A
tragédia ocorrida em uma escola de Suzano reabriu uma discussão que, apesar de
antiga, continua em debate e dividindo opiniões. Até que ponto jogos, filmes e
séries violentas são capazes de influenciar o comportamento de uma criança, ao
ponto de lhe fazer cometer um crime ou mesmo tirar a própria vida?
Para tentar contribuir um pouco com essa questão, nada melhor do que recorrer aos fatos, deixando teorias um pouco de lado para observar mais de perto a realidade. No caso de Suzano, por exemplo, chama atenção a semelhança com outro episódio, conhecido como o Massacre de Columbine, ocorrido em 20 de abril de 1999.
Na ocasião, também dois jovens, identificados como Eric Harris e Dylan Klebold, mataram 12 alunos e um professor, deixando outras 21 pessoas feridas. Eles utilizaram várias armas e vestimentas como se estivessem em um campo de combate, planejando em detalhes o passo-a-passo do atentado, exatamente como fizeram os assassinos de Suzano.
Assassinos do Massacre de Columbine, Eric Harris e Dylan Klebold |
O que é importante destacar aqui para o propósito
desse texto, é que os assassinos de Columbine eram aficionados por jogos de
tiro e terror, como Doom, Wolfenstein 3D e Duke Nukem. Eric Harris chegou
a produzir mapas para o jogo Doom.
Não apenas o tipo de vestimenta (predominantemente preta), planejamento, armas e desfecho final (suicídio) são semelhantes, como o gosto por jogos violentos. Na casa dos assassinos de Suzano, a polícia encontrou dois cadernos com nomes de jogos de internet e táticas de jogos de combate, segundo o G1.
No perfil [já deletado] de Luiz Henrique no Facebook, um dos assassinos de Suzano, havia fotos de jogos de tiro, assim como no de Guilherme Taucci [também deletado] havia referência a séries e filmes com o mesmo teor.
Em um fórum chamado "Outer Space", aparentemente voltado para amantes de games e do mundo digital, os usuários comentaram a tragédia de Suzano, informando algo crucial para a compreensão da motivação do crime:
"Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, era um dos atiradores que matou cerca de 10 pessoas na escola Raúl Brasil, em Suzano. O jovem assassino fazia parte de um grupo de cinco pessoas que tiveram a infeliz idéia de matar as crianças naquela escola. A arma do crime estava com skin igual do jogo free Fire", diz um dos usuários.
O jogo "Free Fire" virou uma febre no Brasil em 2018, sendo o mais baixado do segmento. Ele consiste em mapas onde os jogadores tem a missão de matar uns aos outros para sobreviver. Vence o que fica por último. Na imagem de capa dessa matéria, o personagem ao lado do corpo de Guilherme faz parte desse jogo.
Na imagem é possível observar que o personagem uma uma "besta", ou arco e flecha, assim como utilizou Guilherme, além de facas e armas de fogo. É impossível não associar ambos e perceber a relação de influência, ainda que a informação do fórum careça de confirmação.