O mundo é cheio de coincidências estranhas; quem diria que durante uma pandemia, a Igreja Católica teria uma data comemorativa para a Santa Corona, a padroeira contra epidemias? Pois bem, esse é o fato: no dia 14 de maio, a Santa Sé comemora o dia dessa mártir beatificada, que apesar de pouco conhecida, tem ganhado notoriedade em tempos de covid-19.
Sua tradição é desconhecida e sua adoração apenas comum na comunidade de Aachen (ou Aquisgrana), na fronteira entre a Alemanha e a Bélgica. Mas quem foi Santa Corona? Pra começar, a dúvida já surge no nome dela: muitos acreditam que a mulher beatificada se chamava, na verdade, Stephania, mas o nome ‘corona’ pode ter sido adotado por jogadores de azar – que a elegeram como padroeira – ou pelo termo ser o utilizado para denominar as moedas nos tempos do Império Romano.
Fato é: a Santa foi uma das mártires cristãs do início da Era Comum e foi assassinada pelos romanos no ano de 170. Não se sabe se ela foi morta em Damasco, atual capital síria, ou na Antioquia, região sul da Turquia. Os registros apontam que Corona teria sido executada com apenas 16 anos. Após ver um homem chamado Vitor ser torturado por ser cristão, ela tentou defendê-lo e acabou assumindo sua fé para os soldados romanos, que a mataram.
“Essa é uma história muito horrível”, disse Brigitte Falk, chefe da Câmara do Tesouro da Catedral de Aachen à Reuters. “Como muitos outros santos, Santa Corona pode ser uma fonte de esperança nestes tempos difíceis”, completou.
Por não se tratar de uma das santas mais populares da fé cristã, existem poucos registros sobre as reais razões da beata ser considerada a padroeira de proteção contra as epidemias. Os documentos difusos não refletem a tradição oral que dominou o legado da Santa, cujas relíquias estão guardadas na catedral de Aachen, levadas àquela região pelo rei Otto III, do Sacro Império Romano Germânico.