terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Excessos litúrgicos


É coisa muito interessante: têm aparecido jovens com o desejo de participar da Santa Missa no rito de S. Pio V ou, pelo menos, no rito do Missal de Paulo VI em latim.

É um direito dos fiéis católicos participarem da Missa segundo o missal anterior ao atual. Basta que o Bispo diocesano julgue conveniente o pedido e determine uma igreja para a celebração.

No entanto, se esse desejo nascer de uma visão reacionária contra o Concílio Vaticano II e contra o Missal atual, promulgado pelo Papa Paulo, tal desejo e tal pedido não podem ter cidadania na Igreja.

Quem nega a autoridade do Concílio Vaticano II e suas determinações ou quem refuta o Missal de Paulo VI, aprovado pela autoridade de um Papa legítimo e acolhido por todo o Episcopado e por toda a Igreja, afasta-se gravemente da comunhão de sentimento com a Igreja de Cristo. Isso é, pelo menos, temeridade, além de uma enorme soberba: pensar que compreende melhor a fé católica e lê melhor a Tradição que o próprio Episcopado em comunhão com o Sucessor de Pedro!

É assim: quando o Diabo não derruba pelo menos, ataca pelo mais!

Abusos na liturgia


“Parece-me que não havia coisa mais desagradável do que ver a diversidade das cerimônias com que se celebravam a Missa. Uns começavam o santo sacrifício pelo Pater noster; outros, enquanto se revestiam da casula, recitavam o Introibo. Lembro-me de que, um dia, estando em Saint-Germain-en-Laye, notei que sete ou oito padres celebravam a Missa de modo diferente: um fazia de um modo, outro de modo diverso; era uma variedade que provocava lágrimas”.

Assim descrevia São Vicente de Paulo (1581-1660) os abusos litúrgicos de sua época, que ele procurou corrigir. Estamos nos séculos XVI e XVII, portanto, depois da reforma litúrgica feita por São Pio V, em cumprimento do estabelecido pelo Concílio de Trento.

Nesse tempo, explica o livro da vida de São Vicente, também em consequência das guerras de religião demorou a entrar em prática a disciplina eclesiástica estabelecida pelo Concílio Tridentino. “O relaxamento do clero era deplorável... praticavam mal as cerimônias dos sacramentos... muitos padres não usavam batina, nem hábito eclesiástico para celebrar a Missa, e ministravam os sacramentos em traje secular”.

São Paulo apóstolo (1 Cor 11) invectivava contra os abusos litúrgicos que já havia entre os primeiros cristãos. Portanto, não são exclusividade da nossa época. Mas a fé e o respeito devidos à Eucaristia nos impelem a não nos conformarmos com esses desmandos.

O Cardeal Virgílio Noé, cerimoniário da Santa Sé, explicou que, com a célebre expressão “fumaça de Satanás no templo de Deus”, Paulo VI se referia aos abusos litúrgicos pós-conciliares: “A fumaça de Satanás não era outra coisa que a mentalidade que queria distorcer as regras tradicionais e litúrgicas da cerimônia Eucarística... Ele condenava o espírito de protagonismo e delírio de onipotência que se seguiram à liturgia do Concílio” (14/5/2008).

PB: Decreto de Arcebispo sobre conduta com menores reforça o que já era orientado


No último dia 6 de fevereiro a Arquidiocese da Paraíba publicou um decreto interno que normatiza a conduta do clero em relação a menores de idade e pessoas vulneráveis, o qual, segundo o Vigário Geral, Pe. Luiz de Souza e Silva Júnior, traz orientações que já eram transmitidas aos padres durante sua formação.

Trata-se de um documento interno com 12 artigos, assinado pelo Arcebispo, Dom Frei Manoel Delson Pedreira da Cruz, que vazou à imprensa no último fim de semana. Em declarações a ACI Digital, o Vigário Geral da Paraíba explicou que, “como há outros decretos internos sobre outros temas, também foi publicado este que normatiza as condutas dos clérigos com relação ao trato de menores e pessoas com vulnerabilidades”.

“Essas orientações e cuidados, na verdade devem existir em toda instituição que lide com menores e vulneráveis”, assinalou.

Segundo Pe. Luiz Júnior, “basicamente, o decreto orienta a que não acolham menores sem seus pais ou responsáveis, nem pessoas com vulnerabilidade em suas residências, automóveis”.

Além disso, em casos de confissões, o Vigário Geral explicou que a orientação é a de que “sejam feitas em locais que permitam a visibilidade, a fim de preservar a imagem do menor, da pessoa com vulnerabilidade, do padre e da instituição de possíveis comentários posteriores”.

“São orientações que sempre foram dadas aqui pela Igreja aos seus padres durante a formação, mas que foram reforçadas neste decreto”, ressaltou o sacerdote.

De acordo com Pe. Luiz Júnior, a publicação deste decreto já estava sendo estudada desde o ano passado pelo setor jurídico da Arquidiocese, sob o olhar do Arcebispo, Dom Manoel Delson. Entretanto, “veio o fim do ano e, em janeiro, o Arcebispo teve alguns dias de férias. Somente agora em 6 de fevereiro houve a primeira oportunidade quando aconteceu a primeira reunião do clero”.

“Sabemos que o Papa Francisco sempre dá orientações para o cuidado com os menores e é isso o que buscamos fazer”, assinalou o Vigário Geral.

A respeito do encontro sobre "A proteção dos menores na Igreja", que acontecerá no Vaticano de 21 a 24 de fevereiro deste ano, com a presença dos presidentes das conferências episcopais de todo o mundo, Pe. Luiz indicou que, “assim como toda a sociedade, a Arquidiocese também está atenta ao que virá desta reunião e sabemos da sensibilidade do Papa Francisco e da atenção especial que tem dado a este tema, ao cuidado dos menores”.

“Nós também devemos ter esses cuidados”, completou.

Índia: Desconhecidos queimam estátua da Virgem Maria



Em Madhya Pradesh (Índia), queimaram uma estátua da Virgem Maria na paróquia de St. Joseph, a poucos quilômetros da sede arcebispal.

O grupo cristão Global Council of Indian Christians (GCIC) denunciou o fato. Seu presidente, Sajan K George, disse que o incêndio ocorreu no dia 3 de fevereiro. "A estátua de Maria foi encontrada queimada, na gruta da paróquia de St. Joseph", indicou.

A comunidade cristã expressou estar "muito aflita e profundamente ferida em seu sentimento religioso".

Padre Rockey Shah, porta-voz da Diocese de Jhabua, da qual a paróquia pertence, apresentou a queixa. "Uma investigação está sendo realizada, um memorando foi enviado à polícia e ao collector (prefeito do distrito). Pedimos ao nosso povo que reze pela paz e harmonia e evite reagir agressivamente ", assinalou.

Segundo informou Asia News, o presidente do GCIC disse que "a vulnerável comunidade cristã continua sofrendo com a hostilidade de grupos que buscam semear a desconfiança e a divisão". Indicou que esta situação "causa discórdia social e a fé cristã é vista na Índia com suspeita, apesar do fato de nosso país ser laico e sua Constituição garantir que ninguém seja discriminado por causa de sua crença".

Dom Orani lamenta morte de jornalista brasileiro Ricardo Boechat



O Arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, lamentou a morte do jornalista Ricardo Boechat nesta segunda-feira, em uma queda de helicóptero em São Paulo, e expressou sua solidariedade aos familiares e amigos.

“A Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro recebeu com pesar a notícia da queda do helicóptero que ocasionou o falecimento do jornalista Ricardo Eugênio Boechat ocorrido no início da tarde de hoje”, afirma nota assinada por Dom Orani.

O texto assinala que o jornalista “destacou-se por suas análises e opiniões, mesmo em épocas em que tal prática não era comum nas redações e jornais”.

“Neste momento de luto, a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro se solidariza com seus familiares, amigos e colegas de jornalismo, confiante nas promessas de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, e a quem dirigimos nossas preces por Ricardo Boechat: ‘Dá-lhe Senhor o descanso eterno, brilhe para ele a Vossa Luz! Descanse em Paz’”, conclui a nota.

Três fatores a considerar quando ler sobre a “investigação da Abin contra a Igreja Católica”

Frei Betto, Lula e dom Claudio Hummes, escolhido pelo papa Francisco como "Presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônia" e um dos principais responsáveis pelo sínodo deste ano (foto: Agência Brasil).


Nesta segunda-feira (11/02) a imprensa nacional, padecente do vício de reproduzir notícias de agências sem gastar nem um minuto de reflexão antes de copiar e colar, alardeou a exagerada matéria do Estadão sobre como o “Planalto” investiga a “Igreja Católica” como potencial opositora. Mesmo que a suposta investigação já tenha sido esclarecida pela Abin, convém destacar alguns tópicos sobre a questão:

1) É uma obviedade gritante e antiga o fato de que temos bispos brasileiros mais fiéis ao deus petista – que tá preso, babaca! – do que a Jesus Cristo. Por isso o governo devia é ficar de olho sim.

2) Apesar disso, convém jamais esquecer que o jornalismo de esquerda, durante todo o governo Bolsonaro, vai investir insistentemente na tática de “dividir para conquistar”, tentando rachar a sólida base de apoio bolsonarista formada, entre outros grupos, por cristãos praticantes (católicos e evangélicos). Tentaram ao longo da campanha eleitoral e não vão parar no decorrer do mandato. Chamar de “Igreja Católica” um punhado de bispos petistas não é só uma generalização grosseira. Faz parte dessa estratégia.

3) Ainda que alguns desses traidores da fé realmente estejam no alto escalão da hierarquia católica e da CNBB (realidades que estão longe de ser a mesma coisa, registre-se), as eleições de outubro provaram que a influência real dessa gente sobre os fiéis é minúscula. É só ver como dioceses governadas por alguns dos bispos mais militantes deram votações esmagadoras ao atual presidente, contrariando frontalmente o desejo de seus perturbados pastores.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Espanha: Lei pró-gay tornaria os heterossexuais cidadãos de segunda classe



Diante da atual tramitação da Lei de Igualdade LGTBI no Congresso espanhol, o diretor do Fórum da Família, Javier Rodríguez, lembrou que há anos advertem que o projeto é "inconstitucional" pois privilegia de tal forma este coletivo que os demais espanhóis se tornariam “cidadãos de segunda classe”.

Segundo Rodríguez, essa lei é uma "lei ideológica absolutamente desnecessária, já que a não discriminação por razão de sexo, orientação sexual, crenças ou pensamento já está contida no ordenamento jurídico nacional e internacional".

Por isso destacou que "como se disse no Congresso, o desenvolvimento de uma lei sobre uma discriminação em concreto supõe uma discriminação em si mesma contra o resto, que pareceriam ser menos graves".

Um comunicado do Fórum da Família destaca que os postulados deste projeto de Lei "atentam diretamente contra a Constituição e contra numerosas leis, destruindo, de fato, a igualdade de todos os espanhóis perante a lei, criando cidadãos de primeira classe, com novos direitos por causa de sua orientação sexual, e de segunda classe, que, além disso, recebem imposições de deveres em relação aos anteriores”.

Também asseguraram que com esta lei "as liberdades de pensamento, consciência, expressão, educação e até mesmo a de imprensa ficam extremamente limitadas. Estas limitações afetam àqueles que não compartilham o que esta Lei impõe, independentemente de sua orientação ou identidade sexual".

Advertem que "os tribunais já estão sentenciando contra o conteúdo dessas leis" e destacam a sentença 289/2018 do Tribunal Contencioso Administrativo número 10 de Madri, que assinala que "a liberdade de expressão, amparada por nossa Carta Magna, está acima das sanções incluídas na Lei LGTBI da Comunidade de Madri".

No entanto, membros do Fórum da Família explicam que "muitas CCAA (comunidades autônomas) levaram adiante as leis desse tipo sem informes jurídicos, ou continuaram com o processo sem recolher as sentenças judiciais ou a análise dos advogados do Congresso, violando os direitos de seus cidadãos em favor de uma minoria barulhenta".

Por isso, insistem que é "essencial que as retirem seguindo os ditames da câmara baixa a fim de não incorrerem em um crime de prevaricação".

“A Igreja hoje renunciou a ensinar a verdade integral”, diz Cardeal



Dom Gerhard Müller fala de maneira calma, mas seu juízo vem alta e claramente. Ele me acolhe cordialmente em seu apartamento, a um pulo da Basílica de São Pedro, que ele manteve apesar de ter sido demitido pelo Papa Francisco de uma forma um tanto áspera em julho de 2017, quando não renovou seu mandato como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.

Cardeal Müller, em vinte dias haverá um encontro no Vaticano sobre abusos sexuais, um escândalo que está obscurecendo a imagem da Igreja e que, ao mesmo tempo, causa muitas tensões internas…

É terrível para a Igreja que haja padres envolvidos, homens que em vez de terem vidas exemplares, abusam de sua missão. Representantes de Jesus Cristo, o Bom Pastor, agindo como lobos: é a perversão de sua missão.

A esmagadora maioria dos abusos sexuais cometidos por padres são, na verdade, atos homossexuais.

É fato que cerca de 80% das crianças vítimas de abuso são homens e adolescentes. Devemos encarar essa realidade, são estatísticas que não podem ser negadas. Quem quer que ignore os fatos não quer resolver o problema. Fazem acusações contra os que dizem a verdade, ao afirmar que eles têm uma inclinação geral contra os homossexuais. Mas os homossexuais enquanto categoria não existem, é uma invenção. É evidente que eles falam para encobrir os seus próprios interesses. Na criação, o conceito de homossexualidade não existe, é uma invenção que não possui fundamento na natureza humana. Essas tendências não são ontológicas, mas de ordem psicológica. Alguns querem tornar a homossexualidade em um dado ontológico.

Em vista do encontro no fim de fevereiro, há aqueles que querem usá-lo como oportunidade para argumentar que não importa se um padre tem tendências homossexuais, o importante é que ele viva castamente. Na Alemanha, há bispos que já deram declarações neste sentido.

Seria um crime contra a Igreja: explorar o pecado para estabelecer ou normalizar o pecado contra o sexto mandamento, um crime. Não há forma de legitimar atos homossexuais ou mesmo atos sexuais desordenados. Se cremos em Deus, cremos que os dez mandamentos são expressões diretas da vontade salvífica de Deus para conosco, são a substância da moralidade do homem e de sua felicidade, são expressão da vida, da verdade de Deus.

Recentemente, o caso de uma missa ecumênica em Milão foi denunciado, na qual uma pastora batista leu o Evangelho, pregou a homilia e distribuiu a Eucaristia após permanecer ao lado do padre durante a consagração. O pároco explicou que a transubstanciação é só uma forma de compreender a Eucaristia. Este tipo de ecumenismo não é um fato isolado.

Isso equivale a um ato blasfemo. Há uma ignorância grosseira entre os padres, bispos e mesmo cardeais: eles são servos da Palavra de Deus, mas não a conhecem, bem como desconhecem a doutrina. Se falamos de transubstanciação, o Quarto Concílio de Latrão, o Concílio Tridentino e também o Vaticano II, assim como algumas encíclicas, como Mysterium Fidei (1965) explicaram que com essa expressão a Igreja reconhece a verdadeira conversão do pão e do vinho na substância do corpo e do sangue de Jesus Cristo. Na Inglaterra, no tempo de Eduardo VI e Elizabeth I (século XVI), havia a pena de morte para aqueles que acreditavam na transubstanciação. Muitos católicos foram martirizados e não sacrificaram suas vidas por causa de uma das muitas maneiras de compreender a Eucaristia, era pela verdade do sacramento.