No último dia 14, diversos portais noticiaram um caso de estupro envolvendo um chileno e uma brasileira. O chileno de 32 anos conheceu uma brasileira de 22 em uma boate em Cuiabá, onde ofereceu carona ao sair da festa acreditando que o sexo estava garantido. No entanto, a moça rejeitou as investidas do homem e resistiu fisicamente para impedir o ato. Ainda dentro do carro, a jovem teve sua roupa rasgada e foi agredida fisicamente, e só foi socorrida porque alguns passantes ouviram seus gritos e surpreenderam o chileno sem roupas.
Houve,
no entanto, uma verdadeira confusão a respeito da informação divulgada. Em
alguns sites há a afirmação de que houve penetração; em outros, o caso parece
algo vago e sem gravidade alguma. Em algumas publicações, há até mesmo o uso
repetido de eufemismos, afirmando que o chileno somente “manifestou vontade de
fazer sexo”. De acordo com esse último noticiante, dá até para pensar que o
homem pediu com educação e vocabulário rebuscado. No fim das contas, ninguém sabe
em quem confiar e nem entende qual é a informação correta. A brasileira foi
estuprada? Como isso aconteceu? E o exame de corpo de delito? O desfecho, não
obstante, é direto ao ponto: o chileno foi liberado.
Há
uma série de problemas nesse caso: o óbvio despreparo dos jornalistas
brasileiros – que tratam a ocorrência com tanto descaso que se contradizem em
notas feitas em poucas horas de distância -, os eufemismos e as insinuações de
que a brasileira bebeu demais ou se “acovardou” por ter “desistido” do sexo são
apenas alguns deles. Em uma matéria, inclusive, é dito que a moça resolveu não
prestar queixa porque o chileno estava bêbado. A não ser que isso seja um fato
devidamente apurado, a redação do jornal merece um escracho. E se for algo
verídico, é motivo de lamentação. De uma forma ou de outra, fica evidente a
falta de compromisso dos jornalistas para escrever algo responsável, que conte
um fato coerente com a realidade.