quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Sola Scriptura Adulterada


Adulterações bíblicas da Sociedade Bíblica Brasileira(SBB) na NOVA TRADUÇÃO NA LINGUAGEM DE HOJE(NTLH).

Um dia em mais um de meus estudos bíblicos, fui ler em uma Bíblia (NTLH, Protestante, que minha mãe ganhou de uma aluna dela.) um texto que já havia lido em minha Bíblia (Jerusalém) pessoal que uso para estudo, notei que havia algo diferente na tradução dessa NTLH, de inicio pensei que eram apenas a forma do tradutor se expressar e as palavras, mas quando fui comparar as 2 Bíblias vi algumas palavras a mais nessa Bíblia protestante, o que mudava totalmente o entendimento do texto bíblico levando-nos a ter outra “interpretação”. O texto era 1 Tessalonicenses 5, 10 que  na bíblia protestante diz :

NTLH = “que morreu por nós para podermos viver com ele, tanto se estivermos vivos como se estivermos mortos quando ele vier.”
 
Note que as palavras em vermelho vêm a mais na NTLH. Mas ai poderia um protestante objetar dizendo: “a Igreja católica foi quem tirou essas palavras.” Mas veremos no grego para ver quem adulterou este trecho.

“τοῦ ἀποθανόντος ὑπὲρ ἡμῶν, ἵνα εἴτε γρηγορῶμεν εἴτε καθεύδωμεν ἅμα σὺν αὐτῷ ζήσωμεν.”

Tradução correta = “que morreu por nós a fim de que nós, na vigília ou no sono vivamos em união com ele.”

Ora até ai tudo bem poderia ter sido apenas um versículo que o tradutor se passou e colocou daquele jeito, mas como meu coração arde a chama da verdade, resolvi começar a lê-la, apenas as passagem mais clássicas que normalmente causam debates e  enriquecem a hermenêutica católica. Não se assustem com o que vão ver, mas não é uma tradução e sim uma interpretação da bíblia, que só não é pior do que a TNM (tradução do novo mundo, das testemunhas de Jeová), e me perdoem a expressão, é descarada, e visivelmente protestante que visa claramente enfraquecer a hermenêutica católica, se aproveitando dos menos instruídos.

Vamos observar uma pequena lista que eu fiz em apenas uma noite (imagine só se tivesse lido ela toda) que vão nos mostrar que devemos ter cuidado com essas bíblias que nos dão por ai nas ruas, apesar de a intenção de quem as dá ser aparentemente boa, para que as pessoas tenham acesso a palavra de Deus, mas que realmente não são a palavra de Deus, nem todas as bíblias que vemos são a palavra de DEUS.

Se você é protestante, evangélico, ou outra coisa pode ir conferindo na sua própria bíblia, a mais comum é a João Almeida entre os evangélicos/protestantes, então vão conferindo nela mesma, vou logo em baixo colocar o texto original em grego para quem quiser traduzir em algum tradutor na net.

Olhem o que está escrito no prefácio desta “bíblia”:

...“Assim a NTLH, agora, aproxima-se, neste particular, do texto da tradução de João Almeida revista e atualizada, e do texto da maioria das demais traduções bíblicas em língua portuguesa. Esta revisão sozinha afetou perto de 7 mil palavras do antigo testamento.(5) Uma série de textos que apareceriam no rodapé da BLH, agora na NTLH, voltaram ao texto da bíblia. Isso se refere, por exemplo aos títulos originais dos salmos , às vezes, difíceis de compreender, os quais aparecem, , os quais parecem traduzidos no inicio do respectivo Salmo tipo itálico(inclinado). Também no novo testamento, algumas passagens que não se encontram em alguns do melhores e mais antigos manuscritos gregos mesmo assim aparecem, agora, traduzidas entre colchetes([]; ver, por exemplo, Mateus 6, 13). (6) Finalmente, acolheu-se uma série de sugestões encaminhadas à comissão de tradução por parte de fiéis das mais diversas Igrejas.”[ultimo parágrafo].

Quem são esses fiéis para sugerir possíveis traduções? Sugestões essas que são de pensamentos pessoais e que não condizem com os textos originais, e enfraquecem a semântica e os vocábulos originais das línguas.

Só em uma coisa ai ele acertou, em Mateus 6, 13 você pode notar na oração do Pai Nosso, que nas traduções católicas não se encontram essas palavras, “Pois teu é o reino o poder e a gloria para sempre, amem”, isso é devido, como eles mesmo ai afirmam, a uma adição posterior que não se encontra nos manuscritos mais antigo dos originais. E os protestantes teimam em dizer que foi a Igreja católica quem removeu essas palavras, assim como um tal “Pastor” Abílio Santana que fez uma pregação sobre isso dizendo que a Igreja Católica não tinha essas palavras por que não queria dar a Deus o poder, honra e glória, sendo que todos os dias nas Missas isso é pronunciado pelo padre e todos os fiéis, e diga se de passagem que nessa pregação, Deus me perdoe, ele parecia estar mais possuído por um espírito maligno do que ungido pelo Espírito Santo.
Vamos aos versículos:

1)Texto da NTLH
2) Texto original em grego
3) Tradução correta.

NTLH = 1ª Pedro 4, 6 “Pois o evangelho foi anunciado também aos mortos, os quais morreram por causa do julgamento de Deus, como morrem todos os seres humanos. O Evangelho foi anunciado a eles a fim de que pudessem viver a vida espiritual como Deus quer que eles vivam.”

“εἰς τοῦτο γὰρ καὶ νεκροῖς εὐηγγελίσθη, ἵνα κριθῶσι μὲν κατὰ ἀνθρώπους σαρκί, ζῶσι δὲ κατὰ Θεὸν πνεύματι.”

Tradução correta = “Pois para isto foi o Evangelho pregado também aos mortos; para que, embora sejam condenados em sua humanidade de carne, vivam segundo Deus quanto ao espírito.”

Veja a diferença nos textos, no da NTLH nos dá a idéia que esses mortos não são evidentemente os que já partiram dessa vida e sim “mortos espirituais”, ou seja, os não convertidos, pois para muitos esses “mortos” são os que perseguem os autores da epistola, o que se contrasta com 1 Pedro 3, 19.

NTLH = Daniel 9, 24“Daniel, o castigo do seu povo e da sua santa cidade vai durar setenta anos vezes sete, até que termine a revolta, e o pecado acabe. Então o seu povo vai conseguir o perdão dos seus pecados, e a justiça eterna de Deus será feita…”

Tradução Correta = Setenta semanas foram fixadas a teu povo e à tua cidade santa para dar fim à prevaricação, selar os pecados e expiar a iniqüidade, para instaurar uma justiça eterna, encerrar a visão e a profecia e ungir o Santo dos Santos….”

Sabemos que realmente, devido a estudos bíblicos aprofundados,  as 70 semanas que Gabriel diz a Daniel são na verdade setenta semanas de anos, ou seja uma semana é igual a 7 anos, porém nos originais não está escrito assim eles interpretaram e não foram fiéis aos originais, colocaram uma interpretação em vez da tradução fiel, o que enfraquece a linguagem bíblica. Se Deus quisesse isso não teria se expressado falando de semanas e sim em anos.

E esse capítulo de 9, 24-27 é totalmente deturpado se formos observar duas traduções e compará-las veremos um texto totalmente estranho ao original.

Agora vamos ver as adulterações claramente anti-católicas:

NTLH = II Tessalonicenses 2, 15. “Portanto, irmãos, fiquem firmes e guardem aquelas verdades que ensinamos a vocês tanto nas nossas mensagens como na nossa carta.”

“῎Αρα οὖν, ἀδελφοί, στήκετε, καὶ κρατεῖτε τὰς παραδόσεις ἃς ἐδιδάχθητε εἴτε διὰ λόγου εἴτε δι’ ἐπιστολῆς ἡμῶν.”

Tradução Correta = “permanecei, pois, constantes, irmãos, e conservai as tradições que aprendestes, ou por nossas palavras, ou por nossa carta”.

NTLH = “Irmãos, em nome do nosso Senhor Jesus Cristo, ordenamos a vocês que se afastem de todos os irmãos que vivem sem trabalhar e que não seguem os ensinamentos que demos a eles.”

“αραγγέλλομεν δὲ ὑμῖν, ἀδελφοί, ἐν ὀνόματι τοῦ Κυρίου ἡμῶν ᾿Ιησοῦ Χριστοῦ, στέλλεσθαι ὑμᾶς ἀπὸ παντὸς ἀδελφοῦ ἀτάκτως περιπατοῦντος καὶ μὴ κατὰ τὴν παράδοσιν ἣν παρέλαβον παρ’ ἡμῶν.”

Tradução Correta = “Intimamos-vos, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que eviteis a convivência de todo irmão que leve vida ociosa e contrária à tradição que de nós tendes recebido.”

Não precisa nem dizer né, por que eles mudaram as palavras tradição e ensinamentos de viva voz, por ensinamentos e mensagens. (protestantes rejeitam a tradição divino-apostólica ou as doutrinas que nos foram transmitidas por via meramente oral).

A palavra “Depósito” (parathéke no grego) é trocada por “boas coisas” (2Tm 1, 14; 1Tm 6,20; 2Tm 1, 12). O mesmo acontece com muitas outras palavras que não poderiam se substituídas para não enfraquecer a hermenêutica católica, tais como: justificação em Rm 3, 20-22; Rm 1, 17b; Gl 3, 11b; Hb 10, 38;

Observe agora essa:

NTLH = Lucas  2, 7 “Então Maria deu à luz o seu primeiro filho. Enrolou o menino em panos e o deitou numa manjedoura, pois não havia lugar para eles na pensão.”

“ καὶ ἔτεκε τὸν υἱὸν αὐτῆς τὸν πρωτότοκον, καὶ ἐσπαργάνωσεν αὐτὸν καὶ ἀνέκλινεν αὐτὸν ἐν τῇ φάτνῃ, διότι οὐκ ἦν αὐτοῖς τόπος ἐν τῷ καταλύματι.”

Tradução correta = E deu à luz seu filho primogênito, e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o num manjedoura; porque não havia lugar para eles na hospedaria.”

Por que será isso? Note que a palavra “πρωτότοκον” que significa “Primogênito” ou “filho mais velho”, foi trocada por “primeiro filho” dando já a Idéia que Maria havia tido mais filhos, ora nós sabemos que para o povo daquela época ao falar-se em primogênito não queria dizer necessariamente que a mãe teve outros filhos além desse, mais novos, mas sim o titulo que todos os primogênitos tinham e eram mais beneficiados com isso!

E por ultimo para matar de vez a Igreja Católica:

NTLH = Mateus 16, 19. “Eu lhe darei as chaves do Reino do Céu; o que você proibir na terra será proibido no céu, e o que permitir na terra será permitido no céu.”

“καὶ δώσω σοι τὰς κλεῖς τῆς βασιλείας τῶν οὐρανῶν, καὶ ὃ ἐὰν δήσῃς ἐπὶ τῆς γῆς, ἔσται δεδεμένον ἐν τοῖς οὐρανοῖς, καὶ ὃ ἐὰν λύσῃς ἐπὶ τῆς γῆς, ἔσται λελυμένον ἐν τοῖς οὐρανοῖς.”

Tradução Correta = “Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.”

Assim também diz D. Estevão Bettencourt (teólogo e biblista) sobre essa “tradução”:

“Concluímos que a BLH não é simplesmente uma tradução, mas vem a ser, em mais de um caso, uma interpretação… o tradutor, de caso pensado, procura evitar vocábulos consagrados pelo uso, como se dá na BLH. E, diga-se de passagem: a interpretação dada ao texto da BLH, cá e lá, é evidentemente protestante. – Daí não se poder recomendar o uso da BLH nem para católicos, nem para protestantes, pois uns e outros necessitam, antes do mais, de ler o texto bíblico na sua identidade tão objetiva quanto possível. Julgamos, pois, que não se devem evitar as palavras técnicas do vocabulário  bíblico como Evangelho, justificação, mistério… e outras muitas, pois têm suas conotações que outras, tidas como equivalentes, não possuem; o que elas possam apresentar de  insólito, seja explicado ao pé da página do texto bíblico ou em glossário próprio, de modo que percam sua estranheza para o leitor não iniciado.”

Essa foi uma pequena lista que eu fiz só pra ter uma noção básica de como é essa “tradução”. Em 2000 anos de história a Igreja católica nunca adulterou nem um versículo da Bíblia se quisesse adulterar, as primeiras que ela ia fazer eram os 10 mandamentos, onde falam das imagens e tal. Mas como a Igreja sustenta a verdade nunca fez isso, compilou a bíblia e a guardou todo esse tempo e chegam agora esses charlatões traduzindo a bíblia ao seu bel prazer.
Não podemos confiar nessas bíblias que ganhamos nas ruas ou de presente que não são católicas, toda bíblia católica tem o imprimatur de um bispo logo nas primeiras paginas, a Igreja tem o controle sobre as publicações da bíblia de editoras católicas para não haver coisas como essas que acabemos de verificar. Só assim teremos a real certeza de que o que temos em mãos é realmente a palavra de Deus.


In Cord Jesu Semper,
Rafael Rodrigues.
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Disponível em: Sã Doutrina

Referências: Professor Felipe Aquino e D. Estevão Bettencourt.

Regional Norte 3 da CNBB será instalado hoje em Palmas (TO)


Hoje, 7 de agosto, será lançado oficialmente o novo regional da CNBB, o Norte 3, criado durante a última Assembleia Geral dos Bispos, em abril deste ano. O evento contará com missa de instalação, às 19h, na Casa de Maria, com presença dos bispos das dioceses do Norte 3: arquidiocese de Palmas – dom Pedro Brito Guimarães e as dioceses de Tocantinópolis – dom Giovane Pereira de Melo, Porto Nacional – dom Romualdo Matias Kujawski, o prelado de Cristalândia – dom Rodolfo Luís Weber e a diocese Miracema do Tocantins, cujo bispo, dom Philip Dickmans foi eleito presidente para o novo regional.

Uma das justificativas para a criação do regional foi a constatação das distâncias físicas e pastorais da Sub-Região Pastoral de Tocantins em relação às capitais Goiânia e Brasília, inviabilizando a participação da comunidade. “Na verdade já percebíamos a necessidade deste novo regional. Para esse momento tem sido importante a unidade dos bispos das dioceses que compõem o Norte 3, que têm partilhado os novos rumos do regional”, explica dom Philip.


O lançamento contará com representantes das cinco dioceses do regional. Na oportunidade, haverá reunião com os presbíteros, diáconos, religiosos e leigos que estão na organização das comissões pastorais e diretorias do Norte 3. “Não é uma mudança tão nova, mas claro que precisamos organizar toda a documentação e outras exigências. Neste sentido estamos trabalhando para que isso aconteça. O que nos chama atenção é o fato de Tocantins ser uma região missionária. Para isso queremos aplicar o Documento de Aparecida que pede uma Igreja em estado permanente de missão”, completa o presidente.

Desafios da missão

Na tentativa de buscar caminhos para os trabalhos missionários do regional Norte 3, de 19 a 20 de outubro, o estado do Tocantins sediará o 1º Congresso Missionário, que será um momento de reflexão sobre a missão. E, diante dos desafios do Regional Norte 3, dom Philip explica que para responder à missão do Regional, contará com futuros investimentos, estes serão planejados e orçados conforme orientam os Estatutos e Regimento da CNBB. “Percebemos alguns desafios, como muitas pessoas fora das igrejas em busca de uma resposta e não estão encontrando em nossas comunidades. Por isso é muito precioso o papel do leigo na Igreja para essa evangelização. O regional é um desafio para os bispos. Mas tenho a certeza que em unidade com o nosso povo, será um caminho muito bonito e abençoado por Deus”, deseja dom Philip Dickmans.

Informações


Missa de instalação do Regional Norte 3, dia 7 de agosto, na Casa de Maria, na 106 Sul, em Palmas (TO), às 19h. Contato: (63) 3366.2285
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Fonte: CNBB

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Idade Média: Luz em meio de trevas

Vitrais da Abadia de St-Dennis e o efeito da luz sobre eles. 
Os vitrais das catedrais medievais representavam a Teologia da Luz 
e simbolizavam a Criação, com suas múltiplas formas e cores.

A longa noite dos mil anos. Assim muitos haviam pintado com pesadas tintas o período que se estende da queda do Império Romano do Ocidente nas mãos dos bárbaros hérulos em 476 à queda do Império Romano do Oriente com a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos em 1453. Outros marcos divisórios foram propostos, é verdade, mas fundamentalmente a Idade Média é considerada o período contido entre os séculos V e XV da era cristã.

O termo nasceu de forma pejorativa. Esses mil anos seriam uma época mediana, separada por duas gloriosas épocas de esplendor cultural, a Antiguidade Clássica e os tempos da Renascença. O Iluminismo aumentou a carga pejorativa com seu característico anticlericalismo, criando a imagem de uma era estagnada, onde o dogmatismo clerical tudo dominava e impedia a liberdade e o progresso do conhecimento humano. Nem é necessário deter-se longamente na igualmente conhecida simplificação anacrônica feita pelo marxismo, no qual a Idade Média seria uma época de senhores feudais exploradores e de servos explorados, conformados pelo “ópio” que lhes era fornecido através do discurso religioso da Igreja. Por outro lado, o romantismo fantasiou essa época com cavaleiros e damas quase imaculados e castelos e armaduras engenhosamente desprovidos de qualquer praticidade.


A verdade é que geralmente vemos uma dessas duas imagens de Idade Média. O pessimismo de uma época imobilista sem liberdade e progresso ou o fantasioso cotidiano de cavaleiros sempre heróicos com uma longa rotina de salvar donzelas, rodeados por criaturas fantásticas.

Permitam-me dizer-lhes que a Idade Média é uma construção artificial, uma forma de classificar o tempo conforme determinados critérios, que os homens usam para diferenciar um determinado tempo de outro. Seja como for, o nome “Idade Média” se consolidou, tendo sido adotado por historiadores e homens de toda sorte, sejam eles anacrônicos, idealistas ou devotados a entender a época que estudam dentro de seu próprio contexto. Como História diz respeito não somente ao tempo, mas também ao espaço, é preciso recordar que a catalogação do período medieval refere-se com maior propriedade ao ambiente da Europa Ocidental e parte do Mediterrâneo.

Contudo, mil anos são muita coisa. Para melhor estudar a Idade Média, os estudiosos a subdividiram. Baseando no sistema socioeconômico do feudalismo (atualmente os historiadores já distinguem entre feudalismo e senhorio, abandonando o critério marxista), dividiram o período medieval entre Alta Idade Média (desenvolvimento e apogeu do feudalismo) e Baixa Idade Média (crise e desestruturação do feudalismo), no qual o século XI apareceria como um marco divisório.

Posteriormente, os historiadores adotaram uma nova divisão, levando em conta aspectos mais complexos: Antiguidade Tardia (do século V ao VII, ou mesmo iniciando-se nos séculos II-III, no qual se observam a desestruturação do Império Romano do Ocidente e a formação dos reinos romano-bárbaros), Alta Idade Média (séculos VIII-X, característicos pelo ressurgimento da idéia de Império na Cristandade ocidental com as dinastias carolíngia e otônida, surgimento e formação do senhorio e do feudalismo), Idade Média Plena ou Central (séculos XI-XIII, marcados pelo surgimento e auge da Cavalaria, pelo ápice do poder temporal pontifício, surgimento das universidades, crescimento da vida urbana e comercial, Cruzadas, etc.) e Baixa Idade Média (séculos XIV-XV, onde se destacariam a crise e desestruturação do feudalismo, uma maior centralização do poder nos reinos, o declínio do poder temporal do Papado e novas formas de pensamento que conduziriam à chamada Renascença ou Renascimento. Também poderíamos notar nesse período a expansão ultramarina européia e a queda do Império Romano do Oriente).

As luzes de que não falam

Tendo explicado brevemente em que consiste a Idade Média, gostaria agora de apontar quatro características dessa longa época que não se coadunam com a imagem de uma Idade das Trevas.

Interesse pelo saber: No ano de 1277 morria um homem em um acidente causado pelo desabamento de um balcão para estudos e observações científicas que havia feito em sua residência: essa residência era o palácio papal de Viterbo e esse homem era Pedro Hispano, João XXI, o único papa português da História. O conhecimento era valorizado por grande parte dos homens da Idade Média, especialmente pelos clérigos, que julgavam a instrução dos demais como uma de suas funções. Desde a Antiguidade Tardia os mosteiros foram centros de preservação do conhecimento antigo dos gregos e romanos. Mas esses mosteiros não somente preservavam e copiavam as obras antigas, como também refletiam sobre elas e teciam comentários sobre as mesmas.  Já entre os séculos VI e VII, o Livro das Etimologias fora escrito pelo bispo Isidoro de Sevilha, buscando compilar todo o conhecimento de seu tempo. No século XII, o cônego Hugo da Abadia de São Víctor, na França, escrevia em uma de suas obras exortando seus alunos a buscarem o estudo, sem desprezar nenhuma forma de conhecimento. Com o surgimento das universidades, a troca de informações e escritos e o debate de idéias, frequentemente acalorado, se intensificou. Esse interesse pelo saber traduziu-se também no âmbito prático: os estudos jurídicos em Direito Romano e Canônico produziram códigos de leis e o século XIV, famoso pela tenebrosa Peste Negra, nos legou dois artefatos de atual utilidade: o relógio mecânico e os óculos.

Catedral de Chartres, em Paris (França), construída em 1145


Amor à Beleza: A Idade Média teve vários estilos artísticos e amou a beleza como reflexo da ordem e da bondade divinas. Lembravam-se os homens do medievo de Santo Agostinho ao dizer que Deus tudo havia feito com número, peso e medida. A Criação era vista como uma construção ordenada, fruto da inteligência divina. A Criação também era vista como uma bela polifonia, onde todas as criaturas cantavam, em suas distintas vozes, a Glória de Deus. Um dos homens mais austeros da Igreja, o monge Bernardo de Claraval, escreveu em um sermão o mais encantador elogio da beleza do corpo humano. A beleza das igrejas românicas e góticas ainda hoje nos impressiona pela monumentalidade e doce harmonia da unidade de suas formas. Mesmo em suas épocas de maior dificuldade, o período medieval produziu obras artísticas de incrível sensibilidade e beleza.

Dinamismo: Dinamismo é uma palavra que, a meu ver, define a essência da Idade Média. A começar pelas cortes itinerantes de seus monarcas que tardaram a se fixar em capitais. Na política, nas artes, no meio erudito predominam as transformações. Quando no século XII o abade Suger decide fazer uma reforma para ampliar sua abadia de St-Dennis, na França, gera uma arquitetura completamente nova, visando expressar em suas linhas e em sua obsessão pela entrada de luz no edifício a Teologia da Luz, fruto da redescoberta dos tratados de influência neoplatônica do Pseudo-Dionísio Areopagita. Pela mesma época, a sobreposição de vozes em cima da tradicional melodia do cantochão gregoriano abria o caminho para a polifonia na música. Se pensarmos em ambientes bastante heterogêneos como os reinos da Península Ibérica ou as cidades italianas, esse dinamismo torna-se ainda mais notável. Entretanto, o dinamismo mais característico foi o das universidades: o homem de saber medieval era um cidadão da Cristandade, deslocando-se frequentemente em busca do conhecimento e dos mestres famosos.

Incorfomismo: Em muitos livros didáticos vemos aquela visão herdada pelo marxismo de que o homem medieval era conformado com os males e injustiças que sofreria por resignar-se à vontade da Providência Divina. Não é apenas uma notação estulta de Providência e aceitação da vontade divina, como também um desconhecimento de alguns fatos e elementos da Idade Média. Os tão propagados abusos do clero recebiam na época críticas de homens da Igreja mais ácidas do que de muitos reformadores protestantes, como as críticas escritas no século XI pelo cardeal e monge beneditino Pedro Damião. A jovem Catarina de Siena criticava os vícios da Cúria Pontifícia e a relutância de Gregório XI em retornar à Roma na frente do próprio papa e seu Colégio Cardinalício. A consciência de que a moral e a ética deveriam ser também vividas no âmbito da política era algo bastante conhecido dos homens de saber medievais. Uma farta literatura de Espelhos de Príncipes, tratados moralizantes destinados aos monarcas, floresceu ao longo de toda a Idade Média. Os vícios dos homens, especialmente os de poder, eram apontados por eclesiásticos e explorados como argumento pelos movimentos heréticos. As danças da morte, a qual o povo igualmente tinha acesso, escarnecia dos pecados dos homens de todas as condições que esqueciam-se frequentemente de que a morte um dia lhes pediria contas.

A “Idade da Luz”?

A medievalista Régine Pernoud, desejosa de desmistificar a Idade Média enquanto um período tenebroso, chamou-a de “Idade da Luz”. Naturalmente, a historiadora não era ingênua para achar que o medievo fora perfeito e nem mesmo o papa Leão XIII nutria tal suposição quando indiretamente referiu-se ao período medieval como “um tempo em que a filosofia do Evangelho governava as nações”.

É importante que, ao refutarmos o mito da Idade das Trevas, não cultivemos uma mentalidade arqueologista e romântica como a dos criadores da arte neogótica, que viam na Idade Média a perfeição cristã, tratando tudo o que a antecedera como mera preparação e tudo o que a sucedera, lamentável decadência. A Idade Média foi um período com qualidades e defeitos como os demais. O que a diferencia de outros tempos é uma maior influência que os valores cristãos exerceram sobre o âmbito social e institucional, tendo isso contribuído para muitas melhorias, embora não fosse possível, naturalmente, erradicar todos os males nesse campo onde joio e trigo se misturam até que chegue a colheita.


É bom sempre termos diante de nossas consciências que a melhor época que há é aquela na qual estamos inseridos, pois foi aquela na qual Deus nos colocou e aquela na qual temos a capacidade de trabalhar por mudanças e melhorias. Essas melhorias não nascem de grandes ações, mas sim de nossa conduta diária, que pode fazer a diferença.
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Texto: Rafael de Mesquita Diehl, professor e historiador formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e mestrando pela mesma universidade.

Evo Morales a ponto de criar uma Igreja Católica Nacional na Bolívia


Depois de participar da missa de encerramento da JMJ Rio2013, o presidente da Bolívia, Evo Morales, regressou a seu país com novos brios para reforçar a fundação da denominada “Igreja Católica Apostólica Renovada do Estado Plurinacional”.
 
O bispo de Oruro, uma das dioceses onde se faz esse experimento, Dom Cristóbal Bialasic, adverte que o governo (de Morales) pretende dividir a fé dos bolivianos com isso que “não é bem uma Igreja, mas sim uma seita”.
 
“Sejamos sinceros – disse Dom Bialsasic –, é uma seita que se começou a formar e é promovida pelo Estado, nem tanto pelo Estado, mas pelo governo”.
 
O bispo afirma que é arbitrária a maneira como se quer consolidar esta iniciativa. O próprio Morales em 2008 qualificou a Igreja Católica como um “instrumento de dominação”. 
 
A estratégia do presidente boliviano é similar à medida do – em 1926 – regime perseguidor da Igreja no México, liderado por Plutarco Elías Calles, que nomeou o sacerdote cismático José Joaquín Pérez Budar (Santiago Juxtlahuaca, 16 de agosto de 1851 - Cidade do México, 9 de outubro de 1931) como patriarca da “Igreja católica apostólica mexicana” para substituir a Igreja Católica.
 
Na Bolívia já se fala da imposição de um “arcebispo primaz”, o ex-sacerdote católico Ariel Ticona, um padre que foi expulso da Igreja Católica por mau comportamento. 
 
Como boa parte das estratégias seguidas por Morales, esta é reflexo de algo que já se fez na Venezuela, no Peru e no Equador: atacar a Igreja Católica.
 
Em uma ocasião recente, Evo Morales manifestou suas dúvidas de que os roubos de bens da Igreja católica na Bolívia não tinham sido cometidos pelos próprios bispos desse país. 
 
A imprensa boliviana qualificou de “oportunista” a viagem de Evo Morales ao Brasil para participar da missa de encerramento da JMJ. O que ele queria, segundo a imprensa, eram fotos com o Papa Francisco, que ele considera um partidário da teologia da libertação. 
 
“São atitudes lamentáveis”, considera Dom Bialasic. “É uma invenção do governo. Dá pena porque muita gente vai se deixar levar por esse engano”, afirmou.
 
A “Igreja Católica Apostólica Renovada do Estado Plurinacional” está completamente alinhada com o regime político, que tenta impor um novo culto oficial no país.
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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Transfiguração do Senhor - 06 de Agosto

Ao transfigurar-se no Tabor, Jesus não quis somente fortalecer os apóstolos,
mas todos os fiéis - inclusive cada um de nós -, até o fim do mundo.

Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. E se transfigurou diante deles; o seu rosto brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz. Nisto apareceram-lhes Moisés e Elias, conversando com Jesus. Então Pedro tomou a palavra e disse: “Senhor, é bom ficarmos aqui. Se queres, vou fazer aqui três tendas, uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Pedro ainda estava falando quando uma nuvem luminosa os envolveu e da nuvem saiu uma voz que dizia: “Este é o meu Filho amado, em quem pus toda a minha afeição. Ouvi-o!” Quando ouviram isso os discípulos ficaram muito assustados e caíram com o rosto em terra. Jesus se aproximou, tocou neles e disse: levantem-se, e não tenham medo. Os discípulos ergueram os olhos e não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus. Ao desceram da montanha, Jesus lhes ordenou: “A ninguém contem esta visão até que o Filho do homem tenha ressuscitado dos mortos” (Mt 17, 1-9).


Verdadeiro Homem

Um dos principais mistérios de nossa Fé é a encarnação do Verbo. Com efeito, quem poderia excogitar a possibilidade de uma das Pessoas da Santíssima Trindade unir sua natureza divina à humana, e — sem deixar de ser verdadeiro Deus — se tornar também verdadeiro Homem? Nunca, pelo simples raciocínio, nenhum homem — e nem mesmo algum Anjo — conceberia tal conúbio entre Criador e criatura. Para conhecermos esse belo e atraente mistério, era necessário que o próprio Deus no-lo revelasse.

O Redentor foi radical em assumir a humana condição, dentro da frágil contingência desta (excluído o pecado, como também qualquer defeito). Por exemplo, ao escolher as mais modestas circunstâncias para nascer: a total pobreza, uma gruta, o auge do inverno, tendo por berço apenas uma manjedoura.

São inúmeros os episódios do Evangelho nos quais transparece a natureza humana de Jesus: o ter de fugir para o Egito, levado por Maria e José, a fim de poupar-se da espada de Herodes; o trabalhar como humilde carpinteiro, até os 30 anos de idade, evitando chamar a atenção do povo; o fazer penitência durante 40 dias no deserto, suportando as agruras de um terrível jejum; o verter sangue no Jardim das Oliveiras, em meio ao temor e à angústia ante a Paixão; o externar fraqueza física durante sua flagelação e enquanto carregava a cruz ao alto do Calvário. Por fim, a sua morte, como a de qualquer ser humano, e no pior dos suplícios.

Como diz São Paulo: “Sendo Ele de condição divina, não reteve avidamente sua condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens” (Fl 2, 5-7).

Sem uma especial assistência da graça, seria inevitável para qualquer um, ao ouvir a narração desses fatos, concluir que Jesus não passava de uma mera criatura humana.

Verdadeiro Deus

Por isso, o Unigênito Filho de Deus, para sustentar nossa fé, tornou patente sua origem eterna e incriada em muitos outros fatos e circunstâncias: a anunciação à Santíssima Virgem por meio de um Arcanjo; o aviso a São José, em sonhos, da concepção virginal de Maria; a aparição de uma multidão de anjos aos pastores, perto da gruta de Belém, para lhes anunciar o nascimento de Jesus; a moção sobrenatural no interior dos Santos Reis Magos, sobre a providencialidade daquele Menino. Sobretudo foi categórica sua glorificação, efetuada pelo Pai e pelo Espírito Santo, no momento do batismo no Jordão:

“Quando todo o povo ia sendo batizado, também Jesus o foi. E estando Ele a orar, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma corpórea, como uma pomba; e veio do céu uma voz: ‘Tu és o meu Filho bem-amado; em ti ponho minha afeição’” (Lc 3, 21-22).

O próprio Salvador, ao afirmar “quem crê em Mim tem a vida eterna” (Jo 6, 47), não fazia referência à sua natureza humana, mas sim à sua divindade.
A multiplicação dos milagres, cujo auge foi a ressurreição de Lázaro, tornou a todos evidente o pleno poder de Jesus sobre a natureza:

“Subiu Ele a uma barca com seus discípulos. De repente, desencadeou-se sobre o mar uma tempestade tão grande, que as ondas cobriam a barca. Ele, no entanto, dormia. Os discípulos achegaram-se a Ele e o acordaram, dizendo: ‘Senhor, salva-nos, nós perecemos!’ E Jesus perguntou: ‘Por que este medo, gente de pouca fé?’ Então, levantando-se, deu ordem aos ventos e ao mar, e fez-se uma grande calmaria. Admirados, diziam: ‘Quem é este homem a quem até os ventos e o mar obedecem?’” (Mt 8, 23-27).

Essa mesma pergunta pervadiria a mente de todos os que, durante aqueles ditosos três anos nos quais o próprio Deus caminhou pelas estradas da Palestina, d’Ele puderam aproximar-se. Seria Elias que voltara, ou algum dos outros profetas? Ou teria surgido um novo profeta? A resposta germinou nas almas mais virtuosas, ou mais predispostas a amar a verdade, e, pode-se dizer, desabrochou por inteiro na confissão de Pedro: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus Vivo!” (Mt 16, 16), ou no Calvário, quando, em meio ao terremoto, raios e trovões consecutivos à mor­te de Jesus, brotaram dos lábios do centurião romano as entusiasmadas palavras: “Este homem era realmente o Filho de Deus” (Mc 15, 39).

Apesar dessas — e de tantas outras — manifestações serem mais que suficientes para levar os homens ao ato de fé na divindade de Nosso Senhor, apareceram heresiarcas a negá-la, já no começo do cristianismo. Aliás, uma das razões pelas quais São João, o discípulo amado, escreveu seu Evangelho, entre os anos 80 e 100 de nossa era, foi para reafirmar ser Jesus verdadeiro Deus. E o conjunto dos Evangelhos, procurando sublinhar a mesma verdade, por mais de cinqüenta vezes dá-Lhe o título de Filho de Deus.

É necessário ter essas considerações em vista, para melhor analisarmos e compreendermos a Transfiguração do Senhor.

Vigília e Ato de Desagravo em frente ao Palácio do Planalto


Tendo em vista a sanção do PLC 03/2013, descumprindo assim sua promessa de campanha de 2010, a Presidente Dilma Rousseff expressou assim seu desprezo pela Igreja, pela população brasileira (em que a maioria é contra o aborto) e pelo legislativo nacional. 

Com a referida sanção, o Estado brasileiro deixa de ser promotor da inviolabilidade da vida humana, para agir contra a vida especialmente na fase mais indefesa do ser humano, no ventre materno. O Estado brasileiro poderá agora distribuir medicamentos abortivos (como a pílula do dia seguinte) entre outras iniciativas antivida, utilizando-se do SUS para promover o maior atentado à vida humana neste País, com recursos públicos. 

Por isso, conclamamos, mais uma vez, para uma VIGÍLIA E ATO DE DESAGRAVO, em frente ao Palácio do Planalto, terça-feira, às 20h. Temos o dever, enquanto povo cristão e cidadãos.


VIGÍLIA E ATO DE DESAGRAVO EM BRASÍLIA, em frente ao Palácio do Planalto, terça-feira, 6 de agosto de 2013, às 20h. 


Prof. Hermes Rodrigues Nery

Coordenador do Movimento Legislação e Vida

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Vítimas de Maciel pedem para deter a canonização de João Paulo II

Os santos são pessoas que tiveram uma vida "perfeita".
João Paulo II foi questionado em vários casos de ocultação...

As vítimas de abuso por parte de Marcial Maciel começaram um movimento para impedir a canonização de João Paulo II, que é acusado de encobrir o fundador dos Legionários de Cristo. A iniciativa vem depois que a ONU solicitou informação do Vaticano em casos de pedofilia, inclusive os cometidos por Maciel.

"Francisco deveria suspender o processo do Beato João Paulo II até conhecer as recomendações que as Nações Unidas formularão", disseram as vítimas, que acreditam que de acordo com as disposições das normas canônicas, os santos são pessoas que tiveram uma vida "irrepreensível", enquanto que João Paulo II foi questionado por vários casos de encobrimento, não apenas de Marcial Maciel; seu pontificado foi marcado pelos milhares de casos de crianças abusadas sexualmente por padres, os primeiros que se tornaram públicos foram os relatados nas igrejas dos Estados Unidos.


O chamamento da ONU ao Vaticano para revelar detalhes dos abusos sexuais na Igreja Católica é um "evento histórico", que irá revelar a verdade sobre a tragédia que afetou milhares de crianças em todo o mundo, disse que o ex-sacerdote Alberto Athié.

"Chegou a hora da verdade" em torno da tragédia que viveram tantas crianças abusadas por padres em muitas partes do mundo, em alguns de maneira "persistente" e a estratégia de encobrimento da Santa Sé, disse Athié a estação MVS.

"Havia uma autoridade capaz de ação internacional que, sob determinados critérios de exigência e obediência e silêncio absoluto, e com um poder real de proteção manteve durante anos uma estratégia para proteger os criminosos, em muitos países do mundo", disse ele.

Este ex-legionário de Cristo, que tem apoiado as vítimas de abuso no México, disse que "até agora, o Vaticano negou qualquer responsabilidade direta (...) nestes processos de ocultação".

Como o Vaticano é um dos signatários da Convenção sobre os Direitos da Criança, a Santa Sé está obrigada a denunciar todos os casos de pedofilia em muitos países "onde de uma forma ou outra a Igreja Católica esteja comprometida”.

O Comitê dos Direitos da Criança da ONU pediu ao Vaticano para responder a uma série de perguntas entre elas as medidas que tomou para castigar a alegados pedófilos, compensar as vítimas e evitar novos casos, e se há líderes católicos que relataram a Polícia suspeitas ou denúncias de abusos.

A Santa Sé deverá apresentar a informação antes de 1 de novembro e incluí-la no relatório que entregará aos especialistas do Comitê em janeiro próximo sobre o cumprimento da Convenção dos Direitos da Criança.

Agora temos que ver “que tipo de informações o Vaticano vai entregar, até onde está disposto a abrir seus arquivos (...) e a reconhecer a responsabilidade dos cardeais (Ângelo) Sodano, (Dario) Castrillón Hoyos, (Norberto) Rivera”, entre outros, que jogaram na cumplicidade e encobrimento.

No caso dos abusos cometidos no México por Marcial Maciel, fundador dos Legionários de Cristo, o padre Nicolás Aguilar, também acusado por alegados casos de pedofilia nos EUA, e o sacerdote Carlos López, disseram que farão chegar “a maior quantidade possível de informação ao Comitê”.

Sobre o processo de canonização do Papa João Paulo II, apontou que pedirão que se detenha enquanto a ONU realiza suas investigações, cujos resultados permitirão fazer uma valoração de se sua vida foi “exemplar e virtuosa ao extremo”.

O Papa Francisco aprovou recentemente uma reforma ao código penal da Santa Sé do Estado vaticano que contempla uma melhor definição dos delitos contra menores, entre eles violência sexual e pornografia infantil, e conclamou o Centro Para a Proteção da Criança a continuar lutando contra os casos de pedofilia.
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Disponível em: Borboletas ao Luar

O desastre do Catolicismo Liberal

As exigências do Cristianismo não toleram a pusilanimidade
nem a barganha com o depósito da fé

Quando o então Cardeal Joseph Ratzinger, num debate com o filósofo ateu Paolo Flores D'arcais, em 2000, mencionou a palavra tolerância numa explicação, não pôde deixar de notar o espanto da plateia e, até mesmo, do mediador do encontro. Reação previsível, se se levar em consideração a imagem negativa imputada ao futuro Bento XVI, devido ao seu trabalho na Congregação para Doutrina da Fé. É certo que, nos dias de hoje, em que a falsa tolerância foi elevada à categoria de virtude cardeal, qualquer movimento que sugira uma repreensão motivada por um erro é, apressadamente, tachado de intolerante. Daí a fama de cardealpanzer de Bento XVI que, como "colaborador da Verdade", tinha consciência do seu dever de debelar o erro. A tolerância a qualquer custo é uma doença da mentalidade moderna, na qual conta mais uma pseudo harmonia e comunhão do que a verdade. E nesta seara, infelizmente, também se inserem muitos católicos.


Essa dificuldade nasce, sobretudo, da falta de clareza com que se tratam assuntos de delicada importância, incluindo a religião. Em nome do bem-estar e da paz, prefere-se adotar uma posição moderada, sem "paixões", como declaram alguns, mesmo que isso custe um alto preço. Ora, a tolerância só tem sentido dentro de um contexto de amor à verdade e à justiça, não de pusilanimidade. Não é à toa que as casas de prostituição são popularmente conhecidas como casas de tolerância. Quando se coloca a tolerância como regra suprema do bem, não é estranho que apareçam na história câmaras de gás, gulags e paredões. Ou então, mais condizente com o momento atual, clínicas de aborto e embriões congelados para pesquisa.

Deve-se separar pecado e pecador, ser tolerante com a pessoa, mas nunca com o mal. E, em certos casos, a tolerância exige, sim, uma justa pena, pois a disciplina também é uma forma nobre de amar. Se é verdade que Cristo mandou deixar que cresçam juntos joio e trigo, também não é menos verdade que ele tenha pego num chicote para expulsar os vendilhões do templo. No itinerário do amor cristão também está o zelo pelo bem integral - físico, moral e espiritual - do irmão que, muitas vezes, passa pela correção fraterna. Todavia, denunciou Bento XVI na sua mensagem para Quaresma de 2012, "parece que a cultura contemporânea perdeu o sentido do bem e do mal, sendo necessário reafirmar com vigor que o bem existe e vence, porque Deus é «bom e faz o bem» (Sl 119/118, 68)".

O respeito humano que impera em muitos ambientes católicos é um dos principais motivos da apostasia na Igreja. Uma vez que se abandona o sentido autêntico da fé, perde-se também a noção de bem e mal e, em última instância, a noção de verdade. Esse é o mal da propalada tolerância. Em termos mais duros, dizia o escritor Gustavo Corção sobre o esfriamento dos católicos no Brasil, "na consideração das causas o número um, a triste primazia, deve ser dada ao catolicismo liberal, ao catolicismo complacente, ao catolicismo tolerante, ao catolicismo que traz a Igreja a moleza, a falta de caráter, a esperteza, que são os vícios de nossas virtudes, o modo brasileiro de deteriorar o que seria bondade e magnanimidade se lograsse retificação e purificação". Como remédio, aconselhava Corção, "nós, aqui no Brasil, precisamos aprender a dura e viril arte de não transigir(...) E para isso temos de lutar em duas grandes frentes: na formação moral, e na difusão da Doutrina".

Não é católico quem não professa o credo dos apóstolos. O coração do fiel deve ser universal o suficiente para acolher todo o depósito da fé e, com ele, todas a suas exigências. E isso requer intolerância. Sim, a intolerância para dizer não aos pruridos de novidades que afastam da sã doutrina, para dizer não à ditadura do relativismo. A santa intrasigência dos mártires para responder sim ao que é sim, e não ao que é não. A ousadia para respeitar a liberdade do outro, sem, contudo, fazer descontos em questões não negociáveis. Em suma, ser intolerante o suficiente para remar contra a maré de mentiras e falsas promessas, como pediu o Papa Francisco aos jovens da JMJ-Rio 2013, e buscar em Cristo a única e verdadeira felicidade, “em que se revela a origem e a consumação da história” (Cf. Lumen Fidei, 35).
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