O Papa Bento XVI quando escreveu o livro:
“Jesus de Nazaré” afirmou que, da mesma forma como o diabo tentou nosso Senhor
sugerindo-Lhe que transformasse pedras em pães, assim também a Igreja, ao longo
de seus milênios de existência, foi e é tentada pelo mesmo adversário a
erradicar a miséria do mundo matando a fome de seus habitantes. Por vezes,
líderes da Igreja, inclusive alguns bens intencionados, sentiram-se fracassados
por acreditarem ser esta a missão exclusiva da Igreja nesta Terra e impotentes
diante da afirmação do próprio Mestre: “Pobres, sempre tereis entre vós”.
(Jo12,8).
Como bem recordou recentemente o Cardeal
Sarah: “A Igreja está gravemente equivocada quanto à natureza da crise real se
ela acha que a sua missão essencial é oferecer soluções para todos os problemas
políticos relacionados com a justiça, a paz, a pobreza, a recepção de migrantes
etc., enquanto negligencia a evangelização”. Embora tudo isso seja importante,
claro, ela jamais deve descurar de sua missão primária que é a de levar Cristo
aos homens. Somente Ele pode revelar o homem ao próprio homem! (Veritatis
Splendor).
Na década de 70, um grupo de teólogos na
América Latina, inspirando-se no método sócio-analítico-marxista, fez uma
releitura da Sagrada Escritura e da própria Teologia e criaram a Teologia da
Libertação. Partindo do pressuposto verdadeiro de que Cristo Jesus liberta o
homem de todas as suas prisões, sobretudo daquela que é a origem de todas as
demais: o pecado; caíram no erro de reduzir a pobreza material a uma espécie de
categoria teológica como a única inerente ao homem!
Tal análise, caiu consequentemente numa visão
unilateral esquecendo-se de que, como nos diz o livro do Apocalipse, diante de
Deus todo homem é miserável, pobre, cego e nu! (Cf. Ap. 3,17). Ou seja, lutando
pela bandeira ideológica de um partido dos pobres com o propósito de que todos
tivessem o que chamavam de “vida plena”, não se deram conta de que ainda que
todas as necessidades materiais do homem sejam supridas, este mesmo homem tem
uma alma que é imortal e que tem sede de um Deus que é infinito!
É por esta razão que, embora muitos países de
primeiro mundo tenham as necessidades materiais básicas de sua população
supridas, mesmo assim, gastam em demasia com ansiolíticos e antidepressivos,
pois, como nos disse nosso Senhor, a vida de um homem não consiste na
acumulação de bens. (cf. Lc12,16).
Assim, o que era previsível aconteceu: os
pobres buscavam os mantimentos mensais nos círculos de reflexão marxista e iam
se alimentar da Palavra nas seitas protestantes, que, neste meio tempo, nadaram
de braçada! De fato, nosso Senhor respondeu ao maligno: “Nem só de pão vive o
homem, mas de toda Palavra da boca de Deus”. (Mt4,4).
Percebendo seu método ineficaz de se
disseminar, caindo no descrédito e em plena agonia, a mesma famigerada Teologia
da Libertação, percebendo ainda que seu conceito de “pobre” era ineficaz e
muito distante que estava e está de compreender a pobreza evangélica que é algo
muito mais abrangente, ressurge com o mesmo método, mas com uma nova bandeira:
uma espécie de “ecossocialismo”, uma releitura marxista de nossos tempos. O
“crucificado” não é mais o pobre material, mas a “Mãe Terra” que grita por
libertação! A mesma ideologia trocou de roupa!