cristo; é configurada a Cristo e é unida a ele indelevelmente. Cada batizado se torna, assim, membro de Cristo. Se todos os membros juntos formam o Corpo, logo, estar unido ao Corpo é essencial para que o membro viva, como estar unido ao tronco é essencial para que o galho esteja vivo e recebendo alimento vital. Logo, não é possível estar vivo, ou seja, estar em Cristo fora de seu Corpo Místico que é a Igreja. Porém, sem uma atitude real de conversão mesmo o batizado pode condenar-se ao inferno uma vez que o não arrependimento dos próprios pecados é a condição que joga uma alma no inferno.

Pelo exposto se pode deduzir seguramente que este comentário acima partiu de alguma mente protestante. Na eclesiologia protestante não existe a doutrina do Corpo de Cristo que é a Igreja, a plenitude daquele que possui a plenitude universal, cuja Cabeça é o próprio Jesus (cf. Cl 1,18; Ef 1,22-23), pois, cada membro da seita protestante é ele sozinho igreja, papa e magistério. O indivíduo interpreta para si as Escrituras, discerne o que é certo ou errado, dá a si mesmo a doutrina e não se vê ligado a nenhum outro membro da seita seja por meio da comum profissão de fé – que as seitas não têm – seja por meio da comum doutrina – que as seitas não têm por divergirem entre si – seja por meio de um governo único – que as seitas não têm.

A premente necessidade de se negar a visibilidade da Igreja em troca de uma Igreja invisível é própria de quem necessita justificar a completa ausência de hierarquia, rito, da comum profissão de fé e de governo. A visibilidade da Igreja nas escrituras é tão clara que precisar reafirmá-la face à heresia das seitas parece superlativo. Contudo, o erro luterano e calvinista de negar a visibilidade da Igreja em seu magistério, em sua doutrina, em sua profissão de fé, em seu governo e em todo o povo fiel como expressão daquele Corpo Místico do qual fala as escrituras é de tal modo danoso que, aceito sem prévio questionamento, isso se torna hoje necessário.

Santa Clotilde


Clotilde nasceu na cidade de Lion, França, em 475. Seu pai era o rei Childerico de Borgonha. Sua família passou por um momento trágico quando Clotilde era ainda menina. Um tio de Clotilde, irmão do rei, assassinou o pai dela, a mãe e três irmãos e assumiu o trono. Somente duas filhas do casal real não foram mortas. Uma delas era Clotilde.

Clotilde foi entregue aos cuidados de uma tia. Esta a educou na fé católica. Clotilde cresceu e se transformou numa jovem muito bonita, gentil, delicada, sábia e dotada de inteligência excepcional. Tanto, que chamou a atenção de Clodoveu, rei dos francos, que apaixonou-se por ela. Ele pediu a mão de Clotilde em casamento. Ela aceitou. Os dois se casaram e ela veio a se tornar rainha dos francos.

Clotilde era a própria delicadeza, a bondade, a fé e o carinho. Seu marido, porém, era pagão, nervoso, amava a guerra e era cheio de ambição. Em seu coração Clotilde ansiava por, um dia, ver seu marido cristão. Ela sabia que, se isso acontecesse, ele se tornaria mais justo e acabaria com o derramamento de sangue que sempre ocorria nas guerras e conquistas. Por isso, ela iniciou uma vida de oração e paciência, tentando sempre dar bom exemplo cristão. Ao mesmo tempo ela tentava convencer o marido por meio de argumentos, mas conseguia muito pouco. 

Clodoveu, por sua vez, apesar do temperamento, amava Clotilde. O casal teve três filhos. Estes, porém, herdaram a índole belicosa e guerreira, do pai. Quando Clodoveu retornava vivo dos combates, Santa Clotilde ia à igreja agradecer a Deus, e não ao templo pagão que ele frequentava. Ele permitia isso, mas não ia à igreja. Porém, ouvia conselhos e palavras do bispo de Reims, chamado Remígio, hoje santo. Este tinha se tornado amigo pessoal da família e confessor da rainha. 

Aconteceu durante uma terrível batalha contra os alemães, no ano 496. Clodoveu e seu exército estavam perdendo a guerra. Já quase sem esperanças de vitória e temendo o pior, ele se ajoelhou e rezou para Nosso Senhor Jesus Cristo. Naquele momento, prometeu que, se vencesse a batalha, ele se converteria e faria com que todo o seu exército e todo o reino também se convertessem. E a vitória de fato aconteceu.

Após vencer os alemães, Clodoveu unificou o reino dos francos e formou a França. Ele foi sagrado o primeiro rei da França. Cumprindo sua promessa, ele pediu o batismo ao amigo e bispo Remígio. Todos os súditos o seguiram neste ato. Depois, todos os soldados membros do seu exército se fizeram batizar. Depois deles, por toda a corte francesa e seus subordinados. Clodoveu fez da França o primeiro Estado Católico do Ocidente.

Motivado por Santa Clotilde, Clodoveu construiu uma igreja que, primeiramente, chamou-se Igreja dos Apóstolos. Tempos mais tarde ela passou a ser chamada de Igreja de Santa Genoveva, na cidade de Paris. Porém, logo depois de terminar essa construção, Clodoveu faleceu. Pela lei que vigorava na França de então, após a morte do rei, o reino deveria ser dividido entre os filhos homens. E estes eram três.

A partir da morte do marido começou um longo período de dor sofrimento para Santa Clotilde. Seus filhos começaram a travar lutas sangrentas entre si, por causa da divisão do reino. Essas brigas foram causa de várias mortes na família, gerando mágoas e rancores. O sentimento cristão e amoroso de Santa Clotilde não suportou. Por isso, ela foi morar na cidade de Tours, num local perto do túmulo de são Martinho. Lá, ela continuou sua vida de oração. Ali também construiu igrejas, hospitais para os pobres e mosteiros para os religiosos. 

Após trinta e quatro anos nesta vida viel, Santa Clotilde, a “Rainha Santa”, como ficou conhecida, faleceu. Era o dia 3 de junho do ano 545. Seus filhos estavam presentes. Logo após sua morte, a fama de santidade de Santa Clotilde se espalhou por toda a França. Seu culto foi autorizado pela Igreja e ela se tornou uma referência para os franceses e para os católicos. Muitos alcançaram graças através de sua intercessão e sua história passou a ser contada.


Ó Deus, que destes a Santa Clotilde a graça de permanecer fiel a ti mesmo estando no centro do mais alto poder de uma nação, dai também a nós a graça da fidelidade a vós e ao vosso amor em todas as situações de nossa vida, por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo, amém. Santa Clotilde, rogai por nós.

terça-feira, 13 de junho de 2017

Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial dos Pobres 2017


MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO 
PARA O I DIA MUNDIAL DOS POBRES

XXXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM
(19 DE NOVEMBRO DE 2017)

«Não amemos com palavras, mas com obras»

1. «Meus filhinhos, não amemos com palavras nem com a boca, mas com obras e com verdade» (1 Jo 3, 18). Estas palavras do apóstolo João exprimem um imperativo de que nenhum cristão pode prescindir. A importância do mandamento de Jesus, transmitido pelo «discípulo amado» até aos nossos dias, aparece ainda mais acentuada ao contrapor as palavras vazias, que frequentemente se encontram na nossa boca, às obras concretas, as únicas capazes de medir verdadeiramente o que valemos. O amor não admite álibis: quem pretende amar como Jesus amou, deve assumir o seu exemplo, sobretudo quando somos chamados a amar os pobres. Aliás, é bem conhecida a forma de amar do Filho de Deus, e João recorda-a com clareza. Assenta sobre duas colunas mestras: o primeiro a amar foi Deus (cf. 1 Jo 4, 10.19); e amou dando-Se totalmente, incluindo a própria vida (cf. 1 Jo 3, 16).

Um amor assim não pode ficar sem resposta. Apesar de ser dado de maneira unilateral, isto é, sem pedir nada em troca, ele abrasa de tal forma o coração, que toda e qualquer pessoa se sente levada a retribuí-lo não obstante as suas limitações e pecados. Isto é possível, se a graça de Deus, a sua caridade misericordiosa, for acolhida no nosso coração a pontos de mover a nossa vontade e os nossos afetos para o amor ao próprio Deus e ao próximo. Deste modo a misericórdia, que brota por assim dizer do coração da Trindade, pode chegar a pôr em movimento a nossa vida e gerar compaixão e obras de misericórdia em prol dos irmãos e irmãs que se encontram em necessidade.

2. «Quando um pobre invoca o Senhor, Ele atende-o» (Sal 34/33, 7). A Igreja compreendeu, desde sempre, a importância de tal invocação. Possuímos um grande testemunho já nas primeiras páginas do Atos dos Apóstolos, quando Pedro pede para se escolher sete homens «cheios do Espírito e de sabedoria» (6, 3), que assumam o serviço de assistência aos pobres. Este é, sem dúvida, um dos primeiros sinais com que a comunidade cristã se apresentou no palco do mundo: o serviço aos mais pobres. Tudo isto foi possível, por ela ter compreendido que a vida dos discípulos de Jesus se devia exprimir numa fraternidade e numa solidariedade tais, que correspondesse ao ensinamento principal do Mestre que tinha proclamado os pobres bem-aventurados e herdeiros do Reino dos céus (cf. Mt 5, 3).

«Vendiam terras e outros bens e distribuíam o dinheiro por todos, de acordo com as necessidades de cada um» (At 2, 45). Esta frase mostra, com clareza, como estava viva nos primeiros cristãos tal preocupação. O evangelista Lucas – o autor sagrado que deu mais espaço à misericórdia do que qualquer outro – não está a fazer retórica, quando descreve a prática da partilha na primeira comunidade. Antes pelo contrário, com a sua narração, pretende falar aos fiéis de todas as gerações (e, por conseguinte, também à nossa), procurando sustentá-los no seu testemunho e incentivá-los à ação concreta a favor dos mais necessitados. E o mesmo ensinamento é dado, com igual convicção, pelo apóstolo Tiago, usando expressões fortes e incisivas na sua Carta: «Ouvi, meus amados irmãos: porventura não escolheu Deus os pobres segundo o mundo para serem ricos na fé e herdeiros do Reino que prometeu aos que O amam? Mas vós desonrais o pobre. Porventura não são os ricos que vos oprimem e vos arrastam aos tribunais? (…) De que aproveita, irmãos, que alguém diga que tem fé, se não tiver obras de fé? Acaso essa fé poderá salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e precisarem de alimento quotidiano, e um de vós lhes disser: “Ide em paz, tratai de vos aquecer e matar a fome”, mas não lhes dais o que é necessário ao corpo, de que lhes aproveitará? Assim também a fé: se ela não tiver obras, está completamente morta» (2, 5-6.14-17).

3. Contudo, houve momentos em que os cristãos não escutaram profundamente este apelo, deixando-se contagiar pela mentalidade mundana. Mas o Espírito Santo não deixou de os chamar a manterem o olhar fixo no essencial. Com efeito, fez surgir homens e mulheres que, de vários modos, ofereceram a sua vida ao serviço dos pobres. Nestes dois mil anos, quantas páginas de história foram escritas por cristãos que, com toda a simplicidade e humildade, serviram os seus irmãos mais pobres, animados por uma generosa fantasia da caridade!

Dentre todos, destaca-se o exemplo de Francisco de Assis, que foi seguido por tantos outros homens e mulheres santos, ao longo dos séculos. Não se contentou com abraçar e dar esmola aos leprosos, mas decidiu ir a Gúbio para estar junto com eles. Ele mesmo identificou neste encontro a viragem da sua conversão: «Quando estava nos meus pecados, parecia-me deveras insuportável ver os leprosos. E o próprio Senhor levou-me para o meio deles e usei de misericórdia para com eles. E, ao afastar-me deles, aquilo que antes me parecia amargo converteu-se para mim em doçura da alma e do corpo» (Test 1-3: FF 110). Este testemunho mostra a força transformadora da caridade e o estilo de vida dos cristãos.

Não pensemos nos pobres apenas como destinatários duma boa obra de voluntariado, que se pratica uma vez por semana, ou, menos ainda, de gestos improvisados de boa vontade para pôr a consciência em paz. Estas experiências, embora válidas e úteis a fim de sensibilizar para as necessidades de tantos irmãos e para as injustiças que frequentemente são a sua causa, deveriam abrir a um verdadeiro encontro com os pobres e dar lugar a uma partilha que se torne estilo de vida. Na verdade, a oração, o caminho do discipulado e a conversão encontram, na caridade que se torna partilha, a prova da sua autenticidade evangélica. E deste modo de viver derivam alegria e serenidade de espírito, porque se toca palpavelmente a carne de Cristo. Se realmente queremos encontrar Cristo, é preciso que toquemos o seu corpo no corpo chagado dos pobres, como resposta à comunhão sacramental recebida na Eucaristia. O Corpo de Cristo, repartido na sagrada liturgia, deixa-se encontrar pela caridade partilhada no rosto e na pessoa dos irmãos e irmãs mais frágeis. Continuam a ressoar de grande atualidade estas palavras do santo bispo Crisóstomo: «Queres honrar o corpo de Cristo? Não permitas que seja desprezado nos seus membros, isto é, nos pobres que não têm que vestir, nem O honres aqui no tempo com vestes de seda, enquanto lá fora O abandonas ao frio e à nudez» (Hom. in Matthaeum, 50, 3: PG 58).

Portanto somos chamados a estender a mão aos pobres, a encontrá-los, fixá-los nos olhos, abraçá-los, para lhes fazer sentir o calor do amor que rompe o círculo da solidão. A sua mão estendida para nós é também um convite a sairmos das nossas certezas e comodidades e a reconhecermos o valor que a pobreza encerra em si mesma.