domingo, 19 de novembro de 2017

Espero que esta cruz seja o princípio para se levantarem muitas outras


Voltando pouco depois para lá encontrei um local onde podia ficar: uma pequena choupana perto do rio; e, passado algum tempo, ofereceram-me uma palhoça maior. Dois meses mais tarde, o Padre Reitor enviou o Padre Diogo de Boroa. Este chegou finalmente na segunda-feira de Pentecostes. Com muita consolação considerávamos como o amor de Deus nos juntava naquelas terras tão longínquas. Dividimos entre nós o limitado espaço da nossa morada, com um tabique feito de canas. Ao lado tínhamos uma capela, pouco maior que o próprio altar em que celebrávamos a Missa. Por eficácia deste supremo e divino sacrifício, em que Cristo se ofereceu ao Pai na Cruz, começou ele a triunfar ali, pois os demônios que antes costumavam aparecer a estes índios não se atreveram a aparecer mais, como testemunhou algum deles. Resolvemos continuar na mesma palhoça, embora tudo nos faltasse. O frio era tanto que nos custava adormecer. O alimento também não era melhor: milho ou farinha de mandioca, que é a comida dos índios; e porque começamos a buscar pelos bosques umas ervas de que se alimentam os papagaios, com este apelido nos chamavam.

Prosseguindo as coisas deste modo, e temendo os demônios que, se a Companhia de Jesus entrasse nestas regiões, eles perderiam em breve o que por tanto tempo tinham possuído, começaram a espalhar por todo o Paraná que nós éramos espiões e falsos sacerdotes, e que trazíamos a morte em nossos livros e imagens. Divulgou-se isto a tal ponto que, estando o Padre Boroa a explicar aos índios os mistérios da nossa fé, eles temiam aproximar-se das sagradas imagens, com receio de algum contágio mortífero. Mas estas ideias foram-se desfazendo pouco a pouco, sobretudo quando viram com os próprios olhos que os nossos eram para eles como verdadeiros pais, dando-lhes de bom grado quanto tinham em casa e assistindo-os nos seus trabalhos e enfermidades,de dia e de noite, auxiliando-os não só em proveito das suas almas, o que é certamente mais importante, mas também dos seus corpos.

E assim, quando vimos consolidar-se o amor dos índios para conosco, pensamos em construir uma igreja, que, embora pequena e modesta e coberta com palha, apareceu a esta gente miserável como um palácio real, e ficam atônitos quando levantam os olhos para o teto. Ambos tivemos de trabalhar com barro para fazer o reboco e para ensinar os indígenas a fazer tijolos. Deste modo conseguimos ter a igreja pronta para o dia de Santo Inácio do ano passado de 1615. Neste dia celebramos lá a primeira missa e renovamos os nossos votos. Houve ainda outros ritos festivos, quanto era possível segundo a pobreza do lugar. Também quisemos organizar umas danças, mas estes rapazes são tão rudes que não conseguiram aprendê-las. Levantamos depois uma torre de madeira e pusemos nela um sino que a todos encheu de admiração, pois nunca tinham visto nem ouvido semelhante coisa. Também foi ocasião de grande devoção uma cruz que os próprios indígenas levantaram: tendo-lhes nós explicado por que razão os cristãos adoram a cruz, eles se ajoelharam conosco para adorá-la. Desconhecida até agora nestas terras, espero em nosso Senhor que esta cruz seja o princípio para se levantarem muitas outras.


Das Cartas de São Roque González, presbítero

(Lit. Annuae P. Rochi González pro anno 1615 [s. d.] datae ad P. Provincialem Petrum Oñate. Ed. [in lingua hispanica] in: Documentos para la Historia Argentina, vol.20, Buenos Aires 1920, pp. 24-25) (Séc.XVII)

Sabe por que 3 da manhã é a “hora do diabo”?


Filmes de terror e programas de TV sobre fenômenos paranormais sempre falam sobre a “hora do diabo”, que, dependendo da fonte, pode variar entre o período das três às quatro horas da manhã ou entre a meia-noite e as três da manhã. A opinião unânime é que o diabo seria mais poderoso durante  a escuridão da madrugada.

Os Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas nos dizem que Jesus morreu durante a “nona hora”. No cálculo moderno, seria às 3 da tarde. Satanás, então, virou o simbolismo em sua cabeça, tomando para si o horário das três da madrugada , em zombaria direta de Deus. Outra razão para essa escolha é o fato de ser no meio da noite; o sol ainda vai demorar algumas horas para nascer.

As Escrituras também se referem à noite e à escuridão como um período de pecado. Este conceito é perfeitamente resumido no Evangelho de João: “Ora, este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a luz, pois as suas obras eram más. Porquanto todo aquele que faz o mal odeia a luz e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas” (João 3, 19029).

Além disso, Jesus foi traído por Judas durante a noite e Pedro negou Jesus antes do “galo cantar”. Acredita-se também que o “julgamento” de Jesus no Sinédrio ocorreu durante a “hora do diabo”.

sábado, 18 de novembro de 2017

Reino Unido obriga escolas católicas a trocarem ‘pai’ e ‘mãe’ por 'tutores'


Governo do Reino Unido comunicou às escolas católicas que elas, a exemplo das demais, vão ter de eliminar nos formulários dos alunos os termos “pai” e “mãe”, substituindo-os por “tutor 1” e “tutor 2”.

Essa determinação faz parte do Código de Admissão às Escolas do Estado, que também se aplica às escolas confessionais.


O objetivo desse item do código é impedir que progenitores gays, separados, madrastas e padrastos e seus filhos se sintam discriminados.


Após haver reclamações de tutores, o governo “lembrou” à Igreja Católica que o código vale também para os seus estabelecimentos.

Um Padre desabafa: "Querem-nos casar à força!"


Querem-nos casar à força! Graças a Deus, a hipótese que se pode vir a pôr em cima da mesa é a de aceitar homens casados para a Ordenação e não o que muitos pensam (e até, sei lá porquê, queriam!) de permitir que os Padres se casem.

Também eu desejei casar e ter filhos. Mas Deus concedeu-me este dom que é o celibato. Insisto: é um DOM. O celibato não é fruto de um esforço inumano, desumano ou super-humano. É um dom de Deus a acolher, a cuidar e a rezar!

A Igreja (especialmente a latina) ao longo dos tempos tem percebido que este dom é de grande ajuda para que os seus Padres sejam mais claramente sinal da realidade do Céu, para a qual todos somos chamados a caminhar. Mas se se perde o horizonte, perde-se a razão. Se o Padre deixa de ser sinal da vida futura e é apenas uma profissão como qualquer outra neste mundo, então porque não podem ser casados? A pergunta é claramente pertinente.

Com a contínua perda do conceito sagrado de vocação (de modo especial da vocação sacerdotal), perdeu-se a noção do plano de Deus. Hoje tudo se escolhe segundo critérios que, por vezes, de divinos nada têm.

Vivemos um tempo de crise familiar (acima de tudo conjugal), porque se deixou de ver a vida como vocação, o Matrimônio como vocação (e também o Sacerdócio). Vocação entendida como um chamamento de Deus a uma vida de amor que é o seu próprio Amor (Caridade) a caminho do Céu e da plena comunhão na Caridade.

Ao perder-se isto, perde-se noção de toda a vida cristã e, então, já nada nos distingue do resto do mundo. Ao esquecer-se a Caridade (que é o maior fruto do Espírito Santo, e, por isso, sinal de uma vida espiritual incarnada), resta apenas a moralidade, ou, pior, o moralismo.

Com a crise familiar em que estamos e com a crise de espiritualidade que vivemos, será um risco enorme para as pessoas envolvidas (marido, mulher e filhos) e para a Igreja (latina e ocidental) permitir a ordenação a homens casados.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Novela "Apocalipse" da Record vai mostrar o Papa como o Anti-Cristo e a Igreja Católica como a Babilônia


A Record se prepara para exibir a partir do dia 21 a sua nova aposta para a teledramaturgia: a novela Apocalipse. A trama contará com efeitos especiais nunca vistos na televisão brasileira. Com três fases (nos anos 80, 90 e atualmente), a trama mostrará uma das interpretações para o livro do Apocalipse, com destaque para as catástrofes naturais.

A autora Vivian de Oliveira, que escreveu os personagens especialmente para o folhetim, explicou que vê como propício o momento para a produção de uma novela com a temática do Apocalipse. “Nada mais atual que colocar os Apocalipse nos dias de hoje. As profecias que a gente vê na Bíblia têm tudo a ver com o que a gente tá falando… sobre as catástrofes naturais, possibilidades de guerra. Tudo isso passa pelo Apocalipse”, conta a autora.

No entanto, o folhetim da emissora dos bispos abordará também uma temática que promete causar polêmica. Em dado momento da história, Apocalipse falará sobre o falso profeta que vai ser um sacerdote de uma igreja fictícia. No entanto, apesar de garantir que a igreja é ficcional, algumas imagens mostram que existe uma certa semelhança com os costumes católicos, desde as vestimentas, até a postura do líder.

Outra semelhança com a Igreja Católica é a sede da igreja fictícia, localizada em Roma. Para completar, ainda existe boatos de que um pastor fará o papel de bonzinho e assim alertará todos, sendo julgado e perseguido.

Bispo responde a manifestantes que relacionam a Virgem Maria ao aborto


Recentemente começou a circular nas redes sociais uma foto na qual uma mulher segura uma placa associando a Virgem Maria ao aborto; frente a esta imagem o Bispo da Diocese de Frederico Westphalen, Dom Antônio Carlos Keller, deu uma resposta que contou logo com a adesão de muitos católicos.

A foto em questão foi postada no Facebook no dia 13 de novembro por Letícia Bahia, diretora institucional da revista online feminista ‘AzMina’. Na imagem, uma senhora segura a placa com a afirmação: “Até Maria foi consultada para ser mãe de Deus. Católicas na luta pelo aborto legal e seguro”.

Trata-se de uma placa assinada por Católicas pelo Direito de Decidir, uma organização fundada em 1973 nos Estados Unidos e que se expandiu na América Latina, sobretudo, na década de 1990, tendo sido instituída no Brasil em 1993.

Nos últimos anos, esta organização que se autodenomina católica já investiu mais de 13 milhões de dólares para promover a legalização do aborto na América Latina.

Diante dessa foto e de sua repercussão nas redes sociais, Dom Antônio Carlos Keller publicou em seu Instagram a mesma imagem, porém, refutando e desmontando o argumento nela apresentado.

Elas têm o direito de decidir onde vão passar a eternidade, se no céu ou no inferno”, escreveu o Prelado, acrescentando que, porém, “não têm o direito de chamar o errado de certo, ou o certo de errado”.

E menos ainda, elas não têm o direito de usar a Palavra de Deus para justificar seu pensamento errado sobre o valor absoluto do direito à existência, bem como, discordando da Doutrina da Igreja, elas perderam o direito de se apresentarem como católicas. São tudo, menos isso”, completou.

Exposição mostra Jesus e a Virgem Maria com balas de revólver no peito e revolta católicos


Uma exposição que acaba de ser inaugurada em Brasília causou revolta entre os católicos. Denominada Contraponto – Coleção Sergio Carvalho, a exposição teve sua abertura na noite desta quinta-feira (16/11) e apresentou entre suas peças uma série de imagens de Jesus e da Virgem Maria representadas com balas de revólveres fixadas no peito. As imagens chegaram rapidamente às redes sociais e chocaram grupos cristãos de Brasília que já organizam manifestações contra as obras.

A exposição está prevista para permanecer aberta à visitação no Museu Nacional da República até fevereiro de 2018.  Duas das peças mais polêmicas referem-se ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria, dois títulos de devoções católicas bastante populares no Brasil. Em reação à ofensa, um grupo de católicos da capital federal prepara uma vigília a ser realizada em frente ao museu, no sábado, dia 18, às 18 horas.

Fiéis ligados ao mundo jurídico também anunciaram ações. O advogado Paulo Fernando Melo da Costa, ligado à Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família, um dos primeiros a denunciar a exposição nas redes sociais, informou que tomará “medidas judiciais”  nesta sexta-feira e destacou o fato da exposição ser realizada pela Secretaria da Cultura do Governo de Brasília e patrocínio do Banco de Brasília.

A curadora da exposição é a historiadora da arte Tereza de Arruda. Sérgio Carvalho, que dá nome à exposição, é um colecionador de arte contemporânea que vive em Brasília e é o proprietário das obras expostas.

1º Dia dos Pobres


No próximo domingo, dia 19, por instituição do Papa Francisco, se celebrará o primeiro Dia Mundial dos Pobres, com o lema “Não amemos com palavras, mas com obras”, extraído, da frase da 1ª Carta de São João: “Meus filhinhos, não amemos com palavras nem com a boca, mas com obras e com verdade” (1 Jo 3, 18). E o Papa Francisco explica: “Estas palavras do apóstolo João exprimem um imperativo de que nenhum cristão pode prescindir. A importância do mandamento de Jesus, transmitido pelo ‘discípulo amado’ até aos nossos dias, aparece ainda mais acentuada ao contrapor as palavras vazias, que frequentemente se encontram na nossa boca, às obras concretas, as únicas capazes de medir verdadeiramente o que valemos”.

“Possuímos um grande testemunho já nas primeiras páginas dos Atos dos Apóstolos, quando Pedro pede para se escolher sete homens ‘cheios do Espírito e de sabedoria’ (6, 3), que assumam o serviço de assistência aos pobres. Este é, sem dúvida, um dos primeiros sinais com que a comunidade cristã se apresentou no palco do mundo: o serviço aos mais pobres. Tudo isto foi possível, por ela ter compreendido que a vida dos discípulos de Jesus se devia exprimir numa fraternidade e numa solidariedade tais, que correspondesse ao ensinamento principal do Mestre que tinha proclamado os pobres bem-aventurados e herdeiros do Reino dos céus”.

“... ‘De que aproveita, irmãos, que alguém diga que tem fé, se não tiver obras de fé? Acaso essa fé poderá salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e precisarem de alimento quotidiano, e um de vós lhes disser: ‘Ide em paz, tratai de vos aquecer e matar a fome’, mas não lhes dais o que é necessário ao corpo, de que lhes aproveitará? Assim também a fé: se ela não tiver obras, está completamente morta’ (Tg 2,14-17)”.