“DEIXAI VIR A MIM AS CRIANCINHAS,
NÃO AS IMPEÇAIS.” (São Mateus 18,14)
Nenhum
debate cristão autêntico sobre o aborto encontrará a Verdade tendo por foco o
sentimentalismo humano ou a defesa de bens temporais terrenos, como por
exemplo, o compadecimento em relação ao sacrifício daquelas mulheres, que terão
que renunciar a si próprias, aos seus planos de bem-estar afetivo, financeiro
ou emocional, ao se tornarem mães em circunstâncias indesejadas.
Nosso
sentimentalismo, corrompido pelo pecado, tornou-se o movimento da paixão contra
a razão; da substância sensível contra o intelecto; da concupiscência natural
contra a Santidade Divina; do egoísmo contra a Comunhão com a Vontade de Deus;
do aprazível contra o sacrificial, no qual tomamos nossa cruz, e por ela nos
assemelhamos ao Cristo, credenciados como seus seguidores.
Tudo
que é sentimentalmente ocupado apenas com o conforto humano, nos leva ao
egocentrismo que aniquila Deus como Princípio Único de todos os nossos atos e
vontades.
A vontade
de Deus é imutável porque é Perfeita.
Em
contrário, tudo que é sentimental é volúvel, traiçoeiro e mutável, posto que
imperfeito e defectível.
Um
mesmo sentimento que nos comove a não aceitar que seja ceifada a vida de um
feto, também pode nos comover a permitir o seu aborto levando em conta o
sofrimento da mãe, por exemplo, quando é sabedora que ao nascer, viverá a
criança apenas alguns instantes, como no caso dos anencéfalos.
Eis
aí, uma hipótese que demonstra como a emotividade é instável, e portanto, não
pode nortear conceitos, definições e muito menos decisões sobre o aborto.
O
que dizer da comoção que leva ao aborto eugênico, provada a deformidade ou
doença incurável do feto?
Ou
o fato da mulher não estar preparada para ser mãe, ou quando a maternidade lhe
impedir o progresso profissional ou constituição de uma nova vida amorosa?
Dirá
então do sofrimento do marido da esposa violentada, quando ver na criança, a
reminiscência do algoz da sua consorte?
No
campo do sentimentalismo, poderemos ter vários argumentos, prós e contra o
aborto.
Como
está escrito:
“O
insensato não tem propensão para a inteligência, MAS PARA A EXPANSÃO DOS
PRÓPRIOS SENTIMENTOS. ” (Provérbios 18, 2)
A
questão não está em ser “a favor ou contra” a mulher; ou se essa é pobre ou
rica; ou se a situação gravídica decorre de matrimônio ou ato espúrio.
Tal
perquirição é inócua, diante da Vontade Soberana de Deus e o valor que possui a
vida humana, no plano da Criação e Redenção.
A
Vida (Humane Vitae) é, e sempre será, o Fundamento Principal de todo o
Evangelho da Salvação de Jesus Cristo.
E
para nos dar vida, é que Ele, sendo Deus, se fez Homem, assumindo nossa
natureza inferior.
E
fazendo-se Homem, é que escolheu nascer do Ventre de uma Mulher, para atestar
que Deus, verdadeiramente, tornou-se Homem.
Daí,
todo ventre que carrega o feto, levando um ser humano em geração, é o MEMORIAL
da ENCARNAÇÃO DO VERBO DE DEUS, memorial da ausência de limite do Amor de Deus
para conosco, e que nos salva, o qual chegou ao ponto Dele se tornar o que
somos, para que pudéssemos ser aquilo que Ele deseja de nós.
“E
o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que o
Filho único recebe do seu Pai, cheio de graça e de verdade.” (São João 1, 14)
Por
isso, o aborto é satânico.
Todo
aborto é um sacrifício, mesmo involuntário, ao diabo, e um ultraje a memória do
Verbo de Deus Encarnado.
Satânicos
também são todos os instrumentos velados ou dissimulados da Política, da
Ideologia, da Filosofia ou como também, infelizmente, de seitas pseudo cristãs,
tendentes a mostrá-lo como uma possível alternativa viável, em alguma situação,
ainda que excepcional.
Por
isso ainda, o ódio do inimigo de nossas almas contra a mulher e o fruto contido
no ventre feminino:
“[…]
e o dragão parou diante da Mulher que havia de dar à Luz, para que, dando ela à
luz, lhe tragasse o Filho. (Ap 12:4)”
Toda
gravidez no qual se realizará o Milagre da Perpetuação da Vida, reflete na
velha serpente uma lembrança que ela não deseja ter, e a que mais odeia.
Essa
lembrança é de que Deus amou o mundo de tal maneira, que gerou seu próprio
Filho em nossa humanidade.
E
esse Filho é Adorado em sua HUMANIDADE:
“E
novamente, ao introduzir o seu Primogênito na terra, diz: TODOS OS ANJOS DE
DEUS O ADOREM. (Sl 96,7).” (Hebreus 1.6)
Sobre
a importância fundamental de se fazer a Vontade de Deus, ensinou Santo
Agostinho:
“Com
certeza que uma alma é submissa a Deus, e não ao corpo e sua concupiscência.
(De Civita Dei, p. 157 vol. II)”
O
ato pecaminoso de renegar um filho já concebido no ventre, não deve ser
reparado com o pecado maior de impedir sua existência.
Como
disse ainda Agostinho: “Não
se deve evitar um pecado, por outro.(De Civita Dei, p. 157 vol. II, caput)”
E
em razão disso, disse o Mestre das Sentenças, sem abrir qualquer exceção:
“Deixai
vir a mim as criancinhas, NÃO AS IMPEÇAIS.” (S. Mateus 18. 14)
Lembremos
que a Santíssima Virgem também tornou-se Mãe em circunstância indesejada, que
implicava em risco de apedrejamento e, nem por isso, deixou de dizer a Deus O
SEU SIM.
Nando Gomes
Nenhum comentário:
Postar um comentário