Querem-nos
casar à força! Graças a Deus, a hipótese que se pode vir a pôr
em cima da mesa é a de aceitar homens casados para a Ordenação e
não o que muitos pensam (e até, sei lá porquê, queriam!) de
permitir que os Padres se casem.
Também
eu desejei casar e ter filhos. Mas Deus concedeu-me este dom que é o
celibato. Insisto: é um DOM. O celibato não é fruto de um esforço
inumano, desumano ou super-humano. É um dom de Deus a acolher, a
cuidar e a rezar!
A
Igreja (especialmente a latina) ao longo dos tempos tem percebido que
este dom é de grande ajuda para que os seus Padres sejam mais
claramente sinal da realidade do Céu, para a qual todos somos
chamados a caminhar. Mas se se perde o horizonte, perde-se a razão.
Se o Padre deixa de ser sinal da vida futura e é apenas uma
profissão como qualquer outra neste mundo, então porque não podem
ser casados? A pergunta é claramente pertinente.
Com
a contínua perda do conceito sagrado de vocação (de modo especial
da vocação sacerdotal), perdeu-se a noção do plano de Deus. Hoje
tudo se escolhe segundo critérios que, por vezes, de divinos nada
têm.
Vivemos
um tempo de crise familiar (acima de tudo conjugal), porque se deixou
de ver a vida como vocação, o Matrimônio como vocação (e também
o Sacerdócio). Vocação entendida como um chamamento de Deus a uma
vida de amor que é o seu próprio Amor (Caridade) a caminho do Céu
e da plena comunhão na Caridade.
Ao
perder-se isto, perde-se noção de toda a vida cristã e, então, já
nada nos distingue do resto do mundo. Ao esquecer-se a Caridade (que
é o maior fruto do Espírito Santo, e, por isso, sinal de uma vida
espiritual incarnada), resta apenas a moralidade, ou, pior, o
moralismo.
Com
a crise familiar em que estamos e com a crise de espiritualidade que
vivemos, será um risco enorme para as pessoas envolvidas (marido,
mulher e filhos) e para a Igreja (latina e ocidental) permitir a
ordenação a homens casados.
Na
experiência recente de conferir o diaconado permanente a homens
casados, têm-se assistido a problemas familiares, que seria bom
serem bem avaliados antes de se dar esse passo. Infelizmente, não
estou a falar de cor!
À
imitação de S. Paulo, permiti que fale como um louco ao terminar
este texto. Olhando para a realidade da Igreja como está, se eu
amasse verdadeiramente a minha hipotética mulher e os meus
hipotéticos filhos, nunca pediria o sacerdócio. Coitados deles! O
povo de Deus sabe ser cruel. Como seria eu capaz de ouvir falar mal
ou ver tratar mal aqueles que amasse assim? Eu nunca seria capaz de
deixar que a minha hipotética mulher e os meus hipotéticos filhos
fossem sujeitos aos impropérios, calúnias, maledicências a que eu
estou sujeito!
Querem-nos
casar à força! Mas eu, querendo ser Padre, por força do amor,
nunca casaria!
Dominus
nos benedicat, et ab omni malo defendat, et ad vitam perducat
aeternam. Amen.
Um
Padre
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