segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Donde vem a paz?



Glória a Deus nas alturas e paz na terra às pessoas de boa vontade! Foi este o anúncio de Natal que ouvimos do Evangelho de Lucas (cap.1,14). Este anúncio natalino preanuncia outro anúncio, feito por Jesus quando declara que são bem aventurados os que constroem a paz, porque serão chamados filhos de Deus (Mt 5,9). No primeiro dia do ano é celebrado o dia da paz ou da “confraternização universal”.

Dedicar um dia para comemorar a paz e a confraternização, é dedicar um dia para comemorar o sonho de Deus. Sonho que coincide com o sonho e os anseios mais íntimos do coração humano. Todos desejamos a paz e por ela suspiramos ardentemente. Até mesmo os que fazem a guerra. Estes imaginam que a melhor maneira de conseguir a paz é se prevenir através da guerra: guerra preventiva como a chama a administração Busch.


A paz que os anjos anunciaram, a paz no conceito cristão não designa simples ausência de conflito ou o fim de um estado de guerra. Para o cristianismo a paz faz memória da criação, da harmonia primeira descrita na Bíblia. No Paraíso havia a glória da convivência pacífica entre a Criação, as Criaturas e o Criador. Paz é a inocência original, onde o homem vive em harmonia consigo mesmo, com Deus, com os outros e com a natureza. Para o cristianismo a paz não é um estado passageiro entre duas guerras.

Mas se todos querem a paz, por que temos guerra? Não nos esqueçamos que toda violência, e estamos envoltos nela, é uma forma de guerra. O novo século que estamos vivendo deveria ser mais pacífico que o século passado, pois com a globalização, a guerra seria um suicídio, dado a eficiência das armas. Porém, os motivos para a guerra não faltam. Estamos sempre em guerra.

De onde nos pode vir a paz? Esta é a pergunta que todos se fazem. Jesus certa vez chorou sobre Jerusalém e disse:  “Se reconhecesses aquele que pode te conduzir à paz. Mas agora está oculto a teus olhos!” (Lc 19,42). É Jesus que pode nos conduzir à paz. Ele é a nossa paz, como escreve o apóstolo Paulo aos Efésios (2,14). Porém  muitos ainda não o vêem, não ouvem sua voz.

A liturgia da Igreja Católica celebra junto com o dia da paz universal, Maria Mãe de Deus. Contemplamos a figura desta mulher que tem nos braços o menino que nos traz a paz. Somos agradecidos a ela porque aceitou de Deus a missão de dar a luz a este filho. Agradecemos porque acolheu a vida, embora o nascimento de Jesus foi envolto em dificuldades para Maria e José. E concluímos que a paz somente pode brotar do amor. Um amor que exige de nós a renúncia ao egoísmo.

A mensagem central de Jesus é o Reino de Deus, Deus sendo Pai de todos e todos vivendo como irmãos: fraternidade universal! Viver no amor é uma decisão pessoal e um compromisso que cada um deve assumir. A pessoa que decidiu fazer de sua vida um ato de amor, não busca primariamente o prazer ou o aplauso. Seu desejo básico é se tornar um ser humano que ama e, portanto, um ser humano realizado, potencializado para transmitir a paz.

Que a paz esteja conosco neste ano que se inicia e que nós saibamos ser construtores de paz!

Dom  Pedro Carlos Cipolini
Bispo de Amparo (SP)

domingo, 23 de dezembro de 2012

Programação de Natal 2012 na Igreja Matriz


O Tempo do Natal começa com as primeiras Vésperas do Natal e termina no domingo depois da Epifania, isto é, no domingo entre 2 e 8 de janeiro.

A liturgia do Natal do Senhor se caracteriza por quatro celebrações da Eucaristia, porém, lembramos que:

Na tarde do dia 24 não haverá celebração às 17h, ou seja, a missa "na vigília". 

Celebra-se a primeira missa do Natal do Senhor (missa do galo) às 21h;


DIA 25/12/2012: Terça-feira.

Ao alvorecer também não será celebrada a segunda missa ("na aurora") do Natal; portanto, não haverá missa às 6:30 da manhã.

Durante o "dia" de Natal, se celebra a terceira missa da festividade às 9:30 da manhã e às 17h.

*Lembramos que no dia 24/12, haverá missa às 6:30 da manhã, como de costume, porém esta missa ainda não é do Natal do Senhor. A partir do dia 26/12, ainda no Tempo do Natal, as celebrações ocorrem como no horário de costume.

O Mistério Litúrgico do Tempo do Natal



No tempo de Natal celebramos o nascimento e a manifestação de Jesus Cristo, luz do mundo, que vem para iluminar as nossas trevas.

Na solenidade do Natal o nascimento do Filho de Deus no meio de nós, "na humildade da natureza humana" e na pobreza da gruta de Belém, nos traz o dom de uma vida nova e divina.

A liturgia do domingo depois do Natal nos lembra que o amor com que Deus Pai amou o mundo- até mandar seu próprio Filho para salvá-lo - manifesta-se e se reflete no amor que deve reinar em toda família cristã.

A oitava do Natal celebra Maria, Mãe de Deus, e ao mesmo tempo glorifica o nome de Jesus; neste nome, que quer dizer "Deus salva", se resume todo o significado do mistério da Encarnação.

No segundo domingo depois do Natal, tomamos consciência do sentido pleno do mistério da Encarnação: o nascimento do Filho de Deus,que vem viver a condição humana, inaugura o nascimento de todos os homens para a vida de "filhos de Deus" ; esta é a vida que Jesus nos deu no seu Natal.

Na solenidade da Epifania a luz de Cristo brilha e se manifesta aos olhos de todos. Os magos, que seguem o "sinal"da estrela, representam a humanidade inteira, chamada a reunir-se em torno de Jesus na fé.

Maiores eventos católicos do país confirmam presença na JMJ 2013



Os três principais e já tradicionais eventos católicos do país, Halleluya, Hallel, e Por Hoje Não, conhecido pela sigla PHN, já fazem parte da programação do Festival da Juventude da JMJ Rio2013. Com inscrições abertas até 25 de dezembro, o Festival da Juventude será de 22 a 26 de julho de 2013, no âmbito da programação da JMJ Rio2013.

O Halleluya, promovido sempre pela Comunidade Católica Shalom, é o maior festival de artes integradas do Brasil. Surgiu em 1997, em Fortaleza, Ceará, quando os líderes da Comunidade pensaram em fazer um evento para os jovens cearenses e turistas como “uma opção sadia e segura de lazer no final das férias de julho”, conforme a comunidade descreve o festival. Atualmente, o evento acontece em vários estados do Brasil e internacionalmente, como em Israel e Roma.



Outro evento de sucesso é o Hallel, fundado em 1988, em Franca, São Paulo, por Maria Theodora Lemos Silveira, conhecida carinhosamente na comunidade de Tia Lolita. Uma mãe muito católica, preocupada com seus filhos músicos e roqueiros, que decidiu na época, tirando como exemplo o Rock in Rio, criar um movimento que agregasse jovens, música e debates, mas que fossem em louvor a Deus. Foi assim que nasceu o Hallel, em família e com muita fé. Acontece também em outros sete países: Chile, Paraguai, México, Peru, Colômbia, Estados Unidos e Uganda.

O PHN, 
Por Hoje Não, é da Comunidade Canção Nova, e se realiza em Cachoeira Paulista, São Paulo. O evento "aconselha e ajuda jovens a se guiar no cotidiano longe do pecado". Segundo o site da Canção Nova, o PHN “representa a maneira pessoal de estar de acordo com Deus. Ele nos permite recomeçar a cada dia”.

A Canção Nova trabalha com acampamentos. E o do PHN é um dos maiores eventos da comunidade, trazendo milhares de jovens de todos os lugares do país. O idealizador do evento é o músico e missionário Dunga, que criou o PHN com o objetivo de ter um acampamento com música, luau, workshop, missas, tudo para os jovens se aproximarem cada vez mais de Deus com o lema “Por Hoje Não, por hoje não vou mais pecar”.

Os cantores do Hallel se apresentam na terça, 25 de julho, Halleluya, de 23 a 26 de julho, PHN na sexta, dia 26.

A programação completa do Festival da Juventude será divulgada em março, mas já se sabem os principais locais das atrações: Sambódromo, Aterro do Flamengo, Praia de Ipanema, Museu de Belas Artes, Museu Histórico Nacional e Rio Centro.
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Disponível em: Canção Nova.

A vaca e o burro e o Jesus "simbólico" do Papa



Comecemos pela vaca e pelo burro: não, o Papa não disse que eles têm que desaparecer do presépio. O que se passou quando “Jesus de Nazaré – A Infância de Jesus” foi publicado, a 20 de Novembro, traduz um grave problema mediático:agências noticiosas e jornais internacionais passaram a informação, depois repetida e em alguns casos acrescentada, de que o Papa afirmava que o burro e a vaca não fazem parte do presépio; alguns chegavam ao ponto de escrever que o Papa afirmava que aquelas figuras são invenção.

E no Telejornal da RTP, desta noite, passou mais uma peça da qual se depreende que a jornalista nem sequer teve o trabalho de ler os 3-parágrafos-3 em que o Papa fala do assunto. E só uma leitura apressada ou sensacionalista terá retido as pessoas apenas na primeira frase desses três parágrafos (25 linhas!) onde o tema é tratado: “Aqui, no evangelho, não se fala de animais”, escreve Bento XVI. Para acrescentar logo a seguir: “mas a meditação guiada pela fé (...) não tardou a preencher esta lacuna.” (pág. 61-62) E para terminar peremptoriamente: “Nenhuma representação do presépio prescindirá do boi e do jumento.”


O Papa atém-se, para chegar a esta conclusão, ao significado simbólico e bíblico da representação destas duas figuras na cena do nascimento de Jesus. Tal como sucede quando fala dos magos, que deu origem a outra “descoberta” mirabolante de jornais espanhóis: Bento XVI “afirmava” que os magos foram da Andaluzia, por causa desta frase: “Se a promessa contida nestes textos estende a proveniência destes homens até ao Extremo Ocidente (Társis = Tartessos, na Espanha), a tradição encarregou-se de desenvolver ainda mais a universalidade dos reinos destes soberanos, interpretando-os como reis dos três continentes então conhecidos: África, Ásia, Europa.”

Um disparate mediático, portanto, a juntar a tantos outros que, no domínio da informação religiosa, tantas vezes se verificam (sendo certo que, neste caso, muito do que se publicou tinha por fonte primeira um erro das agências e imprensa internacional e, por isso, a culpa principal não foi dos media nacionais; mas nada disso retira responsabilidade a que se confirme a informação).

Arrumadas no seu sítio as duas simpáticas figuras do presépio e aquilo que o Papa (não) diz, podemos então olhar para este novo livro de Joseph Ratzinger/Bento XVI, que completa a trilogia “Jesus de Nazaré”. E perguntamos: fosse este livro da autoria de outra pessoa que não o Papa e teria ele o sucesso mediático que teve, tal como já aconteceu com os dois anteriores volumes? Seguramente que não. Até porque nem o teólogo Joseph Ratzinger era um nome popular antes de ser Papa, nem os seus livros são fáceis de entender pela maioria dos crentes.

Este terceiro tomo (na realidade, o prólogo à obra) de “Jesus de Nazaré” volta a ser uma obra que acentua a dimensão simbólica da leitura do texto bíblico. Ratzinger faz tábua rasa de toda a exegese histórica dos evangelhos; para ele, tudo o que contam Lucas e Mateus sobre a infância de Jesus é verdade, mesmo se as duas narrativas são diferentes e não coincidentes em muita coisa. O Papa chega a escrever que ambos os autores dos evangelhos queriam escrever “história real”. Belém, os magos, a estrela, as aparições do anjo, os sonhos de José, a matança dos inocentes, as duas genealogias de Jesus – tudo isso “confirma” as profecias do Antigo Testamento e é narrativa histórica, na leitura de Ratzinger.

Na sua preocupação de “justificar” os textos dos evangelhos, o Papa chega a dizer, referindo-se a Augusto, que “sem o saber, o imperador contribui para o cumprimento da promessa” do nascimento de Jesus (p. 58). Se a afirmação se entende enquanto simbólica, ela pode parecer que está a falar-se de um Deus que dispõe das pessoas como se se tratassem de marionetas. E, noutro passo, diz que uma profecia do ano 733 a.C., segundo a qual uma virgem daria à luz um Emanuel se cumpriu “no momento da concepção de Jesus Cristo” (p. 47).

Ora, para lá de saber que pormenores dos evangelhos têm ou não fundamento histórico (questão importante, embora não decisiva para a compreensão do texto bíblico), há uma outra questão de fundo: toda a Bíblia é uma releitura permanente da relação de Deus com o seu povo. O Novo Testamento cristão é, também ele, uma releitura do Antigo Testamento judaico a partir da centralidade que Jesus passa a ter para os cristãos. Não por acaso, o livro começa por dizer que os evangelhos foram escritos para responder a essas “duas perguntas inseparavelmente unidas” sobre “quem é Jesus e donde vem”.

O valor principal do livro é, assim, a sua leitura simbólica – e ele inclui passagens notavelmente bem escritas, timbre deste Papa, como são por exemplo as passagens que se referem a José como o “justo” (p. 38/39), as referências à alegria como “dom próprio do Espírito Santo” (p. 29) ou a ideia segundo a qual “ao criar a liberdade, de certo modo Deus tornou-se dependente do homem; o seu poder está ligado ao ‘sim’ não forçado duma pessoa humana” (p. 36).

Mas este prólogo de “Jesus de Nazaré” decepciona ao não propor um retrato de Jesus e dos evangelhos da infância que seja significativo para os tempos de hoje e que se limita, por vezes, a repetir o que se diz desde há séculos.

O livro de Ratzinger foi objecto da entrevista que o padre e biblista Joaquim Carreira das Neves deu neste sábado à TSF. Nela, o exegeta defende que a obra faz uma “história teológica”, que pretende “preencher o vazio da infância de Jesus”. E recorda que os relatos da infância nasceram porque os cristãos dos finais do primeiro século (quando foram escritos os textos de Mateus e Lucas) se perguntavam sobre as origens de Jesus – sendo, por isso, respostas teológicas a essa pergunta.
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Fonte: http://religionline.blogspot.com.br/2012/12/a-vaca-e-o-burro-e-o-jesus-simbolico-do.html

Natal é encontro!




O Novo Testamento regista encontros fascinantes e decisivos entre as pessoas e Jesus. O homem moderno aprecia, valoriza e necessita de encontros, de comunicação interpessoal, de aceitação de uma presença, de uma experiência de amizade.

Natal cristão é encontro pessoal com Jesus Cristo, o amigo por excelência porque é o salvador.

No rosto de Cristo, o homem sente-se atraído para Deus e impelido para encontrar os irmãos.

No olhar de Jesus Cristo, descobrimos quem é Deus e quem nós devemos ser. Jesus é o nosso verdadeiro “eu” e fascinação da humanidade.

1. Natal é um encontro vivo. É uma experiência vital entre um eu e um tu. É um acontecimento que arrebata, fascina, transforma. Um encontro que impacta e causa assombro, admiração, encantamento.

2. Um encontro decisivo. Que o digam a samaritana, Zaqueu, Maria Madalena, Nicodemos, Paulo e os milhares de convertidos, como também, os nossos santos e mártires. Encontrar Jesus foi decisivo nas suas vidas.

3. Um encontro persuasivo. Provoca fé, opção, seguimento, rendição. Sentimo-nos conquistados por Cristo Jesus, assumimos os seus pensamentos, os seus sentimentos, os seus critérios, as suas atitudes, o seu destino.

4. Um encontro fundante. Jesus Cristo é o fundamento, a raiz, a rocha do nosso existir. Nele encontramos a verdade, a vida, o caminho, a direcção, a bússola.

5. Um encontro fascinante. Encontramos em Jesus o tesouro, a felicidade, a prioridade das nossas vidas. Ele o Primeiro e o Último. “Nada antepor a Cristo Jesus” dizia São Bento. Podemos assim conhecer Jesus internamente, amá-lo ardentemente, segui-lo generosamente e anunciá-lo corajosamente.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Natal cristão ou pagão?



É preciso recristianizar o Natal.

Foi numa noite fria, há cerca de 2000 anos que nasceu, pobrezinho, o Salvador do mundo, para nos salvar e ensinar o caminho de volta para Deus que o homem havia perdido.

Embora não se saiba o dia exato do nascimento de Cristo (os judeus seguiam o calendário lunar) a Igreja escolheu o dia 25 de Dezembro para celebrar o Natal de Cristo, a fim de cristianizar uma grande festa pagã que se fazia em Roma neste dia: Dies Natalis Solis. Substituiu-se a festa do deus sol pela comemoração do Natal do verdadeiro Sol do mundo, Nosso Senhor Jesus Cristo.

Com a neo-paganização do mundo e o conseqüente esquecimento do verdadeiro Deus e idolatria dos novos deuses da sociedade, o prazer e o dinheiro, o contrário vai se verificando: a paganização do Natal, a substituição da festa cristã por comemorações onde reinam o mercantilismo, a sensualidade, as bebedeiras e até carnaval.

Recristianizemos o Natal.
Que o nosso Natal seja o Natal cristão do nascimento de Cristo, onde aprendemos as sábias lições deste Divino Mestre Infante.

Do seu trono, o presépio de palhas, Ele nos ensina a humildade e a simplicidade de coração.

Dali Ele nos ensina a necessidade de seguirmos o seu único caminho para alcançarmos a salvação: chamou, através de uma estrela, os Magos do Oriente para arrancá-los das trevas da idolatria e ensinar-lhes a Fé católica: ali já ficava condenado o ecumenismo que tenta parificar as religiões.

Dali, do seu palácio real, a gruta-estrebaria, ele nos ensina que os bens deste mundo, o dinheiro e as riquezas, não são a felicidade. Lição para os ricos e para os pobres: que os ricos aprendam a caridade e o desapego desses bens passageiros; e os pobres aprendam a liberar o coração da inveja e da ambição.

Dali nos ensina a verdadeira fraternidade cristã. Ali não se prega a luta de classes. Lá estão os pobres - os pastores - e os ricos - os Reis Magos. Todos têm o seu lugar no coração do Menino Jesus. Deus não quer nem a exploração nem a ganância, nem a revolta nem a inveja. Quer a harmonia, a justiça e a caridade entre todos.

Sigamos as lições deste Mestre Menino, e o nosso Natal - nossa vida e nosso mundo - será feliz.

Feliz Natal para todos, Natal Cristão!


Dom Fernando Arêas Rifan

Diáconos Permanentes



Neste sábado que antecede ao domingo “gaudete” do Advento, tive a alegria de impor as mãos em 18 novos diáconos permanentes para serviço da caridade e do Evangelho em nossa cidade do Rio de Janeiro. Diante desse momento de júbilo para a Igreja em nossa Arquidiocese, percebemos, todavia, que ainda há muitos que se perguntam "o que é o diaconato permanente?"

Esta indagação, certamente, é feita tendo em vista várias dimensões fundamentais do ministério ordenado que talvez ainda não estejam claramente assimiladas por não poucos de nossos irmãs e irmãos, e cabe a nós, como pastores do rebanho que o Senhor nos confia, iluminar-lhes o entendimento diante desses questionamentos.


Antes de adentrarmos nas particularidades do ministério ordenado, observemos primeiramente no que ele se constitui pela recepção do Sacramento da Ordem, um dos sete sacramentos da nossa Igreja. Esse sacramento possui três graus de ordem – o Diaconato, o Presbiterado e o Episcopado – mediante os quais o “varão”, após ter reconhecidas em si as virtudes próprias de um cristão destinado ao serviço do povo de Deus por meio do ministério ordenado (cf. I Tm 3,3-7), torna-se respectivamente “diácono”, “padre” ou “bispo”, dependendo do grau que lhe é conferido. A palavra "diácono" vem da palavra grega diaconos, que é encontrada diversas vezes no Novo Testamento, e caracteriza “aquele que é destinado ao serviço”. Desse modo, é necessário entendermos que o Diaconato foi instituído pela autoridade apostólica com a finalidade de que os bispos e presbíteros pudessem comprometer-se mais eficazmente com a pregação evangélica e o governo da Igreja, conforme vemos em At 6,1-7, destinando, assim, o serviço mais direto da caridade a tais colaboradores. O diácono, portanto, é aquele que se destina ao serviço do povo de Deus, cuja característica fundamental é a caridade.

O Sacramento da Ordem no grau do Diaconato, entretanto, não confere o sacerdócio, mas imprime um caráter sacramental que infunde permanentemente uma consagração própria por meio da qual o ordenado é essencialmente destinado à função do serviço da caridade para com o povo de Deus. Portanto, apesar de não receber o sacerdócio com a ordenação, o ordenado ao diaconato deixa sua condição de leigo e passa a fazer parte do clero, cabendo-lhe, por isso, todas as responsabilidades próprias dessa condição.

Apesar de constituírem um só e mesmo grau do Sacramento da Ordem, ou seja, o grau do Diaconato, existem dois tipos de diáconos, que se distinguem pela sua finalidade: o diaconato chamado "transitório", (recebido como uma etapa na caminhada para a recepção do presbiterado); e o diaconato "permanente", que é recebido por aqueles que assim foram chamados e o buscam como finalidade de seu serviço à Igreja, tendo em vista não estarem destinados ao sacerdócio e que, por isso, ficarão “permanentemente” como diáconos.

Enquanto para todos os diáconos transitórios é necessária a vivência do celibato, tendo em vista estarem destinados ao Sacerdócio, para aqueles que se destinam ao diaconato permanente é diferente: os solteiros são ordenados só dentre os que têm o carisma do celibato.

O diaconato, como vimos, tendo sua origem na autoridade apostólica, progrediu na Igreja em seu exercício, assumindo tanto o serviço da caridade para o qual foi instituído quanto incorporando ao seu ofício funções litúrgicas de assistência às celebrações como a de serem ministros dos sacramentos do Batismo e do Matrimônio.

Todavia, no decurso dos séculos, o diaconato permanente, apesar de ter existido nos primórdios do Cristianismo, foi sendo esquecido permanecendo somente o diaconato transitório.

O Concílio Vaticano II, observando os sinais dos tempos e a necessidade de uma pastoral mais eficaz diante das circunstâncias da modernidade, viu por bem empreender os esforços necessários para tal eficácia, enxergando assim a necessidade de determinar a restauração do diaconato permanente. Tal restauração foi inicialmente regulamentada em 1967, pelo Papa Paulo VI, por meio do Motu Próprio Sacrum Diaconatus Ordinem, sendo posteriormente promulgadas, pela Congregação para o Clero, as "Normas Fundamentais para a Formação dos Diáconos Permanentes" e o "Diretório do Ministério e da Vida dos Diáconos Permanentes".

Estes documentos deixam explícitos que "a restauração do diaconato permanente numa nação não implica a obrigação da sua restauração em todas as dioceses. Compete exclusivamente ao Bispo Diocesano restaurá-lo ou não." Todavia, em nossa Arquidiocese, desde que a implantação do diaconato permanente foi empreendida pelo nosso antecessor Cardeal Eugenio Sales, há 25 anos, temos muito que agradecer a Deus pelo bem que tal ministério tem realizado na missão de proclamar o Evangelho, assistir os necessitados e colaborar nas atividades que exercem nas diversas paróquias da nossa cidade.

Não poucos são os desafios que atualmente nossa sociedade impõe à Igreja, dentre eles algo que está no cerne da questão é certamente o fundamento da própria sociedade, ou seja, a família. Em sua maioria, os homens que se destinam ao diaconato permanente são casados e, por isso, dão um testemunho de que, além da responsabilidade a seus deveres como pais de famílias, são capazes de contribuir de maneira mais comprometida e consagrada com a missão da Igreja no pastoreio do rebanho que o Senhor lhes confia.

Numa realidade em que o testemunho fiel e coerente com as palavras do Evangelho é a chave de como evidenciar Cristo ao mundo, a ação dos diáconos permanentes nas diversas situações sociais em que estão inseridos tornam-se “faróis” a refletirem a “luz de Cristo”. Na realidade secularizada de nossos dias, eles exercem um testemunho da importância e integridade da família (de fundamental importância para a sociedade) e da santificação do trabalho cotidiano (como profissionais nos vários ramos de atividades). O recente Motu próprio que o Papa Bento XVI sobre a questão social demonstra a importância do tema e a necessidade desses homens de Deus que se colocam a serviço dos irmãos e irmãs.

Portanto, cientes de que o que é o diaconato permanente e de sua missão no papel evangelizador da Igreja de Cristo, alegremo-nos por nossos novos diáconos permanentes e oremos por estes nossos irmãos que, além do cuidado de suas famílias, consagram-se, por meio do Sacramento da Ordem, para o cuidado e o serviço para com o todo o Povo de Deus, a fim de que sejam eles verdadeiros colaboradores de nossa ordem episcopal, para que em tudo concorramos para a maior glória de Deus e difusão do Evangelho.


Dom Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)