No período entre 2016 e 2019, conforme proposta do Documento de Aparecida, a nossa Igreja está aprofundando a segunda parte da proposta pastoral: “Ser Discípulos Missionários de Jesus Cristo, para que nele nossos povos tenham vida”. O tema central durante estes quatro anos é sempre o mesmo: “em defesa da vida”. Seguindo essa proposta, em 2018, o tema central é “A Sabedoria em defesa da Vida”.
Eis o esquema do Mês da Bíblia nesses quatro anos:
* 2016: A Profecia em defesa da vida – livro do profeta Miqueias
* 2017: A Comunidade em defesa da vida – 1ª carta os Tessalonicenses
* 2018: A Sabedoria em defesa da vida – livro da Sabedoria
* 2019: O Amor em defesa da vida – 1ª carta de São João
Assim sendo, em 2018, o tema específico é: “Para que n’Ele nossos povos tenham vida – Livro da Sabedoria”; e o lema é: “A Sabedoria é um espírito amigo do ser humano” (Sb 1,6). Ou seja, a Sabedoria é uma expressão da amizade de Deus por nós, seres humanos. O livro da Bíblia que vai nos ajudar no aprofundamento deste tema é o livro da Sabedoria.
O livro da Sabedoria, está entre os textos escritos já no final do período do Antigo Testamento, num momento fundamental do diálogo entre o judaísmo e a cultura grega. Neste sentido, ele é um bom predecessor do NT. Por isso, a sua língua é o grego e pertence aos chamados livros Deuterocanônicos, por se encontrar apenas na Bíblia grega e, consequentemente, não entrar nem no Cânon judaico (da Bíblia hebraica) nem, mais tarde, no Cânon das igrejas protestantes.
Atribuído a Salomão em algumas versões e manuscritos antigos, o livro da Sabedoria é certamente da responsabilidade de um autor anônimo bem distante de Salomão no tempo, que não poderá situar-se para além do ano 50 a.C. (entre 150 e 50 a.C.). Isso manifesta-se nos indícios de caráter literário e histórico. A atribuição do livro a Salomão, nos cap 6-9, e só implicitamente, deve-se ao facto de a tradição bíblico-judaica situar este rei na origem do gênero literário sapiencial, o que faz dele o Sábio por excelência (7,1-21; 8,14-16; 9; ver 1 Rs 3,5-9; 5,9-14; 10,23-61). Provavelmente, o autor foi um judeu de Alexandria, no Egito – onde residia uma forte comunidade judaica – que utilizou o pseudônimo. Como fruto dessa comunidade, o livro está marcado culturalmente por uma forte influência helenista.
O autor conhece, por um lado, a História do seu povo e a fé num Deus sempre presente e pronto a intervir nela; e por outro, sente a forte atração que as principais filosofias helenísticas e as diversas religiões exercem na vida dos seus irmãos de raça e de fé. Por isso, tenta estabelecer o diálogo entre fé e cultura grega (6-8), de modo a sublinhar que a sabedoria que brota da fé e conduz a vida dos israelitas é superior à que inspira o modo de viver dos habitantes de Alexandria. Com este livro, o autor dirige-se, pois, a dois destinatários diferentes: aos judeus de Alexandria, direta ou indiretamente perseguidos pelo paganismo do ambiente; e aos próprios pagãos, sobretudo aos intelectuais helenistas, mais abertos à cultura hebraica, intentando, porventura, convertê-los ao Deus verdadeiro.