sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Alguém deixou as janelas abertas

Mais terrível que as tempestades que agitam a barca de Pedro 
é a cegueira de quem pensa que nada está acontecendo

O barco da Igreja tem enfrentado um mar bravio e são muitos os tripulantes a abandonar a segurança de estar cum Petro et sub Petro para uma aventura perigosa em outras navegações. "Não se tem mais confiança na Igreja; põe-se confiança no primeiro profeta profano que nos vem falar em algum jornal ou em algum movimento social, para recorrer a ele pedindo-lhe se ele tem a fórmula da verdadeira vida", dizia o Papa Paulo VI. Foi constatando esta realidade que o otimista Papa Montini declarou, com lamento, que "por alguma brecha a fumaça de Satanás entrou no templo de Deus"01.

Não há por que esconder isto: o ambiente eclesial passa por uma verdadeira crise. Negá-la significaria edificar um otimismo irrealista, que só anestesiaria e deixaria ainda mais inertes os seguidores de Jesus Cristo. Eles precisam tomar consciência de que, além do combate espiritual do dia-a-dia, no decorrer do qual correm o risco de perder a sua alma eternamente, há uma guerra cultural sendo travada, guerra que já tomou todos os setores da vida pública, desde a mais inocente escola de jardim até os mais altos tribunais de justiça do mundo. E, se é assim, não há dúvida que cabe à Igreja, enquanto realidade ainda imersa nas realidades seculares, uma dramática responsabilidade por tudo isto. Melhor dizendo, se esta "crise de valores" impregnou tão fortemente o convívio social, certamente não deixou de afetar a Igreja, cuja contribuição para a Civilização se ofusca com a obra de alguns trabalhadores negligentes, preguiçosos ou, muitas vezes, comprometidos com o mal.


O filósofo Olavo de Carvalho diz: "Ao confessar que (...) 'a fumaça de satanás entrara pelas janelas do Vaticano', o papa Paulo VI esqueceu de observar que isso só podia ter acontecido porque alguém, de dentro, deixara as janelas abertas"02.
Não é preciso ir muito além para perceber que inúmeras ovelhas, ao redor do mundo, ao invés de serem apascentadas por bons pastores – exemplos do Pastor supremo das almas, Jesus Cristo –, eram conduzidas e ameaçadas por lobos vorazes. Estes lobos vestidos em pele de cordeiro, ao invés de oferecer aos filhos da Igreja o seu ensinamento de dois mil anos, o seu riquíssimo patrimônio espiritual e o valoroso exemplo dos santos, deixavam perdidas as ovelhas com um falso evangelho que eles mesmos tinham inventado. Enquanto a tábua dos Dez Mandamentos era pisoteada e destruída, em nome de um mundo novo nesta terra, eles trocavam o Credo Apostólico pelas Teses de Abril03, os Sacramentos católicos pela foice e pelo martelo. Clamavam "paz", "justiça social" e "doçura", enquanto o rebanho era espiado, coagido e assassinado.

Foi destes falsos pastores que São Paulo falou quando anteviu a vinda de um "tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajustarão mestres para si. Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas" (2 Tm 4, 3-4). Mais claro que isto, impossível. Esta verdade pode ser facilmente observada por quem não esteja anestesiado ou cegado por uma ilusão infantil de que "tudo está bem" e "tudo é maravilhoso".

Esta mentalidade de jogar panos frios em água quente foi recorrente em muitos ambientes cristãos nas últimas décadas. Pensou-se estar inaugurando na Igreja um "novo Pentecostes". A perspectiva de muitas pessoas na década de 1960 e também nas gerações seguintes era que se vivia uma "primavera" na Igreja. Ao contrário, hoje se experimenta o que o Cardeal Walter Kasper chamou de "uma Igreja com aspecto de inverno", com "claros sinais de crise"04.
A terrível situação pela qual a Igreja passa neste século é real, mas não deve ser motivo de desespero. O próprio Cristianismo nasceu em crise. Jesus chamou doze apóstolos para estarem com Ele, mas, aos pés da Cruz, apenas o discípulo que ele amava permaneceu firme – isto sem falar da infidelidade de Judas, que traiu Jesus, e do próprio São Pedro, primeiro Papa, que O negou três vezes. "Também hoje, a barca da Igreja, com o vento contrário da história, navega através do oceano agitado do tempo. Frequentemente dá a impressão de que vai afundar. Mas o Senhor está presente, e vem no momento oportuno"05. Permanece viva no coração da Igreja a promessa de nosso Senhor de que contra ela "as portas do inferno não prevalecerão" (Mt 16, 18).
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Referências:

2.      CARVALHO, Olavo de. O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota. 1. ed. Rio de Janeiro: Record, 2013. p. 212. Artigo disponível online neste link

3.      As famosas "Teses de Abril" foram diretivas emitidas pelo líder bolchevique Vladimir Lênin, antes da Revolução de Outubro de 1917, nas quais lançava novas políticas comunistas, resumidas na tríade: paz, terra e pão.


5.      BENTO XVI, Jesus de Nazaré
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"The New York Times" põe o Papa na capa do jornal... mas do seu jeito!


A autora do artigo que fala da famosa entrevista do Papa Francisco
manipula suas frases para apresentá-lo como liberal,
em comparação a Bento XVI

O prestigiado jornal "The New York Times" (NYT) coloca na sua capa de hoje uma foto festiva do Papa Francisco, saudando a multidão em São Pedro, sorridente, diante de uma bandeira da Argentina. O inusitado destaque da figura do Papa, sem que haja conclave nem morte de um pontífice, chama a atenção.
 
A fotografia acompanha a nota que dá a conhecer a 
entrevista concedida pelo Papa à revista "La Civiltà Cattolica", comentando que o Pontífice supostamente critica o enfoque estreito da Igreja.
 
Abaixo da foto, o NYT escreve: "O Papa Francisco disse ao entrevistador jesuíta que a Igreja se tornou 'obcecada' com o aborto, o casamento gay e a contracepção".
 
Assinada pela jornalista Laurie Goodstein, a nota da capa já transmite a ideia de qual será o enfoque dado pelo jornal às palavras do Papa ao jesuíta Antonio Spadaro, diretor de "La Civiltà Cattolica". De fato, todos os jornais parceiros do NYT fazem isso.


No primeiro parágrafo do texto da edição de hoje do jornal – que talvez seja o mais influente na história dos jornais americanos –, a jornalista Goodstein escreve: "Há seis meses no papado, o Papa Francisco levantou ondas de choque na Igreja Católica Romana nesta quinta-feira, com a publicação de uma entrevista na qual ele insiste em que a Igreja cresceu em sua 'obsessão' pelo tema do aborto, do casamento gay e da contracepção, e isso o levou a não falar de temas que lhe acarretaram recriminações dos seus críticos".

 
A jornalista qualifica de "comentários surpreendentes" os feitos pelo Papa à revista dos jesuítas na Itália. Nesta
longa entrevista, segundo acrescenta Goodstein, o Papa "critica a Igreja por colocar o dogma antes do amor e por priorizar a doutrina moral acima do serviço aos pobres e marginalizados".
 
Logo depois, a jornalista do NYT expressa uma ideia entrelinhas que acaba se tornando um dos pilares da crítica liberal a favor de Francisco, mas contra seu antecessor, o Papa Emérito Bento XVI.
 
Goodstein afirma: "Ele [Francisco] articulou sua visão de uma Igreja inclusiva, 'uma Igreja para todos', que choca e contrasta com o seu predecessor, o Papa Bento XVI, defensor da doutrina, que concebia uma Igreja mais pura e pequena".
 
O artigo da capa – que se prolonga na página 11 da edição nacional do NYT – termina reconhecendo que a longa entrevista dada por Francisco à revista italiana dos jesuítas "não muda as políticas nem a doutrina da Igreja, mas, instantaneamente, mudou seu tom".
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Fonte: Aleteia

No mundo, sem ser do mundo


Sabemos que Deus quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade! (Cf. 1 Tm 2, 4) Mas estamos no mundo e com todos os riscos à salvação, envolvidos pelo terrível mistério do pecado. "Eu não peço que os tires do mundo, mas que os guardes do maligno. Eles não são do mundo, como eu não sou do mundo. Consagra-os pela verdade: a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, eu também os enviei ao mundo" (Jo 17,15-18). Em tempos recentes, o Santo Padre o Papa Francisco, continuando um processo iniciado pelo seu predecessor, tem sinalizado com uma série de medidas a realização de reformas administrativas na Igreja. Trata-se de confrontar com o Evangelho, cada dia com maiores exigências, a prática dos cristãos e dos organismos de governo da Igreja. Por outro lado, pelo mundo inteiro cresce a consciência dos valores éticos a serem reconhecidos e respeitados no trato com a coisa pública. Em nosso país, pelo menos a sensibilidade da sociedade se torna mais aguçada, para reagir diante da corrupção e dos desmandos existentes nos vários níveis de poder. Aumentado o escândalo, a vigilância se torna mais atenta.


As parábolas de Jesus são tiradas dos fatos cotidianos ou da natureza, para lançar luz sobre os acontecimentos e suscitar novas decisões nas pessoas. No Evangelho de São Lucas, recheado de sensibilidade pelos mais pobres, ganham relevo algumas delas, cuja atualidade se torna um verdadeiro presente de Deus para o nosso tempo. Um administrador ladino (Lc 16, 1-13) deve prestar contas de sua administração e, de acordo com os devedores de seu patrão, oferece-lhes um desconto extra. Hoje tais acordos são milionários, com dinheiro que atravessa fronteiras para ser "lavado" ou entidades fictícias. E envolvem altas esferas dos poderes das diversas nações do mundo! Sabemos ainda que a esperteza dos interesses econômicos pode até ser justificada em nome do grande valor da paz. Não é de pouca monta o que corre pelo mundo com a fabricação e comercialização de armas. Justamente agora, usando as armas bíblicas da oração e do jejum, na grande convocação feita pelo Papa Francisco, foram desconcertados os poderes do mundo. Ele pediu a verdadeira paz para não acrescentar uma guerra a mais às existentes.

Sua voz ressoou pelo mundo: "É possível percorrer o caminho da paz? Podemos sair desta espiral de dor e de morte? Podemos aprender de novo a caminhar e percorrer o caminho da paz? Invocando a ajuda de Deus, sob o olhar materno da Rainha da paz, quero responder: Sim, é possível para todos! Queria que de todos os cantos da terra gritássemos: Sim, é possível para todos! E mais ainda, queria que cada um de nós, desde o menor até o maior, inclusive aqueles que estão chamados a governar as nações, respondesse: Sim queremos! A minha fé cristã me leva a olhar para a Cruz. Como eu queria que, por um momento, todos os homens e mulheres de boa vontade olhassem para a Cruz! Na cruz podemos ver a resposta de Deus: ali à violência não se respondeu com violência, à morte não se respondeu com a linguagem da morte. No silêncio da Cruz se cala o fragor das armas e fala a linguagem da reconciliação, do perdão, do diálogo, da paz. Queria pedir ao Senhor que nós cristãos e os irmãos de outras religiões, todos os homens e mulheres de boa vontade gritassem com força: a violência e a guerra nunca são o caminho da paz!

Que cada um olhe dentro da própria consciência e escute a palavra que diz: sai dos teus interesses que atrofiam o teu coração, supera a indiferença para com o outro que torna o teu coração insensível, vence as tuas razões de morte e abre-te ao diálogo, à reconciliação: olha a dor do teu irmão. Penso nas crianças, somente nelas. Olha a dor do teu irmão, e não acrescentes mais dor, segura a tua mão, reconstrói a harmonia perdida; e isso não com o confronto, mas com o encontro! Que acabe o barulho das armas! A guerra sempre significa o fracasso da paz, é sempre uma derrota para a humanidade. Ressoem mais uma vez as palavras de Paulo VI: 'Nunca mais uns contra os outros, não mais, nunca mais... Nunca mais a guerra, nunca mais a guerra!' (Discurso às Nações Unidas, 4 de outubro de 1965). 'A paz se afirma somente com a paz; e a paz não separada dos deveres da justiça, mas alimentada pelo próprio sacrifício, pela clemência, pela misericórdia, pela caridade' (Mensagem para o Dia Mundial da Paz, de 1976). Irmãos e irmãs, perdão, diálogo, reconciliação são as palavras da paz: na amada nação síria, no Oriente Médio, em todo o mundo! Rezemos pela reconciliação e pela paz, e nos tornemos todos, em todos os ambientes, homens e mulheres de reconciliação e de paz" (Homilia na Vigília pela paz, no da 7 de setembro de 2013).

O Senhor pede aos cristãos, hoje como ontem, uma renovada fidelidade na administração dos bens do mundo e na procura do progresso e da paz, como consequência da escolha feita no coração de cada um. Um adequado senso de realismo ajudará a perceber os riscos existentes. Como o coração humano pode ser dissimulado e astucioso, vale a vigilância constante, suscitada pela oração, assim como a revisão de vida, a fim de que não se comece pelos centavos, para depois chegar aos milhões no uso injusto dos bens da terra. É possível, sim, que a maldade e a corrupção entre nos ambientes da própria Igreja e na prática dos cristãos! É muito fácil acostumar-se ao "todo mundo faz"! Nivelar por baixo o comportamento já trouxe e trará mais ainda muitos desastres. E aos que pretendem cuidar por si dos próprios interesses, as normas de administração aconselham consultorias, que não são outra coisa senão a capacidade de ouvir os outros e levar em conta sua visão mais objetiva. Além disso, transparência é estrada a ser percorrida pelos cristãos presentes em qualquer campo da sociedade. E ela só faz bem!

Podemos acolher o Evangelho, para estar no mundo, sem ser ou se contaminar com o mundo, através de recomendações precisas e límpidas: "Quem é fiel nas pequenas coisas será fiel também nas grandes, e quem é injusto nas pequenas será injusto também nas grandes. Por isso, se não sois fiéis no uso do ‘dinheiro iníquo’, quem vos confiará o verdadeiro bem? E se não sois fiéis no que é dos outros, quem vos dará aquilo que é vosso? Ninguém pode servir a dois senhores. Pois vai odiar a um e amar o outro, ou se apegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro” (Lc 16, 10-13). É tarefa para uma vida inteira! Para alcançar tais objetivos, "que se façam súplicas, orações, intercessões, ação de graças, por todas as pessoas, pelos reis e pelas autoridades em geral, para que possamos levar uma vida calma e tranquila, com toda a piedade e dignidade. Isto é bom e agradável a Deus, nosso Salvador" (1 Tm 2, 1-2).


Dom Alberto Taveira Corrêa

Arcebispo de Belém (PA)

"Toda criança não nascida tem a face de Jesus", afirma o Papa a médicos católicos.


O Papa Francisco recebeu esta sexta-feira, no Vaticano, os participantes do X Encontro da Federação Internacional das Associações Médicas Católicas. De 18 a 22 de setembro, médicos de todo o mundo debatem em Roma o tema “Catolicismo e cuidados maternos”.

Em seu discurso, o Pontífice propõe três reflexões, sendo a primeira delas a “situação paradoxal” que se assiste hoje em relação à profissão médica. De um lado, os progressos da medicina e, de outro, o perigo de que o médico perca a sua identidade de servidor da vida.

“A situação paradoxal se constata no fato de que, enquanto se atribuem novos direitos à pessoa, nem sempre se tutela a vida como valor primário e direito primordial de todo homem. O fim último do agir médico permanece sempre a defesa e a promoção da vida.”

Neste contexto contraditório, a Igreja apela à consciência de todos os profissionais e voluntários da saúde, de modo especial aos ginecologistas, chamados a colaborar ao nascimento de novas vidas humanas.


Uma mentalidade difundida do útil, a “cultura do descartável”, que hoje escraviza o coração e a inteligência de muitas pessoas, tem um custo altíssimo: pede que se eliminem seres humanos, sobretudo se fisicamente ou socialmente mais fracos. A nossa resposta a esta mentalidade é um “sim” à vida, convicto e sem hesitações. As coisas têm preços e podem ser vendidas, mas as pessoas têm dignidade, valem mais do que as coisas e não têm preço. Por isso, a atenção à vida humana na sua totalidade se tornou nos últimos tempos uma prioridade do Magistério da Igreja. 

No ser humano frágil, afirma ainda Francisco, cada um de nós é convidado a reconhecer a face do Senhor, que na sua carne humana experimentou a indiferença e a solidão às quais frequentemente condenamos os mais pobres, seja nos países em desenvolvimento, seja nas sociedades opulentas. Toda criança não nascida, mas condenada injustamente ao aborto, tem a face do Senhor, que antes mesmo de nascer, e logo recém-nascida, experimentou a rejeição do mundo. E cada idoso, mesmo se doente ou no final de seus dias, traz consigo a face de Cristo. Não podem ser descartados!

O terceiro aspecto, disse o Papa, é um mandato: sejam testemunhas e difusores desta “cultura da vida”. Ser católico comporta uma maior responsabilidade, antes de tudo para consigo mesmo, pelo empenho de coerência com a vocação cristã, e depois para com a cultura contemporânea, para contribuir a reconhecer na vida humana a dimensão transcendente, o vestígio da obra criadora de Deus, desde o primeiro instante da sua concepção. Trata-se de um empenho de nova evangelização que requer, com frequência, ir contra a corrente, pagando pessoalmente. O Senhor conta com vocês para difundir o “evangelho da vida”.

Nesta perspectiva, afirmou ainda o Pontífice, os departamentos de ginecologia são locais privilegiados de testemunho e de evangelização. 


“Queridos médicos, vocês que são chamados a se ocuparem da vida humana em sua fase inicial, lembrem a todos, com fatos e palavras, que esta é sempre, em todas as suas fases e em todas as idades, sagrada e sempre de qualidade. E não por um discurso de fé, mas de razão e de ciência! Não existe uma vida humana mais sagrada do que outra, assim como não existe uma vida humana qualitativamente mais significativa de outra. A credibilidade de um sistema de saúde não se mede somente pela eficiência, mas sobretudo pela atenção e pelo amor dispensados às pessoas, cuja vida é sempre sagrada e inviolável”, concluiu Francisco, recordando aos médicos que jamais deixem de pedir ao Senhor e à Virgem Maria a força de realizar bem o seu trabalho e testemunhar com coragem o “evangelho da vida”.
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"Mudança no diálogo, mas não na doutrina", diz Reitor da Lateranense sobre os seis meses de Francisco.



"Estes seis meses foram um grande exorcismo para o Vaticano e o Papa Francisco é um grande exorcista no que tange à Igreja”. É uma imagem a que recorre o Reitor da Pontifícia Universidade Lateranense, Padre Enrico dal Covolo, fazendo um balanço dos primeiros seis meses de Pontificado do Papa Francisco no dia seguinte à publicação da entrevista do Santo Padre à ‘La Civiltá Cattolica’.

“O Papa liberou misericordiosamente a Igreja de seus fechamentos, dos seus medos, dos seus lugares comuns, daquelas coisas repetitivas que pareciam intocáveis e imutáveis – explicou Padre Covolo. Em tal sentido, Francisco exercitou um poderoso exorcismo - do qual não penso que se voltará mais atrás -, caracterizado pela misericórdia, pela forte recuperação do perdão, sentimento que tem uma riquíssima categoria teológica”.


Em relação a temas polêmicos, o Reitor do Ateneu do Papa afirmou que “é feita uma distinção entre abertura e mudança doutrinal: são duas coisas muito diferentes! A abertura existe através do sentimento da misericórdia e do perdão para com as feridas abertas na sociedade. De fato, porém, não existe nada de novo do ponto de vista doutrinal. Novo é o estilo, a forma como diz as coisas. A abertura, que sem dúvida alguma se revela, é no plano do diálogo, em relação aos outros, tanto do fiel como do não-crente”. (JE)
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10 citações de Che Guevara que a esquerda prefere não falar


Da próxima vez que seu filho chegar em casa em uma camiseta do  Che Guevara, pergunte-lhe se ele sabe que o assassino cubano realmente representava. Faça-o se sentar, fale com ele, tire as vendas da ignorância de seus olhos e mostre-lhe estas citações Guevara. Em seguida, queime a maldita camiseta.

1.                  “Louco de fúria, mancharei de vermelho meu rifle estraçalhando qualquer inimigo que caia em minha mãos!  Com a morte de meus inimigos preparo meu ser para a sagrada luta, e juntar-me-ei ao proletariado triunfante com um berro bestial!”

2.                  “O ódio cego contra o inimigo cria um impulso forte que quebra as fronteiras de naturais das limitações humanas, transformando o soldado em uma eficaz máquina de matar, seletiva e fria. Um povo sem ódio não pode triunfar contra o adversário”.

3.                  “Para mandar homens para o pelotão de fuzilamento, não é necessário nenhuma prova judicial … Estes procedimentos são um detalhe arcaico burguês. Esta é uma revolução!”

4.                  “Um revolucionário deve se tornar uma fria máquina de matar motivado pelo puro ódio. Nós temos que criar a pedagogia do Paredão!” (O Paredão é uma referência para a parede onde os inimigos de Che eram mortos por seus pelotões de fuzilamento).

5.                  “Eu não sou o Cristo ou um filantropo, velha senhora, eu sou totalmente o contrário de um Cristo … eu luto pelas coisas em que acredito, com todas as armas à minha disposição e tento deixar o outro homem morto, de modo que eu não seja pregado numa cruz ou qualquer outro lugar”.


6.                  “Se qualquer pessoa tem qualquer coisa boa para dizer sobre o governo anterior, para mim é bom o suficiente matá-la.”

7.                  Che queria que o resultado da crise dos mísseis em Cuba fosse uma guerra atômica. “O que nós afirmamos é que devemos proceder ao longo do caminho da libertação, mesmo que isso custe milhões de vítimas atômicas”.

8.                  “Na verdade, se o próprio Cristo estivesse no meu caminho eu, como Nietzsche, não hesitaria em esmagá-lo como um verme.”

9.                  “Deixe-me dizer, correndo o risco de parecer ridículo, que o verdadeiro revolucionário é guiado por grandes sentimentos de amor.”

10. “É muito triste não ter amigos, mas é ainda mais triste não ter inimigos.”
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quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Os riscos e oportunidades de um papa profético


O estilo de comunicação espontâneo e carinhoso
do Papa Francisco é atraente e poderoso,
mas também pode gerar problemas de interpretação

O estilo espontâneo e pessoal do Papa Francisco é sedutor, mas também corre o risco de que suas palavras possam ser facilmente distorcidas por jornalistas sem escrúpulo.
 
Os experientes da mídia tentam, por exemplo, rastrear a notícia de que o Papa Francisco teria telefonado a um gay francês para dizer-lhe que sua opção sexual não tem importância alguma. Algumas semanas antes disso, foi dito que o Papa ligou para uma vítima de estupro na Argentina para solidarizar-se. O toque pessoal do Papa é evidente em seus encontros individuais com os fiéis, e sua atividade no Twitter mostra seu estilo pessoal, vital e vibrante.

 
Precisamente este estilo carinhoso, pessoal e atento do Papa Francisco está em alta, é poderoso, mas também apresenta problemas. Queiramos ou não, Jorge Bergoglio não é somente o bispo popular que usava o metrô, mas também o Vigário de Cristo, o sucessor de Pedro e o primeiro definidor e defensor da fé católica. As pessoas escutam suas palavras e o que ele diz é sempre importante.

 
Os bem formados são conscientes de que nem tudo o que um papa diz é infalível. Um papa pode dizer coisas por acaso, que sejam ambíguas ou que constituam afirmações parciais da realidade. Um papa também poderia publicar escritos como "teólogo privado", como Bento XVI fez – afirmando claramente que não estava escrevendo com a autoridade do seu ofício papal.
 
Mas as pessoas mais simples não conhecem estas sutis diferenças, como tampouco os jornalistas em geral. Como resultado, as palavras e atos do Papa muitas vezes são mal interpretados.



Contudo, há alguns jornalistas que compreendem perfeitamente o poder das palavras do Pontífice, e que aproveitarão qualquer afirmação ambígua para distorcê-la em favor de sua agenda particular. Um exemplo é o fictício telefonema ao francês gay. Cavan Sieczkowski, o escriba do Huffington Post, usa esta história (que não passa de um boato) e escreve:

 
"O Papa Francisco já é considerado um Papa progressista que quer expressar abertamente ideais progressistas. Depois das notícias sobre a existência de um lobby gay no Vaticano, Francisco falou sobre a diferença entre um lobby gay e uma pessoa gay, e apoiou a comunidade gay. 'Uma pessoa gay que busca a Deus e que tem boa vontade, bem, quem sou eu para julgá-la?', disse o Papa em uma coletiva de imprensa em julho. Ninguém deveria marginalizar estas pessoas; elas deveriam ser integradas na sociedade."

 
Siczkowski qualifica o Papa Francisco como "um papa progressista" e destaca isso como se sua carinhosa proximidade das pessoas homossexuais fosse uma forma de romper com o ensinamento católico e aprovar o estilo de vida gay... E tudo isso devido a um boato sobre um suposto telefonema do Papa a um gay.

 
O Papa Francisco está sendo usado por jornalistas sem escrúpulos para sua própria agenda progressista. Seu estilo carinhoso, aberto e espontâneo está sendo uma faca de dois gumes.

 
Por um lado, o uso do celular e do Twitter por parte do Papa, que abraça todos e faz comentários carinhosos, conquista as multidões. Por outro, a mídia está utilizando esta simplicidade para dinamitar o ensinamento católico e para distorcer o Evangelho.

 
O que se pode fazer?

 
Sugiro que o Papa Francisco e sua equipe de comunicação destaquem mais as ações que as palavras. Ele demonstrou que é um gênio nos gestos proféticos, nas ações memoráveis, na atitude poderosa. Quando mais sorri, mais evidencia a genuína alegria cristã. Quanto mais abraça os pobres, pessoas com deficiência e necessitados, mais demonstra a compaixão de Cristo. Sua reverência e concentração na Missa mostram o amor de Deus, coração da fé católica. Sua simplicidade demonstra a verdade de que os pobres de espírito são bem-aventurados.

 
As poéticas e proféticas ações do Papa Francisco encarnam a verdade da fé católica de forma poderosa. E, dado que são ações, não podem ser tão facilmente distorcidas por aqueles que pretendem deformar a fé para alcançar seus próprios objetivos.

 
Vivemos em uma era visual, na qual uma imagem fala mais que mil palavras. Uma imagem fala de uma forma que as palavras não conseguem expressar. Os profetas do Antigo Testamento diziam palavras fortes, mas também fizeram obras poderosas, gestos dramáticos para mostrar a mensagem. O papel do Papa Francisco como profeta da nossa época é evidenciado mais fortemente pelo que ele faz, não pelo que diz.


 
É dessa maneira que ele comunica de maneira mais efetiva, e é a isso (além de aos seus ensinamentos) que deveríamos prestar mais atenção.
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Fonte: Aleteia

Não, imprensa, a Igreja não vai acabar com o celibato

A luta da imprensa por uma Igreja livre do celibato é a luta do inimigo 

de Deus contra a santidade de seus filhos


O debate a respeito do celibato sacerdotal voltou à mesa de discussões nos últimos dias. Os meios de comunicação estão em polvorosa desde as recentes declarações do novo Secretário de Estado do Vaticano, Dom Pietro Parolin, sobre a proibição do casamento aos padres católicos (cf. ACI Digital). A imprensa julga ter visto nas palavras do bispo indícios de uma futura ab-rogação da disciplina eclesiástica. Trata-se, evidentemente, de puro delírio - e, como de costume, um pouco de má fé.

As declarações de Parolin ao jornal venezuelano El Universal não trouxeram nenhuma novidade. Os católicos já estão cansados de saber que o celibato sacerdotal não é um dogma, mas uma antigadisciplina da Igreja, cujas fontes provêm diretamente do ensinamento dos apóstolos, tal qual lembra a grande obra do Padre Christian Cochini, "Les origines apostoliques du célibat sacerdotal". O III Concílio de Latrão, em 1179, apenas a efetivou como norma da Igreja latina. Não se pode afirmar, com efeito, que o Papa tenha a intenção de modificar uma tradição apostólica à base da canetada, sem levar em consideração o testemunho de dois mil anos de Igreja. Embora assim desejem alguns jornalistas - e também saudosistas de uma teologia mambembe que não tem mais nada a dizer, a não ser velhos e cansativos chavões de outrora. O próprio Parolin lembra na entrevista que todas as decisões do Pontífice "devem assumir-se como uma forma de unir à Igreja, não de dividi-la".

Ao contrário do que possa parecer, o descontentamento da mídia em relação ao celibato não procede de uma autêntica preocupação com o número de vocações. É do interesse dela a extinção dos padres. E as manchetes dos jornais estão aí para provar. Tenha-se em mente, por exemplo, a campanha odiosa de total difamação do clero - em pleno ano sacerdotal de 2010 -, perpetrada pelo The New York Times, BBC e cia. sobre o problema da pedofilia. A indignação da imprensa perante o celibato tem por causa outras razões, o mundo desejado por esses grupos é alheio à presença de Deus. A existência do celibato, neste sentido, "é um grande escândalo, porque mostra precisamente que Deus é considerado e vivido como realidade."


Foram com essas mesmas palavras que Bento XVI resumiu a aversão mundana à presença dos sacerdotes. Respondendo à pergunta de um clérigo da Eslováquia, durante vigília de encerramento do Ano Sacerdotal, o então pontífice observou ser surpreendente a crítica exaustiva ao celibato, numa época em que a moda é justamente não casar. "Mas este não-casar", prosseguiu o Papa, "é uma coisa total, fundamentalmente diversa do celibato, porque o não-casar se baseia na vontade de viver só para si mesmo (...) Enquanto o celibato é precisamente o contrário: é um "sim" definitivo, é um deixar-se guiar pela mão de Deus, entregar-se nas mãos do Senhor, no seu 'eu'" (cf. 
Vatican.va).


A crítica da imprensa ao celibato - bem como a outras doutrinas cristãs - precisa ser encarada como um grande sinal de fé, pois revela a luz de Cristo sobre a escuridão do diabo. O padre desperta a ira dos infernos justamente porque é um homem sacrificado, um ícone visível da paixão de Cristo para o dia a dia dos cristãos. A Igreja nunca terá como parâmetro de vida as indicações mundanas, por mais apelativas que sejam. É precisamente o que diz o Cardeal Mauro Piacenza, prefeito da Congregação para o Clero: "Não se deve baixar e sim elevar o tom: esse é o caminho" (cf. 
padrepauloricardo.org) O celibato permanecerá na vida sacerdotal, queira os inimigos de Cristo ou não, já que para os católicos importa mais agradar a Deus que fazer a vontade do homem.
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Disponível em: Aleteia