sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O Ateísmo - parte II



No último artigo nessa coluna formulei algumas perguntas que sempre de novo voltam  quando se coloca a questão da fé em Deus. Algumas delas inscrevem-se no quadro das relações entre fé e razão, entre ciência e fé. Ocupo-me hoje de uma delas: “Não será a idéia de Deus uma criação da mente humana para preencher as lacunas do conhecimento humano sempre limitado?” Há uma forma de ateísmo que se estrutura como conseqüência e como defesa da ciência.

Recentemente, em entrevista televisiva, o Biólogo e Psicólogo americano, Michael Schermer, fundador da "Sociedade dos céticos", ex-mormon, defendeu com ardor de missionário o ateísmo, tendo como pressuposto que a religião oferece respostas ilusórias para questões que a ciência deverá resolver. O Concílio Vat. II, na década de sessenta, já se confrontara com a questão: “Muitos, ultrapassando indevidamente os limites das ciências positivas, ou pretendem explicar todas as coisas só com os recursos da ciência , ou, pelo contrário, já não admitem nenhuma verdade absoluta.”(GS 19). Michael Schermer, como Dawkins – este escreveu “Deus, um delírio”- prega com fervor que a Ciência, em especial a biologia e a psicologia, deve substituir a teologia e a filosofia na tarefa de fundar os valores que devem reger a vida da sociedade.


O pressuposto é que todas as quetões levantadas pela humana inteligência devem encontrar resposta na pesquisa científica. A esta forma de pensar subjaz uma posição filosófica de que não podem existir questões que escapem ao método científico da verificação empírica. Michael Schermer, ao criar a “Sociedade dos céticos”, transforma seu ceticismo em ateismo militante, para o “bem da humanidade”.

Há aqui um problema delicado. É verdade que a religião funcionou com frequência como explicação de fenômenos para os quais o ser humano não tinha explicação e como consolo e proteção diante das forças incontroláveis da natureza e dos sofrimentos derivados da própria história tantas vezes construida sob a égide do desejo de dominação de um povo  e de uma classe sobre os(as) demais.

Sobretudo nas religiões chamadas primitivas, para cada fenômeno da natureza havia uma divindade a quem se recorria para obter proteção contra as ameaças das alterações cósmicas. Entretanto, como nos ensina o historiador das religiões e filósofo Mircea Eliade, o núcleo essencial de todas as religiões é a consciência de que este mundo – a existência humana – não se justifica a si mesmo, ou seja, não encontra sua origem última nem seu destino final , no interior de si mesmo.

A experiência de que não somos nós a fonte de nosso próprio existir, nem em nossa origem, nem na continuidade de nossa vida, torna inevitável a pergunta: nossa existência – a existência do universo - é dom de um outro cuja existência se põe por si mesma ou emerge inexplicavelmente do nada? A questão não se coloca simplesmente a respeito das origens remotas do universo, de seu início a bilhões de anos  atrás. A questão se coloca aqui e agora, sobretudo a respeito de meu próprio existir. Afinal só o ser humano pode levantar tal questão. E ele o faz ao se surpreender existindo como puro dom.

O filósofo ateu, Jean Paul Sartre, tematizou essa experiência, e entendeu a existência como “estar-lançado-no-mundo”, um fato bruto, sem explicação, devendo o ser humano dar um sentido à sua existência pelas escolhas de sua liberdade. Mas assim como a fonte de sua existência está mergulhada na noite do nada, também o “para-onde” de suas escolhas está destinado ao vazio absoluto. A existência só pode ser angústia.

Mircea Eliade coloca como origem da religião, a consciência de que o universo depende em seu existir permanentemente de um Poder maior, não submetido à erosão do tempo, e realça a sede de comunhão com o mistério – o Sagrado – como única possibilidade para o ser humano de viver com sentido e de poder enfrentar inclusive a morte. É verdade que o avanço científico substituiu as explicaçòes religiosas para muitos fenômenos naturais, cósmicos, biológicos, psicológicos e sociais, contribuindo para a purificar a religião, como nos lembra o Consílio Vat. II: “um sentido crítico mais apurado purifica-a duma concepção mágica do mundo e de certas sobrevivências supersticiosas, e exige cada dia mais a adesão a uma fé pessoal e operante; desta maneira, muitos chegam a um mais vivo sentido de Deus.”(GS 7). Entretanto, as questões fundamentais, que transcendem as possibilidades da pesquisa científica, fundam uma ordem de conhecimento na qual se inscrevem as afirmações das religiões.

O avanço científico com suas  maravilhosas descobertas pode despertar no cientista  a admiração religiosa e o sentimento do sagrado: que grandeza é essa de inteligência e de amor escondida  na beleza do universo? Por que e para que tudo isso? Sem deixar de ser pesquisador o cientista pode se tornar também um místico.( continua).


Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues
Arcebispo de Sorocaba (SP)

A força de uma renúncia



Estamos chegando ao dia e hora marcados para a renúncia de Bento XVI.  Na quinta-feira desta próxima semana, no dia 28 de fevereiro, às vinte horas de Roma, Bento XVI deixará a cátedra de Pedro, que ficará vacante, até que os cardeais elejam um novo papa.

Mesmo com a insistente divulgação do acontecimento, parece que a notícia ainda estaria esperando confirmação, dada a inusitada situação que dela decorreu. Mas aos poucos a inexorabilidade se impõe: é verdade, Bento XVI decidiu renunciar!

A surpresa maior, porém, não é produzida pelo inusitado da ocorrência.  Mas pelas circunstâncias pessoais do Papa, o verdadeiro protagonista deste acontecimento de tantas repercussões.

Ele revelou um grande desprendimento, não se prendendo às vantagens pessoais que o cargo lhe garantia.

Foi sereno, demonstrou pela consciência das repercussões do seu ato, e fez questão de asseverar que agia livremente, depois de obtida a certeza pessoal da conveniência da decisão que tinha amadurecido no confronto de sua consciência com as responsabilidades assumidas ao ser eleito Papa.

Ele demonstrou, sobretudo, muita responsabilidade. Estabeleceu um prazo, conveniente para a Igreja assimilar a nova situação, e ele próprio levar a bom termo todas as decorrências do seu ato.

Dando um prazo de 17 dias, desde o anúncio até a efetivação da renúncia, com a autoridade adquirida com seu gesto, sinalizou o ritmo razoável a ser observado em todas as providências a serem tomadas.

Em síntese, a renúncia do Papa se constituiu num precioso testemunho de coerência pessoal, e um exemplo carregado de ensinamentos prudenciais, tão importantes no momento em que a humanidade vê crescer, exponencialmente, o número de idosos, que precisam descobrir o bom senso, com a sabedoria de perceber o momento oportuno, a hora conveniente, a decisão acertada para sair de campo, e deixar o lugar para que outros o ocupem com mais capacidade e eficiência.

Numa população que prolonga a vida, e que ocupa as vagas, é urgente a escola da renúncia! Ela não está fora de propósito.

Mas diante desta renúncia paradigmática do Papa, vale a pena perguntar-nos quando e como uma renúncia se constitui em decisão acertada, a ser efetivada com determinação.Ficando no contexto próximo à renúncia do Papa, não é fora de propósito perguntar por que tantas renúncias de bispos produzem tão pouco impacto, quase nenhum efeito.

Fica posta a questão: quando é que uma renúncia é boa?   No exemplo do Papa encontramos logo algumas respostas: a renúncia precisa ser livre, não condicionada por determinações externas, serena, e ser realizada em momento oportuno, tanto para o renunciante como para os outros ligados a ele de alguma forma.

Não seria fora de propósito garantir um espaço maior para um bispo renunciar, deixando-o com a possibilidade de efetivar sua renúncia num contexto mais amplo e mais livre. Não impondo uma data obrigatória de referência, de 75 anos. Poderia se deixar o espaço de cinco anos para que ao longo deles o Bispo faça pessoalmente o discernimento do momento adequado para a sua renúncia.

Sempre lembrando que não é preciso esperar os 75 anos para renunciar.  Pois dependendo das circunstâncias, o testemunho do bispo que renuncia publicamente pode ser muito mais eficaz e produzir inesperados frutos, que costumam brotar de ânimos generosos, como mostrou Bento XVI.

Em todo o caso, a renúncia sempre deveria comportar a possibilidade de viver com intensidade o que Jesus afirmou: “Ninguém tira a minha vida, eu a dou livremente”.


Dom Demétrio Valentini
Bispo de Jales (SP)

Ano da Fé: O Ateísmo (Parte I).



O Credo cristão começa assim : “Creio em Deus Pai todo poderoso, criador do céu e da terra”.  A crise de fé começa aqui e levanta as seguintes perguntas: o que é crer? Por que crer em Deus? Quem é Deus? O Universo tem sua origem em um ato de poder de um ser transcendente ou é fruto do acaso? Não será a idéia de Deus uma criação da mente humana para preencher as lacunas do conhecimento humano sempre limitado? Crer em Deus não é mergulhar numa ilusão perigosa - uma alienação - por delegar a outro a direção da história? A resposta às perguntas que emergem do desejo de saber do ser humano não devem encontrar respostas na própria razão? E ainda: como explicar a presença do mal no mundo?

Dois fenômenos desafiam hoje a fé cristã em Deus: de um lado, o ateísmo, e , de outro, certas concepções de Deus que acabam por negar sua relação pessoal com o ser humano e com sua história. A fé Cristã crê em um Deus que se faz homem e participa de nossa história.

O Concílio Vaticano II, ao tratar da dignidade da pessoa humana, na Constituição Pastoral “Gaudium et Spes”, dedicou uma significativa reflexão à questão do ateísmo. Cinquenta ano após sua abertura, seus ensinamentos continuam atuais. 

Retomo algumas afirmações do Concílio para oferecer ao leitor sua posição sobre o ateísmo. Já na introdução afirma o documento: “Por fim, as novas circunstâncias afetam a própria vida religiosa. Por um lado, um sentido crítico mais apurado purifica-a duma concepção mágica do mundo e de certas sobrevivências supersticiosas, e exige cada dia mais a adesão a uma fé pessoal e operante; desta maneira, muitos chegam a um mais vivo sentido de Deus. Mas, por outro lado, grandes massas afastam-se praticamente da religião.

Ao contrário do que sucedia em tempos passados, negar Deus ou a religião, ou prescindir deles já não é um fato individual e insólito: hoje, com efeito, isso é muitas vezes apresentado como exigência do progresso científico ou dum novo tipo de humanismo. Em muitas regiões, tudo isto não é apenas afirmado no meio filosófico, mas invade em larga escala a literatura, a arte, a interpretação das ciências do homem e da história e até as próprias leis civis; o que provoca a desorientação de muitos”(GS 7). Mas é no capítulo primeiro da primeira parte que a questão  do ateismo é abordada de forma direta e explícita em quatro ítens: 1. Formas e causas do ateismo (n. 19); 2. O ateismo sitemático (n. 20); 3. Atitude da Igreja diante do ateismo (n. 21); 4. Cristo, o homem novo (n. 22).

Como o ítem 1 sugere, “com a palavra ‘ateismo’designam-se fenômenos muito diversos entre si. Com efeito, enquanto alguns negam expressamente Deus, outros pensam que o homem não pode afirmar seja o que for a seu respeito; outros ainda, tratam o problema de Deus de tal maneira que ele parece não ter significado. 

Muitos, ultrapassando indevidamente os limites das ciências positivas, ou pretendem explicar todas as coisas só com os recursos da ciência, ou, pelo contrário, já não admitem nenhuma verdade absoluta. Alguns, exaltam de tal modo o homem, que a fé em Deus perde toda a força, e parecem mais inclinados a afirmar o homem do que a negar Deus. Outros, concebem Deus de uma tal maneira, que aquilo que rejeitam não é de modo algum o Deus do Evangelho. Outros há que nem sequer abordam o problema de Deus: parecem alheios a qualquer inquietação religiosa e não percebem por que se devem ainda preocupar com a religião.

Além disso, o ateísmo nasce muitas vezes dum protesto violento contra o mal que existe no mundo, ou de se ter atribuído indevidamente o caráter de absoluto a certos valores humanos que passam a ocupar o lugar de Deus. A própria civilização atual, não por si mesma, mas pelo fato de estar muito ligada com as realidades terrestres, torna muitas vezes mais difícil o acesso a Deus”(GS 19).

No final desse número o Concílio faz uma afirmação que questiona profundamente  a nós cristãqos. Ei-la: “o ateísmo, considerado no seu conjunto, não é um fenômeno originário, antes resulta de várias causas, entre as quais se conta também a reação crítica contra as religiões e, nalguns países, principalmente contra a religião cristã. Pelo que os crentes podem ter tido parte não pequena na gênese do ateísmo, na medida em que, pela negligência na educação da sua fé, ou por exposições falaciosas da doutrina, ou ainda pelas deficiências da sua vida religiosa, moral e social, se pode dizer que antes esconderam do que revelaram o autêntico rosto de Deus e da religião.”( GS 19).

Essa afirmação do Concílio nos chama à responsabilidade diante do ateismo em suas variadas formas. Inevitável não recordar a advertência da epístola de Tiago: “Tu tens a fé, e eu tenho obras! Mostra-me a tua fé sem as obras, que eu te mostrarei a minha fé a partir de minhas obras!  Tu crês que há um só Deus? Fazes bem! Mas também os demônios crêem isso, e estremecem de medo.  Queres então saber, homem fútil, como a fé que não se traduz em obras é vã?”(Tg 1,18-20). (continua).

Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues
Arcebispo de Sorocaba (SP)

Festa da Cátedra de São Pedro



É com alegria que hoje nós queremos conhecer um pouco mais a riqueza do significado da cátedra, do assento, da cadeira de São Pedro que se encontra na Itália, no Vaticano, na Basílica de São Pedro. Embora a Sé Episcopal seja na Basílica de São João de Latrão, a catedral de todas as catedrais, a cátedra com toda a sua riqueza, todo seu simbolismo se encontra na Basílica de São Pedro.

Fundamenta-se na Sagrada Escritura a autoridade do nosso Papa: encontramos no Evangelho de São Mateus no capítulo 6, essa pergunta que Jesus fez aos apóstolos e continua a fazer a cada um de nós: "E vós, quem dizei que eu sou?" São Pedro,0 em nome dos apóstolos, pode assim afirmar: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo". Jesus então lhe disse: "Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi nem a carne, nem o sangue que te revelou isso, mas meu Pai que está no céus, e eu te declaro: Tu és Pedro e sobre essa pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; eu te darei a chave dos céus tudo que será ligado na terra serás ligado no céu e tudo que desligares na terra, serás desligado nos céus". 

Logo, o fundador e o fundamento, Nosso Senhor Jesus Cristo, o Crucificado que ressuscitou, a Verdade encarnada, foi Ele quem escolheu São Pedro para ser o primeiro Papa da Igreja e o capacitou pelo Espírito Santo com o carisma chamado da infalibilidade. Esse carisma bebe da realidade da própria Igreja porque a Igreja é infalível, uma vez que a alma da Igreja é o Espírito Santo, Espírito da verdade. 

Papa estuda possibilidade de “Motu Proprio” para esclarecer pontos do Conclave.



“O Papa está considerando a possibilidade da publicação de um Motu Proprio, nos próximos dias, obviamente antes do início da Sé Vacante, para precisar alguns pontos particulares da Constituição apostólica sobre o Conclave, pontos estes que ao longo dos últimos anos foram apresentados”. Foi o que declarou na manhã desta quarta-feira o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, num colóquio com jornalistas.

Em seguida, o sacerdote jesuíta acrescentou não saber se o Pontífice “considerará necessário ou oportuno fazer um esclarecimento sobre a questão do tempo de início do Conclave”.


“Se e quando o documento será publicado o veremos – disse. O que me resulta é o estudo, por exemplo, de alguns pontos de detalhe para a plena harmonização com outro documento que diz respeito ao conclave, ou seja, o Ordo Rituum Conclavis”, prosseguiu Pe. Lombardi.

“Em todo caso, a questão depende da avaliação do Papa, e se houver esse documento, será publicado no modo oportuno – concluiu o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé. (RL)
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Disponível em: Fratres in Unum.com

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Pastoral da Juventude inicia celebração de 40 anos



Diante do caminho já trilhado, das opções feitas ao longo da existência da Pastoral da Juventude, do momento vivido pela Igreja do Brasil e da oportunidade de celebrar uma data tão significativa: o jubileu de 40 anos da PJ no Brasil! A Coordenação Nacional da PJ, juntamente com a sua Comissão Nacional de Assessores acredita e propõe a celebração dos 40 anos das primeiras articulações da Pastoral da Juventude no Brasil. As comemorações contarão com iniciativas, atividades e ações que desencadearão processos significativos na vida e na caminhada dos jovens organizados como PJ e tantos outros que poderão fazer parte desta bela festa de vidas, histórias e comunhão.

A celebração proposta tem como objetivo fortalecer o processo de evangelização juvenil protagonizado pelos grupos de jovens organizados em todo o Brasil por meio da celebração dos 40 anos da PJ. Deseja, ainda, celebrar nos mais diversos espaços e âmbitos os 40 anos das primeiras articulações da PJ no Brasil; retomar e potencializar os processos construídos pela PJ ao longo da história, ressignificando-os a partir do contexto atual; e fortalecer a identidade e caminhada da Pastoral da Juventude.


Caminho a ser percorrido

A proposta da Coordenação Nacional da PJ é que o caminho de celebração aconteça durante o período de março de 2013 a janeiro de 2104 e perpasse alguns processos e atividades que acontecerão no Brasil.

De forma intensa, permeará a celebração dos 40 anos da PJ o processo de estudo do subsídio “Somos Igreja Jovem: nosso jeito de ser e fazer”, lançado em janeiro de 2012, durante o Encontro Nacional da PJ, ocorrido em Maringá/PR. Este processo de estudo da publicação, visa, sobretudo, aprofundar a proposta da PJ nos mais diversos âmbitos e especificidades, envolvendo um número significativo de pessoas de forma participativa e colaborativa.

A Coordenação Nacional e Comissão Nacional de Assessores da PJ organizarão, ao longo ano, algumas atividades e ações em âmbito nacional, como por exemplo: Criação de selo comemorativo e peças de comunicação; festival de música, arte e poesia; produção de cds com as músicas mais cantadas pela juventude Pjoteira, principais hinos das atividades, novas músicas; publicações de materiais com artigos sobre a caminhada da PJ no Brasil; documentário sobre a caminhada da PJ no Brasil; e seminários e/ou encontros dos projetos nacionais. Também serão organizados roteiros de encontros e ofício divino da juventude, para colaborar na dinamização e envolvimento dos grupos de jovens em vista da celebração dos 40 anos da PJ. Existe a indicação para que sejam fomentadas ações e atividades em todos os níveis da organização (regional, diocesano, paroquial, comunitário).

É tempo de celebrar...

No ano de 2013 a juventude é pauta para grande parte da sociedade, de maneira especial para a Igreja do Brasil. Muitos serão os espaços que refletirão a temática juvenil. Momentos que possibilitarão um olhar para a realidade da juventude brasileira.

Ao longo da história da evangelização da juventude no Brasil, muitas organizações têm contribuindo de forma significativa, dentre elas e de maneira especial, podemos destacar a trajetória da Pastoral da Juventude (PJ). Com sua proposta de ação junto às juventudes engajadas especialmente nas comunidades eclesiais de base da Igreja Católica a PJ há décadas organiza jovens em pequenos grupos de base, dinamizados por suas coordenações comunitárias, paroquiais, diocesanas, regionais e nacional, sendo acompanhados por assessores adultos, dentre eles: leigos, leigas, religiosos, religiosas, padres e bispos.

Segundo o Marco Referencial das Pastorais da Juventude do Brasil, as primeiras tentativas de articulação em nível nacional se deram no período de 1973 a 1978, promovidas pela própria CNBB com o objetivo de reunir as experiências de PJ esparsas pelo Brasil. Em 1973, no Rio de Janeiro aconteceu o Primeiro Encontro Nacional da PJ. Em 1976, também no Rio de Janeiro, aconteceu o Segundo Encontro Nacional da PJ. Estes dois primeiros encontros reuniram pessoas com prática de PJ, para refletir a situação e buscar caminhos de organização.

Os grupos de base, opção fundamental de organização da PJ, acreditam em uma atuação diferenciada na Igreja e na sociedade, fundamentada em características e metodologias próprias. Dentre elas destacam-se: seguimento a Jesus Cristo, opção preferencial pela juventude empobrecida, protagonismo juvenil, clareza da necessidade de um processo eficaz de educação na fé, compromisso com a formação integral dos jovens, ação inculturada na vida da juventude, aprofundamento do diálogo ecumênico e inter-religioso, entre outras características.

Programação

Seguem abaixo, algumas atividades e processos que acontecerão durante o período da celebração e que serão espaços propícios para o envolvimento neste processo comemorativo:

1      Abertura do ano Celebrativo: Seminário Nacional nos dias 09 e 10 de março de 2013, em São Leopoldo/RS, na sede da Trilha Cidadã, com o lançamento do Selo Comemorativo dos 40 anos.

2      Campanha da Fraternidade 2013.

3      Semana da Cidadania - SdC, 14 a 21 de abril de 2013.

4      Seminário Nacional "Campanha contra a violência e o extermínio de Jovens”, de 03 a 05 de maio de 2013, em Brasília/DF.

5      Semana Missionária, nos dias 16 a 20 de julho de 2013, em todas as dioceses do Brasil.

6      Jornada Mundial da Juventude, de 23 a 28 de julho de 2013, no Rio de Janeiro/RJ.

7      Semana do/a Estudante - SdE, 05 a 11 de agosto de 2013.

8      Dia Nacional da Juventude - DNJ, 27 de outubro de 2013.

9      13º Intereclesial das CEBs, de 07 a 11 de janeiro de 2014, no Crato/CE.

10   Encerramento do Ano Celebrativo: Ampliada Nacional da Pastoral da Juventude, nos dias 19 a 26 de janeiro de 2014, em Belo Horizonte/MG.
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Fonte: Pastoral da Juventude Nacional

Ex-pastor "evangélico" explica porque a Missa é totalmente bíblica

Scott Hahn compartilhando seu testemunho na Catedral de Westminster, Londres.

Conheça o impressionante depoimento de Scott Hahn, ex-ministro presbiteriano, autor, entre muitos outros, do livro autobiográfico “O Banquete do Cordeiro”, que conta em detalhes a trajetória de sua conversão à Igreja de Jesus Cristo. O texto abaixo é um trecho desta obra, que recomendamos vivamente.

"Ali estava eu, incógnito, um ministro protestante à paisana, esgueirando-me nos fundos de uma capela em Milwaukee para participar pela primeira vez da Missa. A curiosidade me arrastara até lá e eu ainda não tinha certeza de que fosse uma curiosidade saudável. Ao estudar os escritos dos primeiros cristãos, encontrei inúmeras referências à “liturgia”, à “Eucaristia”, ao “sacrifício”. Para aqueles primeiros cristãos, separada do acontecimento que os católicos de hoje denominam “Missa”, a Bíblia – o livro que eu mais amava – era incompreensível.

Eu queria entender os cristãos primeiros, mas não tinha nenhuma experiência de liturgia. Por isso, persuadi a mim mesmo a ir ver, como uma espécie de exercício acadêmico, mas jurando o tempo todo que não ia me ajoelhar nem participar de idolatria.

Sentei-me na obscuridade, em um banco bem no fundo daquela capela no subsolo. À minha frente havia um número considerável de fiéis, homens e mulheres de todas as idades. Impressionaram-me suas reflexões e sua evidente concentração na oração. Então um sino soou e todos se levantaram quando o padre surgiu de uma porta ao lado do altar. Hesitante, permaneci sentado. Durante anos, como calvinista evangélico, fui instruído para acreditar que a Missa era o maior sacrilégio que alguém poderia cometer. Tinha aprendido que a Missa era um ritual com o propósito de “sacrificar Jesus Cristo outra vez”. Por isso, eu seria um espectador, ficaria sentado, com a Bíblia aberta ao meu lado.

Entretanto, è medida que a Missa prosseguia, alguma coisa me tocou. A Bíblia não estava só ao meu lado. Estava diante de mim – nas palavras da Missa! Um versículo era de Isaías, outro dos Salmos, outro de Paulo. A experiência era prodigiosa. Eu queria interromper tudo e gritar: “Ei! Posso explicar o que está acontecendo a partir das Escrituras? Isso é maravilhoso!” Não obstante, mantive minha posição de espectador à parte até que ouvi o sacerdote pronunciar as palavras da consagração: “Isto é o meu corpo… Este é o cálice do meu sangue”.

Eu senti todas as minhas dúvidas se esvaírem. Quando vi o sacerdote elevar aquela hóstia branca, percebi que uma prece subiu de meu coração em um sussurro: “Meu Senhor e meu Deus. Sois realmente vós!”


A partir daquele ponto, fiquei, por assim dizer, tolhido. Não imaginava uma emoção maior que a que aquelas palavras provocaram em mim. Porém a experiência intensificou-se um momento depois, quando ouvi a congregação repetir: “Cordeiro de Deus… Cordeiro de Deus… Cordeiro de Deus”, e o sacerdote responder: “Eis o Cordeiro de Deus…”, enquanto elevava a hóstia.

Em menos de um minuto a frase “Cordeiro de Deus” ressoou quatro vezes. Graças a longos anos de estudos bíblicos, percebi imediatamente onde eu estava. Estava no livro do Apocalipse, no qual Jesus é chamado Cordeiro nada menos que vinte e oito vezes em vinte e dois capítulos. Estava na festa de núpcias que João descreve no final do último livro da Bíblia. Estava diante do trono do Céu, onde Jesus é saudado para sempre como o Cordeiro. Entretanto, não estava preparado para isso – eu estava na Missa!


Voltei à Missa no dia seguinte e no outro dia e no outro. Cada vez que voltava, eu “descobria” mais passagens das Escrituras consumadas diante dos meus olhos. Contudo, naquela capela escura, nenhum livro me era tão visível quanto o da revelação de Jesus Cristo, o Apocalipse, que descreve a adoração dos anjos e santos do Céu. Como nesse livro, vi, naquela capela, sacerdotes paramentados, um altar, uma assembléia que entoava: “santo, santo, santo”. Vi a fumaça de incenso, ouvi a invocação de anjos e santos; eu mesmo entoava os aleluias, pois me sentia cada vez mais atraído a essa adoração. Continuei a me sentar no último banco com minha Bíblia e mal sabia para onde me voltar – para a ação no Apocalipse ou para a ação no altar, que pareciam cada vez mais ser exatamente a mesma.

Mergulhei com vigor renovado em meu estudo do cristianismo antigo e descobri que os primeiros bispos, os Padres da Igreja, tinham feito a mesma “descoberta” que eu fazia a cada manhã. Eles consideravam o livro do Apocalipse a chave da liturgia e a liturgia a chave do livro do Apocalipse. Alguma coisa intensa aconteceu com o estudioso e crente que eu era. O livro da Bíblia que eu achava mais desconcertante – o do Apocalipse – agora elucidava as idéias mais fundamentais de minha fé: a idéia da aliança como elo sagrado da família de Deus. Além disso, a ação que eu considerava a maior das blasfêmias – a Missa – agora se revelava o acontecimento que ratificou a aliança de Deus: “Este é o cálice do meu sangue, o sangue da nova e eterna aliança”.

Eu estava aturdido com a novidade de tudo aquilo. Durante anos tentei compreender o livro do Apocalipse como uma espécie de mensagem codificada a respeito do fim do mundo, a respeito do culto no Céu distante, a respeito de algo que, em sua maioria, os cristãos não poderiam experimentar aqui na terra. Agora, depois de duas semanas de comparecimento diário à Missa, eu me via querendo levantar durante a liturgia e dizer: “Ei, pessoal. Quero lhes mostrar onde vocês estão no livro do Apocalipse! Consultem o capítulo 4, versículo 8. Agora mesmo vocês estão no Céu”.

No Céu agora mesmo! Os Padres da Igreja mostraram que essa descoberta não era minha. Pregaram a respeito há mais de mil anos. Entretanto, eu estava convencido de que merecia o crédito pela redescoberta da relação entre a Missa e o livro do Apocalipse. Então descobri que o Concílio Vaticano II tinha me passado para trás. Reflita nestas palavras da Constituição sobre a Sagrada Liturgia:

Na liturgia terrena, antegozando, participamos da liturgia celeste, que se celebra na cidade santa de Jerusalém, para a qual, peregrinos, nos encaminhamos. Lá, Cristo está sentado à direita de Deus, ministro do santuário e do tabernáculo verdadeiro; com toda a milícia do exército celestial entoamos um hino de glória ao Senhor e, venerando a memória dos Santos, esperamos fazer parte da sociedade deles; suspiramos pelo Salvador, Nosso Senhor Jesus Cristo, até que ele, nossa vida, se manifeste, e nós apareçamos com ele na Glória.

Espere um pouco. Isso é Céu. Não, isso é a Missa. Não, é o livro do Apocalipse. Espere um pouco: isso é tudo o que está acima.

Esforcei-me bastante para ir devagar, cautelosamente, com o cuidado de evitar os perigos aos quais os convertidos são suscetíveis, pois eu estava depressa me convertendo à fé católica. Contudo, essa descoberta não era produto de uma imaginação superexcitada; era o ensinamento solene de um concílio da Igreja Católica. Com o tempo, descobri que era também a conclusão inevitável dos estudiosos protestantes mais rigorosos e honestos. Um deles, Leonard Thompson, escreveu que “até mesmo uma leitura superficial do livro do Apocalipse mostra a presença da linguagem litúrgica disposta em forma de culto… A linguagem de culto desempenha importante papel na coerência do livro”. Bastam as imagens da liturgia para tornar esse extraordinário livro compreensível. As figuras litúrgicas são essenciais para sua mensagem, escreve Thompson, e revelam “algo mais que visões de ‘coisas que estão por vir’”.

O livro do Apocalipse tratava de Alguém que estava por vir. Tratava de Jesus Cristo e sua “segunda vinda”, a forma como, em geral, os cristãos traduziram a palavra grega parousia. Depois de passar horas e horas naquela capela de Milwaukee, em 1985, aprendi que aquele Alguém era o mesmo Jesus Cristo que o sacerdote católico erguia na hóstia. Se os cristãos primitivos estavam certos, eu sabia que, naquele exato momento, o Céu tocava a terra. “Meu Senhor e meu Deus. Sois realmente vós!”.

A partir daquele ponto da Missa, fiquei, por assim dizer tolhido. Não imagino uma emoção maior do que aquelas palavras provocaram em mim. Porém a experiência intensificou-se um momento depois, quando ouvi a congregação repetir: Santo,Santo,Santo, Senhor Deus do Universo…

Meu Deus,eu que estudara o Apocalipse durante 20 anos,entendia muito bem o que estava acontecendo ali… o Céu baixava-se naquele local para celebrar com os católicos!

Mais aturdido ainda fiquei quando ouvi toda assembléia proclamar: 'Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós… Dai-nos a Paz!', e o sacerdote responder: 'Eis o Cordeiro de Deus; eis Aquele que tira o pecado do mundo!'

Em menos de um minuto a frase 'Cordeiro de Deus' ressoou quatro vezes. Graças aos longos anos de estudos bíblicos, percebi imediatamente onde eu estava. Estava no livro do Apocalipse, no qual Jesus é sempre chamado Cordeiro. Estava na Festa de Núpcias que João descreve no Apocalipse. Estava diante do Trono do Céu, onde Jesus é saudado para sempre como Cordeiro. Entretanto,eu não estava preparado para isso – EU ESTAVA NA SANTA MISSA DO SENHOR!

Voltei à Missa no dia seguinte, e no outro dia e no outro. Cada vez que voltava, eu descobria mais passagens das Escrituras consumadas diante de meus olhos.

Mergulhei com vigor renovado em meu estudo do cristianismo antigo e descobri que os primeiros padres e bispos da Igreja, haviam feito a mesma descoberta que eu fazia a cada manhã. Eles consideravam o livro do Apocalipse a chave da Liturgia. Alguma coisa intensa acontecia com o estudioso e crente que eu era. ALÉM DISSO, A MISSA, QUE EU ACHAVA A MAIOR DAS BLASFÊMIAS, agora se revelava no acontecimento que ratificou a Aliança com Deus: 'Este é o Cálice de meu Sangue…'

Eu estava aturdido com a novidade de tudo aquilo. Em meio a crianças chorando e correndo dentro da igreja, para cá e acolá; em meio a um coral destoado nas vozes; em meio a mulheres vestidas como se fossem para a praia, o Céu se une com os católicos para celebrarem o Banquete do Cordeiro.

Depois de duas semanas de comparecimento diário à Missa, eu me via querendo levantar durante a Liturgia e dizer: “Ei pessoal! Quero lhes mostrar onde vocês estão no livro do Apocalipse! Consultem o capítulo 4, versículo 8; agora mesmo vocês verão que estão no Céu!”.

Verdadeiramente me converti à Igreja Católica, e descobri que os padres é que descobriram toda essa riqueza, e não eu. Descobri que o Concílio Vaticano II tinha me passado para trás, quando diz: 'Na Liturgia terrena, antegozando, participamos da Liturgia Celeste, que se celebra na Cidade Santa de Jerusalém, para a qual, peregrinos, nos encaminhamos. Lá, Cristo está sentado à direita do Pai, Ministro do Santuário e do Tabernáculo verdadeiro; com toda Milícia do Exército Celestial entoamos um hino de Glória ao Senhor e, venerando a memória dos Santos, esperamos fazer parte da sociedade deles; suspiramos pelo Salvador, Nosso Senhor Jesus Cristo, até que ele, nossa vida, se manifeste, e nós apareçamos com ele na Glória'."

A paz!

Diácono Bastos

Graças a Deus!


Venha o novo Papa




1.            O Código de Direito Canónico (Cân.401) reza assim: roga-se ao Bispo diocesano, que tiver completado 75 anos de idade, que apresente a renúncia do ofício ao Sumo Pontífice. O Cardeal Ratzinger, quando foi eleito Papa, isto é, Bispo da diocese de Roma, testemunha da fé apostólica de Pedro e Paulo, em comunhão e ao serviço dos Bispos das outras dioceses da Igreja Católica, já tinha 78 anos. Quanto à idade, um Bispo diocesano merece mais cuidados do que um Papa, que tem uma responsabilidade muito mais ampla e pesada.

O alarido em torno da renúncia de Bento XVI, deve-se à estranha ideia de que ele desempenhava um cargo vitalício. A possibilidade de um Papa renunciar está prevista no Direito Canónico (Cân. 332 § 2). O próprio Bento XVI, em 2010, mostrou que poderia vir a ser confrontado com essa situação: “Quando um Papa tem clara consciência de que já não está em grau de cumprir os deveres do seu ofício, física, psicológica e espiritualmente, tem o direito, e em algumas circunstâncias, também o dever, de se demitir”.

Muitos de nós fomos testemunhas das dificuldades físicas que João Paulo II enfrentou, durante anos, ao não atender a esse critério. É certo que foi encontrada, para uso interno, uma “mística da imolação” pelo bem da Igreja, que convenceu apenas os já convencidos. Era demasiado evidente que ele já não se encontrava em condições de responder às enormes carências e responsabilidades da Igreja no século XXI. A falta de atenção aos sintomas de uma certa degradação, em determinados ambientes eclesiásticos e na Cúria Romana, assim como a persistência do sistema de abafar as vozes discordantes, acabaram por adiar uma reforma que se mostra cada vez mais urgente.


2.            Em 1999, durante o Sínodo Internacional dos Bispos, convocado por Wojtyla, para analisar a Europa, após a queda do Muro de Berlim, o então Arcebispo de Milão, Cardeal Martini, surpreendeu os outros padres sinodais, ao evocar o "sonho" de um novo Concílio que tivesse a coragem de discutir os problemas mais espinhosos: "A eclesiologia de comunhão do Vaticano II", a carência já dramática de padres, a posição da mulher na Sociedade e na Igreja, a participação dos leigos em algumas responsabilidades ministeriais, o tema da sexualidade, a disciplina católica do matrimônio, o ecumenismo e as relações com as Igrejas irmãs da Ortodoxia.

Era essa uma agenda crucial, que os Papas Wojtyla e Ratzinger nunca tiveram coragem de enfrentar, mas à medida que o tempo passa, tudo se vai complicando de forma dramática.

Bento XVI espelhou a situação, subjectiva e objectiva em que se encontra: “Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idóneas para exercer adequadamente o ministério petrino. Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado.”

3.            Até à eleição do novo Papa, vão surgir muitas projecções, dentro e fora da Igreja, segundo os grupos e as tendências, acerca das possíveis figuras, desejadas ou não, para ocupar a cátedra de Pedro. Muito em breve, a lista dos papabili, ao ritmo do sobe e desce, irá circular e cada um poderá ir construindo também a sua. Bento XVI já balizou o espaço no qual os eleitores se devem mover: “procurar alguém que perceba o ritmo deste tempo de rápidas mudanças e seja capaz de identificar quais são as questões, de grande relevância para a vida da fé, no governo da barca de S. Pedro e no anúncio do Evangelho”. Para esta tarefa, a assistência do Espírito Santo está divinamente garantida, mas Ele não costuma agir sozinho, nem substituir o discernimento dos eleitores.

A graça não substitui a natureza e sendo assim, o importante é garantir um método de eleição, humanamente fiável, no interior da vida da Igreja, cujas preocupações têm de ser as de Cristo. Para governar a barca de Pedro, além de comprovada capacidade de liderança espiritual, cultural e pastoral, o Papa deve mostrar, sobretudo, um grande gosto de escutar e de consultar, não só os seus irmãos no episcopado, mas sobretudo a vida concreta das pessoas, dentro e fora das comunidades cristãs, em diálogo com todas as correntes que atravessam as sociedades. Em todo o caso, o Papa, Bispo de Roma, não deveria poder ser escolhido por tempo indeterminado, nem ultrapassar a idade de 75 anos, aquela que está marcada para todos os Bispos. A Igreja não pode ser uma monarquia absolutista e vitalícia.

Frei Bento
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Fonte: Religionline