MISSA
POR OCASIÃO DO CENTENÁRIO DAS APARIÇÕES
FESTA
DO SANTO NOME DE MARIA
CARDEAL
MAURO PIACENZA
HOMILIA
Terça-Feira,
12 de Setembro de 2017
Fátima,
Portugal
Penitenciário-Mor
Textos:
At
1,6-14;
1Tm
2,1-8;
Lc
8,19-21
Louvado
seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
[”Sempre
seja louvado, com Sua Mãe Maria Santíssima]
É
para mim motivo de uma alegria deveras intensa poder celebrar
convosco e para vós a Eucaristia neste lugar, aqui onde a
Bem-aventurada Virgem Maria se dignou aparecer há cem anos, fazendo
assim de Fátima um lugar extraordinário.
De
facto, a Santíssima Virgem não aparece em todos os lugares, e, por
isso, este lugar não é igual aos outros. Bem pelo contrário:
respeitando fielmente a lógica da Encarnação, que aconteceu num
tempo e num espaço preciso, as manifestações sobrenaturais de
Nossa Senhora, reconhecidas pela Igreja, reenviam-nos para a
historicidade da nossa fé e para a ligação imprescindível que,
por Vontade Divina, ela tem com o espaço e com o tempo. Estes
últimos são criaturas de Deus, como o é o inteiro cosmos, e Deus
quis habitar neles, no espaço e no tempo.
Agora
que é passada a Ascensão – de que acabamos de ouvir a narração
– , perguntamo-nos o que é que ficou com os Apóstolos? Quando
Cristo subiu aos Céus, o que é que ficou nos seus corações e nas
suas mentes?
Imediatamente,
todos nós logo seríamos capazes de responder: ficou-lhes a
recordação de Jesus, os Seus ensinamentos… É verdade, mas não é
tudo. Ninguém pode viver apenas de uma recordação passada! A nossa
fé não é uma recolha arqueológica de verdades passadas incertas;
é antes a experiência de uma Presença, verdadeira, objetiva, real
e transformante. Aí está exatamente a experiência que tiveram da
presença de Maria os Santos Pastorinhos Francisco e Jacinta e a
Serva de Deus, a Irmã Lúcia: uma presença verdadeira, real e
transformante.
O
que ficou aos Apóstolos quando Cristo subiu aos Céus? Ficou-lhes a
unidade! A experiência de pertença de cada um deles a Jesus, e da
sua comum pertença à unidade que o próprio Jesus determinou e
gerou entre eles. A pertença a esta unidade è aquilo que
professamos no Credo, sempre que dizemos “Creio na Igreja Una”, e
é o que nos permite afirmar a perfeita continuidade entre aquela
primeira Comunidade de Jerusalém, reunida no Cenáculo, bem junta em
redor de Maria, enquanto aguardava o Dom do Espírito para a Missão,
e a Igreja de hoje, e esta nossa Assembleia.
A
Santíssima Virgem apareceu neste lugar faz agora cem anos, não
somente para exortar os homens à conversão e à oração, como
sucedeu noutras aparições, mas com um propósito explicitamente
profético, indicando aos homens acontecimentos do futuro, a fim de
que eles possam lê-los prudentemente, preparar-se, reconhecê-los e
converter-se. Eis aqui a excecionalidade de Fátima! Maria, em
Fátima, profetizou, e a Igreja reconheceu a verdade das aparições,
e com essas, a das próprias profecias.
Podemos
mesmo dizer que estaria em erro quem pensasse que a missão profética
de Fátima já está concluída; Fátima não terminou! Fátima está
ainda por completar, porque o Coração Imaculado de Maria ainda não
triunfou plenamente.
Toda
a Igreja, Una, na ininterrupta Tradição apostólica, tende ao
anúncio de Cristo aos irmãos, para que se realize a Vontade de
Deus, que escutamos na Segunda Leitura. É verdade: Deus quer que
«todos os homens se salvem e alcancem o conhecimento da verdade»;
mas, para que a Vontade de Deus se cumpra, por uma escolha soberana e
imperscrutável do mesmo Senhor, é necessário o concurso da nossa
liberdade.
É
certo que a salvação é oferecida a todos os homens, e Deus quer
que todos se salvem; ora, este oferecimento passa através da
indispensável mediação da Igreja e do testemunho dado pelos
cristãos; passa através daquilo que a doutrina chama de
“substituição vicária”, ou seja, o reviver no Corpo da Igreja,
que somos nós, daquele oferecimento que Cristo faz de Si por toda a
humanidade.