quarta-feira, 12 de julho de 2017

Precisamos nos importar com teologia?


Ouvi a palavra do SENHOR, vós, filhos de Israel, porque o SENHOR tem uma contenda com os habitantes da terra, porque nela não há verdade, nem amor, nem conhecimento de Deus. (Os 4,1)

Você precisa se preocupar com teologia? Ou teologia é “coisa” só para seminaristas e pastores? Quem é o verdadeiro teólogo? Aquele que é mestre ou doutor em teologia, ou qualquer que tenha opinião formada sobre Deus? Aliás, porque se preocupar com isso? Não seria a experiência com Deus mais importante do que o conhecimento de Deus?

Muitas pessoas, em sua ignorância, acabam achando mesmo que teologia é coisa só para poucos. Na verdade, todos são teólogos, visto que todos sempre têm uma palavra para emitir sobre a pessoa de Deus. Sempre que alguém diz: “Para mim, Deus é…”, ou, “para mim, Deus não existe”, tais pessoas estão emitindo opiniões sobre Deus.

Querendo ou não, todos são teólogos. Teologia é o estudo sobre Deus, ou seja, teologia tem a ver com o “conhecimento de Deus”. Agora, voltando às perguntas (pois elas são a melhor forma de se ensinar algo), seria o conhecimento de Deus algo importante? É importante conhecer a Deus? Por que é importante conhecer a Deus (antes de morrer)?

Teologia = Conhecimento de Deus. Alguém que diz que não gosta de teologia é alguém que não gosta de…? Isso: conhecer a Deus. A verdadeira teologia é aquela que é feita na Sagrada Escritura, pois é ela que ensina sobre a obra e pessoas da Santíssima Trindade.

É sempre na ausência do “conhecimento de Deus” que o povo de Deus acaba se perdendo ou sendo destruído:

O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. (Os 4,6a)

terça-feira, 11 de julho de 2017

Maria sofreu ao dar a luz ao Filho Jesus Cristo?


As dores de parto são consequências do pecado original (cf. Gênesis 3,16). Para os católicos, Maria não teve esse pecado, logo, não teve dores de parto (cf. Is 66,7).

Em Apocalipse, entretanto, há um capítulo que os católicos dizem que sua vida é descrita em resumo, e lá, João cita “dores de parto”:

“Apareceu em seguida um grande sinal no céu: uma Mulher revestida do sol, a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas. Estava grávida e gritava de dores, sentindo as angústias de dar à luz.(…) Ela deu à luz um Filho, um menino, aquele que deve reger todas as nações pagãs com cetro de ferro. Mas seu Filho foi arrebatado para junto de Deus e do seu trono.” (Apocalipse 12:1-5)

Que dores seriam essas, que precederam o parto de Jesus?

Para interpretar essa passagem, deve-se considerar um sentido alegórico de “dores de parto”. No Novo Testamento, Paulo utiliza o termo “dores de parto” ( do grego ὠδίνουσα-ōdinousa) como uma metáfora para o sofrimento espiritual, para o sofrimento em geral, ou para o desejo do mundo como ele aguarda para o cumprimento final (cf. Gl 4:19; Rm 8:22). Todos sabemos que para Maria dar a luz a Jesus, foi uma agonia, um verdadeiro sacrifício espiritual (como a perseguição, o recenseamento, a falta de lugar para ficar…). João, portanto, resumidamente, anuncia as angústias de Maria de uma forma alegórica, através da imagem das angustiantes “dores de parto”. No século VI, Ecumênio, famoso por ser um dos primeiros a comentar completamente o livro do Apocalipse, explica:

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Charlie Gard: Hospital inglês pede nova audiência a Alto Tribunal para revisar o caso


O Great Ormond Hospital de Londres está solicitando uma nova audiência ao Tribunal Superior para revisar o caso de Charlie Gard, depois que uma equipe de sete especialistas internacionais assinalou que um tratamento experimental poderia beneficiar o bebê de dez meses.

A equipe alertou o hospital de que dados novos e inéditos sugerem que um medicamento experimental poderia melhorar a condição cerebral de Charlie, que sofre da síndrome de esgotamento mitocondrial, uma doença rara genética que causa fraqueza muscular progressiva e pode provocar a morte no primeiro ano de vida.

Um dos assinantes da carta é um pesquisador e neurologista do Hospital Bambino Gesú, propriedade do Vaticano, em Roma, que ofereceu suas instalações a Charlie na semana passada. O Great Ormond Hospital disse que tinha se negado a esta transferência por razões legais.

“Dois hospitais internacionais e os respectivos investigadores comunicaram ao hospital, nas últimas 24 horas, que têm novidades sobre o tratamento experimental proposto”, disse um porta-voz do hospital, segundo a BBC.

“Nós acreditamos, tal como os pais de Charlie, que é correto explorarmos essa possibilidade de tratamento”, acrescentou.

Nesse sentido, “o hospital Great Ormond Street Hospital está dando a possibilidade à Suprema Corte de avaliar objetivamente as reivindicações das novas provas provenientes de estudos recentes”. “Será para que a Suprema Corte emita seu julgamento sobre esses fatos”, indicou.

O caso de Charlie atraiu a atenção internacional por diversas batalhas legais que seus pais, Chris Gard e Connie Yates, travaram na tentativa de salvar a vida de seu filho.

A decisão atual do hospital de solicitar a apelação é uma surpresa, depois que o tribunal negou aos pais que levassem Charlie a um hospital nos Estados Unidos para submetê-lo a tratamento experimental. Os pais tinham arrecadado mais de um milhão de dólares com este objetivo. Os juízes também tinha rejeitado seu pedido de levar o bebê para casa, para que morresse lá.

Tanto o hospital pediátrico do Vaticano como o Papa Francisco expressaram seu apoio a Charlie.

“O Santo Padre acompanha com afeto e emoção o caso do pequeno Charlie Gard e manifesta a sua proximidade aos seus pais”, indicou em uma declaração o porta-voz do Vaticano, Greg Burke, no último dia 2 de julho.

“Ele reza por eles, fazendo votos de que não seja negligenciado o seu desejo de acompanhar e cuidar do próprio filho até o fim”, acrescentou.

Não sejas como quem diz uma coisa e faz outra


Somos todos fracos, confesso, mas o Senhor Deus nos entregou meios com que, se quisermos, poderemos ser fortalecidos com facilidade. Tal sacerdote desejaria possuir uma vida íntegra, que dele é exigida, ser continente e ter um comportamento angélico, como convém, mas não se resolve a empregar estes meios: jejuar, orar, fugir das más conversas e de nocivas e perigosas familiaridades.

Queixa-se de que, ao entrar no coro para a salmodia, ao dirigir-se para celebrar a missa, logo mil pensamentos lhe assaltam a mente e o distraem de Deus. Mas, antes de ir ao coro ou à missa, que fez na sacristia, como se preparou, que meios escolheu e empregou para fixar a atenção?

Queres que te ensine a caminhar de virtude em virtude e como seres mais atento ao ofício, ficando assim teu louvor mais aceito de Deus? Escuta o que digo. Se ao menos uma fagulha do amor divino já se acendeu em ti, não a mostres logo, não a exponhas ao vento! Mantém encoberta a lâmpada, para não se esfriar e perder o calor; isto é, foge, tanto quanto possível, das distrações; fica recolhido junto de Deus, evita as conversas vãs.

Tua missão é pregar e ensinar? Estuda e entrega-te ao necessário para bem exerceres este encargo. Faze, primeiro, por pregar com a vida e o comportamento. Não aconteça que, vendo-te dizer uma coisa e fazer outra, zombem de tuas palavras, abanando a cabeça.

Papa: "Jesus não tira os fardos da vida, mas a angústia do coração".


Papa Francisco

ANGELUS

Praça de São Pedro
domingo, 9 de julho, 2017


Caros irmãos e irmãos, as minhas saudações!

No evangelho de hoje, Jesus diz: «Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, que Eu hei de aliviar-vos».

O Senhor não reserva esta frase para um dos seus amigos, não; ele dirige-a a «todos» os que estão cansados e oprimidos pela vida. Quem pode excluir-se deste convite?

O Senhor sabe o quanto a vida é dura. Ele sabe que muitas coisas cansam o coração: as decepções e as feridas do passado, os fardos a carregar e os erros do passado a suportar no presente, as incertezas e as preocupações com o futuro.

Diante de tudo isto, a primeira palavra de Jesus é um convite a mexer-se e a reagir: «vinde». O erro, quando as coisas não vão bem, é de ficar lá onde estamos, deitados. Isso é evidente, mas quanto é difícil de reagir e de se abrir! Não é fácil. Nos momentos sombrios, a tentação é de ficar fechado em si, de ruminar o quanto a vida é injusta, o quanto os outros são ingratos, e como o mundo é mau e assim por diante. Todos nós sabemos isso.

Por vezes já fizemos esta experiência. Mas fechados sobre nós mesmo desta maneira, vemos tudo negro. É então que nos familiarizamos com a tristeza má, que acaba por se sentir em sua casa. Essa tristeza leva-nos à prostração, e é uma coisa má.

Mas Jesus quer tirar-nos dessas «areias movediças» e é por isso que diz a cada um de nós: «Vem!» «Quem?» «Tu, tu, tu…». A saída encontra-se na relação, no facto de estender a mão e de erguer o olhar para Aquele que nos ama verdadeiramente.

Na verdade, não basta sair de si, mas é preciso saber para onde ir. Porque há muitos objetivos que são ilusórios: prometem o repouso e apenas distraem um pouco; prometem a paz e dão o divertimento, e logo nos deixam numa solidão sem precedentes; são «fogos de artifício».

É por isso que Jesus indica para onde ir: «Vinde a mim»! E se muitas vezes frente a um peso da vida ou a uma situação dolorosa tentamos falar com alguém  – e é muito bom fazer isso –  que nos escuta, com um amigo, com um especialista, não esqueçamos Jesus: de abrir-lhe o nosso coração, de contar-lhe a nossa vida, de lhe confiar as pessoas e as situações.

Talvez haja «zonas» da nossa vida que nunca lhe foram abertas e que ficaram obscuras porque nunca viram a luz do Senhor. Cada um tem a sua história pessoal: E se alguém tem essa zona obscura, procurai Jesus, ide ver um missionário da misericórdia, ir ver um sacerdote… Mas ide a Jesus, e contai isso a Jesus. 

Santo Olavo


Nascido em 995 numa família real, Olavo mostra-nos com sua vida que a santidade não escolhe profissão, nem posição social, pois ela não vêm sobre classes, mas sim em corações abertos à Graça de Cristo. Aconteceu que o jovem Olavo foi para a Inglaterra numa expedição e assim pôde conhecer Jesus, o Cristianismo e ser batizado, isto em 1014. Ao voltar para a casa, Olavo, que era herdeiro do trono, encontrou o falecimento do pai e usurpadores do reino.

Assim teve Olavo de assumir o trono e submeter os inimigos pelo combate. Quando esteve no poder, Santo Olavo buscou a santidade como rei; sem deixar de fazer de tudo para levar Deus aos súditos, por isso, procurou acabar com o paganismo, construir igrejas e trazer sacerdotes da Inglaterra para evangelizar seu povo. Todos os esforços de Olavo para submeter a Noruega ao Rei dos reis e Senhor dos senhores encontraram êxitos e barreiras, ao ponto do santo rei ter que ficar por um tempo exilado e ao voltar foi vítima de um conflito armado em 1030.


Senhor Jesus, Tu és o Rei dos Reis, O Senhor dos Senhores nós te louvamos e bendizemos porque Tu és o todo poderoso mas o Senhor não impõe o teu reinado em nossas vidas, o Senhor nos convida, o Senhor nos impele, o Senhor nos ama, Jesus reinai em nossos corações, reinai em nossas famílias, nas situações que estamos vivendo no dia de hoje, reinai pelo poder do Espírito Santo na nossa história, reinai e fazei de nós instrumento de teu Reino. Santo Olavo rogai por nós.


Santo Olavo, rogai por nós!

domingo, 9 de julho de 2017

Suíça: Conferência Episcopal adota nova versão francesa do Pai Nosso a partir de 2018


A Conferência Episcopal da Suíça aceitou transferir para a Páscoa do próximo ano a entrada em vigor de uma alteração na tradução francesa do Pai Nosso, justificando que “o essencial é rezar juntos”. A decisão responde aos pedidos da Federação das Igrejas Protestantes, da Conferência da Igrejas Reformadas e da Igreja Católica-Cristã do país.

A primeira data da modificação era prevista para o primeiro domingo do Advento, isto é, 3 de dezembro de 2017. A prorrogação, porém, vai consentir às três Igrejas de introduzir contemporaneamente a nova versão da oração nas respectivas liturgias, “num espírito de comunhão ecumênica”, escrevem os bispos num comunicado divulgado pelo L’Osservatore Romano.

Alteração já foi adotada na Bélgica

Ao final da Assembleia Plenária de fim de maio no Mosteiro de Einsiedeln, o episcopado helvético, aderindo à escolha feita em 2013 na França e em outros países de língua francesa, anunciou a introdução da alteração na parte da Suíça onde o francês é o idioma oficial. A modificação na tradução do texto original grego do Pai Nosso é no trecho que irá para “não nos deixeis entrar (ou cair) em tentação" (“Et ne nous soumets pas à la tentation” passará a ser “Et ne nous laisse pas entrer en tentation”).

Essa alteração já está em vigor na Bélgica desde 4 de junho e será introduzida na França, em dezembro, enquanto a Conferência Episcopal do Canadá divulgou que “não teve como promover logo essa modificação”.

As vitórias de Charlie Gard


Thanatos é uma divindade menor no panteão grego. Quando queremos invocar o deus da morte nós geralmente pensamos em Hades, senhor do mundo dos mortos; Thanatos, no entanto, personificando a Morte, é digno de algumas passagens clássicas. Por exemplo, na Ilíada é ele, junto com o seu irmão Hypnos (o Sono), quem é encarregado de levar o corpo do herói Sarpedon, morto no campo de batalha de Tróia, para os funerais em sua terra natal.

Hipnos e Thanatos levando o corpo de Sarpédon

É curioso que estejamos relativamente familiarizados com o pós-morte (os infernos de Hades, por exemplo, guardados pelo Estige e por Cerberus), mas o próprio ato da morte (Thanatos) nos seja estranho. Da subdivindade temos hoje talvez apenas algumas menções obscuras nas músicas de Renato Russo; ironicamente, no entanto, é ela quem dá nome a três importantes conceitos de bioética hoje particularmente importantes: eutanásia, distanásia e ortotanásia.

Eles se encontram (embora não sob esta nomenclatura) no parágrafo 65 da Evangelium Vitae de São João Paulo II. Eutanásia é «uma ação ou uma omissão que, por sua natureza e nas intenções, provoca a morte com o objetivo de eliminar o sofrimento» (id. ibid.). Do conceito tiramos algumas importantes conclusões. A primeira delas é que eutanásia, ao contrário do que comumente se pensa, não necessariamente é um ato comissivo — i.e., nem sempre ela se caracteriza por um fazer algo. Eutanásia pode ser uma omissão — um deixar de fazer algo que, nas circunstâncias, seria moralmente exigido. Eutanásia não é somente aplicar veneno no doente para que ele venha a morrer; pode-se praticar eutanásia também quando se negam determinados cuidados médicos sem os quais sabe-se que o doente virá a óbito. O exemplo talvez mais conhecido é o da americana Terri Schiavo, que em 2005, após uma longa agonia, morreu de fome e de sede após o marido conseguir na Justiça uma ordem para que o hospital interrompesse a hidratação e a nutrição artificiais. Terri estava em Estado Vegetativo Permanente; a Terri não foi dada, que se saiba, nenhuma substância para lhe produzir a morte; não obstante, Terri sofreu eutanásia.

A segunda importante conclusão é que a eutanásia se caracteriza não apenas pela forma (comissiva ou omissiva) como ela se manifesta, mas também por suas intenções. O que formalmente caracteriza a eutanásia é a intenção de «provoca[r] a morte com o objetivo de eliminar o sofrimento» (EV 56). Se o sujeito quer provocar a morte para eliminar o sofrimento, estamos falando em eutanásia; se ele quer provocar a morte por outra razão (digamos, para se desvencilhar de um familiar incômodo, ou para antecipar alguma herança), então se trata de assassinato puro e simples; e se o sujeito se preocupa com o sofrimento do doente mas não lhe quer provocar a morte, ou seja, se a morte não é de nenhuma maneira desejada mas simplesmente aceita, então estamos diante daquilo que se convencionou chamar ortotanásia.

A ortotanásia é a recusa à distanásia (esta última também chamada “obstinação terapêutica”, ou “excesso terapêutico”, na terminologia empregada pela Igreja desde pelo menos a década de 90), e um conceito se compreende em face do outro. Querer manter um paciente vivo a qualquer custo, utilizando-se de meios desproporcionados ao resultado que deles se espera, é obstinação terapêutica, é distanásia. Já não o fazer, negar-se à prática de intervenções médicas demasiado onerosas e cujos benefícios esperados não sejam proporcionalmente benéficos ao paciente, em suma, aceitar o estado terminal do paciente e reconhecer que o engenho humano não é capaz de fazer frente à iminência da morte, é ortotanásia.

Dessas definições infere-se que a distanásia é em regra comissiva (i.e., ela se caracteriza sempre por fazer alguma coisa, por tentar uma nova intervenção, um novo medicamento, uma nova cirurgia etc.) e, a ortotanásia, omissiva (o que significa dizer que ela, em essência, é a aceitação da morte natural, sem que se faça nada para a impedir): é muito difícil imaginar exemplos que fujam a esta classificação. Tanto a distanásia (recusar-se a aceitar a morte) como a eutanásia (provocar a morte) são pecados: a atitude moralmente exigível do ser humano é que aceite a morte quando ela se apresenta inevitável, sem a procurar, mas também sem lutar desproporcionadamente contra ela.

Por fim, a terceira importante conclusão que se pode tirar do parágrafo 56 da Evangelium Vitae é que a eutanásia (ao contrário, por exemplo, do homicídio) se justifica pelo alegado bem do paciente.