sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Palavra de Vida: "Quem for humilde como esta criança, será o maior no reino dos Céus" (Mt 18, 4)



Quem é o maior, o mais forte, o mais bem-sucedido na sociedade, na Igreja, na política, nos negócios?

Esta pergunta está presente nos relacionamentos, orienta as escolhas, determina as estratégias. É a lógica dominante a que recorremos, até inadvertidamente, talvez com o desejo de garantir resultados positivos e eficientes com quem está à nossa volta.

Neste ponto, o Evangelho de Mateus apresenta-nos os discípulos de Jesus que, depois de terem ouvido o anúncio do Reino dos Céus, pretendem conhecer os requisitos para serem protagonistas no novo povo de Deus: «Quem é o maior?».

Como resposta, Jesus faz um dos seus gestos imprevisíveis: coloca uma criança no centro da pequena multidão, acompanhando este gesto com as inequívocas palavras:

Quem for humilde como esta criança, 
será o maior no reino dos Céus

À mentalidade competitiva e autossuficiente, Jesus contrapõe o elemento mais frágil da sociedade, aquele que não tem funções a ostentar ou a defender; aquele que em tudo é dependente e, espontaneamente, se confia à ajuda dos outros. Não se trata, porém, de aceitar uma atitude passiva, de renunciar a ser propositivos e responsáveis, mas sim de proceder a um ato de vontade e de liberdade. De facto, Jesus pede que nos façamos pequenos, pede a intenção e o compromisso de fazermos uma decidida inversão de marcha.

Quem for humilde como esta criança, 
será o maior no reino dos Céus

Chiara Lubich aprofundou as características da criança evangélica do seguinte modo: «[…] a criança abandona-se confiadamente ao pai e à mãe: acredita no amor que eles lhe têm. […] O cristão autêntico, como a criança, acredita no amor de Deus, lança-se nos braços do Pai celeste, tem uma confiança ilimitada n’Ele. […] As crianças dependem em tudo dos seus pais […]. Também nós, “crianças evangélicas”, dependemos em tudo do Pai: […] Ele sabe aquilo de que precisamos, ainda antes de Lho pedirmos, e concede-nos. O próprio reino de Deus não se conquista, acolhe-se como uma oferta, das mãos do Pai».

Chiara sublinha ainda que a criança se entrega totalmente ao pai e aprende tudo com ele. Do mesmo modo: «A “criança evangélica” coloca tudo na misericórdia de Deus e, esquecendo-se do passado, começa em cada dia uma vida nova, disponível às sugestões do Espírito, sempre criativo. A criança não sabe aprender sozinha a falar, precisa de quem lhe ensine. O discípulo de Jesus […] aprende tudo da Palavra de Deus, até chegar a falar e a viver segundo o Evangelho». A criança tende a imitar o seu pai. «Também a “criança evangélica” […] ama a todos, porque o Pai “faz nascer o Seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos”; toma a iniciativa no amor, porque Ele nos amou quando nós éramos ainda pecadores; ama gratuitamente, sem interesse, porque assim faz o Pai celeste»(1).

É verdade que o Papa Francisco proibiu a Missa Tridentina? Por que tanta confusão?


Após a promulgação da mais recente Carta Apostólica do Papa Francisco, Traditionis Custodes, em forma de Motu Próprio, muitos católicos se manifestaram sobre o documento. Alguns contra, outros a favor. O fato é que a maioria dos católicos que acompanhou os argumentos dos dois lados ainda não entendeu o que este documento significa na prática.

Fizemos esta análise no intuito de responder alguns destes questionamentos que pairam pela mente destes católicos.

O que é um Motu Próprio?

Motu próprio é uma das espécies normativas da Igreja Católica, expedido diretamente pelo próprio Papa. A expressão motu próprio poderia ser traduzida como “de sua iniciativa própria” o que se opõe ao conceito de rescrito que é, em regra, uma norma expedida em resposta a uma dada situação. Portanto este Motu Próprio é um documento que gera normas de iniciativa do próprio papa.

O que é a Missa Tradicional (ou Tridentina)?

O rito romano é a maneira como se celebra a Santa Missa (Missal romano). Dentro do rito romano atual, existem duas formas: a forma ordinária (a mais utilizada e a mais nova, instaurada pelo Missal Romano de 1970, hoje em sua 3ª edição) e a forma extraordinária (também conhecida como a Missa Tradicional ou Missa Tridentina ou de São Pio V, ou seja, aquele ritual previsto no Missal Romano de 1570, com as sucessivas adições feitas até a última edição de 1962).

A Missa Tridentina é rezada como foi transmitida pelos apóstolos, com algumas pouquíssimas diferenças e alterações. Na Missa Tradicional, a posição do padre é voltada, na maior parte do tempo, para o altar, todos ficam de frente para o altar. É rezada em Latim e todos ficam mais tempo ajoelhados e em silêncio. É uma liturgia predominantemente penitencial. Há uma preferência também pela música sacra, canto gregoriano e a polifonia. Outra especificidade é que as mulheres procuram estar mais modestas, sempre estão usando véu sobre o cabelo; Essas são algumas das diferenças mais perceptíveis para a missa nova.

Em 2007 o papa Bento XVI publicou o Motu Proprio Summorum Pontificum que colocou novamente esta forma de celebrar a missa em destaque.

Qual era a intenção de Bento XVI ao publicar o Motu Proprio Summorum Pontíficum em 2007?

Em seu pontificado, Bento XVI desempenhou uma busca constante por uma reforma da reforma liturgica. Percebendo os graves problemas na liturgia e até mesmo na filosofia/teologia em todo mundo, tentou, com seu exemplo, popularizar o zelo pela liturgia e a eucaristia, além de “descriminalizar” e restaurar a tradição na Igreja.

Com a publicação do Summorum Pontíficum, o Papa Bento XVI queria resolver a sobreposição do Missal do Vaticano II sem a abolição do anterior. Basicamente ele permitiu que os fiéis tivessem direito de solicitar celebrações da missa e dos outros sacramentos conforme os ritos e fórmulas anteriores ao Concílio Vaticano II.

Qual a importância do Summorum Pontíficum?

Através do Summorum Pontificum muitos grupos e comunidades tradicionais tiveram respaldo para solicitar a missa na forma tradicional e, desde então, surgiram muitos grupos e comunidades tradicionais, inclusive muitos padres que passaram a se interessar pela celebração da missa tradicional.

*Importante ressaltar que estes grupos que surgiram a partir do incentivo de Bento XVI, eram grupos que seguiam o papa e o magistério, sempre submissos à igreja. E que os grupos que se opunham ao papa e ao Vaticano II já existiam muito antes da promulgação do Summorum Pontificum.

O Summorum Pontíficum de Bento XVI era respeitado?

Nem sempre… Mesmo com o documento que estabelecia que qualquer sacerdote pudesse celebrar livremente a missa tradicional, muitos bispos e “conselhos diocesanos” não respeitavam a autoridade do papa, e frequentemente perseguiam os padres/comunicades tradicionais.

Ainda assim havia um lado bom, pois muitos bispos permitiam a missa “contra a própria vontade”.

Qual a intenção do Novo Motu Proprio Traditionis Custodes do Papa Francisco?

O Papa Francisco fez mudanças radicais na carta apostólica, emitida em 16 de julho de 2021, em forma de motu proprio “Traditionis custodes” (“Guardiães da Tradição”), sobre o uso da liturgia romana anterior a 1970, restringindo as missas celebradas sob a forma extraordinária do rito romano.

O uso da forma extraordinária depende agora da autorização do bispo local a grupos que queiram a Missa tradicional (art. 2), só podendo ocorrer em igrejas em locais determinados por ele que não sejam igrejas paroquiais (art. 3, § 2), e não poderão ser autorizados novos grupos (art. 3, § 6) ou novas paróquias pessoais (art. 3, § 2).

Em teoria a sua decisão se baseia na “defesa da unidade do Corpo de Cristo” e visa combater “o uso distorcido que foi feito desta faculdade é contrário às intenções que levaram a conceder a liberdade de celebrar a Missa com o Missale Romanum de 1962”, ou seja, com esse maior controle o Papa pretende fazer que as missas tradicionais não se tornem um reduto de católicos dissidentes, que não aceitam o Magistério da Igreja, rejeitam a validade da Missa Nova, do Concilio Vaticano II e dos últimos papas.

O texto determina que os bispos “se assegurem de que estes grupos não neguem a validade do Vaticano II e do Magistério dos sumos pontífices”.

O novo Motu Próprio do Papa Francisco proíbe a missa tradicional?

Na teoria não. No artigo segundo deste novo documento, o Papa Francisco afirma que é “competência exclusiva” do bispo autorizar o uso do Missal Romano de 1962 na sua diocese, isso significa dará uma autoridade para os bispos poderem proibir e suprimir comunidades tradicionais, o que, por sinal, já acontecia com uma certa frequência em muitas dioceses, mesmo durante o motu próprio anterior, mas agora terão autoridade dada pelo Vaticano.

De acordo com o documento, o bispo deve indicar um ou mais lugares onde se pode usar a liturgia na forma extraordinária, “mas não em igrejas paroquiais e sem erigir novas paróquias pessoais”.

O Papa também manda que os bispos locais verifiquem se as paróquias pessoais já estabelecidas para que as missas sejam celebradas no rito antigo “são eficazes para o crescimento espiritual e determine se devem ou não ser mantidas”. Fica proibida a criação de novos grupos ou a ereção de novas paróquias pessoais.

A missa tradicional corre “risco de extinção”?

Sim. Por dois motivos.

Primeiro Motivo:

Muitos bispos que antes já proibiam a missa tradicional em sua diocese, desobedecendo o Summorum Pontificum, agora terão autoridade para eliminar qualquer vestígio da tradição em suas dioceses. E mesmo aqueles bispos que antes permitiam contra a própria vontade, agora poderão simplesmente desautorizar as missas vigentes, tudo isso sem uma instância superior para se recorrer.

Certamente haverão bons bispos que darão liberdade para que os padres celebrem livremente a missa tradicional em suas dioceses, porém, contudo, todavia, nós sabemos que, além de serem poucos, qualquer bispado possui prazo de validade, seja por remanejamento ou por aposentadoria.

A partir deste cenário, concluímos que a simples mudança de um bispo poderá mudar totalmente o cenário de uma diocese, e com isso todas as autorizações poderão ser revogadas, desse modo, dioceses que hoje têm a liberdade para viver a tradição, podem perder a concessão com uma simples mudança de bispo.

Alguns exemplos que podemos citar são as dioceses de Ciudad del Este (Paraguai) e Anápolis (GO) que mesmo durante a vigência do Summorum Pontificum sofreram grandes mudanças pelos bispos que sucederam seus antecessores mais tradicionais.

Segundo Motivo:

O quarto artigo do documento determina que os sacerdotes ordenados após 16 de julho de 2021, que desejem oferecer a forma extraordinária da Missa, terão de apresentar um pedido formal ao bispo diocesano, o qual consultará previamente a Sé Apostólica antes de conceder a autorização.

O quinto artigo estabelece que os padres ordenados antes de 16 de julho de 2021 e que já oferecem a Missa tradicional devem pedir autorização ao seu bispo diocesano para “continuarem a usufruir desta faculdade”.

O sexto artigo informa que, a partir da data de 16 de julho de 2021, “os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, estabelecidos pela Pontifícia Comissão Ecclesia Dei, são de competência da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica”.

Portanto Vaticano reservou para si a competência para autorização de novas comunidades e carismas, mas de modo especial as comunidades de cunho tradicional, como já haviam determinado anteriormente e reiteram neste novo motu próprio.

Portanto a partir de agora será muito mais difícil o surgimento de novos grupos e comunidades cujo carisma seja viver a tradição, uma vez que os bispos locais não têm mais autoridade para autorizá-los.

Por que a restrição à missa tradicional causou tanto espanto?

O principal motivo é porque a Missa Tradicional é um tesouro da Igreja e, aqueles que a conhecem, sabem sua celebração é algo positivo em todos os aspectos para a Santa Igreja, portanto não existe motivo para restringir sua celebração e, que ao contrário do que foi feito, deveria ser motivada.

Nas comunidades em que há maior frequência à missa tradicional, as estatísticas em relação a diversos aspectos da vida cristã são sempre superiores. Maior frequência aos sacramentos, grande número de vocações sacerdotais, religiosas, missionárias. Maior consciência da doutrina, etc.

É verdade que existem católicos tradicionais que não aceitam a autoridade do Papa e o Concílio Vaticano II, e consequentemente não estão sob o Magistério da Igreja? Esse Motu Próprio foi uma punição para eles?

Sim, existem católicos que não aceitam o papa, e também não aceitam o Vaticano II. Esses “católicos” popularmente chamados de “radtrads”, entretanto, não têm o costume de frequentar paróquias, mas participam de missas com padres e comunidades que também não estão sob a autoridade do Vaticano. Eles participam da missa exclusivamente no rito tradicional, e também não aceitam a missa nova, mesmo que seja celebrada com toda piedade, sem abusos litúrgicos e de forma solene. Nos locais onde não há missa, eles preferem assistir pelo youtube a participar da missa nova.

O maior argumento deste motu próprio segue o raciocínio de querer exterminar estes grupos e comunidades, porém, o que não se levou em consideração é que eles já não aceitam a autoridade do Vaticano, e consequentemente não serão afetados pelo novo motu próprio. Eles continuarão frequentando suas missas normalmente nos locais onde já frequentavam.

Esse motu próprio afetará, pelos motivos já citados, principalmente padres e fiéis que aceitam o Concílio Vaticano II e que estão sob a autoridade do Papa, e deste modo estão sob a jurisdição do do Vaticano.

"Nova regulamentação em Cuba busca nos calar", afirma jornalista em Cuba


A jornalista Neife Rigau, da revista independente La Hora de Cuba, disse que o Decreto-Lei 35, que regula as telecomunicações é uma tentativa do regime comunista de “silenciar a sociedade cubana” após os protestos de 11 de julho. “Com esse decreto, eles tentam silenciar a sociedade cubana e o nosso papel como jornalistas. Nosso papel é fazer com que, tanto os cubanos como o mundo, saibam o que acontece nos povoados e bairros de Cuba. Se deixarmos que nos amedrontem, deixaremos a sociedade um pouco órfã, porque estes são momentos em que o jornalismo e a comunicação são fundamentais para conseguir mudanças na ilha”, declarou a jornalista católica de 22 anos em entrevista à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI.

O governo cubano publicou, na terça-feira, 17, uma série de regras que tipificam, pela primeira vez, crimes cibernéticos, podendo resultar em sanções penais. As redes sociais e a internet, que em Cuba chegou aos celulares em 2018, foram as ferramentas que permitiram à população se organizar em diversas localidades do país para se mobilizarem exigindo liberdade e melhores condições de vida. Em Cuba, o governo comunista controla os meios de comunicação de massa, como rádios, televisão e jornais impressos.

Através de fotos e vídeos das marchas compartilhadas nas redes sociais, foi possível difundir a repressão do regime aos protestos para outros países. Por causa desse fluxo de informação, o governo cortou o serviço de internet em toda a ilha durante quase uma semana enquanto respondia com violência, detenções arbitrárias e julgamentos sumários.

A ONG espanhola de defesa legal dos direitos humanos, Prisoners Defenders, reportou em 3 de agosto uma lista de 272 condenados e presos políticos, num período de 20 dias, após o início dos protestos.

“Não é novidade o fato deles terem agido de forma repressiva contra os cidadãos que se expressam através das redes sociais. Mas agora eles têm apoio legal para exercer esse tipo de ação” com o novo decreto, disse Rigau.

As novas regras estabelecem 17 delitos de “cibersegurança”, tipificados em níveis de “periculosidade” que vão de “média” a “muito alta”.

De acordo com a mídia independente El Diario de Cuba, agora é crime “compartilhar nas redes sociais notícias falsas, mensagens ofensivas ou ‘difamação com impacto no prestígio do país`, sendo este último caso algo bastante ambíguo”.

“Serão consideradas como ´difusão prejudicial` as publicações de conteúdos que ´violem os preceitos constitucionais, sociais e econômicos do Estado` ou que ´incitem à mobilização ou a outros atos que alterem a ordem pública; difundam mensagens que façam apologia à violência, acidentes de qualquer tipo que afetem a intimidade e dignidade das pessoas`”, continuou o jornal.

A jornalista Rigau, que mora em Camagüey, disse à ACI Prensa que “diante do Decreto-Lei 35 não nos resta outra opção a não ser continuar nos expressando, fazendo jornalismo e denunciando as injustiças e falsidades que o regime cubano tenta mostrar ao mundo”.

“As ações repressivas do governo contra os jornalistas, repórteres e comunicadores vão desde a prisão domiciliária ou prisão até coisas mais simples, como o corte da internet durante horas ou dias, como eles vêm fazendo há anos”, disse a jornalista, que também trabalhou para a Conferência dos Bispos Católicos de Cuba e na Pastoral Juvenil Inaciana da Companhia de Jesus.

Em Cuba, não há liberdade de imprensa porque a Constituição proíbe a propriedade privada dos meios de comunicação social. Embora existam alguns meios de comunicação independentes na internet, eles têm pouco alcance porque a internet é de má qualidade e cara. Além disso, o acesso público ao wi-fi gratuito é praticamente inexistente.

A ONG francesa, Repórteres Sem Fronteiras, afirmou que “Cuba continua sendo, ano após ano, o país com a pior qualificação em matéria de liberdade de imprensa na América Latina” e que a nomeação de Díaz-Canel em 2018 não gerou nenhuma mudança.

O regime cubano detém um monopólio quase absoluto da informação e tenta entravar, por todos os meios, o trabalho da imprensa independente com detenções arbitrárias, ameaças de prisão, perseguição, assédio, buscas domiciliárias ilegais, confisco e destruição de material jornalístico, afirmou a ONG.

Na entrevista com a ACI Prensa, Neife Rigau contou que também sofreu pessoalmente a repressão do regime contra a imprensa.

No dia 11 de julho, ela e seus colegas Henry Constantin e Iris Mariño foram detidos durante 10 dias e acusados de suposto delito de desordem pública, apesar de só terem feito a cobertura das manifestações para o seu jornal, La Hora de Cuba.

“Eles abriram um processo judicial contra nós, que durou 42 dias, até o dia 23 de agosto passado. A promotoria encerrou o caso e pôs fim à prisão domiciliar. Mas fomos obrigados a pagar uma multa de 1000 pesos cubanos”, contou ela.

Muitas pessoas “ainda estão sendo processadas ou condenadas por participar do 11 de julho ou por terem publicado vídeos sobre aquele dia”, disse Rigau. “Todos os casos foram julgados como crimes comuns, como desordem pública, desacato ou atentado”, juízo que o governo utiliza “contra opositores e ativistas pelos direitos humanos”, acrescentou.

Sobre o uso da internet na ilha, Neife Rigau explicou que, nos últimos meses e em anos anteriores, muitas pessoas foram citadas “pela segurança do Estado por fazerem comentários ou publicações nas redes sociais, sobretudo no Facebook, que é a rede mais utilizada em Cuba”.

“Em 2018 começou a haver uma certa abertura com a implementação das comunicações através de dados móveis. Desde aquele momento, as redes sociais desempenharam um bom papel ao denunciar tudo aquilo que não pode ser feito de forma presencial, porque é arriscado e porque finalmente os resultados não seriam os mesmos”, afirmou.

Padre exorcista adverte contra amuletos e superstição



Diante da popularidade do amuleto conhecido como olho turco ou olho grego, o padre Alberto Medel, do Colégio de Exorcistas da arquidiocese primaz do México fez uma advertência sobre o perigo espiritual de “aceitar no coração crenças absurdas”. “Nenhum amuleto é positivo e nenhum amuleto é capaz de dar proteção”, disse o padre à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI.

Um amuleto, “como qualquer outro objeto supersticioso, afasta a pessoa de Deus, porque é, sobretudo, uma expressão de desconfiança no poder de Deus e, mais ainda, de desconhecimento de seu amor”, disse o sacerdote. Só Deus tem uma força superior “e uma pessoa de fé, naturalmente, confia nesse poder de Deus”.

O sacerdote mexicano também descartou que se possa usar amuletos de forma puramente decorativa, pois “o problema é que esse tipo de objetos não deixa de ter uma forte carga simbólica”. “Quer dizer, eu posso até não acreditar no suposto poder que ele tem. No entanto, se alguém que visita minha casa ou vê que eu carrego isso pendurado, ainda que seja só de adorno ou porque eu gosto, certamente ficará confusa”, disse o padre. Para ele, usar um amuleto “é faltar com o testemunho, pois se alguém que me vê com essas coisas pode achar que eu acredito nisso”.

“Não convém usar esse tipo de coisas por causa do testemunho que devemos dar em nossas casas, em nossos locais de trabalho”, afirmou o padre Alberto.

Três perigos ao usar amuletos

O padre Alberto Medel disse que, quando um cristão usa amuletos, “enfrenta três perigos”.

“O primeiro, o mais importante”, afirmou, é que “o cristão se afasta de Deus, porque confia mais em uma coisa que no próprio Deus”.

“O simples fato de acreditar que isso poderia ter algum poder nos faz desconfiar de Deus e confiar em algo que não é Deus”, disse ele.

O segundo perigo do uso de amuletos, continuou, é que “aumenta em nós os medos e as ideias vagas, imprecisas, que vêm da ignorância de nossa fé, de que coisas ou pessoas fora de Deus têm algum tipo de poder sobre nós”. “O Senhor nos deu a liberdade e, com isso, a capacidade de poder escolher sobre nós mesmos. E como a liberdade é afetada pelo pecado, também nos enriqueceu com a graça da salvação que Cristo conquistou para nós na cruz e que aperfeiçoa a nossa debilidade”.

“Um cristão deveria estar especialmente atento a esses dons de Deus. Se utiliza este tipo de objetos, ele despreza todos esses dons e praticamente vive na orfandade, confiante em que essas coisas podem lhe atrair aquilo que lhe disseram que pode lhe dar”, lamentou.

O terceiro perigo que enfrenta o cristão ao usar amuletos, acrescentou, “é o de dar um falso testemunho da sua fé”.

Cuidado com o uso supersticioso de imagens religiosas

Além dos amuletos, o sacerdote advertiu que os cristãos podem cair no “uso inadequado de imagens religiosas”. “Sabemos que, em nossa fé e em nossa prática cristã, é possível utilizar imagens sagradas, medalhas e outros tipos de objetos de devoção que servem como sinal de nossa pertença à fé”, disse o padre. “No entanto, há pessoas que também os usam como objeto supersticioso”, afirmou. “Uma pessoa supersticiosa usa esse olho turco da mesma forma como usa uma cruz: não com fé, não com devoção, mas com superstição, pensando que o crucifixo, a imagem de Nossa Senhora, vão lhe dar algum tipo de proteção ou será uma espécie de amuleto que vai lhe trazer boa sorte”.

“O uso lícito dos sinais e dos símbolos sagrados é para ajudar a que a pessoa se aproxime de Deus, que saiba que está acompanhada por Ele e, sobretudo, para mostrar publicamente, através desses sinais, sua pertença à fé”, afirmou o padre.

Cristãos afegãos desesperados são barrados no aeroporto, dizem grupos de ajuda



Com o tempo para resgatar civis que fogem do Talibã acabando, cristãos afegãos estão sendo barrados no aeroporto da capital Cabul, disseram representantes de organismos de ajuda à CNA, agência em inglês do grupo ACI.

“Meus contatos em vários grupos que trabalham no resgate dos que ainda estão em perigo no Afeganistão _que devem ficar anônimos_ dizem que o Departamento de Estado (dos EUA) não está seguindo as listas que pediu que as organizações compilassem _mesmo tendo elas mandado as listas várias vezes.” Disse Faith McDonnell, da Katartismos Global, organização anglicana com sede na Virginia, EUA. “Parece que, no momento, ninguém tem prioridade, a não ser que tenha algum tipo de conexão especial dentro do aeroporto”, disse ela.

“Várias organizações relataram que, mesmo que os aviões dessas organizações tenham listas de passageiros, o pessoal do aeroporto está embarcando pessoas diferentes das que estão na lista nos aviões que estão partindo”, disse McDonnell. “Outros relataram que, às vezes, uma agência do governo rejeita pessoas que outra agência do governo aprovou e tentou trazer ao aeroporto”.

Rondando a crise humanitária que se aprofunda, há um prazo que expira na sexta-feira para as operações de retirada de civis no aeroporto de Cabul, para abrir caminho para o transporte dos 5,4 mil militares que ainda estão no país e têm que sair até 31 de agosto, data estabelecida meses atrás pelo presidente americano, Joe Biden, para a completa retirada dos EUA do Afeganistão.

Segundo a Casa Branca, os Estados Unidos retiraram e facilitaram a retirada em voos militares de cerca de 87,9 mil pessoas do Afeganistão desde o fim de julho. Dezenas de milhares ainda tentam sair do país por Cabul nos próximos dias.

CNBB dedica jornada de oração à paz no Afeganistão



No dia 1º de setembro, a jornada de oração e missão da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) será dedicada à paz no Afeganistão, país que foi retomado pelos talibãs em 15 de agosto. A iniciativa, segundo a CNBB, atende ao pedido do papa Francisco e do padre barnabita Giovanni Scalese, à frente da missão católica no Afeganistão, para que se reze pelo país.

“Estamos vivendo dias de grande apreensão em antecipação aos acontecimentos”, disse padre Scalese à Vatican News, ao pedir: “rezem, rezem, rezem pelo Afeganistão”.

“Uno-me à preocupação unânime com a situação no Afeganistão. Peço-vos que oreis comigo ao Deus da paz, para que cesse o som das armas e que as soluções possam ser encontradas na mesa do diálogo. Só assim, a martirizada população daquele país, homens, mulheres, idosos e crianças, poderá regressar às suas casas, viver em paz e segurança no pleno respeito recíproco”, disse o papa Francisco após a oração do Angelus no domingo, 15 de agosto.

Neste mesmo dia, o talibã retomou o poder no Afeganistão, após uma ofensiva contra as forças governamentais que durou apenas três meses. Depois de tomar a capital, Cabul, os talibãs renomearam o país como “Emirado Islâmico do Afeganistão”.

Na década de 1990, o grupo extremista teve plenos poderes no Afeganistão e impôs fortes proibições culturais e religiosas, restringindo o acesso das mulheres ao trabalho e obrigando-as a usar burkas, vestuário que, na melhor das hipóteses, permitem ver somente os olhos das mulheres. Segundo a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), neste regime, todos aqueles “que não abraçam as opiniões muçulmanas radicais extremas dos talibãs estão em perigo”.

sábado, 21 de agosto de 2021

Afeganistão: ACN vê futuro sombrio para a liberdade religiosa



Quinta-feira, 19 de agosto, no 102º aniversário da independência do país do domínio britânico, Zabihullah Mujahid, porta-voz do Talibã, declarou o Afeganistão como o “Emirado Islâmico do Afeganistão” em sua conta oficial no Twitter.

Thomas Heine-Geldern, presidente executivo da ACN, expressa profunda preocupação com a tomada do poder e com a renomeação do país:

“Durante o governo do Emirado do Afeganistão anterior (1996 a 2001), o Talibã impôs uma versão estrita da lei sharia em todo o país. Podemos esperar que o islamismo sunita seja a religião oficial, a lei islâmica seja reimposta e as liberdades conquistadas a duras penas para os direitos humanos, incluindo uma medida relativa de liberdade religiosa, nos últimos 20 anos serão revogadas.

A ACN previu a deterioração da situação em seu recente Relatório sobre Liberdade Religiosa, publicado em abril de 2021. Ao longo dos 22 anos de história deste relatório, o Afeganistão sempre foi um dos países que mais violam esse direito fundamental. Especialmente nos últimos três anos, o relatório destaca os ataques repetidos e flagrantes contra locais de culto, líderes religiosos e fiéis.

Nossa análise, infelizmente, não deixa muito espaço para esperança. Todos aqueles que não defendem as visões islâmicas extremistas do Talibã estão em risco, mesmo os sunitas moderados. Os xiitas (10%), a pequena comunidade cristã e todas as outras minorias religiosas, já ameaçadas, sofrerão uma opressão ainda maior. Este é um grande revés para todos os direitos humanos e especialmente para a liberdade religiosa no país.

Infelizmente, vários países rapidamente declararam simpatia pelo novo emirado. Isso não apenas legitimará o Talibã, mas também incentivará regimes autoritários em todo o mundo, especialmente na região, estimulando crescentes violações das liberdades religiosas em seus próprios países. O reconhecimento internacional do Talibã também funcionará como um ímã para grupos islâmicos radicais menores, criando uma nova constelação de facções terroristas religiosas que poderiam suplantar formações históricas como a Al-Qaeda e o grupo Estado Islâmico. Entre outras, as áreas de preocupação incluem Paquistão, Palestina e a província de Idlib, na Síria. A situação dos cristãos e de outras comunidades religiosas minoritárias que já sofrem opressão se deteriorará ainda mais.

O conteúdo das negociações que vêm ocorrendo em Doha desde 2020 entre o Talibã e o Ocidente, e entre o Talibã e o governo afegão, permanece relativamente secreto. Assim, não podemos fazer uma avaliação mais precisa do que os acordos alcançados significarão para os afegãos que não defendem as visões islâmicas extremistas do Talibã.

Permanecem inúmeras questões diplomáticas espinhosas. A fuga inesperada e voluntária do poder pelo presidente Ashraf Ghani cria dificuldades éticas e morais para o Ocidente, já que os países que participam de negociações com o Talibã expressaram, semanas atrás, que nunca reconheceriam um regime que assumiu o poder pela força. Haverá uma resposta do Talibã sobre quaisquer reivindicações de direitos humanos sem canais formais? O fato de que a maioria das embaixadas ocidentais estão fechando e observadores internacionais estão saindo, como fizeram na Síria em 2011, não é um bom presságio.

Caritas Paquistão se prepara para receber refugiados afegãos



Após a rápida conquista da capital do Afeganistão, Cabul, a Caritas Paquistão se prepara para dar assistência humanitária aos refugiados afegãos em fuga dos Talibãs. A organização caritativa já mobilizou suas unidades nas fronteiras com o Afeganistão, de onde se espera um fluxo maciço de refugiados.

Segundo a mídia local, milhares de afegãos teriam entrado no Paquistão, passando por Chaman, uma das rotas comerciais e de viagens mais movimentadas entre os dois países. Porém, a notícia que foi negada pelo ministro do Interior paquistanês, Sheik Rashid.

No entanto, mais de 200 famílias chegaram à área metropolitana de Quetta, província de Baluquistão, como confirma à Agência UCA News o diretor executivo da Caritas Paquistão, Amjad Gulzar.

“Nossos escritórios em Quetta e Islamabad-Rawalpindi já se prepararam para enfrentar a emergência humanitária, colocando à disposição funcionários que conhecem o pashtu”, a língua da principal etnia do Afeganistão.

"As crises de refugiados – explica Gulzar - costumam prolongar-se ao longo do tempo e requerem estratégias para suprir as necessidades mais imediatas: água, primeiros socorros, vacinas, quer às exigências a médio e longo prazo como a saúde mental dos que sofreram traumas, o tratamento de doenças crônicas e a educação".

Os responsáveis da Caritas Paquistão reuniram-se com a equipe do Escritório do Alto Comissariado da ONU para os refugiados afegãos, em Peshawar, capital da Província de Khyber Pakhtunkhwa, para coordenar as primeiros ajudas.