terça-feira, 5 de novembro de 2019

Cardeal Ruini: "Ordenar sacerdotes casados seria um erro".


O Cardeal Camillo Ruini, que foi Vigário da Diocese de Roma e, durante 16 anos, presidente dos bispos italianos, afirmou que a possível ordenação sacerdotal de diáconos casados seria um erro e assegurou que a possibilidade de que um sacerdote casado se divorcie seria um fracasso.

Em uma entrevista concedida ao jornal italiano ‘Corriere dela Sera’, o Cardeal Ruini refletiu sobre alguns pontos polêmicos do recente Sínodo da Amazônia.

Reconheceu que, “na Amazônia, e também em outras partes do mundo, há uma grave carência de sacerdotes e as comunidades cristãs se veem frequentemente privadas da Missa”. Nesse contexto, “é compreensível que haja uma demanda por ordenar sacerdotes os diáconos casados e nesse sentido se orientou a maioria no Sínodo”.

Entretanto, seria uma medida equivocada, porque, por um lado, “o celibato dos sacerdotes é um grande sinal de dedicação total a Deus e ao serviço dos irmãos, especialmente em um contexto erotizado como o atual. Renunciar a ele, inclusive de uma forma excepcional, seria uma cessão ao espírito do mundo que sempre tenta se introduzir na Igreja e que dificilmente se limitaria a casos excepcionais como o da Amazônia”.

“E, por outro lado, hoje o matrimônio está profundamente em crise: os sacerdotes casados e seus consortes ficariam expostos aos efeitos desta crise e suas condições humanas e espirituais poderia não resistir”.

Perguntado se um sacerdote divorciado seria um fracasso, sua resposta foi taxativa: “Isso mesmo”.

Durante a entrevista, o Cardeal Ruini também expôs sua experiência com o celibato. “Viver o celibato não foi fácil para mim: é um grande dom que o Senhor me deu. Porém, não padeci o peso de não ter filhos, talvez porque tive o afeto de muitos jovens. Sobre a falta de uma família própria, estou muito unido à minha irmã Donata e tenha a sorte de viver com pessoas que, para mim, são como uma família”.

Eucaristia foi profanada em duas igrejas na Venezuela


O Bispo de Guarenas, Dom Gustavo García Naranjo, denunciou que em menos de dez dias a Eucaristia foi profanada em dois templos do Vicariato de Barlavento, no estado venezuelano de Miranda.

Segundo uma nota enviada em 3 de novembro à ACI Prensa, agência em espanhol do Grupo ACI, pelo jornalista Ramón Antonio Pérez, neste domingo o bispo presidiu uma Missa de reparação às 15h (hora local) na paróquia de Santa Rosa de Lima, um dos locais afetados do Vicariato de Barlovento.

No início da manhã de 2 de novembro, a Paróquia de San Fernando del Guapo foi profanada, no município de Páez. Segundo relatos, indivíduos desconhecidos roubaram o Sacrário, dois sinos e dois ventiladores, depois de forçar a fechadura de entrada.

"Devem ser as mesmas pessoas que roubaram na igreja de Santa Rosa de Lima em El Clavo, onde também profanaram o Sacrário", disse o bispo de Guarenas após recordar a primeira profanação ocorrida em 25 de outubro no município de Acevedo.

China: Católicos se entrincheiram em Igreja para evitar demolição


Há alguns dias, um grupo de sacerdotes e paroquianos se entrincheirou em uma igreja católica na província chinesa de Hebei para tentar impedir que o governo a derrubasse, segundo relatos.

O protesto começou às 6h de quinta-feira, 31 de outubro, na igreja de Wu Gao Zhang, parte do distrito de Guantao em Hebei, na costa norte da China. As autoridades ordenaram que a igreja fosse destruída, mesmo sendo totalmente reconhecida e aprovada pelo governo. Segundo AsiaNews, as autoridades locais indicaram que o edifício não possui licenças adequadas.

Em setembro de 2017, a China promulgou novos regulamentos estritos para a religião. Desde então, as autoridades têm estado vigilantes para que os requisitos para as licenças sejam cumpridos. Igrejas que não cumprem são destruídas.

Segundo AsiaNews, muitos católicos chineses dizem que o acordo entre a Santa Sé e a China em setembro de 2018 incentivou o governo a tomar medidas punitivas contra católicos que não pertencem a igrejas aprovadas pelo estado.

Segundo relatos, funcionários públicos afirmam que "o Vaticano nos apoia" e ordenaram a destruição de outras 40 igrejas.

Durante décadas, a Igreja na China ficou dividida entre a Associação Católica Patriótica Chinesa, uma igreja estatal sob o controle do Partido Comunista Chinês e a Igreja clandestina que estava em plena comunhão com a Santa Sé. O acordo de 2018, cujos detalhes não foram publicados, pretendia unificar as duas comunidades eclesiásticas, embora vários relatos da China indiquem que sacerdotes e leigos que se recusam a adorar nas igrejas administradas pelo governo enfrentam uma maior perseguição.

Nas províncias de Jiangxi e Fujian, no leste da China, os sacerdotes que se negaram a assinar acordos que os vinculavam aos regulamentos do governo foram expulsos de suas casas e tiveram suas igrejas fechadas. O governo chinês proibiu que os sacerdotes que não estejam de acordo viajem e muitos foram obrigados a se esconder.

Sacerdote queima réplicas de imagem polêmica da “Pachamama” no México


Pe. Hugo Valdemar, cônego penitenciário da Arquidiocese Primaz do México, queimou réplicas de papel da polêmica imagem da "Pachamama", que acompanhou várias atividades no Sínodo da Amazônia em outubro deste ano.

O sacerdote realizou o que considera um ato de desagravo, em 3 de novembro, com um grupo de fiéis no templo liderado por ele no centro da Cidade do México.

Diversas estátuas que depois foram identificadas pelo Papa Francisco como "Pachamama", divindade da região andina da América do Sul, foram o centro da polêmica durante o Sínodo da Amazônia, realizado no Vaticano de 6 a 27 de outubro.

As imagens, que mostram uma mulher grávida nua, foram consideradas por alguns como "Nossa Senhora da Amazônia", enquanto outros as assinalaram como representações da “mãe terra”.

Paolo Ruffini, prefeito do Dicastério de Comunicação do Vaticano, disse em uma coletiva de imprensa que "a imagem representava a vida, a fertilidade e a mãe terra".

As estátuas foram utilizadas em diversas atividades realizadas durante o Sínodo, em espaços como os Jardins do Vaticano, a Praça de São Pedro e a igreja de Santa Maria em Traspontina, em Roma.

Dois homens não identificados roubaram as estátuas guardadas na igreja de Santa Maria em Traspontina e as jogaram no rio Tibre, em Roma. As imagens foram recuperadas pelas autoridades locais.

Em diálogo com ACI Prensa, agência em espanhol do Grupo ACI, Pe. Valdemar, diretor de Comunicação da Arquidiocese do México por 15 anos, durante o governo pastoral do Cardeal Norberto Rivera, destacou que a cerimônia de desagravo foi feita “na Reitoria de Nossa Senhora da Guadalupe, Rainha da Paz, uma pequena igreja no centro histórico da Cidade do México, onde, aliás, viveu o beato e mártir mexicano Miguel Agustín Pro”.

A razão para esta cerimônia, explicou, foi que "nas semanas anteriores nas quais o Sínodo da Amazônia foi realizado, muitas pessoas ficaram escandalizadas, irritadas e feridas pelos sacrilégios cometidos em Roma".

"Pediam-me que fizéssemos algo, que não podíamos ser indiferentes, que o agravo a Deus e a sua Mãe Santíssima eram intoleráveis”, disse.

"E lendo a estupenda carta do grande e corajoso bispo (Athanasius) Schneider, decidi fazer a oração de desagravo que propôs e também adicionar dez deprecações para pedir perdão a Deus por iguais ofensas feitas à santidade divina com a adoração blasfema das Pachamamas".

Pe. Valdemar destacou que se as estátuas da Pachamama tivessem sido levadas ao Vaticano para “uma exposição ou um museu, ninguém teria reclamado. Mas não, o que fizeram foram vários atos idólatras de adoração, profanaram o túmulo de São Pedro e a igreja de Santa Maria em Traspontina, e isso os católicos não podemos tolerar”.

Tolerar estes atos, acrescentou, "seria um pecado grave e uma covardia inadmissível".

"Se os partidários da teologia indígena querem respeito, muito bem, que comecem respeitando a fé católica, os templos sagrados, deixem de fazer sincretismos diabólicos e deixaremos seus ídolos em paz", afirmou.

Como desfazer-se adequadamente de objetos abençoados que estão quebrados?

 
Ao longo do tempo, muitos objetos religiosos que foram abençoados por um sacerdote podem quebrar devido ao uso. Entretanto, todos os católicos devem ser reverentes ao desfazer-se deles de maneira adequada.

O Grupo ACI explica o que se deve fazer com as imagens, terços, crucifixos, ramos de palmeiras ou outros objetos abençoados que, de acordo com o número 1171 do Código de Direito Canônico, devem ser tratados “com reverência e não se votem ao uso profano ou a outro uso não próprio, ainda que estejam sob o domínio de particulares”.

Caso os objetos não possam ser reparados, a tradição assinala que devem ser queimados ou enterrados. Se um objeto for queimado, as cinzas também devem ser enterradas.

A tradição de devolver os objetos abençoados a terra, vem da ideia de que um objeto abençoado em nome de Deus deve voltar para Deus, da mesma maneira que uma pessoa é enterrada.

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Palavra de Vida: “Alegrai-vos com os que se alegram, chorai com os que choram” (Rm 12,15).


O apóstolo Paulo, depois de ter apresentado aos cristãos de Roma os grandes tesouros que Deus concedeu à humanidade com Jesus e com o dom do Espírito Santo, explica como corresponder a esta graça recebida, especialmente nos relacionamentos entre eles e com todos.

O apóstolo convida todos a passar do amor simplesmente para com aqueles que partilham a mesma fé, ao amor evangélico, para com todos os seres humanos. Porque, para os crentes, o amor não tem fronteiras, nem se pode limitar só a alguns.

Um pormenor interessante: em primeiro lugar, encontramos a partilha da alegria com os irmãos. De facto, de acordo com o grande Padre da Igreja, João Crisóstomo, a inveja torna muito mais difícil partilhar a alegria dos outros do que os seus sofrimentos.

Viver assim poderá parecer uma montanha de tal maneira inacessível que não poderemos escalá-la, ou um cume tão alto que não vamos conseguir atingi-lo. No entanto isto pode tornar-se possível para os crentes, porque são apoiados pelo amor de Cristo, do qual nada, nem ninguém os poderá jamais separar (cf Rom 8,35).

“Alegrai-vos com os que se alegram, 
chorai com os que choram”

Comentando esta frase de Paulo, Chiara Lubich escreveu: «Para amar cristãmente, é preciso “fazer-se um” com cada irmão […], entrar o mais profundamente possível no espírito do outro. Compreender realmente os seus problemas e as suas exigências. Partilhar os seus sofrimentos e as suas alegrias. Dedicar-se a cada irmão. Tornar-se, de certa maneira, o outro, ser o outro. O cristianismo é isto: Jesus fez-se homem, fez-se um de nós, para nos tornar Deus. Deste modo, o próximo sente-se compreendido e aliviado» (1) .

É um convite a pôr-se “na pele do outro”, como expressão concreta de uma verdadeira caridade. Talvez o amor de uma mãe seja o melhor exemplo para ilustrar esta Palavra posta em prática: a mãe sabe partilhar a alegria de um filho que está alegre, bem como o choro daquele que sofre, e faz isto sem julgar, livre de quaisquer preconceitos.

domingo, 27 de outubro de 2019

Alvo de investigação do MP, Arautos do Evangelho refutam denúncias exibidas no programa 'Fantástico' da Tv Globo


No último domingo, 20, o Fantástico (TV Globo) exibiu uma reportagem, de aproximadamente 15 minutos, expondo denúncias de ex-integrantes da ordem religiosa Arautos do Evangelho. Os relatos acusam a ordem de praticar abuso sexual, violência, racismo e lavagem cerebral. Esta semana, o Ministério Público instaurou um inquérito para investigar as denúncias em Nova Friburgo.

Aqueles que moram na Serra da Cantareira, acostumados com o silêncio, foram surpreendidos com a cacofonia de um helicóptero. Era a TV Globo sobrevoando as principais Casas de Formação dos Arautos do Evangelho (AE). Mais tarde, soube-se que o intuito era recolher imagens para o programa Fantástico.

A perseguição jornalística contra os AE teve início com um grupo de ex-membros ressentidos e meia dúzia de pais e  mães que não entendem a vocação religiosa dos filhos. A esse grupo começou a se juntar o bas-fond da sociedade. Portais de comunicação cujo dono é presidiário, revistas falidas, lunáticos que veem em cada padre um abusador, em cada bispo um cúmplice. Agora a Rede Globo, intitulada nas redes sociais de “Globo Lixo”, une-se à quadrilha também.

Os depoimentos colhidos pela mídia corrompida, quando não são anônimos, são simplesmente desprezíveis. Veja o caso do falso depoimento de Alex Ribeiro de Lima. Este inescrupuloso homem, mesmo depois de desmascarado após seu pronunciamento à falida Revista IstoÉ, foi acolhido pelo Fantástico.

O Padre Alex Brito e a Madre Mariana Morazzani concederam uma entrevista de 40 minutos ao Fantástico. Mas eles não divulgaram nem mesmo 3 minutos do pronunciamento. 
Ademais, Rosi Piva, a advogada que difamou os Arautos na TV Globo responde a processo na Justiça Criminal: 
 

Documento do Sínodo Amazônico propõe estruturas burocráticas e novas opções pastorais


O documento final do Sínodo da Amazônia, publicado este sábado 26 de outubro, propõe novas opções pastorais e estruturas burocráticas.

O texto de 30 páginas e 120 pontos está dividido em uma introdução, quatro capítulos e uma breve conclusão. Os capítulos correspondem à conversão pastoral, cultural, ecológica e sinodal.

Na introdução, os participantes do Sínodo fazem um diagnóstico general sobre a Amazônia e afirmam que esta região “hoje é uma formosura ferida e deformada, um lugar de dor e violência. Os atentados contra a natureza têm consequências contra a vida dos povos”.

“Esta única crise sócio-ambiental se refletiu nas escutas pré-sinodais que assinalaram as seguintes ameaças contra a vida: apropriação e privatização de bens da natureza, como a própria água; as concessões madeireiras legais e o ingresso de madeireiras ilegais; a caça e a pesca predatórias; os mega-projetos não sustentáveis (hidrelétricas, concessões florestais, exploração massiva de madeira, monoculturas, estradas, hidrovias, ferrovias e projetos mineiros e petroleiros); a contaminação ocasionada pela indústria extrativa e os lixões das cidades e, sobretudo, a mudança climática”, prossegue o texto no parágrafo ou numeral 10.

Estas, indica o documento, “são ameaças reais que trazem associadas graves consequências sociais: enfermidades derivadas da contaminação, o narcotráfico, os grupos armados ilegais, o alcoolismo, a violência contra a mulher, a exploração sexual, o tráfico e tráfico de pessoas, a venda de órgãos, o turismo sexual, a perda da cultura originária e da identidade (idioma, práticas espirituais e costumes), a criminalidade e assassinato de líderes e defensores do território”.

“Por trás de tudo isso estão os interesses econômicos e políticos dos setores dominantes, com a cumplicidade de alguns governantes e de algumas autoridades indígenas. As vítimas são os setores mais vulneráveis, as crianças, jovens, mulheres e a irmã mãe terra”, continua o texto.

Em relação à conversão pastoral, o documento final do Sínodo propõe uma  "Igreja em saída missionária",  uma "Igreja samaritana, misericordiosa, solidária", uma "Igreja em diálogo ecumênico, interreligioso e cultural" que "leva-se a cabo especialmente com as religiões indígenas e os cultos afrodescendentes",  uma "Igreja missionária que serve e acompanha aos povos amazônicos", uma "Igreja com rosto indígena, camponês e afrodescendente", uma "Igreja com rosto migrante" uma  "Igreja com rosto jovem" e uma Igreja "que percorre novos caminhos na pastoral urbana".

Em relação à conversão cultural, o texto indica no parágrafo 48 que “a Igreja promove a salvação integral da pessoa humana, valorizando a cultura dos povos indígenas, falando de suas necessidades vitais, acompanhando os movimentos em suas lutas por seus direitos".

Mais adiante, no número 55, o documento final afirma que “a evangelização que hoje propomos para a Amazônia, é o anúncio inculturado que gera processos de interculturalidade, processos que promovem a vida da Igreja com uma identidade e um rosto amazônico". Em nenhum momento se fala da evangelização da cultura nem do anúncio direto de Jesus Cristo, nem da conversão.

No que diz respeito à conversão ecológica, o texto assinala no parágrafo 65 que “nosso planeta é um dom de Deus, mas sabemos também que vivemos a urgência de atuar frente a uma crise socioambiental sem precedentes" e propõem caminhar "para uma ecologia integral da encíclica Laudato Sì".

Segundo o parágrafo 74 do documento, "o papel da Igreja é o de aliada. Eles (os indígenas) expressaram claramente que querem que a Igreja os acompanhe, que caminhe junto a eles, e não que lhes imponha um modo de ser particular, um modo de desenvolvimento específico que pouco tem que ver com suas culturas, tradições e espiritualidades. Eles sabem como cuidar a Amazônia, como amá-la e protegê-la; o que precisam é que a Igreja os apoie".

No número 82 do texto se propõe logo “definir o pecado ecológico como uma ação ou omissão contra Deus, contra o próximo, a comunidade e o ambiente". "Também propomos criar ministérios especiais para o cuidado da “casa comum” e a promoção da ecologia integral a nível paroquial e em cada jurisdição eclesiástica", prossegue o documento final.