O apóstolo Paulo, depois de ter apresentado
aos cristãos de Roma os grandes tesouros que Deus concedeu à humanidade com
Jesus e com o dom do Espírito Santo, explica como corresponder a esta graça
recebida, especialmente nos relacionamentos entre eles e com todos.
O apóstolo convida todos a passar do amor
simplesmente para com aqueles que partilham a mesma fé, ao amor evangélico,
para com todos os seres humanos. Porque, para os crentes, o amor não tem
fronteiras, nem se pode limitar só a alguns.
Um pormenor interessante: em primeiro lugar,
encontramos a partilha da alegria com os irmãos. De facto, de acordo com o
grande Padre da Igreja, João Crisóstomo, a inveja torna muito mais difícil
partilhar a alegria dos outros do que os seus sofrimentos.
Viver assim poderá parecer uma montanha de tal
maneira inacessível que não poderemos escalá-la, ou um cume tão alto que não
vamos conseguir atingi-lo. No entanto isto pode tornar-se possível para os
crentes, porque são apoiados pelo amor de Cristo, do qual nada, nem ninguém os
poderá jamais separar (cf Rom 8,35).
“Alegrai-vos com os que se alegram,
chorai com os que choram”
Comentando esta frase de Paulo, Chiara Lubich
escreveu: «Para amar cristãmente, é preciso “fazer-se um” com cada irmão […],
entrar o mais profundamente possível no espírito do outro. Compreender
realmente os seus problemas e as suas exigências. Partilhar os seus sofrimentos
e as suas alegrias. Dedicar-se a cada irmão. Tornar-se, de certa maneira, o
outro, ser o outro. O cristianismo é isto: Jesus fez-se homem, fez-se um de
nós, para nos tornar Deus. Deste modo, o próximo sente-se compreendido e
aliviado» (1) .
É um convite a pôr-se “na pele do outro”, como
expressão concreta de uma verdadeira caridade. Talvez o amor de uma mãe seja o
melhor exemplo para ilustrar esta Palavra posta em prática: a mãe sabe
partilhar a alegria de um filho que está alegre, bem como o choro daquele que
sofre, e faz isto sem julgar, livre de quaisquer preconceitos.
“Alegrai-vos com os que se alegram,
chorai com os que choram”
Para viver o amor nesta dimensão, sem nos
fecharmos só nas nossas preocupações, nos nossos interesses, no nosso mundo, há
um segredo: reforçar a união com Deus, o relacionamento com Aquele que é a
própria fonte do Amor. Com efeito, diz-se que a copa de uma árvore corresponde,
em muitos casos, ao diâmetro das suas raízes.
Assim acontecerá conosco: se fizermos com que
a nossa relação com Deus cresça em profundidade todos os dias, crescerá também
em nós o desejo de partilhar a alegria e levar os pesos daqueles que estão ao
nosso redor. O nosso coração abrir-se-á e tornar-se-á cada vez mais capaz de
abraçar tudo aquilo que o irmão, que está ao nosso lado, está a viver no
momento presente. Por sua vez, o amor ao irmão far-nos-á entrar mais ainda na
intimidade com Deus.
Vivendo assim, veremos uma mudança nos
ambientes onde estamos, começando pelos relacionamentos dentro da nossa
família, na escola, no local de trabalho, na comunidade, e experimentaremos,
cheios de gratidão, que o amor sincero e gratuito, mais cedo ou mais tarde, é
correspondido, tornando-se recíproco.
É esta a experiência forte de duas famílias:
uma cristã e outra muçulmana que partilharam dificuldades e momentos de
esperança. Quando o Ben adoeceu gravemente e esteve no hospital, a Tatiana e o
Paulo acompanharam a sua mulher, Basma, e os seus dois filhos, até ao fim. Na
dor da perda do marido, a Basma agora reza, com os seus amigos cristãos, por
uma outra pessoa gravemente doente, com o seu tapete voltado para Meca.
A Basma confidenciou-nos «A maior alegria é
sentir que somos parte de um corpo, em que cada um deseja profundamente o bem
do outro».
Letizia Magri
1) C. Lubich, O amor recíproco: núcleo fundamental da espiritualidade da
unidade – encontro dos ortodoxos, Castel Gandolfo, 30 de março 1989, p. 4.
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Movimento dos Focolares
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