sábado, 2 de junho de 2012

Comitê organizador da JMJ 2013 anuncia locais de encontro do Papa com os jovens

Nesta sexta-feira, dia 1º de junho, o presidente do Comitê Organizador Local (COL) e arcebispo do Rio de Janeiro (RJ), dom Orani João Tempesta, anunciará os locais onde o papa Bento XVI estará por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, que acontecerá entre os dias 23 e 28 de julho de 2013, na Cidade Maravilhosa.

O anúncio será feito na coletiva de imprensa agendada para as 9h30, na sede da arquidiocese, no bairro da Glória.

Durante a semana da JMJ Rio2013, entre as atividades programadas estão os chamados atos centrais, em que milhões de jovens de todo as partes do mundo se encontram para expressar sua fé e viver a fraternidade.


A Jornada tem início com a missa de abertura (dia 23 de julho, terça-feira), presidida pelo arcebispo do Rio de Janeiro. Na ocasião, dom Orani dará as boas-vindas aos peregrinos que estarão chegando à cidade.

A cerimônia de acolhida do papa Bento XVI está prevista para quinta-feira, quando os peregrinos participam de uma grande festa de saudação ao pontífice em sua chegada à cidade-sede do evento.

A Via-Sacra acontece na sexta-feira também com a presença de Bento XVI que junto aos jovens faz o percurso das estações da crucificação e morte de Jesus.

Para a vigília e missa de envio com o papa, os jovens se reúnem desde a tarde de sábado até a manhã de domingo, quando se encerrará a Jornada (28 de julho de 2013).

Após a Missa de Envio os jovens permanecerão no local para um show artístico que fará parte de um DVD gravado ao vivo, com transmissão para todo o mundo.

Na última edição da JMJ, que aconteceu em agosto de 2011, em Madri, na Espanha, foram cerca de dois milhões de jovens representando mais de 190 países.
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Fonte: http://www.arquidiocesedesaoluis.com.br/

Pastor evangélico convida católicos a agir


No final de abril de 2012, o juiz Victorio Giuzio Neto, de São Paulo, extinguiu a ação movida pelo Ministério Público Federal contra o Pastor Silas Malafaia, exigindo que ele se retratasse de um discurso considerado homofóbico, pronunciado em julho de 2011, no programa "Vitória em Cristo", na TV Bandeirantes.

Ao se referir à Parada Gay, realizada no mês anterior em São Paulo, ocasião em que seus organizadores haviam levado na marcha estátuas de santos em poses homoeróticas, ele havia afirmado: «Os caras da Parada Gay ridicularizaram símbolos da Igreja Católica, e ninguém fala nada! A Igreja Católica deveria entrar de pau em cima deles! Baixar o porrete neles, para que aprendam! É uma vergonha!».

Para o juiz, «as palavras de condenação do Pastor foram dirigidas mais aos organizadores do evento – pelo mau emprego de imagens de santos da Igreja Católica – do que aos homossexuais».

Nos mesmos dias, o oficial de Justiça Paulo José de Souza, membro da Igreja “Deus é amor”, de Dourados, tomava uma direção contrária, censurando, através de um jornal local, padres da Igreja Católica. Permito-me trazer alguns tópicos de seu artigo: «Pedofilia, essa palavra causa nojo em qualquer pessoa de bom senso. No entanto, é praticada por muitas pessoas e, inconcebivelmente, por alguns padres. O padre, em minha opinião, deveria ser casado. Não casar é, no mínimo, uma privação de direitos, fato esse que gera problemas em seu organismo, levando-o a praticar atos libidinosos, e até conjunção carnal anormal ao ser humano. Se o padre realmente for proibido de casar, deveria ser castrado. Se essa medida fosse adotada, não teríamos tantos casos de pedofilia e menos sofrimento a esses meninos que terão que carregar pelo resto de suas vidas, apesar da tenra idade, a desgraça de serem violentados e vilipendiados».


Pensei que acusação tão impertinente recebesse uma avalanche de respostas dos católicos da Diocese de Dourados, que conhecem os seus sacerdotes e acreditam que, dos 65 que nela atuam atualmente, ninguém mereça as críticas do Paulo José. De minha parte, posso dizer que, em sua totalidade, eles lutam para serem fiéis a Deus e se esforçam para acolher como irmãos a todos os que os procuram em busca de conforto e de apoio. Mas, por serem humanos, podem pecar, como também as pessoas que lhes jogam pedras!

Por que a maioria dos católicos prefere ficar em silêncio ante situações constrangedoras como as de São Paulo e de Dourados? Alguns, talvez, porque não chegam a tomar conhecimento dos fatos. Outros, por não se julgarem preparados para uma resposta adequada. É provável que haja também aqueles que pensam que não valha a pena, pois sempre haverá ataques contra a Igreja, por mais que se queira defendê-la. Mas, sem dúvida, há muitos que não o fazem por falta de coragem ou de convicções.

Não é o caso de Danilo Scandilheiro, o qual, no dia 3 de maio, no mesmo jornal em que apareceu a crítica do Paulo José, julgou que era seu dever responder. E o fez com sabedoria: «A opinião de Paulo José de Souza nos remete a uma época onde os homossexuais seriam apedrejados em praça pública. Causa-me estranheza que um homem que lida com leis, levante tal hipótese em pleno ano de 2012, onde os direitos humanos são tão difundidos! Com esse princípio, o ladrão deveria ter sua mão amputada como forma de castigo: teríamos, então, um bando de políticos “manetas” no Brasil! Seguindo o raciocínio de Paulo José, na cidade onde um juiz for acusado de pedofilia, deveríamos castrar todos quantos forem da lei! A Igreja Católica tem problemas, como qualquer instituição. Se numa família há um filho traficante, prende-se toda a família?».

Não sei quanto crédito mereçam as estatísticas: de acordo com elas, 85% dos casos de pedofilia são praticados por casados (e descasados), 65% por familiares e 0,3% por padres católicos. Em Dourados, até o dia 18 de maio, haviam sido registrados 37 abusos sexuais contra menores, número “inexpressivo” se comparado com os do Rio Grande do Sul, onde eles se sucedem a cada três horas, quase sempre em casa. Por tudo isso, num período histórico em que as Igrejas são cada vez mais contestadas, um pouco de humildade – e de ecumenismo – talvez não faça mal a ninguém...

Dom Redovino Rizzardo
Bispo de Dourados (MS)

CNBB manifesta-se contrária à proposta de Lei que altera Ficha Limpa


Em audiência Pública, realizada na última terça-feira, 29 de maio, promovida pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania na Câmara Federal, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, por meio de seu representante, Dr. Marcelo Lavenère, manifestou-se contrária ao Projeto de Lei do deputado Silvio Costa (PTB-PE) que pretende alterar a conhecida Lei da Ficha Limpa.

O Projeto estabelece que o governador, o prefeito ou servidor público que tiver suas contas rejeitadas por improbidade administrativa, em decisão irrecorrível de um Tribunal de Contas, só se tornará inelegível depois que a decisão for confirmada em sentença definitiva de órgão judicial colegiado.

Durante a discussão, Dr. Lavenère, representante da CNBB e membro da Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP), organismo vinculado à Conferência, foi tratado de forma deselegante e ofensiva pelo deputado Silvio Costa. Em carta enviada pelo Secretário-Geral da CNBB, Dom Leonardo Steiner, ao senhor Presidente da Câmara Federal, deputado Marco Maia (PT-SP), a CNBB manifesta a estranheza com o comportamento dispensado pelo deputado ao enviado da CNBB e afirma que “ao ofendê-lo, o deputado também ofendeu à CNBB a quem o eminente advogado representava na ocasião”. Dom Leonardo ainda ressalta que “os relevantes serviços prestados à sociedade brasileira pelo Dr. Lavenére, um dos maiores presidentes que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) já teve, são um testemunho eloquente de seu compromisso com a construção de um país democrático e cidadão”.

Na mesma carta, Dom Leonardo Steiner reafirma ao presidente da Câmara que “o Projeto afronta a moralidade pública e vai na contramão do anseio popular que consagrou a Ficha Limpa com quase 2 milhões de assinaturas”.  E ressalta que “a aprovação desse PL, caso ocorra, desfigurará a Ficha Limpa num dos seus pontos essenciais e contrariará a soberania popular que anseia por homens probos na administração pública”.
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Fonte: http://cnbb.org.br/site/imprensa/noticias/9497-a-cnbb-manifesta-se-contraria-a-proposta-de-lei-que-altera-ficha-limpa

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Visitação de Nossa Senhora a Isabel (31 de maio)


Efetivamente, Isabel, embora mais idosa, com a saudação: “Bendita és tu entre as mulheres[1]...”, manifesta a sua própria submissão a Maria. A mesma coisa, no fundo, faz também o Batista que “estremeceu no ventre de Isabel[2]”,para realizar assim, a própria vocação de orientar para Jesus. Isabel exalta Maria como a mais bem-aventurada entre todas as mulheres e a chama de mãe do Messias em que se realizará a história da antiga aliança. Maria, a mãe do Messias é vista ao mesmo tempo como a mãe da fé: “Bem-aventurada aquela que acreditou[3]...”.

Isabel, cheia do Espírito Santo, reconhece em Maria Aquele que é maior, o Senhor que vem. A Lei e os Profetas vão até João, Maria, Arca da Nova Aliança se encontra com Isabel. É o encontro entre o Antigo e o Novo Testamento.

Polêmicas: informações secretas do Vaticano foram roubadas e publicadas em um livro - Vaticano tomará providências legais.


 

A Santa Sé anunciou este sábado (19/05) que tomará medidas legais pela publicação do livro “Sua Santidade, as cartas secretas de Bento XVI”, que mostra sem autorização alguma correspondência privada do Vaticano.

O livro foi escrito pelo jornalista Gianluigi Nuzzi, colaborador do jornal italiano Il Corriere della Sera, e já está à venda nas livrarias de toda a Itália.

Através de um comunicado, a Sala de Imprensa do Vaticano denunciou “a nova publicação de documentos da Santa Sé e de documentos privados do Santo Padre”, que “não se apresentam como uma discutível -e objetivamente difamatória-, iniciativa jornalística, mas assume claramente o caráter de um ato criminal”.


O comunicado lamenta que logo depois da filtração destes documentos reservados “o Santo Padre, assim como vários de seus colaboradores e dos remetentes das mensagens dirigidas diretamente a ele, viram violado seu direito pessoal de reserva e de liberdade de correspondência”.

“A Santa Sé continuará aprofundando nas diferentes solapas destes atos de violação da privacidade e da dignidade do Santo Padre –como pessoa e como suprema autoridade da Igreja e do Estado da Cidade do Vaticano-, e cumprirá os passos oportunos para que os atores do roubo, das interceptações, e da divulgação de notícias secretas, assim como do uso comercial dos documentos privados, conseguidos e reunidos ilegalmente, respondam por seus atos perante a justiça”.

Em caso de necessidade, “será pedido para tal fim a colaboração internacional”, conclui o texto.
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Disponível em: http://doutrinacatolica.wordpress.com/2012/05/23/polemicas-informacoes-secretas-do-papa-foram-roubadas-e-publicadas-em-um-livro-vaticano-tomara-medidas-legais/

Formação: que formação?


É raro participar de alguma assembleia diocesana ou paroquial onde nestes últimos anos não apareça a exigência ou a prioridade da FORMAÇÃO. Trata-se de um clamor que brota do desejo de conhecer mais e de preparar pessoas e agentes para desempenhar melhor o seu papel dentro da comunidade e no confronto com a cultura contemporânea.

Mas, qual é o sentido esta palavra? Ele significa criar convicção, dar uma forma, modelar, adquirir uma personalidade, um estilo de vida que caracterize alguém.

Podemos-nos também perguntar: como acontece a formação?

Logo nos deparamos com dois modelos de formação:
 
1.    Estática: parte das idéias, das normas, das doutrinas. Exige uma Verdade objetiva e absoluta. Nela prevalece a execução, é ativista, genérica, aérea, uniforme. Baseia-se na ascética, pois exige sacrifício e sublimação.

2.    Dinâmica: parte da vida, da situação de cada pessoa e de cada cultura, dos anseios, dos relacionamentos. Exige a elaboração de um projeto de vida e, portanto discernimento. Trata-se, portanto de uma formação situada, criativa, fecunda, existencial. Exige mística, convicção. Fundamenta-se numa experiência profunda de Deus.

Para nós cristãos a luz sempre nos vem da Palavra de Deus que de forma pedagógica interveio na vida e na história do seu povo.

Portanto toda a história do Povo de Deus manifesta a pedagogia de Deus que acompanha a sua caminhada e o forma ensinando-o progressivamente. O Salmo 118 sobre a lei de Deus louva o homem reto “que na lei do Senhor vai progredindo”.

Através dos profetas e dos acontecimentos, Ele vem acalentando o sonho da Terra Prometida e alterna o uso da bondade com o uso dos castigos, mas sempre trata com misericórdia e amor os seus filhos para reconduzi-los ao bom caminho.

No meio deste Povo a fidelidade de Deus se expressa na escolha de um “pequeno resto” o resto de Israel, os pobres de Javé aos quais manifesta o seu carinho e que cultiva, sobretudo em meio ao sofrimento, para manter viva a sua promessa. Até chegar à “plenitude dos tempos”, quando envia o seu Filho Jesus.(cfr. Gal 4,4).


Jesus, por sua vez, experimenta a progressividade e o crescimento na sua existência de vida. Lucas afirma no seu evangelho: “O menino crescia”(Lc 2,40). Ora, se há crescimento há progressão, há avanços, há aperfeiçoamento.

Jesus usa da pedagogia da progressão também com os apóstolos: prepara-os para a missão, às vezes é duro com eles, chama atenção, toma atitudes, mas sempre dá chance até a última hora: “Amigo, para que estás aqui?”(Mt 26,50).

Com as pessoas que não entendem ou não querem entender, ele usa de uma psicologia e de uma pedagogia de mestre: basta ver o diálogo com a Samaritana (Cfr Jo 4).

Torna-se duro, não com os pecadores, mas com os chefes, os doutores da lei, os fariseus e os sacerdotes porque impõem pesos nos outros, porque julgam e condenam sem dar chance. Típico é o caso do comportamento de Jesus na ocasião em que estavam apedrejando a mulher adúltera: ele apela para a fraqueza e o pecado de todos: “Quem não tiver pecado, atire nela a primeira pedra”(Jo 8,7).

Jesus ensina mais com a vida, a convivência, as atitudes, a partir dos fatos da vida do que com discursos e cursos: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”. Ele não apresenta uma Verdade formal, objetiva e fria, mas se propõe a si mesmo como a Verdade. Ora, ele é pessoa viva, uma verdade que palpita, que cativa e que abrange toda a pessoa: cabeça, coração, afetividade, sexualidade, relacionamentos e socialidade. Ele não é uma verdade abstrata, um sistema que se impõe e escraviza, mas Verdade que liberta e salva. São Paulo exclamará: “É para a liberdade que Cristo vos libertou!”(Gal 5,1).

A experiência da Igreja

A formação dos fiéis na Igreja nunca se deu somente a nível acadêmico, aliás a formação na Igreja abrange todos os aspectos da sensibilidade humana: a arte em todas as suas expressões, o conhecimento intelectual, as manifestações religiosas, os relacionamentos interpessoais, as várias fases da vida pessoal, familiar, social etc.

Assim a Igreja forma os fiéis quando celebra, quando faz festa, quando realiza obras sociais, quando prepara as pessoas para os ministérios (ordenados ou não), quando organiza a atividade pastoral, quando usa os meios de comunicação. A formação, portanto, não consiste apenas em organizar cursos e palestras, mas abrange todas as suas expressões da vivência eclesial.

É claro que, vivendo na história, a Igreja tem adotado, ao longo dos séculos, a metodologia de ensino, de educação e de formação de cada época.

Hoje o método da Igreja, sobretudo aqui na AL é participativo, indutivo, a partir da experiência, interativo e aberto ao diálogo.

No Doc. de Aparecida se afirma que “a formação é permanente e dinâmica, de acordo com o desenvolvimento das pessoas e com o serviço que são chamadas a prestar, em meio às exigências da história” (DA 279) E quando fala da formação bíblico doutrinal, acrescenta: “Junto a uma forte experiência religiosa e uma destacada convivência comunitária, nossos fiéis necessitam aprofundar o conhecimento da Palavra de Deus e os conteúdos da fé, visto que esta é a única maneira de amadurecer sua experiência religiosa. Neste caminho acentuadamente vivencial e comunitário, a formulação doutrinal não se experimenta como um conhecimento teórico e frio, mas como uma ferramenta fundamental e necessária no crescimento espiritual, pessoal e comunitário” (DA 226d).

Enfim, na Igreja a formação significa em primeiro lugar estilo de vida segundo o evangelho para alcançar a plena maturidade em Cristo e testemunho de vida. Isso, naturalmente, inclui também a participação a cursos de formação, a encontros para conhecer e motivar mais o testemunho e a vivência.

Mas, participar de cursos e ter títulos acadêmicos, até de teologia, sem ter uma vida que testemunhe o evangelho no amor, no perdão, na solidariedade, no desapego, no respeito dos outros e na fraternidade, não significa ter a “forma Christi”, que só se dá na configuração a Cristo Senhor. Em outras palavras, a formação cristã aponta para uma vida de santidade. E nós na Igreja devemos trabalhar para isso se quisermos que a formação ajude na trans-formação da vida das pessoas, das nossas comunidades e da sociedade em que vivemos.

Dom Francisco Biasin
Bispo de Barra do Piraí/Volta Redonda (RJ)

terça-feira, 29 de maio de 2012

Fica difícil de entender

Na minha já longa vida de Bispo vi muitas coisas lindas dentro da Igreja: a dedicação incansável da maioria dos Padres;  o zelo por Cristo por parte das catequistas; a prontidão dos ministros da Comunhão;  o respeito pelo Bispo Diocesano;  o grande amor que o povo demonstra para com seus Padres;  o amor filial do povo pelo Santo Padre. Haveria possibilidade de ampliar ainda mais essa listagem. Isso nos leva à conclusão que, apesar dos curtos circuitos, de mal-entendidos, e outras escaramuças, é bonito viver em comunidade e procurar vivenciar em conjunto o grande ideal de vida cristã. Como é bom, como é agradável os irmãos viverem unidos” (Sl. 133, 1). Jesus, desde o início de sua vida pública deu grande importância à vida comunitária. Mas não há lâmpada sem sombra. Vamos apontar uma delas: a instrução doutrinal das novas gerações.

A atitude de passar a “sã doutrina” para as crianças e os jovens deve ser incansável. Não dá para entrar em tranqüilo repouso quando uma geração se abeberou das maravilhas da salvação de Jesus. É preciso que a geração subseqüente também dela se aproxime. O ideal seria que a fé passasse como que por osmose, dentro da família. Mas exigir isso, nos dias atuais, seria acreditar em delírios. Como resposta, a própria comunidade paroquial se organiza para transmitir os valores da fé, através da Catequese. Por toda a parte encontramos pessoas zelosas (80% do mundo feminino), que passam a sua experiência de fé para aqueles que querem se aproximar dos sacramentos de iniciação. Ficamos otimistas quando visitamos esse grupos de catequese paroquial. Dizem-nos os responsáveis, cheios de satisfação: temos 130 crianças na catequese de primeira Eucaristia; neste ano contamos com 80 jovens crismandos. Mas quando visitamos as escolas verificamos que existem 3.000 crianças que jamais farão a Primeira Eucaristia;  topamos com uns 2.000 jovens, que jamais serão crismados. Simplesmente porque não freqüentam a Paróquia. Os pais, arrumam para os filhos cursos de natação; reforço para o estudo da língua inglesa; aulas básicas para tocar violão. Mas se omitem nos caminhos para esclarecer a fé em Cristo. Essa massa corre o perigo de se tornar matéria prima para o trabalho das seitas. Não aprenderam em tempo que Jesus é a “luz do mundo” (Jo 8, 12).
Dom Aloísio Roque Oppermann
Arcebispo Emérito de Uberaba (MG)



A Face Mariana da Igreja


O culto dos Santos e, em seu centro, o culto de Maria constituem – sobretudo para a área protestante – um dos rebentos secundários, biblicamente fundamentados, de que  Igreja Católica se enriqueceu no decurso dos séculos. Tal ponto de vista não é exato no sentido de que o mesmo fenômeno se encontra também nas Igrejas Orientais, onde – de maneira ainda mais escandalosa – uma parede inteira coberta de imagens de Santos separa o povo celebrante da ação sacra.

A iconostase, que nem os católicos conseguem compreender bem – ainda que os teólogos ortodoxos procurem justificá-la -, tem por finalidade mostrar à Comunidade que só podemos encontrar Cristo, e n’Ele o Deus Trino que nos ama, no seio da “comunhão dos santos” e em união com ela. Com efeito, não existe homem algum que viva só para si e que possa ser isolado da comunidade humana, proposição que sem dúvida deve ser aplicada a Cristo, se Ele é verdadeiro homem, seja Ele o que for além disso: Filho de Deus, Redentor da humanidade, etc.

Esse pensamento representa uma base da qual nós podemos partir para oferecer aos homens de hoje – talvez afastados dos ensinamentos outrora familiares da fé cristã – uma compreensão de tais verdades esquecidas.

De qualquer forma, nós já esquecemos e não nos é mais familiar a idéia de que a Igreja é nossa mãe e que esta maternidade se revela de maneira plástica e pode ser captada no fato e no modo de Maria ser mãe de Jesus.


Em primeiro lugar estão os pais, “honra teu pai e tua mãe”,[1] é um Mandamento que é a expressão das relações humanas mais elementares em qualquer cultura sadia, tanto primitiva como superior.

Aqui não se tem em vista o simples ato sexual fisiológico através do qual nasce um novo ser humano – mas a completa responsabilidade pessoal que os pais assumem com relação à educação dos filhos -, nem se entende unilateralmente a dependência para toda a vida do filho que se tornou maior e autônomo com relação aos pais, mas somente uma atitude de “respeito” que continua também na idade madura, porque o momento da gratidão objetivamente não cessa nunca.

Também um filho adulto, se não for um transviado, consegue compreender uma festa como a da mãe, nem se recusa a manter em casa a mãe idosa que ficou viúva.

Então ele adquirirá, em certo sentido, as dimensões da Igreja, identificar-se-á com as suas intenções e, como dizem os padres, tornarse-á um “homem da Igreja”.

Assim, fica claro que no interior da Igreja há os que se contentam em receber de maneira passiva os tesouros da graça e agradecer a Deus, e há os que, à medida que vão recebendo, manifestam da melhor forma a sua gratidão, trabalhando ativamente com a Igreja – exercendo assim o seu “sacerdócio universal”. Eles mesmos vão se dando conta de que deste modo de demonstrar a sua gratidão, longe de empobrecer a pessoa, torna-a mais rica.
Ninguém se limita a dar sem receber, e isso pelo simples fato de que todos recebem de Cristo, e todo o seu “dar” é apenas uma resposta e um efeito de tal recepção.

A grandeza da missão de Paulo é diferente da de um simples cristão de uma de suas comunidades; ele está totalmente consciente desta diferença, que é objetiva, e não se orgulha no plano subjetivo, porque pessoalmente é apenas um “escravo de Cristo” e, além disso, um “aborto”.

A amplidão de sua missão permite-lhe trabalhar “mais do que os outros (apóstolos) juntos”, mas acrescenta logo: “não eu, mas a graça de Deus em mim” [2].

O que Paulo talvez não pudesse conhecer tão bem era que também mais adiante haveria missões amplas como a sua – pensamos num Agostinho, num Francisco de Assis, num Inácio de Loyola – os quais, por sua vez, produziram efeitos através dos séculos na Igreja e no mundo. Mas à missão deve corresponder um segundo fator: a disponibilidade mais perfeita possível em aceitá-la e executá-la no seio da Igreja – todas as missões da Igreja são eclesiais -, porque se faltar tal disponibilidade, se o enviado for negligente ou desinteressado, ou se macular a missão com outros motivos e aspirações pessoais, então também as missões mais importantes podem fracassar e o prejuízo para a Igreja será tanto mais grave.

Porém, quando os dois momentos – o objetivo e o subjetivo – se encontram, produzem então uma vida cristã que pode ser proposta pela Igreja como exemplar e digna de imitação, porque espelha a Santidade de Deus e de Cristo, ou seja, uma vida que pode ser “canonizada”.

E aqui devemos acrescentar uma última coisa: existem grandes missões que são dadas para ações exteriores da Igreja, mesmo se não podem nunca estar separadas da intensidade interior da dedicação e da oração; com freqüência tais missões são facilmente reconhecíveis.
Esquecer que a Bíblia não narra uma história neutra, mas foi concebida por cristãos crentes como o testemunho de sua fé eclesialmente articulada e que a escolha dos Escritos que fazem parte dela (escolha feita entre um grande número de outros escritos) foi realizada por força do poder da Igreja.

A Escritura e seu conteúdo pertencem à Igreja, a qual tem consciência de ser uma intérprete autêntica. Da mesma forma, a Igreja, por força de sua autocompreensão, sabe que pode examinar os que querem unir-se a ela – através do Batismo -, sabe que pode agregar plenamente a si, Corpo de Cristo, os que se decidem a levar nela uma verdadeira vida cristã de fé – através de sua admissão à Eucaristia -, sabe que pode excluir de sua comunhão os que não correspondem à sua imagem da vida cristã.

O que pertence à Igreja pertence também a cada cristão, desde que ele queira viver também na Igreja e de conformidade com as normas que ela recebeu de Cristo.

Nenhum cristão, entretanto, pode apropriar-se de tais bens prescindindo da Igreja. Por exemplo, ele não pode (de modo geral, exceto os casos de necessidade) comungar quando quiser, tirando uma Hóstia do Sacrário. Também não pode dar a si mesmo a absolvição sacramental.

Isso significa que ele além de agradecer a Cristo, deve agradecer também à Igreja. Deve o seu “ser cristão” à instrução recebida da Igreja na reta da fé, a ela deve as graças sacramentais e a vida vivida no intercâmbio da comunhão eclesial.

Ninguém está em condições de medir o que a dedicação do cristão à seqüela de Cristo – morto por todos – realiza no mundo da graça. A este propósito, só podemos dizer que quanto mais um cristão serve e se empenha desinteressadamente e sem egoísmo na obra que Deus em Cristo realiza no mundo, quanto mais Deus, a Igreja e o próximo puderem dispor dele, quanto mais o seu coração puder se abrir diante da miséria dos outros, quanto mais ele considerar importante unicamente a causa de Deus, a salvação de todos e não somente a sua própria salvação e o seu próprio bem-estar, quanto mais as orações que dirige a Deus abraçarem de maneira universal a humanidade e precisamente os seus membros mais abandonados, quanto mais oferecer também a si mesmo a Deus e puser à disposição de sua vontade salvífica a própria vida e, em caso de necessidade, a própria morte, tanto mais Deus, a Igreja e cada um dos homens poderão colher frutos de sua árvore, tanto mais a sua existência se expandirá e se tornará acessível a todos.



[1] Cf. Ex 20,12; Dt 5,16; Mt 15,4;19,9; Mc 7,10; 10,19; Lc 18,20; Ef 6,2
[2] Cf. 1Cor 15,10
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Fonte: Trecho do livro: "O Culto a Maria Hoje", Paulinas.