quinta-feira, 20 de setembro de 2018

«Não bastam promessas», diz bispo que investigou abusos no Chile


O bispo responsável pela missão especial que investigou os abusos sexuais na Igreja Católica do Chile disse hoje que é necessário passar aos “atos” neste campo da proteção dos menores, elogiando a cimeira convocada pelo Papa.

“É uma resposta às expectativas das pessoas: que dos documentos e das palavras passemos aos atos. As pessoas têm necessidade de perceber que não bastam as belas palavras, as promessas”, referiu D. Charles Scicluna, arcebispo de Malta, em declarações aos jornalistas, durante a assembleia plenária do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE), que decorre na cidade polaca de Poznan.

O antigo promotor de Justiça na Congregação para a Doutrina da Fé (Santa Sé) considerou que este é um processo “constante”.

O arcebispo maltês é considerado como um colaborador da confiança do Papa, que em 2015 o nomeou como presidente do Colégio que examina recursos de eclesiásticos para julgamentos de casos de abusos sexuais e outros dos chamados “crimes mais sérios” (delicta graviora).

Para D. Charles Scicluna, é necessário valorizar a iniciativa de Francisco, ao chamar todos os presidentes das Conferências Episcopais do mundo para uma reunião em Roma, de 21 a 24 de fevereiro de 2019, sobre o tema da prevenção dos abusos.

“É um sinal muito forte de compromisso na defesa da dignidade e da tutela dos menores na Igreja. Este apelo, este convite, diz em poucas palavras algo fundamental: que a questão da prevenção dos abusos, a defesa dos menores, diz respeito a toda a Igreja e diz respeito a todos na Igreja”, sustentou.

O bem une, o mal separa


Uma das estratégias mais antigas e eficazes para conseguir destruir uma família, uma instituição ou mesmo um povo, é a divisão.

Criar ruturas internas, colocando uns contra outros, permite aos narcisistas assumir o poder, uma vez que não o conseguiriam alcançar de outra forma.

A união, que é uma força capaz de grandes feitos, quando quebrada, abre muito espaço para que o mal entre, se instale e se multiplique.

Há quem domine os outros baseando a sua atuação apenas no princípio de criar e alimentar rivalidades.

Entre duas pessoas, é comum que uma tente afastar a outra dos que estão com ela. Uma manobra para ganhar força através do enfraquecimento alheio. Outros, em vez de se aperfeiçoarem a si próprios, preferem degradar o outro e, assim, de forma estranha e perversa, ficam a sentir-se melhor…

Em grandes instituições, o declínio e a destruição começam sempre por uma pequena fenda que, à semelhança de um grande navio, se não for reparada de imediato, pode tornar-se irrecuperável.

Importa estarmos bem atentos ao que procura dividir-nos. A hora em que o espírito da divisão ataca é o preciso momento de nos unirmos ainda mais, a fim de nos mantermos juntos.

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Este é o programa que Bento XVI deixou para enfrentar os abusos na Igreja


Em 16 de setembro de 2010, no voo que o levou ao Reino Unido, o agora Papa Emérito Bento XVI descreveu brevemente o que poderia ser considerado o programa a seguir para enfrentar o escândalo dos abusos sexuais na Igreja.

No encontro no avião com os jornalistas com os quais viajou a Londres, Bento XVI explicou que, em relação às vítimas de abusos sexuais, é importante destacar três aspectos:

1. A reparação

Bento XVI explicou que “o primeiro interesse são as vítimas: como podemos reparar. Que podemos fazer para ajudar estas pessoas a superar este trauma, a reencontrar a vida, a voltar também a ter confiança na mensagem de Cristo”.

“Cura, empenho pelas vítimas é a primeira prioridade, com ajudas materiais, psicológicas, espirituais”, ressaltou o então Pontífice.

2. Os culpados

Em segundo lugar, continuou, está “o problema das pessoas culpadas: a justa pena é excluí-las de qualquer possibilidade de contato com os jovens, porque sabemos que se trata de uma doença e a livre vontade não funciona onde há esta doença”.

“Portanto, devemos proteger estas pessoas contra si mesmas e encontrar o modo de ajudá-las, de protegê-las contra si mesmas e de excluí-las de qualquer contato com os jovens”, ressaltou.

3. A prevenção

O terceiro ponto, explicou Bento XVI, “é a prevenção na educação, na escolha dos candidatos para o sacerdócio: estar muito atentos para que, segundo as possibilidades humanas, sejam excluídos casos futuros”.

Chile: Papa expulsa do estado clerical sacerdote acusado de abusos


O Papa Francisco decretou, de forma inapelável, a expulsão do estado clerical de Pe. Cristián Precht, acusado de abusos a menores no Chile.

Assim notificou ao Arcebispo de Santiago, Cardeal Ricardo Ezzati, o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal Luis Ladaria.

Com data de 12 de setembro, indica o comunicado da Arquidiocese de Santiago, “o Santo Padre decretou, de forma inapelável, a demissão do estado clerical 'ex officio et pro bono Ecclesiae' e a dispensa de todas as obrigações unidas à sagrada ordenação do reverendo Cristián Precht Bañados”.

O mesmo decreto estabelece que “o bispo comunique rapidamente a nova situação canônica do afetado ao povo de Deus".

CE: Santuário de Canindé repudia manifestação política ao final de Missa


O Santuário de Canindé no Ceará, divulgou nesta segunda-feira, 17 de setembro, uma nota de repúdio a uma manifestação pró-Lula, feita neste domingo, 16, após uma missa, na Quadra da Gruta, próximo a Basília de São Francisco. O local estava cheio de fieis, grande parte vindos de Fortaleza, numa tradicional moto romaria.

Segundo a mídia local, ao final da celebração Eucarística na gruta de Nossa Senhora de Lourdes do Santuário de Canindé, um homem não identificado pediu para usar o microfone a fim de dar um aviso. Entretanto, o indivíduo convidou os presentes para um ato intitulado ‘Lula Livre’, em favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso desde abril: "Eu queria convidar a todos vocês a hoje a noite, participar da manifestação Lula Livre". A reação do público foi imediata, logo dezenas de pessoas gritaram o nome do candidato à Presidência, Jair Bolsonaro, do PSL e a palavra "mito", uma referência clara ao candidato.

A nota que o Santuário divulgou, foi assinada por Frei Marconi Lins: "Pessoalmente, tentei chegar rapidamente ao lugar, pois a Santa Missa foi celebrada por um padre visitante, mas a multidão já estava se dispersando e não foi possível usar do microfone para chamar à atenção do uso político e desrespeito para o recinto sagrado".

O Frei lembrou que não é a primeira vez que esse tipo de incidente acontece nas imediações do Santuário. Uma referência ao tumulto que a presença de José Serra (PSDB) numa missa também gruta casou. O político foi até hostilizado por um grupo de militantes do PT. 

Em um trecho da nota, Frei Marconi destaca: "Em nome da Fraternidade Franciscana da Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil, que cuida pastoralmente e administra o Santuário de São Francisco das Chagas, da Arquidiocese de Fortaleza, vimos manifestar publicamente nosso repúdio e total desaprovação ao deplorável acontecimento, tanto por parte do que usou o microfone irresponsavelmente e  desrespeitosamente, quanto pela atitude inconsequente de centenas de pessoas, que terminada a Santa Missa, depois de ouvirem a Palavra do Senhor e comungarem Seu Corpo e Sangue, ao invés de terem sentimentos de Cristo (cf. Fl 2,5), deixaram-se levar por sentimento de ódio e revanche negando o ensinamento do Senhor que não admite o ódio e a violência entre os que se dizem cristãos".

Curitiba: Sob chuva, milhares se reúnem para manifestação pela vida


Nem mesmo a chuva impediu que milhares de pessoas se reunissem no último sábado, 15 de setembro, em Curitiba (PR), para a Manifestação pela Vida, a fim de dizer ‘não’ à descriminalização do aborto no Brasil.

A manifestação ocorreu no Centro Cívico de Curitiba e foi convocada por meio de uma união inédita entre a Igreja Católica e Igrejas Evangélicas da cidade, a fim de denunciar o ativismo do judiciário e expressar-se contra a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 442/2017 (ADPF 442), que propõe a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação e foi tema de audiência pública no início de agosto no Supremo Tribunal Federal (STF).

“Onze pessoas não eleitas pelo povo não podem decidir pela vida ou morte das crianças em gestação, sem passar o projeto de lei pelo poder legislativo”, afirmou ao site da Arquidiocese de Curitiba o físico Robson Rodovalho, uma das lideranças presentes no evento.

O escândalo do desenvolvimento da doutrina


O anúncio da modificação do Catecismo da Igreja Católica sobre o tema da pena de morte tem gerado um intenso debate ao redor do mundo. Cada desenvolvimento da doutrina na história da Igreja suscitou consensos ou críticas construtivas, mas também resistências e rejeições.

Hoje pode provocar barulho uma nota da Amoris laetitia ou um novo ensinamento sobre a pena de morte, mas olhando para trás, percorrendo rapidamente 2.000 anos de cristianismo, vemos que muitas coisas mudaram e hoje chegamos a supor que sempre tenha sido assim. O fato é que toda mudança pode gerar escândalo e confusão.

A pena de morte na Bíblia

Basta ler a Bíblia para compreender quanto caminho foi percorrido. Hoje ficamos horrorizados diante de certas ordens dadas por Deus a Moisés, conforme relatado pelas Sagradas Escrituras. Em Levítico (Capítulo 20), o Senhor ordena matar idólatras, adúlteros, sodomitas, incestuosos e mesmo aqueles que maltratam o pai ou a mãe deve ser condenados à morte. É certo que Moisés viveu mais de 3.000 anos atrás. Naturalmente, essas ordens estão contidas no Antigo Testamento, mas no final da leitura sempre dizemos: Palavras do Senhor.

Progressos doutrinais na primeira comunidade cristã

Pensemos no trauma vivido pelos primeiros cristãos convertidos do judaísmo: quanta coragem que tiveram ao ter de abandonar as leis fundamentais do seu povo, como a circuncisão. Quanta abertura de mente e de espírito para aceitar os pagãos na Igreja, na época algo considerado ilícito.

Pedro - narram os Atos dos Apóstolos - já havia recebido o Espírito Santo, mas ainda não o entendia. Somente diante de um centurião romano, Cornélio, e sua família, é iluminado e diz: "Em verdade, reconheço que Deus não faz distinção de pessoas, mas em toda nação lhe é agradável aquele que o temer e fizer o que é justo. Deus enviou a sua palavra aos filhos de Israel, anunciando-lhes a boa nova da paz, por meio de Jesus Cristo. Este é o Senhor de todos." 

Nesta frase, "eu reconheço" há todo o gradual progresso de nosso conhecimento da verdade de Deus. Um caminho que não termina enquanto durar a história. Cresce a inteligência da fé.

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Relato de quem conviveu com o Socialismo desde a Ditadura Militar


Sou a segunda filha do casamento do meu padrasto com a minha mãe. Meu padrasto é socialista. Meu pai é maçom. Isto nunca foi um problema para o meu padrasto porque monogamia é um destes valores burgueses que ele despreza.

Nos primeiros anos da década de 1960, meu padrasto participava da política estudantil. Nesta época os socialistas optaram pela luta armada ao invés da guerra cultural. Ele era contra a luta armada, pois acreditava não haver nenhuma chance de vitória, mas a discordância era inaceitável dentro da revolução. Então algum revolucionário deixou para ele um livro proibido, de título O Deus Nu, com uma dedicatória datada de 1962. A pessoa que possuía este livro estava marcada para morrer. Assim, além de inibir a magia do livro, ele tinha de manter sua posse em segredo.

Meu padrasto, o Otto e o Brants costumavam pescar. Cada um levava sua família. Era um “ponto”*. Vinha um homem conversar com eles, afastado das esposas e das crianças.

O Otto trabalhava na Chocolates Salware, e costumava trazer salgadinhos. Lembro de quando ele trouxe um biscoitinho coberto de chocolate e salpicado com sal grosso. Misturar doce e salgado em um mesmo alimento é nada auspicioso, e uma prática nazista.

Certa noite, todos estavam preocupados com o meu padrasto, pois ele estava encrencado por ter faltado ao ponto*. Minha mãe mantinha estas questões longe das filhas, mas eu era uma pequena espiã, e chamei meu pai para ajudar. Meu pai fez magia para que os socialistas não o alcançassem, e meu padrasto deixou de ser morto.

Tinha um tio simpatizante do nazismo, que era capaz de recitar Nietzche e tinha uma suástica tatuada no braço, sempre encoberta pelo paletó. Normalmente, as crianças eram retiradas da sala quando ele estava. Sua filha era hyppie. Ela costumava me levar até a comunidade, pois passear comigo era a desculpa para sair de casa, e como a psicóloga tinha pedido para confiarem nela, ninguém se opunha. Assim eu conheci o maior segredo dos hyppies: suas longas cabeleiras eram perucas. A comunidade tinha um quadro com a face de Jesus Cristo na sala de estar. Isto me fazia pensar que eram pessoas boas mas, é claro, eu estava enganada. O quadro estava lá para que eles pecassem diante da face de Cristo. As comunidades hyppies praticavam magia negra. Sempre havia um líder que era o guia espiritual do grupo. O motivo das roupas floridas era fazer as pessoas verem o paraíso na terra. Minha prima nunca conseguiu ser aceita na comunidade, porque se recusou a romper com a família.

Minha mãe, minhas irmãs e eu vamos a uma loja de calçados e uma mulher sempre se aproxima de forma inconveniente, e pergunta se está incomodando. Esta mulher coloca uma escuta em meu casaco. Eram os militares investigando o Otto.

O Brants acreditava que eu atraía maçons, e temia ser preso por minha causa. Naquela época os militares e a maçonaria combatiam o comunismo juntos. O Brants se reúne com o Otto e meu padrasto, e propõe que eu seja morta. Meu padrasto discorda, e o Otto também, dizem que é um absurdo matar uma criança. Eu estou escondida, ouvindo a conversa por uma porta entreaberta e, depois, pego as bonecas e reproduzo todo o diálogo. Acredito que esta brincadeira foi gravada pelo SNI, pois eu estava usando o casaco da escuta.