Este mês, a Palavra de Vida propõe-nos mais uma bem-aventurança. É a saudação alegre e inspirada de uma mulher, Isabel, a uma outra mulher, Maria, que foi visitá-la para a ajudar. Sim, porque ambas estão à espera de um filho e ambas, profundamente crentes, acolheram a Palavra de Deus e, na sua pequenez, experimentaram o Seu poder criador.
Maria é a primeira bem-aventurada do evangelho de Lucas, aquela que experimenta a alegria da intimidade divina. Com esta bem-aventurança, o evangelista inicia a reflexão sobre a relação entre a Palavra de Deus anunciada e a fé que a sabe acolher, entre a iniciativa de Deus e a adesão livre da pessoa.
Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo o que lhe foi dito da parte do Senhor
Maria é a verdadeira crente na “promessa feita a Abraão e à sua descendência para sempre”[1]. Está de tal modo vazia de si mesma, humilde e aberta à Palavra, que o próprio Verbo de Deus se pôde fazer carne no seu seio e entrar na História da Humanidade.
Nenhum de nós pode experimentar a maternidade virginal de Maria, mas todos podemos imitar a sua confiança no amor de Deus. Se acolhermos a Palavra com coração aberto, esta – com as promessas que contém – pode encarnar-se também em nós e tornar fecunda a nossa vida de cidadãos, de pais e mães, de estudantes, operários ou políticos, jovens ou idosos, saudáveis ou doentes.
Mesmo se a nossa fé for insegura, como no caso de Zacarias[2], continuemos a confiar na misericórdia de Deus. Ele nunca deixará de nos procurar, até nós redescobrirmos a sua fidelidade e O bendizermos.
Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo o que lhe foi dito da parte do Senhor
Nas mesmas colinas da Terra Santa, há relativamente pouco tempo, uma outra mãe profundamente crente ensinava aos seus filhos a arte do perdão e do diálogo, que aprendera na escola do Evangelho. Conta a Margaret: «A nós, filhos, ofendidos por algumas expressões de rejeição por parte de outras crianças do nosso bairro, a mãe disse: “Convidem essas crianças para a nossa casa”. E deu-lhes do pão que tinha acabado de cozer, para que o levassem às suas famílias. A partir daí, construímos relações de amizade com aquelas pessoas»[3]. Este é um pequeno sinal profético, naquela terra que foi berço da civilização e é ícone do sofrimento da Humanidade, à procura da paz e da fraternidade.
Também Chiara Lubich nos apoia nesta fé corajosa: «Maria, depois de Jesus, é aquela que melhor e mais perfeitamente soube dizer “sim” a Deus. É sobretudo nisto que está a sua santidade e a sua grandeza. Assim, se Jesus é o Verbo, a Palavra que se encarnou, Maria, pela sua fé na Palavra, é a Palavra vivida, mesmo sendo criatura como nós, igual a nós. […] Portanto, com Maria, devemos acreditar que todas as promessas contidas na Palavra de Jesus se vão realizar. Mas, como Maria, quando for preciso, devemos enfrentar o risco do absurdo que, por vezes, a Palavra comporta. Grandes e pequenas coisas, mas sempre maravilhosas, acontecem a quem acredita na Palavra. Poderiam encher-se muitos livros com os factos que o comprovam. […] Quando, na vida de cada dia, na leitura das Sagradas Escrituras, nos encontrarmos com a Palavra de Deus, escutemo-la com o coração aberto, acreditando firmemente que aquilo que Jesus nos pede e promete se irá realizar. Não tardaremos a descobrir […] que Ele mantém as suas promessas»[4].