segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Vítimas de Maciel pedem para deter a canonização de João Paulo II

Os santos são pessoas que tiveram uma vida "perfeita".
João Paulo II foi questionado em vários casos de ocultação...

As vítimas de abuso por parte de Marcial Maciel começaram um movimento para impedir a canonização de João Paulo II, que é acusado de encobrir o fundador dos Legionários de Cristo. A iniciativa vem depois que a ONU solicitou informação do Vaticano em casos de pedofilia, inclusive os cometidos por Maciel.

"Francisco deveria suspender o processo do Beato João Paulo II até conhecer as recomendações que as Nações Unidas formularão", disseram as vítimas, que acreditam que de acordo com as disposições das normas canônicas, os santos são pessoas que tiveram uma vida "irrepreensível", enquanto que João Paulo II foi questionado por vários casos de encobrimento, não apenas de Marcial Maciel; seu pontificado foi marcado pelos milhares de casos de crianças abusadas sexualmente por padres, os primeiros que se tornaram públicos foram os relatados nas igrejas dos Estados Unidos.


O chamamento da ONU ao Vaticano para revelar detalhes dos abusos sexuais na Igreja Católica é um "evento histórico", que irá revelar a verdade sobre a tragédia que afetou milhares de crianças em todo o mundo, disse que o ex-sacerdote Alberto Athié.

"Chegou a hora da verdade" em torno da tragédia que viveram tantas crianças abusadas por padres em muitas partes do mundo, em alguns de maneira "persistente" e a estratégia de encobrimento da Santa Sé, disse Athié a estação MVS.

"Havia uma autoridade capaz de ação internacional que, sob determinados critérios de exigência e obediência e silêncio absoluto, e com um poder real de proteção manteve durante anos uma estratégia para proteger os criminosos, em muitos países do mundo", disse ele.

Este ex-legionário de Cristo, que tem apoiado as vítimas de abuso no México, disse que "até agora, o Vaticano negou qualquer responsabilidade direta (...) nestes processos de ocultação".

Como o Vaticano é um dos signatários da Convenção sobre os Direitos da Criança, a Santa Sé está obrigada a denunciar todos os casos de pedofilia em muitos países "onde de uma forma ou outra a Igreja Católica esteja comprometida”.

O Comitê dos Direitos da Criança da ONU pediu ao Vaticano para responder a uma série de perguntas entre elas as medidas que tomou para castigar a alegados pedófilos, compensar as vítimas e evitar novos casos, e se há líderes católicos que relataram a Polícia suspeitas ou denúncias de abusos.

A Santa Sé deverá apresentar a informação antes de 1 de novembro e incluí-la no relatório que entregará aos especialistas do Comitê em janeiro próximo sobre o cumprimento da Convenção dos Direitos da Criança.

Agora temos que ver “que tipo de informações o Vaticano vai entregar, até onde está disposto a abrir seus arquivos (...) e a reconhecer a responsabilidade dos cardeais (Ângelo) Sodano, (Dario) Castrillón Hoyos, (Norberto) Rivera”, entre outros, que jogaram na cumplicidade e encobrimento.

No caso dos abusos cometidos no México por Marcial Maciel, fundador dos Legionários de Cristo, o padre Nicolás Aguilar, também acusado por alegados casos de pedofilia nos EUA, e o sacerdote Carlos López, disseram que farão chegar “a maior quantidade possível de informação ao Comitê”.

Sobre o processo de canonização do Papa João Paulo II, apontou que pedirão que se detenha enquanto a ONU realiza suas investigações, cujos resultados permitirão fazer uma valoração de se sua vida foi “exemplar e virtuosa ao extremo”.

O Papa Francisco aprovou recentemente uma reforma ao código penal da Santa Sé do Estado vaticano que contempla uma melhor definição dos delitos contra menores, entre eles violência sexual e pornografia infantil, e conclamou o Centro Para a Proteção da Criança a continuar lutando contra os casos de pedofilia.
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Disponível em: Borboletas ao Luar

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