quarta-feira, 21 de março de 2018

2ª Pregação da Quaresma 2018: “Que vossa caridade não seja fingida"


“QUE VOSSA CARIDADE NÃO SEJA FINGIDA”

O amor cristão


1. Indo às fontes da santidade cristã

 

Juntamente com a chamada universal à santidade, o Concílio Vaticano II também deu indicações precisas sobre o que se entende por santidade, no que consiste. Na Lumen gentium se lê: 

"Jesus, mestre e modelo divino de toda a perfeição, pregou a santidade de vida, de que Ele é autor e consumador, a todos e a cada um dos seus discípulos, de qualquer condição: «sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito» (Mt. 5,48) (121). A todos enviou o Espírito Santo, que os move interiormente a amarem a Deus com todo o coração, com toda a alma, com todo o espírito e com todas as forças (cfr. Mc. 12,30) e a amarem-se uns aos outros como Cristo os amou (cfr. Jo. 13,34; 15,12). Os seguidores de Cristo, chamados por Deus e justificados no Senhor Jesus, não por merecimento próprio mas pela vontade e graça de Deus, são feitos, pelo Batismo da fé, verdadeiramente filhos e participantes da natureza divina e, por conseguinte, realmente santos. É necessário, portanto, que, com o auxílio divino, conservem e aperfeiçoem, vivendo-a, esta santidade que receberam."(LG 40).

Tudo isso está resumido na fórmula: "a santidade é a união perfeita com Cristo" (LG, 50). Esta visão reflete a preocupação geral do Concílio de voltar às fontes bíblicas e patrísticas, superando, também neste campo, a postura escolástica dominante durante séculos. Agora é uma questão de tomar consciência dessa renovada visão de santidade e fazê-la passar na prática da Igreja, isto é, na pregação, na catequese, na formação espiritual dos candidatos ao sacerdócio e à vida religiosa e - por que não? - também na visão teológica que inspira a prática da Congregação dos Santos[1].

Uma das principais diferenças entre a visão bíblica da santidade e a da escolástica reside no fato de que as virtudes não se fundamentam tanto na "reta razão" (a recta ratio aristotélica), mas no Querigma; ser santo não significa seguir a razão (muitas vezes, é o contrário!), mas seguir a Cristo. A santidade cristã é essencialmente cristológica: consiste na imitação de Cristo e, no seu cume - como diz o Concílio - na "perfeita união com Cristo".

A síntese bíblica mais completa e mais compacta de uma santidade fundada no Querigma é aquela descrita por São Paulo na parte parenética da Carta aos Romanos (capítulos 12-15). No início, o Apóstolo dá uma visão resumida do caminho de santificação do crente, do seu conteúdo essencial e do seu propósito:

"Eu vos exorto, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus: é este o vosso culto espiritual. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito" (Rm 12,1-2).

Na última pregação, nós meditamos estes versículos. Nas próximas meditações, partindo do que se segue no texto paulino e completando-o com o que o Apóstolo diz em outro lugar sobre o mesmo argumento, tentaremos destacar os traços salientes da santidade, aqueles que hoje são chamados de "virtudes cristãs" e que o Novo Testamento define como os "frutos do Espírito", as "obras da luz", ou também "os sentimentos que estavam em Cristo Jesus" (Fl 2, 5).

A partir do capítulo 12 da Carta aos Romanos, todas as principais virtudes cristãs, ou frutos do Espírito, estão listadas: o serviço, a caridade, a humildade, a obediência, a pureza. Não como virtudes a serem cultivadas por si mesmo, mas como necessárias consequências da obra de Cristo e do batismo. A seção começa com uma conjunção que por si só vale um tratado: “Vos exorto, portanto...”. Aquele "portanto" significa que tudo o que o Apóstolo dirá desse momento em diante é a consequência do que escreveu nos capítulos precedentes sobre a fé em Cristo e sobre a obra do Espírito. Refletiremos sobre quatro destas virtudes: caridade, humildade, obediência e pureza, começando com a primeira. 

1ª Pregação da Quaresma 2018: "Não vos conformeis com a mentalidade deste mundo” (Rm 12,2)


"NÃO VOS CONFORMEIS COM A MENTALIDADE DESTE MUNDO”
(RM 12,2)


"Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito." (Rom 12, 2).

Numa sociedade em que todos se sentem investidos da tarefa de transformar o mundo e a Igreja, cai esta palavra de Deus que nos convida a transformar-nos a nós mesmos. "Não vos conformeis com este mundo”: depois dessas palavras, esperávamos ouvir: "mas transformai-o!"; Em vez disso, se diz: “mas transformai-vos!”. Transformar, sim, o mundo, mas o mundo que está dentro de vós, antes de pensar em transformar o mundo que está fora de vós.

Será esta palavra de Deus, tirada da Carta aos Romanos, que nos introduzirá este ano no espírito da Quaresma. Como fazemos há alguns anos, dedicamos a primeira meditação a uma introdução geral à Quaresma, sem entrar no tema específico do programa, até mesmo por causa da ausência de parte do auditório envolvido nos Exercícios Espirituais.

1. Os cristãos e o mundo

Em primeiro lugar, vejamos como esse ideal de desapego do mundo foi compreendido e vivido desde o Evangelho até nossos dias. É sempre útil ter em conta experiências passadas se quisermos entender as necessidades do presente.

Nos evangelhos sinóticos, a palavra "mundo" (kosmos) é quase sempre compreendida num sentido moralmente neutro. Tomado no sentido espacial,  mundo indica a terra e o universo ("ide ao mundo inteiro"), tomado em um sentido temporal, indica o tempo ou o “século” (aion) presente. É com Paulo e ainda mais com João que a palavra "mundo", é preenchida com um valor moral e significa, na maioria das vezes, o mundo depois do pecado e sob o domínio de Satanás, “o deus deste mundo” (2 Cor 4, 4). Daí a exortação de Paulo da qual nós partimos e, aquela, quase idêntica, de João na sua Primeira Carta:

"Não ameis o mundo nem as coisas do mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai. Porque tudo o que há no mundo - a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida - não procede do Pai, mas do mundo."(1 Jo 2, 15-16).

Essas coisas não nos fazem perder de vista que o mundo em si mesmo, apesar de tudo, é e permanece, a boa realidade criada por Deus, que Deus ama e que veio para salvar, não para julgar: "Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3, 16).

A atitude em relação ao mundo que Jesus propõe a seus discípulos encerra-se em duas preposições: estar no mundo, mas não ser do mundo:  “Já não estou no mundo – diz dirigindo-se ao Pai – ; eles, pelo contrário, ainda estão no mundo [...]. Eles não são do mundo, como também eu não sou do mundo" (Jo 17,11. 16).

Nos primeiros três séculos, os discípulos estão bem cientes de sua posição única. A Carta a Diogneto, um escrito anônimo do final do segundo século, descreve dessa forma o sentimento que os cristãos tinham de si mesmos no mundo:

"Os cristãos não diferem do resto dos homens nem pelo território, nem pela língua, nem pelos hábitos de vida. De fato, não moram em cidades particulares, não usam de uma linguagem estranha, não levam um tipo de vida especial [...]. Moram tanto na cidade grega como na bárbara, como acontece, e apesar de iguais nas roupas, na comida e no resto da vida segundo os costumes do lugar, se propõem uma forma de vida maravilhosa e, segundo todos, paradoxal. Cada um mora na própria pátria, mas como forasteiros; participam de todas as atividades de bons cidadãos e aceitam todos os encargos como convidados passageiros. Toda terra estrangeira é uma pátria para eles, enquanto toda pátria é, para eles, terra estrangeira. Como todos, se casam e têm filhos, mas não expõem seus filhos. Eles têm em comum a mesa, mas não a cama. Vivem na carne, mas não segundo a carne"[1].

Façamos um breve resumo da história. Quando o cristianismo se torna tolerado e depois, em seguida, religião protegida e favorecida, a tensão entre o cristianismo e o mundo tende, inevitavelmente, a diminuir, porque o mundo se tornou, ou pelo menos, é considerado "um mundo cristão". Ocorre, assim, um duplo fenômeno. De uma parte, grupos de cristãos desejosos de permanecerem o sal da terra e não perderem o sabor, fogem, também fisicamente, do mundo e se retiram no deserto. Nasce o monaquismo sob a bandeira do monge Arsênio: “Fuge, tace, quiesce”, “Fuja, cale, viva retirado[2]”

Ao mesmo tempo, os pastores da Igreja e os espíritos mais iluminados tentam adaptar o ideal de desapego do mundo a todos os crentes, propondo uma fuga não-material, mas espiritual, do mundo. São Basílio no Oriente e Santo Agostinho no Ocidente conhecem o pensamento de Platão, especialmente na versão ascética que ele havia tomado com o discípulo Plotino. Neste ambiente cultural, estava vivo o ideal da fuga do mundo. Mas era uma fuga, por assim dizer, vertical, não horizontal, para cima, não para o deserto. Consiste em elevar-se por acima da multiplicidade das coisas materiais e das paixões humanas, para unir-se ao que é divino, incorruptível e eterno.

Os Padres da Igreja - os Capadócios em primeiro lugar - propõem uma ascética cristã que responde a essa exigência religiosa e adota a sua linguagem, sem, contudo, sacrificar os valores próprios do Evangelho. Para começar, a fuga do mundo inculcada por eles é trabalho da Graça mais do que esforço humano. O ato fundamental não está no final do caminho, mas no seu começo, no batismo. Portanto, não é reservada a poucos cultos, mas aberta a todos. Santo Ambrósio escreverá um breve tratado “Sobre a fuga do mundo”, dirigindo-o a todos os neófitos[3]. A separação do mundo que ele propõe é sobretudo afetiva: “A fuga – diz – não consiste no abandonar a terra, mas, permanecendo na terra, em observar a justiça e a sobriedade, em renunciar aos vícios e não ao uso dos alimentos” [4].

Este ideal de desapego e de fuga do mundo acompanhará, em formas diferentes, toda a história da espiritualidade cristã. Uma oração da liturgia resume-o no lema: "terrena despicere et amare caelestia", "desprezar as coisas da terra e amar as do céu". 

Nas Tuas mãos, Senhor - A propósito de uma velha história


Meu caro Amigo, há exatamente oito anos, 20 de março de 2009, eu vivia momentos de intensa emoção: experimentei, naquele dia para mim inesquecível, a mão de Deus, que nos guia de modo realmente incompreensível...

Pela manhã tinha viajado a Salvador, pois o Senhor Núncio Apostólico desejava falar-me. O assunto era uma reviravolta na minha vida: o Papa convidava-me a aceitar ser consagrado Bispo Auxiliar de Aracaju. Onde Deus desejava levar-me? O que desejava de mim? Disse “sim” ao Núncio! Não, ao Núncio não: ao Papa através do Núncio! Não, ao Papa não: a Cristo através do Papa! Disse “sim” sem pensar – não se pensa quando o Senhor chama; não se calcula! Simplesmente diz-se “sim”! Foi o que procurei fazer em toda a minha vida, apesar de tantas e tantas infidelidades e covardias... Deus as conhece; você não, caro Amigo!

Mas, disse “sim”. E voltei para Maceió, pois era sexta-feira da Quaresma e eu tinha via-sacra às 16 horas na minha Igreja do Livramento (inesquecível e saudoso Livramento!) e, depois, uma missa no Povoado Poxim, em Coruripe, na Diocese de Penedo... Apressado, sem almoço, fiz a via-sacra e fui para o Poxim. No retorno, pelas 21 – 21:30h, o inesperado, o absurdo, o desígnio de Deus que eu não sei e Ele sabe; não compreendo e Ele vê com clareza: um daqueles automóveis utilitários me trancou; quatro homens de revólveres em punho. Fugi. Perseguiram-me. Atiraram no meu carro; seis balas o perfuraram e esvaziaram os dois pneus dianteiros. Trancaram-me novamente. Tiraram-me do automóvel, espancaram-me gravemente, recolocaram-me no automóvel, levaram-me para o meio do mato. Eu sangrava muito. Disseram-me que me matariam: aqueles seriam meus últimos momentos...

Eu me perguntava todo o tempo qual o sentido daquilo tudo: naquele dia recebera a notícia da nova missão que o Senhor me confiara. Naquele mesmo dia o Senhor permitiria que me tirassem a vida... Disse-lhes que não me matassem, pois tinha ainda uma missão a cumprir. Estava – como sempre estou – de batina, a veste do sacerdote, a veste do bispo, a veste que deve significar que somos de Deus, somos consagrados, que algo em nós rompeu-se na relação com o mundo, de modo que vivemos no mundo, plenamente, mas somos homens de Deus, testemunhas do Absoluto, mensageiros do Infinito. Não sei se tiveram medo ou respeito por um homem de Deus... Não me mataram. Deixaram-me no carro, sangrando, ferido... com o coroinha que me acompanhava e ao qual não fizeram mal algum (Sim: meus queridos coroinhas! Tive mais de quarenta: sempre procurei fazer deles verdadeiros homens e cristãos! Sempre os amei e os amo ainda agora como a filhos no Senhor. Desses, três já são padres e um está a caminho do sacerdócio...) Quando os bandidos foram embora, fui, com meu coroinha, para a estrada e consegui carona até a polícia.

GO: Papa nomeia administrador apostólico para Diocese de Formosa


A Nunciatura Apostólica publicou na manhã desta quarta-feira, 21 de março, um comunicado sobre o processo de acompanhamento da situação atual de pastoral e de governo da Diocese de Formosa (GO).

Confira o Comunicado:

“O Santo Padre ordenou, no dia 3 de março do corrente ano, que se realize uma Visita Apostólica na Diocese de Formosa, com a finalidade de examinar a situação pastoral e de avaliar o governo do Bispo, Sua Excelência Dom José Ronaldo Ribeiro. Sucessivamente, no dia 10 de março, o Arcebispo de Uberaba, Sua Excelência Dom Paulo Mendes Peixoto, foi nomeado Visitador Apostólico.

À luz dos novos fatos que envolvem a Diocese de Formosa, o Santo Padre nomeou Sua Excelência Dom Paulo Mendes Peixoto Administrador Apostólico sede plena da Diocese de Formosa ad nutum Sanctae Sedis, conferindo-lhe todas as faculdades para governar a circunscrição eclesiástica e para realizar, contemporaneamente, a Visita Apostólica, precedentemente ordenada.

Sua Excelência Dom Paulo Mendes Peixoto convida a todos, o Clero e a comunidade diocesana de Formosa, a unirem-se em torno de Cristo, Pastor dos Pastores”. 

terça-feira, 20 de março de 2018

Coleta para a Terra Santa: "Não deixem nossos irmãos sozinhos", pede o Cardeal Sandri



Na próxima Sexta-feira Santa volta a “Colletta pro Terra Sancta”, iniciativa com a qual a Igreja recolhe as ofertas para os Lugares Santos. “É uma ocasião preciosa para estarmos juntos com nossos irmãos”, escreve o cardeal Sandri, em uma carta endereçada aos bispos para motivar a caridade das Igrejas de todo o mundo.

Os cristãos do Oriente Médio

Trata-se, esclarece o cardeal argentino, de pessoas “que perderam tudo, às vezes até mesmo a própria dignidade humana”. O cardeal Sandri recorda em particular da “pequena comunidade cristã do Oriente Médio que continua a sustentar a fé entre os desalojados no Iraque e na Síria ou entre os refugiados na Jordânia e Líbano auxiliados pelos seus pastores, religiosos e voluntários de vários países”. 

Implicâncias jurídico-institucionais sobre o caso do Bispo e dos padres presos em Goiás


Sem entrar no mérito da questão ou emitir qualquer juízo de valor a respeito das condutas dos clérigos, acompanho com grande dor e preocupação o desdobramento dos fatos.

Isso porque não gosto de ver o avanço do Estado sobre as religiões, especialmente a Igreja Católica.

Por mais delicada que seja a questão e por mais que aparentemente as condutas em destaque tenham sido mesmo graves, o “modus operandi” do Ministério Público não foi correto.

Uma Diocese não é uma pessoa jurídica de Direito Civil, mas de Direito Canônico. Isso faz toda a diferença no que diz respeito à interferência do Estado.

Vale lembrar que existe um tratado internacional entre o Brasil e a Santa Sé que determina que a invasão do patrimônio da Igreja ou a prisão de um Bispo têm que ser acompanhadas pelo Núncio Apostólico ou representante seu.

Não é exagero buscar simetria e equidade entre as bases físicas da Igreja e as Embaixadas.

Desde a antiguidade o Estado tenta invadir moral e fisicamente a Igreja. Não lutaram Santo Ambrósio de Milão e Santo Agostinho de Hipona contra as investidas dos imperadores romanos, promotores de heresias como o arinismo e o donatismo?

Na Idade Média não lutaram Papas e santos, como o grande Bernardo de Claraval, contra o desejo de reis e imperadores de ordenar Bispos, a chamada “querela das investiduras”?

E nos tempos recentes? O caso dos “Cristeros” no México e os dos sacerdotes e fiéis perseguidos, presos e mortos por regimes absolutistas na antiga União Soviética, em Cuba, na Polônia e outros lugares são memórias vivas desse arraigado e perpétuo desejo de o Estado controlar de algum modo a Igreja.

Vivemos tempos de ditadura do relativismo moral e de desconstrução da presença de Deus no tecido social. O ataque sistêmico à Igreja faz parte desse contexto terrível.

Não desejo de modo algum abrandar condutas nem me deixar guiar por “corporativismo”, mas é preciso separar o joio do trigo.

Desde Judas Iscariotes sabemos que dentro do seio da Igreja, entre aqueles escolhidos, sempre haverá traidores de Deus e do povo fiel, mas precisamos saber tratar as situações adversas que se nos apresentam da forma correta, não com vulgar sentimentalismo ou sob a influência dos afetos desordenados tão comum aos dias de hoje.

Que meu comentário-desabafo não seja indevidamente interpretado como salvo-conduto ao erro, mas como busca da razão e a preocupação com algo maior: a liberdade de crença religiosa.

Vaticano publica carta completa de Bento XVI sobre “A Teologia de Francisco”



A Secretaria para a Comunicação da Santa Sé publicou no sábado, 17 de março, a carta completa de Bento XVI sobre a coleção “A Teologia do Papa Francisco”, após polêmica por uma “suposta manipulação” fotográfica que, como assinalou um meio de comunicação internacional, “alterou significativamente o significado das citações” do Papa Emérito.

Como se recorda, em 12 de março foi apresentada a coleção “A Teologia do Papa Francisco”, no marco das celebrações pelo quinto aniversário da eleição do atual Pontífice.

Por isso, a Secretaria para a Comunicação divulgou uma nota de imprensa que anunciava uma “carta pessoal de Bento XVI sobre sua continuidade com o pontificado do Papa Francisco”, com uma foto que mostrava uma pilha de livros sobre a segunda folha da missiva, deixando a vista apenas a assinatura do Papa Emérito.

Entretanto, depois foram conhecidas algumas linhas não divulgadas pela secretaria vaticana. Nestas, Bento XVI expressa sua surpresa por estar incluído entre os autores o teólogo alemão Peter Hünermann, “que durante meu pontificado se distinguiu por ter liderado iniciativas antipapais” e por atacar de “forma virulenta a autoridade magisterial do Papa”.

A jornalista Nicole Winfield, de ‘AP’, escreveu em 14 de março que uma fonte vaticana, sob anonimato, “não explicou por que a Santa Sé eliminou as linhas e se limitou a comentar que nunca se teve a intenção de divulgar todo o documento”. 

CNBB pede transparência em investigação sobre desvio de verba na Diocese de Formosa



A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) declarou que a verdade sobre Operação Caifás, que levou à prisão temporária do Bispo de Formosa (GO), Dom José Ronaldo, e sacerdotes, “deve ser apurada com justiça e transparência”.

Dom José Ronaldo, quatro padres, um monsenhor e funcionários administrativos da Diocese de Formosa tiveram a prisão temporária decretada na segunda-feira, 19 de março, na Operação Caifás, deflagrada pelo Ministério Público de Goiás, acusados de desvio de recursos, causando um prejuízo superior a 2 milhões de reais.

Durante a operação, R$ 70 mil e dólares em dinheiro vivo foram encontrados no fundo falso de um armário que estava no quarto de Monsenhor Epitácio Cardoso Pereira, na paróquia de Planaltina. As investigações também apontaram desvios de recursos nas cidades de Formosa e Posse.

Os investigadores afirmam que Dom José Ronaldo seria o articulador do desvio de dízimos, doações de fiéis, arrecadações de festas e taxas de batismos e casamentos, em um esquema que teria sido montado há cerca de três anos, desde quando o Prelado assumiu a Diocese, em 2015.

De acordo com escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, com o dinheiros desviado foram compradas uma fazenda de criação de gado e uma casa lotérica com o dinheiro desviado.

A seguir, confira a íntegra da nota da CNBB assinada por dom Leonardo Ulrich Steiner, bispo de Brasília e secretário geral da CNBB: