domingo, 3 de março de 2013

O Conclave : escolhendo um novo Papa – entendendo um pouco mais!



A palavra Conclave vem do latim “cum clave”, que significa “com chave”, e designa o processo, por meio de reuniões entre os Cardeais da Igreja Católica, para a eleição de um novo Papa.

A palavra Conclave foi usada pela primeira vez no ano de 1274, onde o Papa Gregório X, para evitar que as reuniões para a eleição do Papa se demorasse em demasia, determinou que os Cardeais ficassem reclusos e reunidos “com chaves” para decidirem seus votos, sem interferência externa.

O Conclave inicia-se cerca de 15 a 20 dias após a morte ou renúncia do Papa. Tal período denomina-se novemdiales, e encerra-se com a Missa Pro Eligendo Papa, onde todos os Cardeais se reúnem na Basílica de São Pedro, dirigindo-se posteriormente para a Capela Sistina, onde efetivamente começa o Conclave.



As normas que regem o Conclave estão dispostas na Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis (aconselho vivamente a leitura), a qual dispõe que, após a morte ou renúncia do Papa, a Sé Apostólica é considerada vacante ou vaga (Sede Vacante) até a data de eleição do novo Papa.

De acordo com o art. 1º da supracitada Constituição Apostólica:

“Durante a vacância da Sé Apostólica, o Colégio dos Cardeais não tem poder ou jurisdição alguma no que se refere às questões da competência do Sumo Pontífice, enquanto estava vivo ou no exercício das funções do seu ofício; todas essas questões deverão ser exclusivamente reservadas ao futuro Pontífice. Declaro, por isso, inválido e nulo qualquer ato de poder ou de jurisdição, próprio do Romano Pontífice enquanto está vivo ou no exercício das funções do seu ofício, que o Colégio mesmo dos Cardeais julgasse exercer, a não ser dentro dos limites expressamente consentidos nesta Constituição.”

O governo da Igreja é entregue, então, de maneira restrita, como vimos acima, ao Cardeal Camerlengo, do qual, no caso da morte do Papa, é dever atestar a morte do Sumo Pontífice, fazendo-o na presença do Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, dos Prelados Clérigos e dos Secretário e Chanceler da Câmara Apostólica, redigindo, posteriormente, a ata do falecimento do Papa e convocado, ato contínuo, o Sagrado Colégio de Cardeais.

Como no caso hodierno não tivemos a morte, mas sim a renúncia do Papa, a qual passará a gerar efeitos a partir das 20:00 horas do dia 28 de fevereiro, tal convocação se dará logo após tal data, período em que se formarão também as Congregações dos Cardeais.

“No período de Sé vacante, haverá duas espécies de Congregações dos Cardeais: uma geral, isto é, de todo o Colégio, até ao início da eleição, e a outra particular. Nas Congregações gerais, devem participar todos os Cardeais não legitimamente impedidos, logo que tenham sido informados da vacância da Sé Apostólica. Contudo, aos Cardeais que não gozam do direito de eleger o Pontífice, é concedida a faculdade de se absterem, se assim o preferirem, de participar nessas Congregações gerais.

A Congregação particular é constituída pelo Cardeal Camerlengo da Santa Igreja Romana e por três Cardeais, um de cada uma das ordens, extraídos à sorte dentre os Cardeais eleitores que já tenham chegado a Roma. O ofício destes três Cardeais, chamados Assistentes, cessa ao completar-se o terceiro dia, sucedendo-lhes no lugar, sempre por meio de sorteio, outros três pelo mesmo espaço de tempo, mesmo depois de iniciada a eleição.

Durante o período da eleição, as questões mais importantes, se fôr necessário, são tratadas pela assembleia dos Cardeais eleitores, ao passo que os assuntos ordinários continuam a ser tratados pela Congregação particular dos Cardeais. Nas Congregações gerais e particulares, durante o período de Sé vacante, os Cardeais trajem a habitual batina preta filetada e a faixa vermelha, com o solidéu, cruz peitoral e anel.” (art. 7º)

Pois bem, reunidos os Cardeais eleitores (aqueles com menos de 80 anos de idade), em número máximo de 120, inicia-se o Conclave, sob o maior sigilo e isolamento, obrigatoriamente dentro do território do Vaticano, conforme veremos de maneira pormenorizada mais abaixo.

Quanto ao sigilo, todos os Cardeais eleitores são obrigados a manter segredo absoluto sobre tudo o que diz respeito às sessões do Conclave. Regra esta extensiva também àqueles que prestem auxílio técnico ou de qualquer outro modo, os quais, se quebrado o sigilo, podem ser punidos com a excomunhão. Tal pena, todavia, não se estende aos Cardeais, visto que estes estão obrigados por princípio de consciência (graviter onerata ipsorum conscientia).

Os Cardeais ficam alojados condignamente num edifício próximo à eleição, denominado Domus Sanctae Marthae (Casa de Santa Marta), cada um numa espécie de cela, sem qualquer contato com o mundo exterior.

Após uma Missa com todos os Cardeais, duas mesas são dispostas no interior da Capela Sistina. Uma é coberta com um pano de cor púrpura, onde são colocados três vasos de prata, os quais funcionam como urnas. E a outra é reservada para os três Cardeais Escrutinadores.

O Conclave


Os Cardeais eleitores dirigem-se, então, às suas cadeiras, as quais são devidamente marcadas com seus nomes. O Cardeal Camerlengo, encarregado de dirigir o Conclave, profere, em alto e bom som, a famosa frase: “Extra Omnes!”

É a ordem para que todos saiam da sala, fechando-se as portas “com chaves”.


O Cardeal Decano ou o primeiro dos Cardeais segundo a ordem e os anos de cardinalato, proferirá a seguinte fórmula de juramento:

“Nós, todos e cada um dos Cardeais eleitores, presentes nesta eleição do Sumo Pontífice, prometemos, obrigamo-nos e juramos observar fiel e escrupulosamente todas as prescrições contidas na Constituição Apostólica do Sumo Pontífice João Paulo II, Universi Dominici Gregis, emanada a 22 de Fevereiro de 1996. De igual modo, prometemos, obrigamo-nos e juramos que quem quer de nós, que, por divina disposição, for eleito Romano Pontífice, comprometer-se-á a desempenhar fielmente o munus Petrinum de Pastor da Igreja universal e não cessará de afirmar e defender estrenuamente os direitos espirituais e temporais, assim como a liberdade da Santa Sé. Sobretudo prometemos e juramos observar, com a máxima fidelidade e com todos, tanto clérigos como leigos, o segredo acerca de tudo aquilo que, de algum modo, disser respeito à eleição do Romano Pontífice e sobre aquilo que suceder no lugar da eleição, concernente direta ou indiretamente ao escrutínio; não violar, de modo nenhum, este segredo, quer durante quer depois da eleição do novo Pontífice, a não ser que para tal seja concedida explícita autorização do próprio Pontífice; não dar nunca apoio ou favor a qualquer interferência, oposição ou outra forma qualquer de intervenção, pelas quais autoridades seculares de qualquer ordem e grau, ou qualquer gênero de pessoas, em grupo ou individualmente, quisessem imiscuir-se na eleição do Romano Pontífice.”

 

Em seguida, cada um dos Cardeais eleitores, por ordem de precedência, prestará juramento com a fórmula seguinte:

“E eu, N. Cardeal N., prometo, obrigo-me e juro”, e, colocando a mão sobre o Evangelho, acrescentará: “Assim Deus me ajude e estes Santos Evangelhos, que toco com a minha mão”. Após todos efetuarem o juramento, o Cardeal Camerlengo conclui: “Que Deus vos abençoe a todos!”

 

São eleitos, inicialmente, os três Cardeais Escrutinadores, responsáveis por colher e contar os votos, os três Cardeais Infirmarii, responsáveis por colher os votos dos Cardeais que porventura adoecerem durante o Conclave, e os três Cardeais Revisores, responsáveis por fiscalizar os trabalhos dos Cardeais Escrutinadores.


A Votação


No que concerne à votação, é consenso na Igreja Católica que o Espírito Santo guia as decisões de cada Cardeal.

Não é, portanto, um jogo de interesses ou um “arrumadinho” político, como queiram alguns, mas sim, a escolha do sucessor de Pedro. Escolha esta que é guiada e pautada pelos princípios do Evangelhos e pela destra de Deus.

Cada Cardeal pega, então, um papel branco, de forma retangular, onde está escrito “Eligo in summum pontificem” (Elejo como Sumo Pontífice), e escreve em caligrafia clara e com letras maiúsculas, o nome do Cardeal que, na sua opinião, deve se tornar o Papa.

De acordo com o art. 66 da Constituição Apostólica Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, cada Cardeal eleitor, pela ordem de precedência, depois de ter escrito e dobrado a ficha, mantendo-a levantada de modo que seja visível, leva-a ao altar, junto do qual estão os Escrutinadores e em cima do qual é colocado um recipiente coberto com um prato para recolher as fichas. Chegado aí, o Cardeal eleitor pronuncia, em voz alta, a seguinte forma de juramento:

“Invoco como testemunha Cristo Senhor, o qual me há de julgar, que o meu voto é dado àquele que, segundo Deus, julgo deve ser eleito”.

 

Em seguida, depõe a ficha de voto no prato e com este introdu-la no recipiente. Tendo realizado isto, faz uma inclinação ao altar, e volta para o seu lugar.

Se algum dos Cardeais eleitores presentes na Capela não puder dirigir-se ao altar, por motivo de doença, o último dos Escrutinadores irá junto dele, e ele, depois de proferir o juramento referido, entrega a ficha de voto dobrada ao Escrutinador o qual a leva, bem visível, ao altar e, sem pronunciar o juramento, depõe-na sobre o prato e com este introduzi-la no recipiente.


Acabada a votação, o 1º Cardeal Escrutinador leva o vaso contendo as cédulas de votação para a mesa de escrutínio, coloca os votos num vaso de vidro, e os Cardeais Escrutinadores procederão a contagem. O 1º Cardeal Escrutinador anota o nome e passa a cédula para o 2º Cardeal Escrutinador, que também anota o nome, passando em seguida para o 3º Cardeal Escrutinador, que o lê, em voz alta e de maneira legível. Ele pega, então, a cédula do votação, fura e cose-a com agulha e linha. Detalhe: a agulha deve perfurar a palavra Eligo impressa no voto.

Os votos são colocados no terceiro vaso, onde são contados e apurados.


A Apuração

Se a votação não for concludente, ou seja, se nenhum Cardeal tiver recebido no mínimo 2/3 dos votos, volta-se tudo ao início da votação. O Cardeal Camerlengo recolhe as anotações dos Cardeais, inclusive dos Escrutinadores, dos Infirmarii, e dos Revisores, e deposita tudo numa caixa, a qual é levada ao fogão da Capela Sistina, onde é juntado um pouco de palha molhada, para que a fumaça saia negra, sinal de que ainda não se escolheu o nome do Papa.


Caso os Cardeais eleitores tenham dificuldade em pôr-se de acordo quanto à pessoa a eleger, realizados sem êxito durante três dias os escrutínios, estes serão suspensos durante um dia, no máximo, para uma pausa de oração, de livre colóquio entre os votantes e de uma breve exortação espiritual, feita pelo primeiro dos Cardeais da ordem dos Diáconos.

Em seguida, recomeçam as votações segundo a mesma forma, e se, após sete escrutínios, ainda não se verificar a eleição, faz-se outra pausa de oração, de colóquio e de exortação, feita pelo primeiro dos Cardeais da ordem dos Presbíteros.

Procede-se, depois, a uma outra eventual série de sete escrutínios, seguida – se ainda não se tiver obtido o resultado esperado -, de uma nova pausa de oração, de colóquio e de exortação, feita pelo primeiro dos Cardeais da ordem dos Bispos.

Em seguida, recomeçam as votações segundo a mesma forma, as quais, se não for conseguida a eleição, serão sete.

Se ainda assim não se chegar a um nome, tomam-se os nomes dos dois Cardeais mais votados no último escrutínio, entre os quais se dará a eleição, por maioria simples dos votos.

A fumaça branca


Quando se chegar, enfim, ao nome do novo Papa, o Camerlengo queima, então, apenas as cédulas de votação, fazendo com que a fumaça saia branca, sinal para todo o povo de que temos um Papa.

Assim, após os escrutínios, verificada a canonicidade da eleição realizada, o último dos Cardeais Diáconos chama para dentro do local da eleição o Secretário do Colégio dos Cardeais e o Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias; em seguida, o Cardeal Decano, ou o primeiro dos Cardeais segundo a ordem e os anos de cardinalato, e, em nome de todo o Colégio dos eleitores, pede o consenso do eleito com as seguintes palavras: “Aceitas a tua eleição canônica para Sumo Pontífice?”

Uma vez recebido o consenso, pergunta-lhe: “Como queres ser chamado?” Então o Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, na função de Notário e tendo por testemunhas dois Cerimoniários, que serão chamados naquele momento, redige um documento com a aceitação do novo Pontífice e o nome por ele assumido.

Depois da aceitação, o eleito que tenha já recebido a Ordenação episcopal, é imediatamente o Bispo da Igreja de Roma, verdadeiro Papa e Cabeça do Colégio Episcopal; e adquire efetivamente o poder pleno e absoluto sobre a Igreja universal, e pode exercê-lo. Se, pelo contrário, o eleito não possuir o caráter episcopal, seja imediatamente ordenado Bispo.

Recebe, por fim, por parte dos Cardeais ali presentes, o “ato de obediência”, onde um a um prostra-se diante dele.


Pouco tempo depois, o Cardeal Protodiácono e Decano vai até a varanda da Basílica de São Pedro anunciar ao mundo a notícia, nas seguintes palavras:

Annuntio vobis gaudium magnum:

 

Habemus Papam!

 

Eminentissimum ac Reverendissimum Dominum,

 

Dominum (primeiro nome, pronunciado em latim),

 

Sanctæ Romanæ Ecclesiæ Cardinalem (sobrenome, pronunciado na língua original),

 

qui sibi nomen imposuit (nome papal, em latim).

 

Tradução:

Anuncio-vos com a maior alegria!:


Temos Papa!


Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor,


Senhor (primeiro nome),


Cardeal da Igreja Católica Romana (sobrenome),


que escolheu para si o nome de (nome papal).

 


Urbi et Orbi


Após o anúncio, o Papa é apresentado ao povo e dá a Bênção Apostólica Urbi et Orbi (“à cidade [de Roma] e ao mundo”), a qual concede uma penitência e indulgência plenária, sob as condições definidas pelo Código de Direito Canônico (ter se confessado e recebido a Comunhão, e não estar em pecado mortal).

Eis o texto da bênção:

Sancti Apostoli Petrus et Paulus: de quorum potestate et auctoritate confidimus ipsi intercedant pro nobis ad Dominum.

 

R: Amen.

 

Precibus et meritis beatæ Mariae semper Virginis, beati Michaelis Archangeli, beati Ioannis Baptistæ, et sanctorum Apostolorum Petri et Pauli et omnium Sanctorum misereatur vestri omnipotens Deus; et dimissis omnibus peccatis vestris, perducat vos Iesus Christus ad vitam æternam.

 

R: Amen.

 

Indulgentiam, absolutionem et remissionem omnium peccatorum vestrorum, spatium verae et fructuosae poenitentiæ, cor semper penitens, et emendationem vitae, gratiam et consolationem Sancti Spiritus; et finalem perseverantiam in bonis operibus tribuat vobis omnipotens et misericors Dominus.

 

R: Amen.

 

Et benedictio Dei omnipotentis, Patris et Filii et Spiritus Sancti descendat super vos et maneat semper.

 

R: Amen.

 

Tradução:

 

Que os Santos Apóstolos Pedro e Paulo, em cujo poder e autoridade temos confiança, intercedam por nós junto ao Senhor.

 

R: Amém.

 

Que por meio das orações e dos méritos da Santíssima Virgem Maria, de São Miguel Arcanjo, de São João Batista, dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e de todos os santos, Deus todo-poderoso tenha misericórdia de vós, perdoe os vossos pecados e vos conduza à vida eterna em Jesus Cristo.

 

R: Amém.

 

Que o Senhor Todo Poderoso e misericordioso vos conceda indulgência, absolvição, e remissão de todos os vossos pecados, em tempo para uma verdadeira e frutuosa penitência, sempre com coração contrito, e a benção da vida, a graça, a consolação do Espírito Santo e perseverança final nas boas obras.

 

R: Amém.

 

E que a bênção de Deus Todo Poderoso, Pai e Filho e Espírito Santo desça sobre vós e permaneça sempre.

 

R: Amém.

 


É isto! Dentro em breve, teremos um novo Papa.

Sua Santidade, o Papa Bento XVI, cumpriu a sua missão de forma magistral, corajosa e com uma fé e confiança em Deus nas quais devemos nos espelhar, mas, suas forças não suportaram o peso da idade. E ele, com a prudência que lhe é peculiar, renunciou ao ministério petrino, deixando espaço para mais um Conclave, o qual será, mais uma vez, guiado pelos ventos do Espírito Santo.

Espero ter conseguido elucidar algumas dúvidas acerca deste processo tão belo e cheio de santidade que é o Conclave.

De nossa parte cabe agora rezar, com todo o nosso coração e nossa alma, para que o Espírito Santo invada aqueles aposentos, suscitando e inspirando as ações daqueles Cardeais, para que sempre seja feita, para o bem da nossa Igreja, da Igreja de Cristo, a vontade soberana do Pai.

Um grande abraço e fiquem todos com Deus!


Alex Cardoso Vasconcelos*
________________________________
Advogado, Notário da Câmara Eclesiástica da Arquidiocese de Maceió e Acólito na Paróquia Divino Espírito Santo – Maceió/AL

Fonte: Dominus Vobiscum.
Disponível em: Doutrina Católica. (omitimos o comentário inicial).







O ateísmo marxista - parte I



Hoje começamos a abordar um tipo de ateísmo que começou na filosofia e acabou por se transformar em regime politico e, hoje, exerce ainda forte influência na cultura. O Concílio Vat. II a ele se refere quando afirma: “Não se deve passar em silêncio, entre as formas atuais de ateísmo, aquela que espera a libertação do homem sobretudo da sua libertação econômica. A esta, dizem, opõe-se por sua natureza a religião, na medida em que, dando ao homem a esperança duma enganosa vida futura, o afasta da construção da cidade terrena. Por isso, os que professam esta doutrina, quando alcançam o poder, atacam violentamente a religião, difundindo o ateísmo também por aqueles meios de pressão de que dispõe o poder público, sobretudo na educação da juventude.” (Vat. II, GS n.20).

Faço uma breve explanação sobre essa forma de ateismo que influenciou fortemente nossa juventude universitária e muitos intelectuais no séc. passado, levando-os a trocar a esperança cristã por uma esperança destituida de qualquer dimensão de transcendência. Um dos precursores desse ateismo militante foi um filósofo alemão: Ludwig Feuerbach. Para esse pensador Deus não é outra coisa que a essência do ser humano pensada como um outro. 

Ao pensar e cultuar Deus, o indivíduo humano se aliena, ou seja, projeta-se para fora e adora em um outro a própria essência. Donde as afirmações de Feuerbach: “A consciência do infinito revela o infinito da própria consciência”. “Consciência de Deus é autoconsciência, conhecimento de Deus é autoconhecimento” “Deus é a mais alta subjetividade do homem, abstraída de si mesmo.” “Este é o mistério – segredo - da religião: o homem projeta seu ser na objetividade e então se transforma a si mesmo num objeto face a esta imagem de si, então convertida em sujeito”. O leitor pode adivinhar que, segundo essa forma de pensar, quando o homem tomar posse de si mesmo, recuperar sua essência perdida no ato religioso, então descobrirá que aquilo que ele chamava “Deus” é ele mesmo em sua subjetividade mais profunda.

O homem religioso vive na miséria porque projeta em um outro a infinita riqueza de sua humanidade e a este outro entrega a direção de sua vida. Sua vida fica à mercê dos fenômenos da natureza ou do processo histórico pensados como ação de uma providência divina. Eis o homem alienado, submisso, despossuído de si mesmo, em estado de miséria. Entretanto, sonha. Deus com o céu é o seu sonho.

Marx assume a análise da religião de Feuerbach, mas se pergunta: por que o ser humano se aliena na religião? E responde com uma afirmação que abre caminhos para uma análise que pretende desocultar os mecanismos históricos que levam o ser humano a necessitar da religião como sonho e como busca de uma realidade perdida nas condições materiais de sua existência: “A miséria religiosa é, por um lado, a expressão da miséria real e, por outro, o protesto contra essa miséria. A religião é o gemido da criatura oprimida pelo mal, é a alma de um mundo sem coração, e é o espírito de uma época sem espírito. É ópio para o povo”.

Marx chama a religião de miséria, ou seja, o homem religioso ao adorar Deus se perde: “A religião é, na realidade, a consciência e o sentimento próprios do homem que, ou ainda não se encontrou, ou já acabou de se perder”. Por isso na religião o homem se encontra em estado de miséria, vítima de um mundo sem coração e de uma época sem espírito. O que tem de melhor é tomado por um outro diante do qual ele se sente miserável. Pois bem esta miséria – a religião – tem duplo significado: ela é expressão da miséria real e, ao mesmo tempo, protesto contra essa miséria. É protesto porque mostra que o ser humano, ao projetar em sonho um lugar de felicidade, explicita sua profunda discordância em relação às condições históricas que o fazem infeliz. Mas é consolo, como quando um prisioneiro, condenado à prisão perpétua, vive em sua imaginação sonhos de liberdade.

Esta afirmação de Marx é um convite a estudar a miséria real, que, compreendida e abolida, limpará a cultura do lixo religioso. Assim descreve ele sua tarefa: “Desde que a verdade da vida futura se desvaneceu, a história tem a missão de estabelecer a verdade da vida presente. E a primeira tarefa da filosofia, que está a serviço da história, depois de desafivelada a máscara da imagem santa, que representava a renúncia do homem a si mesmo, consiste em desmascarar esta renúncia, ainda latente sob suas formas profanas.

A crítica do céu transforma-se assim em crítica da terra; a crítica da religião em crítica do direito; e a crítica da teologia em crítica da política”. “A crítica da religião leva à doutrina de que o homem é para o homem o ser supremo”. Não basta perceber que a religião é alienação. É preciso descobrir as raízes ocultas da religião no mundo real, ou seja, é preciso, clarear os mecanismos da injustiça que no  mundo do direito, da política e da organização da sociedade, sobretudo na economia, fazem o ser humano infeliz e necessitado de religião. Mas isto é assunto para outra vez.


Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues
Arcebispo de Sorocaba (SP)

sábado, 2 de março de 2013

João Paulo II ou Bento XVI?

"Nenhum Pontífice consegue satisfazer a esta geração".


João Paulo II morreu aos 84 anos em 2 de abril de 2005. Em 2002, o jornalista Mario Prata escrevia criticando a obstinação do pontífice em governar a Igreja com aquela idade e com seu precário estado de saúde:

“À uma semana vi o nosso papa na televisão. Sem ironia nenhuma, ele estava babando. Lendo um texto, todo curvado, denotando dores, articulando com extrema dificuldade, o papa babava. Será que nenhuma pessoa importante da Igreja Católica Apostólica Romana vai tomar uma providência? Deixar que o homem descanse em paz? João Paulo II está com 82 anos e é o nosso papa há 24 anos. [...] Comprem uma casinha numa montanha da Polônia e coloquem o homem lá, com todas as mordomias que ele merece. Que ele passe seus últimos dias cuidando de outras ovelhas. Aposentem quem não tem mais condições.[1]”.



Bento XVI anunciou sua renúncia aos 85 anos em 11 de fevereiro de 2013. Em seu anúncio, disse:

“Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idôneas para exercer adequadamente o ministério petrino. Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado[2]”.

A notícia da renúncia de Bento XVI não foi, porém, capaz de agradar à jornalista Barbara Gancia, que escreveu em 15 de fevereiro uma severa crítica ao que ela considera covardia e “frouxidão”:

“Sinto muito, mas derrotismo por parte de quem deveria zelar por um rebanho de mais de 1 bilhão de fiéis tem limite.

E o poder simbólico da resiliência? Que mensagem de perseverança Bento 16 nos deixa? Muito conveniente exigir todo tipo de sacrifício do fiel e depois exibir publicamente tamanha frouxidão[3]”.
 
Porém, renunciar ou prosseguir no pontificado até a morte não constituem o cerne da questão. O que há em comum entre Mario Prata e Barbara Gancia (esta última, lésbica declarada) é que ambos não concordam com a doutrina de Cristo pregada pelos dois pontífices: a castidade, o respeito à vida intrauterina, tudo isso seriam valores ultrapassados, que a Igreja insiste em anunciar. É isso que eles deploram.
 
“A quem compararei esta geração?”

João Batista e Jesus tiveram comportamentos diferentes. O primeiro submeteu-se a uma rigorosa ascese, alimentando-se de gafanhotos e mel silvestre (Mt 3,4) em preparação para o Messias. O segundo não exigiu de seus discípulos nenhum jejum extraordinário, uma vez que estavam com ele, o Noivo, festejando as núpcias com a Igreja (Mt 9,15). Mas nem João nem Jesus foram bem aceitos.

“A quem compararei esta geração? Ela é como crianças sentadas nas praças, a desafiarem-se mutuamente: ‘Nós tocamos flauta e não dançastes! Entoamos lamentações e não batestes no peito!’ Com efeito, veio João, que não come nem bebe, e dizem: ‘Um demônio está nele’. Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizem: ‘Eis aí um glutão e beberrão, amigo de publicanos e pecadores. Mas a Sabedoria foi justificada pelas suas obras” (Mt 11,16-19).

Na comparação acima, crianças mal-humoradas recusavam-se a participar de qualquer brincadeira, fosse de um casamento, fosse de um enterro. De modo análogo, os judeus rejeitavam todas as ofertas divinas: tanto a penitência de João quanto a condescendência de Jesus. Mas as boas obras davam testemunho da sabedoria de Jesus e da de seu precursor, João Batista.

João Paulo II e Bento XVI, com comportamentos diferentes diante da doença e da idade, mas idênticos quanto ao Evangelho anunciado, não foram capazes de agradar a “esta geração”. No entanto, pelas suas obras identificamos a sabedoria de ambos.

Testemunhos a respeito do primado de São Pedro


São Cipriano (210-258) de Cartago : "Sobre um só foi construída a Igreja: Pedro".

“Roma falou, encerrada a questão” (Santo Agostinho Sermão 131,10).

Tertuliano(202) de Cartago : "A Igreja foi construída sobre Pedro".

Santo Ambrósio (340-397) bispo Treves Italia: "Onde há Pedro, aí há a Igreja de Jesus Cristo".

 No princípio do sec. II, Santo Inácio de Antioquia (110): escreve aos romanos que a Igreja de Roma preside a todas as demais.

São Pedro Crisólogo († 450): "No interesse da paz e da fé não podemos discutir sobre questões referentes à fé sem o consentimento do Bispo de Roma"

Papa Pio XII (Enciclica "Mystici Corporis Christi": "Há os que se enganam perigosamente, crendo poder e ligar a Cristo, cabeça da Igreja, sem aderir fielmente a seu vigário na terra. Porque suprimindo este Chefe visível, quebrando os laços luminosos da Unidade, eles obscuressem e deformam o Corpo Mistico do Redentor a ponto de ele não poder ser reconhecido e achado dentro dos homens ,procurando o porto da Salvação eterna".

Orígenes: “E Pedro, sobre quem a Igreja de Cristo foi edificada, contra a qual as portas do inferno não prevalecerão.(...)" In Joan. T.5 n.3;

E o mesmo São Cipriano de Cartago: "No entanto, Pedro, sobre o qual a Igreja foi edificada pelo mesmo Senhor, falando por todos, e respondendo com a voz da Igreja, diz: “Senhor, para onde havemos de ir? Tu tens as palavras de vida eterna; e nós cremos que tu és o Cristo, filho de Deus vivo.”"Epist. 54, a Cornelius, n.7.

[Conselho de Laodicéia, AD 365] "Ninguém deve orar em comum com os hereges e cismáticos."

O Papa Pio IX, o Concílio Vaticano I, Sess. 4, Chap. 4, cap. 3, Canon, ex cathedra: "Se alguém fala assim, que o Romano Pontífice tem apenas o ofício de inspeção ou direção, mas não o poder pleno e supremo de jurisdição sobre a Igreja universal, não só nas coisas que dizem respeito à fé e à moral , mas também naqueles que pertencem à disciplina e ao governo da Igreja espalhada por todo o mundo;., ou que ele possui apenas as partes mais importantes, mas não plenitude de todo este poder supremo ... seja anátema "

Papa Bonifácio VIII, Unam Sanctam, 18 de novembro de 1302, ex cathedra: “Declaramos, proclamamos, definimos que é absolutamente necessário para a salvação que toda criatura humana esteja sujeita ao Pontífice Romano .."

Os cismáticos se beneficiaram com o Vaticano II

Os Papas conciliares são ‘amigos’ dos cismáticos.
O não reconhecimento da soberania de São Pedro sobre os demais no Concilio de Jerusalém, é uma forma dos hereges e cismático, de obscurecer a primazia de Pedro.

E mais, por três vezes, Nosso Senhor pede a São Pedro que apascente as suas ovelhas (conduza o rebanho): "Disse Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes? Respondeu-lhe Pedro: Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo. Disse-lhe (Jesus): Apascenta os meus cordeiros. Disse-lhe outra vez: Simão, filho de João, tu me amas? Ele disse-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo. Disse-lhe (Jesus): Apascenta os meus cordeiros. Disse-lhe pela terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Ficou triste Pedro, porque pela terceira vez, disse-lhe: Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo. Disse-lhe (Jesus): Apascenta as minhas ovelhas." (S. João, XXI, 15-17).

Então, Nosso Senhor entregou o rebanho (os fiéis) à condução de São Pedro. Ele é o guia do rebanho, portanto a maior autoridade terrena da Igreja. Ou será que o falso pastor Paulo Cristiano pensa que o Jesus era um feliz proprietário de um rebanho de ovelhas?

Passemos então aos sofismas que ele usa para confundir os católicos e seus asseclas, ao citar os padres da Igreja.

Como todo herege protestante digno deste nome, Paulo Cristiano faz uma citação torta dos padres da Igreja, citando só o que lhe convém. Vejamos a citação de Inácio de Antioquia por inteiro:

"Inácio... à Igreja que preside na região dos romanos, digna de Deus, digna de honra, digna de ser chamada "feliz", digna de louvor, digna de sucesso, digna de pureza, que preside ao amor, que porta a lei de Cristo, que porta o nome do Pai, eu a saúdo em nome de Jesus Cristo, o Filho do Pai"(Inácio de Antioquia, +107, Carta aos Romanos [Prólogo]).

Elogios maiores a uma sé apostólica não poderiam ser ditos, em especial, que Roma "preside ao amor" e "porta a lei de Cristo". É o bispo de Roma então que porta a lei de Cristo, que detém a doutrina! E não o que o falacioso Paulo Cristiano quer fazer acreditar.

Continuemos a citação de Santo Inácio de Antioquia

"Nunca tiveste inveja de ninguém; ensinastes a outros. Quanto a mim, desejo guardar aquilo que ensinais e preceituais" (Inácio de Antioquia, +107, Carta aos Romanos 3,1).

"Em vossa oração, lembrai-vos da Igreja da Síria que, em meu lugar, tem Deus por pastor. Somente Jesus Cristo e o vosso amor serão nela o bispo" (Inácio de Antioquia, +107, Carta aos Romanos 9,1).

Então, Santo Inácio, bispo da Igreja da Síria, diz que somente Jesus Cristo e o "vosso amor", isto é, o papa serão o bispo, querendo mostrar assim a sua submissão ao Papa.

Citemos ainda, para reforçar, alguns outros padres da Igreja:

Origines: "E Pedro, sobre quem a Igreja de Cristo foi edificada, contra a qual as portas do inferno não prevalecerão.(...)" In Joan. T.5 n.3; 

E o mesmo São Cipriano de Cartago:

"No entanto, Pedro, sobre o qual a Igreja foi edificada pelo mesmo Senhor, falando por todos, e respondendo com a voz da Igreja, diz: "Senhor, para onde havemos de ir? Tu tens as palavras de vida eterna; e nós cremos que tu és o Cristo, filho de Deus vivo." Epist. 54, a Cornelius, n.7.

E o mesmo santo diz ainda:

"(…) dado que ambos batismos são apenas um, e que o Espírito Santo é um, e a Igreja fundada por Cristo Senhor Nosso sobre Pedro, por fonte e princípio de unidade, é também única." Epist. 69, a Januarius, n. 3 

E ainda São Gregório de Nissa:

"A memória de Pedro que é a cabeça dos Apóstolos é celebrada e junto com ele [Pedro] os outros membros da Igreja são glorificados, e a Igreja de Deus [no próprio] é consolidada. Este, juntamente à prerrogativa concedida a ele pelo Senhor é pedra firma e solidíssima sobre a qual o Senhor fundou sua Igreja." (citado por Franca, Leonel, Pe., A Igreja a Reforma e a Civilização, Ed. Agir, 2a. ed. pág. 531).

E Paulo Cristiano ainda diz: "Deste prólogo se depreende que cada igreja tinha a sua jurisdição limitada ao seu território ou região.". Ora, ou este senhor desconhece a estrutura e organização da Igreja católica ou usou um sofisma barato. Cada bispo da Igreja tem a sua jurisdição local, e é o responsável pela condução temporal da igreja local e espiritual de seu rebanho. Assim, temos no estado de São Paulo, aqui no Brasil, várias dioceses, em Campinas, em São Paulo, em São José dos Campos, etc, todas elas subordinadas ao Papa, porém conduzindo os assuntos locais.

O malfadado mestre de sofismas, com sua mentalidade formigal, tenta mostrar que as divergências entre as várias sés apostólicas do início do cristianismo provam que estas eram independentes umas de todas as outras, como se cada uma fundasse uma denominação protestante em particular.

Na questão específica dos gentios, aparece novamente São Pedro, o papa, para definir a questão, o que o mestre de falácias sorrateiramente esconde:

"Ao fim de uma grande discussão, Pedro levantou-se e lhes disse: Irmãos, vós sabeis que já há muito tempo Deus me escolheu dentre vós, para que da minha boca os pagãos ouvissem a palavra do Evangelho e cressem. Ora, Deus, que conhece os corações, testemunhou a seu respeito, dando-lhes o Espírito Santo, da mesma forma que a nós. Nem fez distinção alguma entre nós e eles, purificando pela fé os seus corações. Por que, pois, provocais agora a Deus, impondo aos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar? Nós cremos que pela graça do Senhor Jesus seremos salvos, exatamente como eles".

Então, São Pedro, o primeiro papa, após uma grande discussão se levanta e define dogmaticamente que os gentios estavam dispensados das práticas judaica. "Roma locuta, causa finita" como bem o disse Santo Agostinho. Note como isto demonstra a unidade da Igreja sob o Papa!

Logo depois, o mestre de falácias tenta demonstrar que a diferença dos costumes das várias igrejas eram sinal de falta de união. Por fim, antes que perdesse totalmente o fio da meada, ele tenda se redimir dizendo que "De fato, havia unidade mais que uniformidade”.

Outro engano, ou desonestidade, do mestre de falácias é aplicar o pensamento formigal aos padres da Igreja. Discussões entre teólogos sempre existiram e sempre existirão na Igreja. Só o papa tem as chaves, ou seja, tem o poder de dizer ex-catedra quais as doutrinas da Igreja são verdadeiras.

Mas segundo o entendimento formigal de Paulo Cristiano, todos os teólogos tem que pensar exatamente a mesma coisa. O papel fundamental do Papa nesta questão é o de discernir aquilo que é ortodoxo e o que é herético nas proposições dos teólogos, mesmo os padres da Igreja.

Tertuliano, que escreveu muitas coisas boas, infelizmente acabou por se tornar um cismático ao se tornar um montanista, heresia condenada pela Igreja já em sua época, e terminou sua vida atacando-a furiosamente. Quem sabe se corrompido por um mestre em falácias?

E o falacioso mestre prossegue com sua lista duvidosa, sem uma citação sequer, nem mesmo tirada do contexto, como o fez com Santo Inácio de Antioquia.

E ainda tenta dizer que Santo Agostinho dizia que São Pedro não era o papa. Será que ele chegou a essa conclusão quando Santo Agostinho diz "Roma Locuta, causa finita" (Roma fala, causa finda)?

A seguir ele dá uma lista de hereges (como ele) e cismáticos, como se isto provasse a falta de unidade da Igreja. Nosso Senhor Jesus Cristo mesmo disse: "Quem não está comigo está contra mim; e quem não ajunta comigo, espalha”.
(Evangelho segundo São Mateus, XII, 30)

Assim, prossegue o nosso malfadado mestre de falácias tentando provar a unidade das igrejas protestantes. Elas que só são unidas no seu ódio à verdadeira Igreja Católica Apostólica Romana...

Com relação à falta de unidade protestante, onde diz que uma pesquisa minuciosa de um apologista protestante reduz o número de seitas protestantes para menos de... 10.000. Ora, 10.000 igrejolas protestantes com idéias contraditórias a respeito de dogmas tão fundamentais quanto a Trindade, segundo Paulo Cristiano, não podem ser sinal de falta de unidade. São "apenas" 10.000 denominações protestantes diferentes, um número que para ele deve parecer bem pequeno...

Com relação à unidade dos cristãos e à verdadeira Igreja de Cristo, o papa Pio XI escreveu, na encíclica Mortalium Animos

"Acreditamos, pois, que os que afirma serem cristão, não possam fazê-lo sem crer que uma Igreja, e uma só, foi fundada por Cristo. Mas, se indaga, além disso, qual deva ser ela pela vontade do seu Autor, já não estão todos em consenso."

"Assim, por exemplo, muitíssimos destes negam a necessidade da Igreja de Cristo ser visível e perceptível, pelo menos na medida em que deva aparecer como um corpo único de fiéis, concordes em uma só e mesma doutrina, sob um só magistério e um só regime. Mas, pelo contrário, julgam que a Igreja perceptível e visível é uma Federação de várias comunidades cristãs, embora aderentes, cada uma delas, a doutrinas opostas entre si."

"Entretanto, Cristo Senhor instituiu a sua Igreja como uma sociedade perfeita de natureza externa e perceptível pelos sentidos, a qual, nos tempos futuros, prosseguiria a obra da reparação do gênero humano pela regência de uma só cabeça (Mt 16,18 seg.; Lc 22,32; Jo 21,15-17), pelo magistério de uma voz viva (Mc 16,15) e pela dispensação dos sacramentos, fontes da graça celeste (Jo 3,5; 6,48-50; 20,22 seg.; cf. Mt 18,18; etc.). Por esse motivo, por comparações afirmou-a semelhante a um reino (Mt, 13), a uma casa (Mt 16,18), a um redil de ovelhas (Jo 10,16) e a um rebanho (Jo 21,15-17)."

"Esta Igreja, fundada de modo tão admirável, ao Lhe serem retirados o seu Fundador e os Apóstolos que por primeiro a propagaram, em razão da morte deles, não poderia cessar de existir e ser extinta, uma vez que Ela era aquela a quem, sem nenhuma discriminação quanto a lugares e a tempos, fora dado o preceito de conduzir todos os homens à salvação eterna: "Ide, pois, ensinai a todos os povos" (Mt 28,19)."

"Acaso faltaria à Igreja algo quanto à virtude e eficácia no cumprimento perene desse múnus, quando o próprio Cristo solenemente prometeu estar sempre presente a ela: “Eis que Eu estou convosco, todos os dias, até a consumação dos séculos”(Mt 28,20).

"Deste modo, não pode ocorrer que a Igreja de Cristo não exista hoje e em todo o tempo, e também que Ela não exista hoje e em todo o tempo, e também que Ela não exista como inteiramente a mesma que existiu à época dos Apóstolos. A não ser que desejemos afirmar que: Cristo Senhor ou não cumpriu o que propôs ou que errou ao afirmar que as portas do inferno jamais prevaleceriam contra Ela (Mt 16,18)."

Então a Igreja deve ser visível, una e fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo. E a única fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo, sobre Pedro, foi a Igreja Católica Apostólica Romana. Contra a palavra de um falso pastor, a palavra de um Papa! Viva o Papa!
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Fonte: http://www.lucianobeckman.com/
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