A República Democrática do Congo (RDC) foi engolfada numa nuvem de medo por causa dos crescentes ataques a cristãos, no que um bispo católico do país centro-africano descreveu como “caminho rumo à islamização” que se pode ver nas mesquistas que não param de brotar no país.
O bispo Melchisedec Sikuli Paluku fez à organização pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN na sigla em inglês) um relato de cristãos sendo sequestrados e recebendo nomes muçulmanos contra sua vontade e de mesquitas sendo construídas em toda parte.
Dom Paluku, bispo da diocese de Butembo-Beni desde agosto de 1998 diz que as pessoas por trás da perseguição têm “um grande plano de islamizar ou expulsar as populações locais”.
A principal organização envolvida nos sequestros e ataques na região chama-se Forças Democráticas Aliadas (ADF na sigla em inglês), grupo que não se identifica como islâmico. Mesmo assim, o bispo acusa-os de promover a islamização.
“Todos os que foram sequestrados pelos grupos terroristas e escaparam com vida relatam a mesma coisa”, diz. “Eles têm que escolher entre a morte e a conversão ao islã”. Depois, continua dom Paluku, “eles recebem nomes muçulmanos para cimentar sua identidade. Além disso, mesmo aqueles que vivem na diocese e não passaram por essa experiência traumática podem contar que mesquitas estão brotando em toda parte.”
O bispo conta que, por muitos anos, o líder líbio Muammar Gaddafi (1961-2011) teve interesse na RDC e doou muito dinheiro para a construção de mesquitas no país. Hoje, segundo dom Paluku, “há outras fontes.” Os grupos armados se envolvem com atividades lucrativas para se financiar.
“É fácil ver que a islamização não é a única motivação deles”, disse o bispo. “A região é abundante em recursos naturais e eles estão sendo explorados de modo completamente ilegal”.
“Como se pode explicar as refinarias de columbita-tantalita que operam em Ruanda, país que não tem esses recursos”, pergunta dom Paluku. A columbita-tantalita é um minério do qual se extraem nióbio e tântalo, utilizados em aparelhos eltrônicos miniaturizados como celulares.