domingo, 23 de julho de 2017

Homilética 19º Domingo do Tempo Comum - Ano A: "Confiança no Senhor".


No Evangelho deste domingo (Mt 14,22-33) encontramos Jesus que, retirando-se sobre o monte, reza durante a noite inteira. Separado tanto da multidão como dos seus discípulos, o Senhor manifesta a sua intimidade com o Pai e a necessidade de rezar em solidão, ao abrigo dos tumultos do mundo. No entanto, este seu afastar-se não deve ser entendido como um desinteresse pelas pessoas, nem como um abandono dos Apóstolos. Pelo contrário – narra São Mateus – pediu que os discípulos entrassem na barca a fim de “O preceder na outra margem” ( Mt 14, 22 ), para os encontrar de novo. Entretanto, “já a uma boa distância da margem, a barca era agitada pelas ondas, pois o vento era contrário” (v. 24), e eis que “pela quarta vigília da noite, Jesus veio até eles, caminhando sobre o mar” (v.25); os discípulos ficaram transtornados e, pensando que se tratava de um fantasma, “soltaram gritos de terror” (v. 26), pois não O reconheceram, não compreenderam que era o Senhor. Mas Jesus tranquiliza-os: “Ânimo, sou Eu. Não tenhais medo!” (v. 27). Os Padres da Igreja tiraram uma grande riqueza desse episódio: O mar simboliza a vida presente, a instabilidade do mundo visível; a tempestade indica todos os tipos de tribulação, de dificuldade que oprime o homem. A barca, ao contrário, representa a Igreja construída por Cristo e norteada pelos Apóstolos. Jesus deseja educar os discípulos a suportar com coragem as adversidades da vida, confiando em Deus, naquele que se revelou ao Profeta Elias no monte Horeb, no “murmúrio de uma brisa ligeira” (1Rs 19, 12). Ainda no texto do Evangelho, chama a atenção o gesto do Apóstolo Pedro que, tomado por um impulso de amor pelo Mestre, pediu para ir ao seu encontro, caminhando sobre as águas. “Mas, redobrando a violência do vento, teve medo e, começando a afundar, gritou: ‘Senhor, salva-me!’ (Mt 14, 30). Santo Agostinho, imaginando que se dirigia ao Apóstolo, comenta: o Senhor “humilhou-se e pegou-te pela mão. Unicamente com as tuas forças, não consegues levantar-te. Segura na mão daquele que desce até ti”, e diz isto não apenas a Pedro, mas diz isto também a nós. Pedro caminha sobre as águas não pelas suas próprias forças, mas pela Graça divina, na qual crê, e quando se sente dominado pela dúvida, quando deixa de fixar o olhar em Jesus e tem medo do vento, quando não confia plenamente na Palavra do Mestre, quer dizer que, interiormente, se está a afastar-se d’Ele, e é então que corre o risco de afundar-se no mar da vida, e é assim também para nós: se olharmos unicamente para nós mesmos, tornamo-nos dependentes dos ventos e já não conseguimos atravessar as tempestades, as águas da vida. Escreve Romano Guardini que o Senhor “está sempre próximo, dado que se encontra na raiz do nosso próprio ser. Todavia, temos que experimentar o nosso relacionamento com Deus entre os polos da distância e da proximidade. Pela proximidade somos fortalecidos, pela distância, postos à prova”.

Ao ouvir a narração deste texto evangélico, podemos tirar uma conclusão: O Mestre não está longe nem agora; não nos deixará a sós lutando com as ondas; basta invocá – Lo que Ele descerá do monte e virá em socorro de sua Igreja. Esta confiança se baseia no fato de que Jesus ressuscitou e está vivo. Os antigos padres da Igreja colocavam em evidência uma coincidência: Jesus vai ao encontro dos apóstolos no lago “na quarta vigília da noite”, isto é, na mesma hora em que ressuscitou dos mortos.

Nesta situação, uma coisa é necessária para não afundar: não perder a confiança, não desanimar no meio das dificuldades, não olhar para baixo ou ao redor, para as ondas que se agitam, mas à frente, para Cristo. Somente quem vacila na fé, ou quem confia nas próprias forças, afunda.

Se a nossa vida se passar no cumprimento fiel do que Deus quer de nós, nunca nos faltará a ajuda divina. Na fraqueza, na fadiga, nas situações de maior dificuldade, Jesus irá se aproximar de nós, de modo inesperado, e nos dirá: “Sou Eu, não temais”. Ele nunca abandona os seus amigos, e muito menos quando o vento das tentações, do cansaço ou das dificuldades nos é contrário. Ensina Santa Teresa: “Se tiverdes confiança n’Ele e ânimo animoso, que Sua Majestade é muito amigo disso, não tenhais medo de que vos falte coisa alguma”.

Quando Pedro começou a afundar-se, para voltar à superfície, teve que segurar a mão forte do Senhor, seu Amigo e seu Deus. Não era muito, mas era o esforço que Deus lhe pedia; é a colaboração da boa vontade que o Senhor sempre nos pede.

Para Pedro, uma só coisa importa: estar perto de Cristo. Não interessa quais são as condições, se com “ventos contrários” ou “tempestade”, Pedro quer estar junto de Cristo. Pedro é sempre quem toma a palavra, é ele quem sempre dá o primeiro passo no grupo dos apóstolos.

Foram momentos impressionantes para todos: Pedro trocou a segurança da barca pela da palavra do Senhor. Não ficou aferrado às tábuas da embarcação, mas dirigiu-se para onde Jesus estava, a uns poucos metros dos discípulos, que contemplam atônitos o Apóstolo por cima das águas enfurecidas. Pedro avança sobre as ondas. Sustentam-no a fé e a confiança no seu Mestre; só isso!

Pedro teria continuado a caminhar firmemente sobre as águas e teria chegado até o Senhor se não tivesse afastado dEle o seu olhar confiante. Todas as tempestades juntas, as de dentro da alma e as do ambiente, nada podem enquanto estivermos bem ancorados na fé e na oração. A nossa fé nunca deve fraquejar, mesmo que as dificuldades sejam enormes e a sua violência pareça esmagar-nos.

Pouco importam o ambiente, as dificuldades que rodeiam a nossa vida, se sabemos avançar cheios de fé e confiança ao encontro de Jesus que nos espera; pouco importa que as ondas sejam muito altas ou o vento forte; pouco importa que não seja do natural do homem caminhar sobre as águas. Se olhamos para Jesus, tudo nos é possível; e esse olhar para Ele é a virtude da piedade. Se pela oração e pelos sacramentos nos mantemos unidos a Jesus, caminharemos com firmeza. Deixar de olhar para Cristo é naufragar, é incapacitar-se para dar um passo, mesmo em terra firme.

Esse pequeno esforço que o Senhor pede aos seus discípulos de todos os tempos para tirá-los de uma má situação, pode ser muito diverso: intensificar a oração; cortar decididamente com uma ocasião próxima de pecar; obedecer com prontidão e docilidade de coração aos conselhos recebidos na confissão e na conversa com o diretor espiritual… Não nos esqueçamos nunca da advertência de São João Crisóstomo:  “Quando falta a nossa cooperação, cessa também a ajuda de Deus”. Ainda que seja o Senhor quem nos tira da água. No momento em que Pedro começou a temer e a duvidar, começou também a afundar-se.

Temos de aprender a nunca desconfiar de Deus, que não se apresenta apenas nos acontecimentos favoráveis, mas também nas tormentas dos sofrimentos físicos e morais da vida: “Tende confiança, sou Eu, não temais!”. Deus nunca chega tarde em nosso auxílio, e sempre nos ajuda nas nossas necessidades.

E se alguma vez sentimos que nos falta apoio, que submergimos, repitamos aquela súplica de Pedro: ”Senhor, salva-me!” Não duvidemos do seu amor, nem da sua mão misericordiosa, não esqueçamos que “Deus não manda impossíveis, mas ao mandar pede que faças o que possas e peças o que não possas, e ajude para que possas” (Santo Agostinho).


A dificuldade da fé do apóstolo Pedro leva-nos a compreender que o Senhor, ainda que O procuremos ou invoquemos, é Ele mesmo que vem ao nosso encontro, abaixa o Céu para nos estender a sua mão e nos elevar à sua altura; Ele espera unicamente que nos confiemos de maneira total a Ele, que seguremos realmente a sua mão. Invoquemos a Virgem Maria, modelo de confiança plena em Deus para que, no meio de tantas preocupações, problemas e dificuldades que agitam o mar da nossa vida, ressoe no nosso coração a palavra tranquilizadora de Jesus que nos diz, também a nós: Ânimo, sou Eu, não tenhais medo!, e aumente a nossa fé n’Ele.

sábado, 22 de julho de 2017

A apatia dos católicos clama aos Céus vingança


As redes sociais divulgaram um vídeo, ao que parece feito em uma paróquia de Fortaleza, durante uma Missa, onde se vê um homem entrar na fila de comunhão, pegar a Eucaristia, jogá-La no chão e A pisotear. Muitas pessoas apontaram corretamente aquilo que é mais grave nas imagens: mais do que a profanação cometida pelo demônio em forma de velho, o que verdadeiramente choca e estarrece é a completa indiferença com a qual todos os presentes parecem encarar a situação.


Não se vê ninguém tomado da justa indignação que uma situação dessas exigiria. Não se vê ninguém procurando impedir o velho — visivelmente alterado — de entrar na fila da comunhão em primeiro lugar; não se vê ninguém reagindo quando ele, teatralmente, de forma macabra, cospe a sagrada partícula no chão. Não se vê ninguém esboçando a mais mínima reação quando ele dá as costas e vai embora — lançando imprecações inaudíveis no vídeo, imagino eu. E, mais assustador, não se vê a menor perturbação no processo maquinal de continuar distribuindo a Sagrada Eucaristia. O sacerdote permanece impassível enquanto a “ministra” tenta, sem sucesso, administrar a comunhão diretamente na boca do velho possesso; depois da profanação consumada, o padre desce do altar com vagar e normalidade. Limpa o chão por alguns instantes. Após, retorna, e a distribuição da Eucaristia prossegue como se nada houvesse acontecido.


São imagens verdadeiramente angustiantes, diante das quais é imperioso lembrar dois “pequenos” pontos. Primeiro: com a consagração do Pão e do Vinho, durante a Santa Missa, ocorre o fenômeno da transubstanciação, por virtude do qual as espécies consagradas não são mais pão e vinho, mas se tornam, real e substancialmente, o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Em cada minúscula partícula da Eucaristia está presente Cristo inteiro, com Seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Ou seja, o que está ali, jogado no chão, pisoteado e cuspido, é literalmente o Deus Todo-Poderoso, o Criador dos Céus e da Terra.

Não se trata de um símbolo nem de uma metáfora, não é força de expressão. É exatamente isto: aquele pedaço de pão é Deus. Seria já uma coisa grave, por exemplo, alguém pegar um objeto do culto católico — uma imagem, um crucifixo — e o deitar no chão; seria ofensivo e provocaria por si só um enorme mal-estar. Imagine-se alguém que entrasse na igreja revirando os bancos, quebrando as imagens dos santos, arrancando as toalhas do altar, chutando as velas e as flores: ofenderia a sensibilidade católica, sem dúvidas, e seria muito improvável que os fiéis permanecessem inertes diante de semelhante espetáculo iconoclasta.

O que se fez, no entanto, foi muito pior. Foi infinitamente pior. O demônio se voltou não contra um objeto dedicado ao culto de Deus, mas contra o próprio Deus. Ele não vilipendiou o templo, as imagens sacras ou os paramentos: foi muito além e jogou ao chão Aquele para cujo culto os paramentos foram tecidos, cuspiu n’Aquele para cuja glória as imagens sacras foram confeccionadas, pisou sobre Aquele para cuja honra o templo foi edificado. Não à toa existe uma excomunhão latae sententiae específica para quem profana a Santíssima Eucaristia: quem destrói as igrejas volta-se indiretamente contra Deus, mas quem profana as Sagradas Espécies ofende direta e substancialmente a Deus em Si mesmo.

sexta-feira, 21 de julho de 2017

O dever de pagar impostos


«Discute-se muito o dever de pagar impostos. 
Bons moralistas autorizam a sonegação dos mesmos. 
Que há de certo nesses debates?» Jangada (Aparecida).

Os impostos constituem assunto muito melindroso em nossos tempos dando ocasião a que pessoas sensatas proponham sentenças assaz diversas em torno da obrigatoriedade dos mesmos. Isto se entende bem, pois a questão na vida prática se reveste de facetas múltiplas, ricamente matizadas.

Na presente resposta, esforçar-nos-emos por focalizar os grandes princípios a partir dos quais se deverá procurar a solução , dos casos particulares.

Já que dois são os sujeitos interessados na questão dos impostos — o Estado e o cidadão —, compreende-se que o problema apresente dois aspectos principais: «Estado e impostos», «Cidadão e impostos». É a estes dois títulos que vamos agora voltar a nossa atenção, a fim de poder formular algumas conclusões úteis na vida cotidiana.

1. Estado e impostos

1. É fato óbvio que existe, e deve existir, o que se chama «o bem comum». Este consta dos diversos elementos que a sociedade fornece aos seus membros, a fim de que possam exercer os seus legítimos direitos e conseguir o respectivo ideal.

Assim o bem comum compreende, entre outras coisas, ordem e segurança públicas no interior da cidade e do pais (isto só se obtém mediante tropas que defendam a pátria; policia e tribunais que coíbam os malfeitores; corpo de bombeiros...), assistência social para os indigentes, os enfermos, os anciãos (donde hospitais, asilos, orfanatos, creches, lactários...), educação (escolas), cultura (bibliotecas, museus, monumentos de arte), transportes e comunicações (estradas de rodagem, ferrovias, correios, telefones...), serviços de águas e esgotos, serviços de limpeza pública, rede de eletricidade, etc.

Ora esses diversos fatores do bem-estar público não são dados como tais pela natureza, mas têm que ser conquistados  pelos esforços e a colaboração dos cidadãos. O órgão coordenador desses esforços é, por definição, o Estado. Sim, às autoridades civis, e somente a estas, compete fixar certos objetivos de interesse comum da sociedade e determinar as partes que cada cidadão ou cada entidade particular deve desenvolver para a consecução dos mesmos. Com efeito, é o Governo que possui as informações e a supervisão necessárias para orientar os esforços dos particulares em demanda do bem comum. Donde se segue que o Estado, na medida em que propugna- os interesses da sociedade, tem o direito de contar com a contribuição de cada cidadão. Esta contribuição há de ser, na sua forma mais óbvia, monetária ou financeira (tributária).

Na antiguidade, a contribuição dos cidadãos para o bem comum era prestada diretamente sob a forma de serviços públicos («leitourgiai», em grego) ou sob a forma de gêneros naturais (gado, trigo, cereais, ...). Hoje em dia, dado o desenvolvimento da técnica e a complexidade dos serviços públicos, é evidentemente mais fácil e manuseável o tributo sob a forma de dinheiro. — É a essa contribuição que se dá o nome de imposto».

Vê-se assim que a cobrança de impostos (ou a cobrança da contribuição de cada cidadão para o bem comum) é direito e dever do Estado. Se não tivessem esse direito, as autoridades civis ficariam de todo impotentes para realizar a sua missão, e o próprio bem comum se ressentiria fatalmente; pode-se dizer que os cidadãos acabariam por perder mesmo a possibilidade de ganhar o seu pão na sociedade.

2. Contudo, ao determinar e exigir os impostos, o Estado deve observar certas normas, a fim de não exorbitar dos seus direitos e merecer o acatamento dos súditos:

a) sejam justas as causas em vista das quais se exigem os tributos. O Governo deverá intencionar realmente o bem comum (tanto do ponto de vista material como do ponto de vista moral) da sociedade; portanto impostos exigidos para festas indignas, campanhas ou guerras iníquas, escolas ímpias, etc. carecem de força obrigatória; cuide o Governo de não dar preferência a interesses de particulares, com detrimento para o bem comum. Mesmo entre as causas de interesse comum, observe a hierarquia dos valores, favorecendo antes do mais os empreendimentos de primeira necessidade (serviços de água, habitação, transportes públicos, etc.);

b) a avaliação dos impostos seja proporcional à posição de cada indivíduo na sociedade. O que quer dizer: cada um contribuirá de acordo com o que possui e o que arrecada como renda. Certos cidadãos e certas instituições que, por seus afazeres mesmos, já contribuem para o bem comum, deverão ser contemplados à parte, podendo mesmo ser dispensados de impostos; seria, sim, contrário à justiça dificultar a existência de pessoas físicas ou morais que se dedicam primariamente ao serviço do próximo;

c) se possível, seja a arrecadação de impostos feita em épocas fixas, devidamente previstas, a fim de não surpreender os contribuintes, causando-lhes incômodos e prejudicando o ritmo normal da vida nos lares e no comércio.

Eis os aspectos principais do problema dos impostos que dizem respeito primariamente ao Estado. Passemos agora ao titulo recíproco. 

quinta-feira, 20 de julho de 2017

É verdade que o irmão de Bento XVI encobriu abusos contra mais de 500 menores?


Na terça-feira, 18 de julho, foi apresentado o relatório final de uma investigação de dois anos que determinou que 547 membros do coral das crianças da Catedral de Ratisbona, na Alemanha, sofreram abusos físicos e sexuais em um período de 60 anos. A imprensa secular informou que o irmão do Papa Emérito Bento XVI supostamente estaria envolvido, algo que o advogado responsável por este relatório também responde.

Dos 547 menores que sofreram algum tipo de abuso, aproximadamente 500 dizem ter levado tapas ou algum tipo de castigo físico semelhante; enquanto foram documentados 47 casos de abusos sexuais.

O advogado do coral da Diocese de Ratisbona e responsável pelas investigações sobre os abusos, Ulrich Weber, explicou que Mons. Georg Ratzinger, irmão mais velho de Bento XVI, que foi diretor musical do coral de 1964 a 1994, “não estava ciente destes abusos sexuais”, entretanto, “pode ser acusado de olhar para o outro lado e não interferir”.

Em uma entrevista a ‘Passauer Neue Presse’ (PNP) no início de 2016, Mons. Ratzinger disse: “Não fui informado de maneira alguma sobre abusos sexuais. Mas, reitero o meu pedido de perdão às vítimas”.

Além disso, o sacerdote admitiu que ocasionalmente dava tapas em alguns meninos, mas precisou que nunca os golpeou fortemente.

“Os tapas, ou seja, as bofetadas, eram comuns não só no coral da Catedral, mas em toda a área da educação, assim como nas famílias. No coral da Catedral, estes (tapas) não tinham um significado diferente do que nas áreas antes mencionadas”, indicou Mons. Ratzinger.

O relatório divulgado pela BBC ontem, indica “49 membros da Igreja Católica por cometer abusos entre 1945 e começo dos anos noventa”, entretanto, especificou que “é improvável que os supostos responsáveis ?? enfrentem acusações criminais porque se passaram vários anos” e estas acusações prescreveram.

Dos 49 acusados, 9 teriam cometido os abusos sexuais. A Igreja ofereceu pagar previamente às vítimas uma indenização entre 5.000 e 20.000 euros, assinala a BBC.

Do tempo para a eternidade?



A tese que afirma a ressurreição logo após a morte, baseia-se, entre outras, sobre a alegação de que, com a morte, acaba o tempo e começa a eternidade para o indivíduo. Por isto não há que esperar o dia do juízo (supostamente no fim dos tempos), mas este já está presente ao indivíduo falecido, ocasionando-lhe a ressurreição final.

Ora, tal argumento vem a ser autêntico sofisma. Na verdade, entre tempo e eternidade existe um meio-termo, que é o evo ou a eviternidade. Com efeito, o tempo implica mutabilidade substancial e mutabilidade acidental; a eternidade implica imutabilidade substancial e imutabilidade acidental. — Pois bem; o evo significa i-mutabilidade substancial e mutabilidade acidental.

Estes vocábulos filosóficos e técnicos são explicados no corpo do artigo, de modo a evidenciar que, após a morte, o indivíduo não goza da eternidade (esta é própria e exclusiva de Deus), mas goza da imortalidade e do evo. A eternidade compete ao Único Ser que não tem princípio nem fim: Deus. É impensável para o homem, caracterizado por uma sucessão de atos de conhecimento e amor (o que vem a ser precisamente o evo).

Este artigo já foi publicado em PR 275/1984, pp. 274-281. Tornamos a publicá-lo a fim de complementar as reflexões sobre a ressurreição contidas em PR 390/1994.
* * *
 
É sempre difícil ao pensador refletir sobre o Além, embora a própria razão possa por si chegar à convicção de que a morte não é um fim, mas uma transição. Se não houvesse outra vida, onde as aspirações fundamentais do homem à Verdade, ao Amor, à Justiça, à Felicidade... fossem preenchidas, a criatura humana seria a mais miserável dentre todas.
 
Essa dificuldade de refletir já era expressa pelo Apóstolo quando dizia:

"O que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram, e o coração do homem não percebeu, eis o que Deus preparou para aqueles que O amam" (1Cor 2,9).

Todavia é lícito ao pensador tentar penetrar na realidade da vida póstuma — o que, aliás, tem sido feito constantemente no decorrer da história. Entre as teses que recentemente vêm sendo propostas a respeito, está a de que o ser humano, logo após a morte, entra na eternidade; por conseguinte, vê-se na consumação dos tempos ou diante da parusia (segunda vinda) do Senhor Jesus; dado que, após a morte, não estará sujeito ao tempo (com a sucessão de dias e noites e com o ritmo de passado e futuro), a criatura humana não teria que "esperar" a consumação da história, mas já a presenciaria!
 
Esta afirmação merecerá a nossa atenção no presente artigo. Antes de considerá-la mais detidamente, observamos que supomos a validade de uma premissa que tanto a filosofia quanto a fé recomendam como verídica, apesar de contestada em nossos dias:

A Igreja afirma a sobrevivência e a subsistência, depois da morte, de um elemento espiritual, dotado de consciência e de vontade, de tal modo que o eu humano subsista, embora entrementes careça do complemento do seu corpo. Para designar este elemento, a Igreja emprega a palavra alma, consagrada pelo uso que dela fazem a Sagrada Escritura e a Tradição. Sem ignorar que este termo é tomado na Bíblia em diversos significados, Ela julga, não obstante, que não existe qualquer razão séria para o rejeitar e considera mesmo ser absolutamente indispensável um instrumento verbal para sustentar a fé dos cristãos" (Carta da Congregação para a Doutrina da Fé sobre algumas questões referentes à Escatologia, 17/05/1979).

A morte, portanto, vem a ser a separação da alma espiritual, imortal e do corpo deteriorado em suas funções fundamentais e, por isto, incapacitado de continuar a ser sede da vida humana (vegetativa, sensitiva, intelectiva).
 
A alma, ao separar-se do corpo, deixaria o tempo para entrar na eternidade?

Os que respondem afirmativamente, supõem não haver meio-termo entre tempo e eternidade. Ora é precisamente este pressuposto que gera a falsa tese. A razão humana é capaz de conceber um estado intermediário que, na linguagem da Filosofia Escolástica, foi chamado aevum ou aeviternitas, donde evo e eviternidade. Examinemos atentamente tal noção. 

Santo Aurélio


A Igreja da África, durante os anos de 392 até 429, foi agraciada com o governo santo do primeiro Bispo de Cartago, que santificou-se tornando seu povo também santo. Santo Aurélio nasceu no século IV e desde diácono se destacava pela caridade, zelo, pureza de vida e pelo culto da Liturgia.

O grande Aurélio esteve como Bispo responsável por toda uma região e todos o chamavam – por respeito – de “Santo Papa Aurélio”. Não possuía grandes dotes intelectuais, porém, na Providência Divina, tinha grande amizade com o sábio e Bispo de Hipona: Santo Agostinho. Unido ao Doutor da Graça, pôde combater a autossuficiência do Pelagianismo e outras heresias que encontraram a condenação no seu tempo.

Muito do que sabemos hoje de Santo Aurélio foi o próprio Santo Agostinho quem informou, pois este admirava a prudência, a piedade e a humildade deste pastor e pai, que tudo fazia pela salvação das almas e pureza da doutrina cristã.

Ele foi considerado um dos principais líderes da Igreja na chamada "província da África", que ocupava a faixa norte do continente, exceto o Egito. Encontrou essa Igreja em ruínas, pois enfrentara um cisma no início do século. A crise explodira no fim da perseguição romana aos cristãos, quando o bispo da Numídia, Donato, se declarara uma força política e religiosa. Dizia que viera para purificar a Igreja, separando-a do mundo profano e do Império Romano. Os que ficaram ao seu lado foram chamados donatistas, hereges que se opunham aos católicos.

Instaurava-se uma crise e um cisma que só viria terminar com a morte de Donato, na deportação em 355. Os seus seguidores dividiram-se internamente. Nessa situação, Aurélio e seu amigo encontraram uma Igreja devastada, fiéis com uma apatia generalizada, pobre de fé assim como de obras. A doutrina fora esquecida, os templos serviam também para festas e banquetes, com muitos monges recusando-se a trabalhar.


Aurélio engajou-se, então, na reforma da Igreja e na revitalização dos costumes morais, dos ritos e da doutrina católica. Diante do estado de ânimo daquela gente, Aurélio mostrou-se um pai caridoso, preocupado e sábio. E foi durante o Concílio de Hipona que Aurélio mostrou-se ainda mais cordial e acolhedor para com os antigos bispos donatistas. A todos esses, desejosos de retornarem ao seio da Igreja, junto com seus fiéis, Aurélio devolveu o sacerdócio, inclusive aos fiéis batizados durante o cisma. Dessa forma, Aurélio conseguiu resolver uma das mais grandes crises disciplinares que a Igreja enfrentou.


Bispo Aurélio morreu no ano de 430, na sua sede episcopal de Cartago, no mesmo ano em que também morria seu amigo Agostinho. Contudo, para a Igreja da chamada "província da África", apenas começava mais um novo, obscuro e sangrento período, marcado pela invasão dos bárbaros vândalos.



Deus de amor e misericórdia, derramai sobre nós, pela intercessão de Santo Aurélio, as graças necessárias para enfrentarmos as dificuldades do dia a dia. Que o nosso sofrimento se una ao do Cristo Crucificado e nos aproxime cada vez mais das glórias do Reino do Céu. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.


Santo Aurélio, rogai por nós!

quarta-feira, 19 de julho de 2017

EUA: Católicos lideram a resistência a monumento satânico no parque memorial de veteranos


Cidadãos católicos dos Estados Unidos rechaçaram a instalação de um monumento com símbolos satânicos que poderia ser colocado em um parque dos veteranos de guerra no estado de Minnesota.

Trata-se do parque comemorativo da cidade de Belle Plaine, onde seria colocado um cubo de aço de aproximadamente 60 centímetros quadrados, com pentagramas invertidos em cada lado. Acima do cubo ia ser colocado um capacete de soldado de cabeça para baixo.

Segundo ‘The Catholic Herald’, O Templo Satânico, seita que se espalhou por diversas cidades dos Estados Unidos e é promotora desta iniciativa, descreve o cubo como um lugar para que os visitantes pudessem deixar cartões ou flores. Entretanto, também o chama de cubo de Baphomet, relacionando-o com um ídolo oculto que tem raízes no paganismo medieval.

A ideia deste grupo surgiu há alguns meses, depois que um membro da Fundação Freedom From Religion (FRF) em Belle Plaine, organismo ateu com um enorme viés anticatólico, considerou que a estátua de um soldado rezando em cima de uma tumba marcada com uma cruz, era muito religiosa para um lugar público. A fundação persuadiu o município para que a cruz fosse removida e o clube de veteranos aceitou.

Equivocada, Melinda Gates diz à BBC que o Papa deve mudar a doutrina da Igreja sobre o uso de contraceptivos.


Melinda Gates, esposa do famoso Bill Gates, disse há alguns dias que estava “otimista” a respeito da possibilidade de que o Papa Francisco alterasse o ensinamento da Igreja sobre os anticoncepcionais. Entretanto, a possibilidade de que isso aconteça não se vê refletida na realidade.

As declarações de Gates foram feitas em uma entrevista recente à BBC, quando disse que “trabalhamos muito intensamente com a Igreja Católica e houve muitas discussões com eles, porque temos uma missão compartilhada em relação à justiça social e à luta contra a pobreza”.

“Acho que o que este Papa vê é que, se vai tirar as pessoas da pobreza, tem que fazer a coisa certa pelas mulheres”, embora “nós tenhamos concordado neste ponto para discordar” sobre a contracepção, acrescentou.

Os seus comentários foram feitos quando a sua organização, a Fundação Bill e Melinda Gates, patrocinou uma cúpula internacional em Londres sobre o acesso à contracepção no mundo em desenvolvimento.

Diante disso, o professor de teologia moral e ética na Universidade Católica da América, John Grabowski, respondeu: essa mudança é impossível.

“O ensinamento da Igreja de ir contra a contracepção não é novo, não é algo inventado pelo Papa Paulo VI em 1968”, disse Grabowski a CNA, agência em inglês do Grupo ACI.