quinta-feira, 19 de setembro de 2013

A inconsistência ética dos argumentos a favor do aborto


As multitudinárias manifestações do povo contra o aborto, em diversos países, mostram como a maioria da população defende a vida dos seres humanos mais inocentes, fracos e indefesos, que ainda estão sendo gestados no útero materno.
 
Frente às campanhas a favor da legalização do aborto, muitas pessoas e organizações se manifestam em defesa da vida como o primeiro valor e o direito humano fundamental, do qual dependem todos os demais.
 
As associações que lutam pela legalização do aborto utilizam uma série de argumentos que podem ser analisados a partir da ética natural, sustentada por dados científicos.
 
Um primeiro argumento nega que o nasciturus, nome jurídico clássico para designar o embrião ou feto, seja um ser humano antes da nidação, nas primeiras semanas ou meses. Esta afirmação é incompatível com a biologia moderna, que mostra como, pela fusão do óvulo com o espermatozoide, acontece a concepção de um novo ser humano, que já possui os elementos essenciais da sua identidade genômica e cromossômica, além de uma energia endógena que o impulsiona a desenvolver-se.


O argumento mais radical a favor do aborto diz que a mulher tem direito de decidir sobre o seu próprio corpo e, portanto, também de "interromper a gravidez", denominação eufemística com a qual se pretende mascarar que o aborto é um crime abominável.

 
Este argumento é falaz e constitui um grave retrocesso jurídico a épocas nas quais predominava a lei do mais forte. O novo ser humano, ainda que esteja dentro do útero feminino e dependa da mulher para sobreviver, não faz parte do corpo dela, mas possui características biológicas diferentes das dos progenitores.
 
O argumento de que a gravidez não foi desejada tampouco é válido, sobretudo se a mulher aceitou ter contato sexual com o homem. Toda pessoa é responsável pelos seus atos e por suas possíveis consequências, ainda que depois se arrependa.
 
Muito mais sutil é o argumento da gravidez oriunda de um estupro. Segundo este argumento, a mulher estuprada não tem por que levar adiante uma gravidez à qual foi forçada, contra sua vontade.
 
No entanto, ainda neste caso é preciso afirmar que toda pessoa tem obrigação de atender e salvar a vida de outros seres humanos em perigo, ainda quando não tenha sido responsável por esta situação.
 
Tal é o caso de um acidente, no qual uma pessoa ferida pede auxílio a alguém que está passando por perto. É um dever prestar auxílio, especialmente quando o risco de vida é manifesto e grave. A omissão deste dever ético é considerada delito em muitos códigos penais.
 
No caso de um estupro, a mulher deve prestar ajuda solidária ao ser humano inocente que ela carrega em seu interior. Se, ao nascer, ela não se considera em condições de cuidar dele, existe o dever solidário da sociedade de encontrar alguma instituição ou família que queira atendê-lo ou adotá-lo.
 
Outro argumento abortista destaca que há casos nos quais a vida da mulher está em risco. Podemos responder a isso indicando, em primeiro lugar, que a gravidez não é uma doença. Graças aos avanços médicos, os casos nos quais é preciso escolher entre a vida da mãe e a do filho são quase inexistentes; um tumor interino pode ser combatido sem prejudicar o nasciturus.
 
No caso extremo de uma gravidez ectópica, quando não se pode implantar o embrião no endométrio, é ético retirar o embrião, sem matá-lo, ainda que prevendo que ele morrerá, por não ser viável.
 
Na gravidez de uma adolescente, há certo risco, mas seu organismo, se já começou a ovular, também está preparado para a gravidez e para o parto, seja ele natural ou por meio de uma cesárea. Certamente, a adolescente precisará de um cuidado especial pré e pós-natal.
 
Recordemos que a ética natural e a moral cristã consideram o aborto provocado como uma transgressão grave, mas não é assim com o aborto espontâneo, consequência de um acidente involuntário, nem tampouco o aborto indireto, produzido por um efeito colateral, não pretendido, de um tratamento ou medicamento que buscava curar a mãe.
 
Em algumas legislações, o aborto é despenalizado e/ou legalizado quando se detectam más-formações  no nasciturus. Para isso, são feitos diagnósticos pré-natais. Especialmente no caso de anencefalia, recomendam o aborto, já que o bebê certamente morrerá logo após o nascimento.
 
Em alguns países, como a Holanda, permite-se inclusive eliminar o já nascido, com a justificativa de que assim se evita que haja crianças com problemas sérios, e que a família tenha muitos gastos médicos.
 
Respondemos a este argumento indicando, em primeiro lugar, que alguns exames pré-natais, sobretudo os realizados nas primeiras semanas da gravidez, podem prejudicar o próprio bebê em gestação, e inclusive apresentar resultados falsos. Mas, ainda que sejam resultados certos, o aborto de fetos com má-formação é uma grave a intolerável discriminação.
 
Com relação aos anencéfalos, cuja morte é previsível, é crueldade matá-los. Eles merecem ser cuidados e respeitados. Para os pais, quando seu filho nascer, será um grande consolo poder atendê-lo com carinho até que morra naturalmente, dando-lhe digna sepultura e evitando, assim, que os seus restos sejam jogados no lixo.
 
Outro argumento a favor da legalização do aborto afirma que muitas mulheres morrem ou contraem doenças devido a abortos malfeitos, já que estes são executados por pessoas incompetentes e em condições pouco higiênicas. A legalização, então, permitiria o "aborto seguro" e diminuiria a taxa de mortalidade materna.
 
Respondemos a este argumento desvelando que, nas campanhas a favor do aborto, frequentemente se exagera o número de mortes maternas para comover a opinião pública. O Dr. Bernard Nathanson, ex-abortista, confirmou que as campanhas pró-aborto que ele dirigia costumavam falsificar as estatísticas.
 
Por outro lado, a mortalidade materna não é reduzida com a legalização do aborto, já que tudo é traumático e a mulher corre um grande risco. A saúde materna só será protegida com políticas públicas eficientes, voltadas para a saúde da mãe e do filho.
 
Também se argumenta que, nos países em que o aborto é penalizado, há poucas condenações de médicos abortistas. Portanto, seria preferível tolerar o aborto, despenalizando-o ou legalizando-o.
 
Acreditamos, no entanto, que esta proposta é injusta. A tolerância não pode ser um argumento para legalizar delitos contra a vida, já que o direito à vida é o primeiro e mais fundamental de todos os direitos humanos. O aborto é um crime.
 
A solução seria que os governos defendessem e protegessem a vida dos seres humanos não nascidos, sancionando os abortistas e fechando as clínicas de aborto, já que uma das funções do Estado é precisamente defender a vida.
 
Algumas feministas radicais defendem que o aborto é uma questão unicamente de mulheres, já que são elas as que suportam a gravidez e o parto. Este argumento é falso, já que ignora que toda criança também tem um pai e que, além disso, a defesa da vida é um dever solidário de todas as pessoas. O aborto afeta todas as pessoas, não só as mulheres.
 
Cabe aqui fazer uma reflexão complementar. Na China, foi imposta a política do filho único e as pessoas são obrigadas a pagar multas exorbitantes, se não abortarem o segundo filho ou os seguintes. Mas esta medida é frequentemente transformada em aborto seletivo das meninas, por serem consideradas de menor valor.
 
Com isso, origina-se um desequilíbrio demográfico de gênero, criando graves problemas sociais e aumentando a prostituição, o tráfico de mulheres e a violência de gênero.
 
Finalmente, não podemos nos esquecer de que a mulher que aborta acaba sendo a segunda vítima deste crime. Muitas vezes, sofre da síndrome pós-aborto, com características somáticas e psíquicas, como perfurações no útero, infecções, partos precoces, esterilidade, câncer de mama etc. Também poderá sofrer obsessões, pesadelos, baixa autoestima, tendência à dependência química e ao suicídio.

 
Esta síndrome reflete o profundo conflito de consciência que atormenta a mulher que abortou e que ela dificilmente poderá superar, se não se arrepender e pedir perdão ao filho abortado e ao Deus da vida que é, antes de tudo, amor e misericórdia.
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Fonte: Aleteia

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Igreja Católica, a instituição na qual os brasileiros mais confiam

Uma pesquisa da Confederação Nacional do Transporte
revela que, após a JMJ, a Igreja aparece como a instituição
mais reconhecida no país

Após a visita do Papa Francisco ao Brasil e sua apoteótica participação na JMJ do Rio de Janeiro, a Igreja Católica recuperou confiança e prestígio entre os habitantes do gigante do sul e aparece nas pesquisas como a instituição mais reconhecida no país que tem o maior número de católicos do mundo.
Os recentes protestos no Brasil, contra o aumento das passagens e a favor da melhoria na educação – que deixaram pelo menos 5 mortos –, fizeram que o governo e o Congresso brasileiros caíssem drasticamente nos índices de satisfação.
Uma pesquisa feita pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), realizada entre 31 de agosto e 4 de setembro, com cerca de 2 mil entrevistados (margem de erro de 2,2 pontos percentuais), mostrou que o Congresso é a instituição que gera menos confiança na população: apenas 14% dos brasileiros confia neste organismo "sempre" ou "na maioria das vezes", contra uma maioria de 51% que não confia "nunca" e 33% que confia "poucas vezes".


O governo encabeçado por Dilma Roussef é um pouco melhor avaliado, ainda que nem tanto assim: apenas 17% dos entrevistados confiam no governo "sempre" ou "na maioria das vezes", mas 40% deles disseram não confiar "nunca".

Os efeitos dos protestos realizados nas ruas em junho e julho, inclusive durante a Copa das Confederações, são evidentes e não somente quanto ao governo federal, mas também aos estatais e municipais.
A justiça recebe a confiança de 28% dos brasileiros; a imprensa, 35%; e as forças armadas, 53,5%. Nos países da América Latina, ainda que o exército tenha muitas vezes ocupado o poder à força, os militares continuam sendo bem avaliados, e o Brasil não foi exceção.
Nem a Igreja Católica ficou para trás, desmentindo os presságios de que a Igreja no Brasil estaria sofrendo uma sangria profunda de fiéis, que estariam aderindo a outras confissões cristãs ou inclusive a seitas.
A Igreja Católica no Brasil é a mais favorecida na opinião dos entrevistados e, com a margem de erro antes citada, isso se aplica à população inteira. Cerca de 65% dos brasileiros confiam "sempre" ou "quase sempre" na Igreja, enquanto um escasso grupo de 12% afirma não confiar na Igreja "nunca".

A pesquisa mostra certa tendência dos brasileiros a aprovar candidaturas políticas de religiosos: 38,7% de aprovação. Cerca de 28% votaria em um candidato que fosse indicado por líderes da sua Igreja, mas 66% não o faria.

Mais de 65% dos entrevistados se declararam católicos, enquanto 21% disseram ser evangélicos e 3,7%, espíritas.
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Fonte: Aleteia

Vale a pena usar redes sociais que atacam abertamente os católicos?



O desenvolvimento histórico da Igreja manifesta, nas diferentes épocas, diversos meios de levar a cabo a evangelização.

A mensagem para a Jornada Mundial da Juventude deste ano destacou a necessidade de viver o compromisso missionário no chamado "continente digital". Mas é preciso saber usar com sabedoria este meio, considerando também seus possíveis riscos, como a dependência, o confundir o mundo real com o virtual, substituir o encontro e o diálogo direto com as pessoas pelos contatos na internet etc.

Outro âmbito de evangelização é o da mobilidade. Hoje, são muitos os jovens que viajam, por motivos de estudo, trabalho ou diversão. Mas existem também os movimentos migratórios: estes fenômenos podem se tornar oportunidades providenciais para a difusão do Evangelho.


Após a Jornada, eu gostaria de analisar brevemente a realização desta evangelização. Nosso ponto de referência para esta reflexão será o primeiro elemento da mensagem para a JMJ: a "evangelização web".


É significativo que o então Papa tenha destacado a internet como um areópago moderno no qual a evangelização deve ser levada a cabo, principalmente pelos jovens, por serem eles os que mais interagem nela.

Não podemos nos esquecer que esta tarefa não pode se desvincular do mundo real, da salvação eterna das almas de todos e cada um dos homens aos quais podemos chegar com a mensagem do Evangelho.

Desde que o Papa lançou este comprometedor convite, surgiram grandes iniciativas apostólicas no mundo digital, especialmente no Facebook. E alguns perguntaram se valia a pena que os católicos continuassem usando tal rede social, dado que nela há muitos ataques à fé católica.

Antes de fazer perguntas tão exageradas, precisamos lembrar que o uso da internet implica, evidentemente, um trabalho no mundo, neste mundo que perseguiu e martirizou milhares de cristãos em todas as épocas da Igreja.

Aqui, estamos falando apenas de ataques contra a fé, que não podem nos faltar, porque, se vivêssemos permanentemente em paz em nossa proclamação do Evangelho, isso seria sinal de que nossa pregação não é cristã, pois, como disse Jesus no Evangelho de São João, "se me perseguiram, também vos perseguirão".

Algumas páginas católicas, diante dos ataques, acabaram sendo excluídas pelos seus criadores, mas aqui surge a pergunta: o bem que se fez por meio destas obras não foi maior que o mal padecido quando elas deixaram de existir?

Há algum tempo, o Papa Francisco nos recordava que uma árvore que cai faz mais barulho que um bosque que cresce. Tertuliano repetia que o sangue dos mártires é semente de novos cristãos. E nós poderíamos dizer também: a anulação de um apostolado tem de ser semente de novas e maiores obras evangelizadoras. Assim pensam os verdadeiros cristãos.

Há aspectos negativos, mas podemos ver o lado positivo também, pois, a cada dia, a Igreja se estende mais, é mais conhecida tal como ela é, graças a todos aqueles que, dia a dia, contribuem com seu grãozinho de areia na internet.

Há páginas católicas excelentes no Facebook, e cabe a nós seguir adiante com estas obras; e se uma delas cai, levantemos sete novas, pois, com ou sem dificuldades, Cristo deve ser anunciado.

E aqueles que desejam ajudar nesta missão, além de beneficiar-se dela, mas não têm tempo ou conhecimentos suficientes para contribuir com algum site, também podem ser grandes evangelizadores promovendo tais páginas entre seus contatos, curtindo seus posts e compartilhando os bons artigos que são publicados.

A messe é grande e não podemos ficar de braços cruzados, esperando que o demônio e seus sequazes trabalhem nos lugares em que nós também podemos atuar.

 
Por isso, mãos à obra, recordando que a união faz a força, e que o amor é sempre mais forte que o ódio. No final das contas, por mais que tenhamos de nos desgastar nesta missão, a recompensa que nos espera no céu é excelente.
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Fonte: Aleteia

Patriarca Caldeu escreve ao Patriarca Assírio: "Voltemos à plena unidade"


O Patriarca da Babilônia dos caldeus, Louis Raphael I Sako, enviou uma carta de felicitações ao Patriarca da Igreja Assíria do Oriente, Mar Dinkha IV, por ocasião do seu 78º aniversário, festejado neste de 15 de setembro. Na mensagem, o Patriarca Sako fez um convite oficial ao líder da Igreja Assíria, para iniciarem juntos um caminho de diálogo e retomar a plena comunhão eclesial entre a comunidade caldéia – unida a Roma - e a assíria.

“Aproveito a ocasião - escreveu o Patriarca caldeu -, para expressar o desejo da Igreja caldéia em relação à retomada de um diálogo pela unidade, que é o desejo de Jesus. O início deste diálogo hoje é urgente, diante dos grandes desafios que ameaçam a nossa sobrevivência. Sem unidade, não existe futuro para nós. A unidade pode ajudar a custodiar a nossa presença (...). Deposito com confiança este desejo sincero nas mãos de Vossa Santidade”.

No passado desenvolveu-se um diálogo teológico entre a Igreja Assíria do Oriente e a Igreja Católica no seu conjunto, que em 1994 levou à assinatura de uma Declaração cristológica comum, na qual o Papa João Paulo II e o Patriarca Mar Dinkha IV reconheceram partilhar a mesma fé em Cristo Jesus e no mistério da Encarnação. 

Até agora, no entanto, nunca foi iniciado oficialmente um diálogo ecumênico e eclesiológico bilateral entre a Igreja Caldéia e a Igreja Assíria do Oriente, que partilham o mesmo patrimônio teológico, litúrgico e espiritual. “Se reconhecemos professar a mesma fé – explicou à Agência Fides o Patriarca Sako – me pergunto a este ponto quais são os obstáculos a serem transpostos em direção ao reconhecimento da plena unidade entre nós. Talvez seja necessário apenas um pouco de coragem, em buscar o método mais acertado. Penso na possibilidade de reunir juntos os nossos sínodos e debatermos sobre nossas comuns preocupações, como a fuga dos nossos fiéis das terras de origem e o dissipar-se do patrimônio milenar partilhado por nossas Igrejas. Aguardo com expectativa a resposta dos nossos irmãos assírios”. 


A Igreja Assíria do Oriente é uma denominação cristã oriental que afirma ter sido fundada por São Tomé. Algumas vezes é chamada de Antiga Igreja do Oriente ou ainda de Igreja Ortodoxa Assíria, mas não deve ser confundida com a Igreja Ortodoxa Síria. Na Índia, é conhecida como Igreja Sírio-Caldeia do Oriente. Teologicamente, é associada à doutrina do nestorianismo, o que fez com que ficasse conhecida como "Igreja Nestoriana" (principalmente pelos seus inimigos), embora sua liderança tenha por vezes rejeitado expressamente tal rótulo. O seu rito litúrgico é o siríaco oriental.

A Igreja Assíria do Oriente é uma denominação cristã oriental que afirma ter sido fundada por São Tomé. Algumas vezes é chamada de Antiga Igreja do Oriente ou ainda de Igreja Ortodoxa Assíria, não devendo ser confundida com a Igreja Ortodoxa Síria. Na Índia, é conhecida como Igreja Sírio-Caldeia do Oriente. Teologicamente, está associada à doutrina do nestorianismo, o que fez com que ficasse conhecida como "Igreja Nestoriana", embora sua liderança tenha por vezes rejeitado expressamente tal rótulo. O seu rito litúrgico é o siríaco oriental.


A Igreja Assíria do Oriente aceita apenas os ensinamentos dos primeiros Concílios Ecumênicos - Nicéia e Constantinopla - não estando, portanto, em comunhão com as Igreja Ortodoxa, Católica e Igrejas não-calcedonianas. (JE)
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China: continua a pressão contra os católicos


A Comissão de Justiça e Paz da diocese de Hong Kong (China) apresentou um documento de 7 páginas sobre a situação daliberdade religiosa no país, diante do Conselho de Direitos Humanos da ONU, no qual manifesta a preocupação da Igrejalocal, que sofre políticas "contra os princípios e práticas da fé católica".

O documento denuncia as violações dos direitos humanos dos fiéis e casos de sequestros, desaparecimentos, maus-tratos, dos quais os membros da Igreja são vítimas.
 
O cardeal Joseph Zen, bispo emérito de Hong Kong, carregou uma cruz de madeira durante uma manifestação pela liberdade religiosa na China em 2011. As políticas do Estado chinês contra aliberdade religiosa "fizeram que os católicos na China Continental se dividissem nas comunidades chamadas 'Igreja oficial' e 'Igreja clandestina'. Isso traz dor e sofrimento dentro da Igreja", denunciou o relatório.


Segundo a comissão, ambas as comunidades são vítimas das violações aos seus direitos por parte das autoridades. "Os fiéis na China não só têm sua liberdade religiosa limitada, como também sua liberdade pessoal e de associação violentadas."

 
Entre as situações concretas denunciadas no relatório, encontra-se a pretensão oficial de que a Igreja Católica na China seja "independente" da Santa Sé, o que viola os princípios de unidade e comunhão, essenciais para a fé católica. Isso afeta diretamente a ordenação de bispos, mas é explicado pelo Estado como um princípio de "autonomia, independência e autogestão da Igreja", o que foi energicamente rejeitado no relatório.
 
"Na verdade, isso viola a liberdade de consciência dos fiéis e as propriedades essenciais da Igreja Católica", esclareceu o relatório, que, além disso, criticou a promoção da "Associação Patriótica Católica Chinesa" e da "Assembleia Nacional de Representantes Católicos", organizações criadas pelo Estado para a ordenação de bispos "sem o indispensável mandato papal". A Comissão também denunciou o controle estatal sobre as nomeações feitas na Igreja, que viola as normas estabelecidas pelo Código de Direito Canônico para o trabalho nas Igrejas locais.
 
Um elemento especialmente preocupante no relatório é o dedicado aos métodos com os quais o Estado impõe o cumprimento destas disposições aos membros da Igreja. "Os católicos são frequentemente vítimas de maus-tratos, sequestros, prisões domiciliares, e alguns padres são obrigados a servir os oficiais. Estes atos violam seriamente a liberdade de religião e consciência", afirma o documento.
 
Estes abusos se acentuam durante as ordenações episcopais ilícitas – quatro das quais aconteceram entre 2010 e 2012. Vários bispos foram obrigados a assistir às ordenações ilícitas, enquanto diversos padres foram sequestrados e só libertados após as ordenações.
 
A Comissão de Justiça e Paz lançou um apelo ao governo da China para que acabe com as "detenções ilícitas prolongadas e o desaparecimento forçado", a fim de respeitar os direitos humanos. Foi citada a detenção atual dos padres Ma Wuyong e Liu Honggeng, da diocese de Baoding, que estão presos desde 2004 e 2006, respectivamente, sem que tenha havido um julgamento sobre eles.
 
Também se denunciou o desaparecimento de Dom James Su Zhemin, desde 1997, quem, se continuar com vida, tem hoje 81 anos de idade; de Dom Cosmas Shi Enxiang, que teria 92 anos e foi preso em 2001; e do Pe. Lu Genjun, preso em 2006 e de quem não se tem notícia alguma há 4 anos.
 
Outra modalidade de violação dos direitos humanos é o confinamento dos membros da Igreja em seu próprio templo ou residência, hotéis ou nas chamadas "escolas de socialismo", algo comum durante eventos relevantes da vida da Igreja. Foi citado o exemplo de Dom Thaddeus Ma Daqin, que renunciou aos cargos impostos pelo Estado ao ter sido ordenado bispo e que, nessa mesma tarde, foi confinado ao seminário de Sheshan, onde foi privado de sua liberdade e impedido de realizar seu trabalho pastoral.
 
A última seção do relatório foi dedicada ao trato desumano e às torturas, que também afetaram os membros do clero. Segundo a comissão, desde 2006, pelo menos 20 clérigos foram objetos de ataques físicos para impor seu registro e controle por parte de organismos oficiais.
 
O Pe. Zhang Guangjun foi detido em um hotel em janeiro de 2011, onde foi vítima das autoridades. "Foi tratado de maneira desumana durante sua detenção: não o deixaram dormir por 10 dias e 10 noites, e ele foi obrigado a permanecer em pé durante todo esse tempo." Após ser libertado temporariamente, foi detido novamente e espancado. Quando recuperou sua liberdade, em abril de 2011, as sequelas físicas eram evidentes.
 
Também no mês de abril de 2011, o Pe. Joseph Chen Hailong foi submetido à mesma tortura durante 4 dias, e depois disso foi confinado em um quarto sem janelas, onde viveu em completo isolamento e desnutrição durante 2 meses. Ele esteve a ponto de perder a razão e negaram-lhe tratamento médico para sua deteriorada saúde, até o último momento. O clérigo foi libertado somente em julho de 2011.
 
A comissão exigiu do governo chinês que acabe com todas essas violações aos direitos humanos e respeite de maneira integral a liberdade religiosa dos católicos do país.



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(Com informações da diocese de Hong Kong)
Disponível em: Aleteia

Maalula transformou-se em terra de mártires


Para os cristãos sírios de Maalula, o vilarejo cristão ao norte de Damasco onde ainda se fala aramaico - e atacado nos dias passados por grupos armados islâmicos -, é considerado “terra de mártires”. Graças a uma testemunha ocular internada em um hospital de Damasco e que não quer identificar-se por motivos de segurança, foi possível reconstruir em detalhes o destino de três cristãos mortos na pequena localidade encravada nas montanhas. Os funerais foram realizados sob forte comoção, na Catedral Greco-melquita em Damasco, no dia 10 de setembro, em cerimônia presidida pelo Patriarca Melquita Gregório III Laham, na presença de Bispos e sacerdotes de outras confissões.

Segundo a testemunha contou à Agência Fides, os grupos armados entraram no dia 7 de setembro em várias casas de Maalula, destruindo, saqueando e aterrorizando, mas sobretudo golpeando imagens sacras. Em uma casa estavam três homens greco-católicos: Mikhael Taalab, seu sobrinho Sarkis el Zakhm e seu primo Antoun Taalab, além da testemunha do episódio. Os islamitas intimaram todos os presentes a converterem-se ao Islã. Sarkis respondeu com clareza: “Sou cristão e se querem matar-me porque sou cristão podem fazê-lo”. O jovem então foi morto a sangue frio, junto aos outros dois homens. A mulher ficou ferida, sendo conduzida em seguida para um hospital em Damasco. Na ação dos grupos armados, outros seis cristãos foram seqüestrados e levados para a região de Yabrud, na montanha de Qalamoun.



“Aquele de Sarkis é um verdadeiro martírio, uma morte por odium fidei", afirmou a Irmã Carmel, que presta assistência aos cristão des Maalula. Muitos fugitivos da cidade estão em Damasco e só pedem para “poder retornar às próprias casas, em paz e segurança”. 

As religiosas greco-ortodoxas do Convento de Santa Tecla foram ameaçadas e permaneceram vários dias sob tensão, enquanto os grupos armados ameaçavam invadir o Convento. Da estrutura foram removidos os crucifixos.


Nesta quarta-feira, soldados do exército regular sírio entraram em Maalula, sob o fogo de franco-atiradores escondidos nas casas e nas montanhas que circundam o vilarejo.
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Deus está irritado


“Fazei morrer em vós o que pertence à terra: imoralidade, impureza, paixão, maus desejos e cobiça, que é idolatria. Tais coisas provocam a ira de Deus... Agora, porém, abandonai tudo isso: ira, irritação, maldade, blasfêmia, palavra indecentes, que saem dos vossos lábios. Não mintais uns aos outros (Cl 3,1-11).

Deus está descontente porque vivemos somente para a terra, para as coisas ocupam o lugar privilegiado dos nossos corações, e Deus fica à margem de tudo. É mais importante o trabalho, as ideologias, as doutrinas fundamentalistas, as interpretações pessoais da vida presente e futura, os maus desejos que é idolatria. O relativismo humano e espiritual levam o homem e a mulher se tornarem semi-deuses.

O Papa Francisco disse que "na cultura do provisório, do relativo, muitos pregam que o importante é ‘curtir’ o momento, que não vale a pena comprometer-se por toda a vida, fazer escolhas definitivas 'para sempre', uma vez que não se sabe o que reserva o amanhã". Falando aos jovens ele faz um pedido: "Eu peço a vocês que sejam revolucionários, que vão contra a corrente; sim, nisto peço que se rebelem; que se rebelem contra essa cultura do provisório que, no fundo, crê que vocês não são capazes de assumir responsabilidades, que não são capazes de amar a verdade. Eu tenho confiança em vocês, jovens, e rezo por vocês. Tenham a coragem de ‘ir contra a corrente’. Tenham a coragem de ser felizes!"


Deus está irado porque a cultura do individualismo, o eu decido, do faço o que quero, está cada vez mais enraizado no coração do jovem e do adulto. Ninguém tem o direito de destruir o que mais puro e legítimo carregamos na vida. O dom, o presente de Deus, a capacidade de crer, a fé, ninguém pode destruir. Ao mesmo tempo é um presente de Deus a ser partilhado, na experiência de ser discípulo do Senhor Jesus. O Papa afirma: “a fé é uma chama que se faz tanto mais viva quanto mais é partilhada, transmitida, para que todos possam conhecer, amar e professar que Jesus Cristo é o Senhor da vida e da história". Nenhum ser humano pode ocupar o lugar de Deus.

Diante do desleixo cultural, político e religioso, do liberalismo moral, do livre arbítrio sem medir as consequências, é preciso reagir de maneira forte, vibrante. É preciso gritar, sair do comodismo ingênuo, ir para as ruas e manifestar publicamente a insatisfação. Isso é viver a cidadania de forma responsável. Não me assusta o grito dos inconformados, e sim o silêncio dos acomodados. O mundo grita pelo protagonismo da mudança, sem violência. Se faz necessário a superação da apatia, da inércia, de forma ordenada e pacífica. É preciso sair às ruas e gritar contra a hipocrisia política, pelos direitos de todos os cidadãos e cidadãs, mas não podemos esquecer que o grito deve ser contra a imoralidade, a idolatria dos desejos e sentimentos.

Deus está descontente porque nos amou infinitamente, e depois de mais de dois mil anos, a humanidade continua afastada do coração do Pai Deus. Temos um longo caminho a percorrer, a hora é nossa, vamos juntos acalmar a ira do Criador. Ele não é vingativo, mas vai cobrar de todos nós a resposta concreta de nos amar e ser amado. Deus está irado.

Dom Anuar Battisti 
Arcebispo de Maringá

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Guerra e paz: O que pensa a Igreja?



No dia 7 de setembro, semana passada, o papa Francisco convidou cristãos e não-cristãos para um dia de jejum e oração pela paz na Síria; uma grande multidão o acompanhou, na praça de São Pedro e no mundo inteiro, durante uma vigília de quase 5 horas.

O Papa opôs um claro “não” à lógica da guerra e ao uso das armas para a solução dos conflitos: a violência traz mais violência; a guerra não é capaz de produzir a paz! E convidou as partes em luta a deporem as armas, para encontrar uma solução negociada para o conflito; também incitou governantes e autoridades a não pouparem esforços para fomentar a cultura do encontro, do diálogo e da negociação, única via digna para resolver os conflitos.

As palavras do papa Francisco somam com os constantes apelos de seus predecessores a favor da paz. João Paulo II foi uma voz firme e incansável contra os humores de guerra e alertou que, com a guerra, são desencadeados conflitos novos e mais complexos; Paulo VI, na sede da ONU, em 1965, desafiou os responsáveis das nações: “nunca mais uns contra os outros, nunca mais! Nunca mais, a guerra, nunca!” João XXIII, nos anos 60, escreveu a magistral encíclica Pacem in Terris (A paz na Terra...) onde indicou linhas para prevenir e evitar as guerras e para assegurar a paz. E lembrou: “nada se perde com a paz, mas tudo pode ser perdido com a guerra”.


Em 1965, o Concílio Vaticano II, já na sua fase final, publicou a importante Constituição Pastoral Gaudium et spes (A alegria e a esperança...), na qual tratou longamente do esforço necessário para evitar a guerra e para preservar a paz. Já naquela ocasião constatava: “a humanidade, cada vez mais interdependente e unificada, consciente desta unidade, precisa assumir em conjunto a responsabilidade pela construção de um mundo mais humano para todos, em todas as partes da Terra. Isso só será possível, se todos quiserem realmente a paz” (GS, 77).

A Igreja, através dos ensinamentos do seu Magistério, tem-se manifestado constantemente contra a guerra e a favor da paz; tem insistido no desarmamento e no controle mais severo do comércio de armas e da corrida armamentista; seu esforço também está voltado para a cultura da paz e a promoção das condições necessárias para a preservação da paz. Condenou também o terrorismo e o desprezo da vida humana.

O triste é que o progresso científico e tecnológico é usado para aperfeiçoar ainda mais os instrumentos de guerra, destruição e morte! A guerra é sempre uma desumanidade e traz consigo um sentimento de derrota para a civilização. O Concílio Vaticano II qualificou como perversas as ordens e ações que contrariam deliberadamente o direito natural dos povos, sobretudo aquelas que visam metódica e sistematicamente exterminar povos, nações ou minorias étnicas inteiras: “são crimes hediondos, que devem ser condenados com veemência” (GS 79).

No entanto, a Igreja reconhece o direito à legítima defesa a quem for injustamente agredido, esgotadas todas as possibilidades de entendimento pacífico. “O governo e todos os que dele participam têm mesmo o dever de proteger o povo e de tomar as mais graves decisões em face a situações, também de extrema gravidade” (cfr. GS 79).

A paz tem alguns pressupostos, sem os quais ela não existe e sua manutenção fica muito comprometida. Na concepção cristã, há uma ordem natural nas coisas, que o homem deve reconhecer e respeitar; essa ordem precisa ser progressivamente traduzida no convívio social para que os projetos humanos estejam sintonizados com o desígnio de Deus sobre o homem e o mundo. “A paz é obra da justiça”, já anunciava o profeta Isaías alguns séculos antes de Cristo (Is 32,7); hoje explicitamos isso, afirmando que a paz também é fruto do respeito à dignidade humana e aos direitos humanos, da solidariedade e do amor.

Pode alguém não querer paz? Provavelmente sim, na medida em que não aceita as condições essenciais para a concretização da paz. Os mais altos ideais e valores podem ser comprometidos pela vontade humana viciada, a sede de poder, os interesses particularistas e as diversas paixões e vaidades em luta, que se sobrepõem ao bem da paz; por isso, a preservação da paz requer constante vigilância da parte de todos. Ela não é um bem estavelmente estabelecido, mas uma tarefa jamais concluída.

A preservação da paz requer o propósito firme de respeitar a dignidade das pessoas e povos e a disposição efetiva de exercer a fraternidade. E, nesse sentido, o papa Francisco apelou para a força moral que, no fim das contas, precisa ter maior peso que todas as eventuais razões a favor da guerra; convidou as partes em luta à grandeza de alma para aceitarem o encontro com os adversários, o diálogo ao redor de uma mesa de negociação e a busca do entendimento; desafiou ainda à coragem de reconhecer os erros, de pedir perdão e de perdoar.

A reconciliação é a única forma de sanar as feridas abertas pela guerra. Seria demais esperar isso do ser humano e de povos em situação de guerra? Seria impensável que os inimigos possam mudar de postura e começar a se reconhecer como membros da mesma família humana?


É um fato: os conflitos acompanham a história do homem desde que ele tem consciência de si; e, no nosso mundo, os pressupostos para a paz ainda são muito precários e nem sempre compartilhados por todos. Mas não podemos deixar de crer que a via do diálogo e da reconciliação é a mais razoável para a solução dos conflitos; e que chegará o dia em que as armas de guerra serão inutilizadas e transformadas em instrumentos de trabalho, conforme a bela visão do profeta Isaías: “de suas espadas fabricarão enxadas e de suas lanças, foices para a ceifa” (cfr. Is 2,4).


Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo