O teólogo norte-americano Thomas Weinandy disse ser "tolice" negar que o "Caminho Sinodal" alemão esteja buscando mudanças que seriam cismáticas. O padre capuchinho fez o comentário dias depois que o bispo de Limburg, dom Georg Bätzing, presidente da conferência episcopal Alemã, afirmar que os católicos alemães não são cismáticos nem buscam se “desprender de Roma” em entrevista a ACI Stampa, serviço em italiano do grupo ACI.
"Bem, se o Caminho Sinodal Alemão não está caminhando para o cisma, então enganou muita gente", disse Weinandy, ex-membro da Comissão Teológica Internacional do Vaticano.
"É óbvio que o Caminho Sinodal Alemão está propondo mudanças no ensinamento da Igreja que seriam cismáticas. Isto não pode ser negado, é tolice afirmar o contrário".
Em sua entrevista bispo Bätzing se referiu à jornada de bênçãos em todo o país marcada para hoje, 10 de maio, na Alemanha como forma de protesto ao "não" do Vaticano às bênçãos para uniões do mesmo sexo. O evento, organizado por padres católicos e agentes de pastoral, levou o nome de "Segnungsgottesdiensten für Liebende", ou "serviços de bênção para os que se amam".
Bätzing disse na entrevista que a questão das bênçãos foi um dos muitos tópicos abordados pelo fórum sobre moralidade sexual do Caminho Sinodal. "Pares homossexuais e casais que não podem e não querem se casar na Igreja, mas que mesmo assim desejam a bênção da Igreja, fazem parte de nossa sociedade e da Igreja", disse o bispo.
"Na Alemanha e em outras partes da Igreja Universal há muito se discute sobre como desenvolver o magistério com argumentos sólidos - com base nas verdades fundamentais da fé e da moral, no progresso da reflexão teológica e em um espírito de abertura aos últimos resultados das ciências humanas e às situações de vida das pessoas de hoje", referiu Bätzing.
Weinandy, que já foi diretor executivo do Secretariado Episcopal dos Estados Unidos para a Doutrina, acusa Bätzing de contradição.
"Por um lado, o bispo Bätzing afirma que deseja ‘esenvolver o Magistério com argumentos sólidos’. Por outro, o que ele propõe como base para sólidos argumentos de desenvolvimento são teológica e magistralmente inconsistentes e contraditórios", disse o sacerdote.
"As verdades fundamentais da fé e da moral não são compatíveis com o que o Caminho Sinodal Alemão propõe, por exemplo, com a bênção da união homossexual. Qualquer reflexão teológica proponha outra coisa está equivocada".
O padre capuchinho acrescentou que "os últimos resultados das ciências humanas", alegados por Bätzing, são "muitas vezes uma mera tentativa de aprovar o zeitgeist da época".
Ele também sugeriu que a frase "situações de vida das pessoas de hoje" não tem sentido algum.
"Sempre existiram pessoas que cometeram fornicação, ou que vivem em situações de adultério, ou que se envolvem em atos homossexuais. A diferença é que muitos hoje, inclusive bispos como Bätzing, desejam abençoar esses atos sexuais como se não fossem mais pecaminosos. Eles são e sempre serão pecaminosos", disse o padre capuchinho à Catholic News Agency, agência em inglês do grupo ACI, no último 8 de maio.
"Assim, enquanto o bispo Bätzing emprega frases com aparência de grande sabedoria e erudição, elas são meramente vazias, e muitas vezes enganosas", acrescentou.
A Congregação para a Doutrina da Fé (CDF) publicou um "Responsum ad dubium" no dia 15 de março respondendo à pergunta, "a Igreja tem o poder de dar a bênção às uniões de pessoas do mesmo sexo"? A CDF respondeu que não.
A declaração da Santa Sé suscitou protestos no mundo católico, especialmente de língua alemã. Vários bispos expressaram apoio às bênçãos de uniões do mesmo sexo, enquanto as igrejas exibiam bandeiras do movimento LGBT. Um grupo de mais de 200 professores de teologia assinaram uma declaração criticando o Vaticano.