quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

O Espírito Santo é a força que anima os construtores da paz, diz Papa


“Caros irmãos e irmãs, no início do novo ano a todos dirijo os mais cordiais votos de paz e de todos os bens. A todos faço votos de um ano de paz, na graça do Senhor e com a proteção materna de Maria.”

Estes foram os votos de Ano Novo do Papa Francisco no Angelus desta quarta-feira, 1º, Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus e também 47º Dia Mundial da Paz.

Dirigindo-se à imensa multidão reunida na Praça de São Pedro, o Santo Padre observou que os seus votos de bom ano são os votos da Igreja, votos cristãos, não ligados a um sentido um tanto mágico e fatalista de um novo ciclo que agora inicia…

“Nós sabemos que a história tem um centro: Jesus Cristo, encarnado, morto e ressuscitado; tem um fim: o Reino de Deus, Reino de paz, de justiça, de liberdade, de amor; e tem uma força que a move em direção àquele fim: o Espírito Santo”, destacou o Pontífice.


Francisco explicou que este Espírito é a potência de amor que fecundou o ventre da Virgem Maria e é o mesmo que anima os projetos e as obras de todos os construtores de paz.

“Duas estradas se entrecruzam hoje – a festa de Maria Santíssima Mãe de Deus e Dia Mundial da Paz”, ressaltou o Papa.

Sobre o Dia Mundial da Paz, o Santo Padre recordou o tema deste ano  – “Fraternidade, fundamento e caminho para a paz”–, e a mensagem a todos dirigida a esse propósito.

“Na base está a convicção de que somos todos filhos do único Pai celeste, fazemos parte da mesma família humana e partilhamos um destino comum”.

Daqui deriva para cada um a responsabilidade de atuar para que o mundo se torne uma comunidade de irmãos que se respeitam, se aceitam na sua diversidade e cuidam uns dos outros.

“Somos também chamados a darmo-nos conta das violências e das injustiças presentes em tantas partes do mundo e que não nos podem deixar indiferentes e imóveis: é necessário o empenho de todos para construir uma sociedade verdadeiramente mais justa e solidária”.

O Santo Padre fez votos de que todos os crentes peçam ao Senhor o dom da paz.


“Neste primeiro dia do ano, que o Senhor nos ajude a encaminharmo-nos mais decididamente pelos caminhos da justiça e da paz; que o Espírito Santo atue nos corações, desfaça a rigidez e durezas e nos conceda a graça de nos enternecermos diante da fragilidade do Menino Jesus. A paz, de fato, exige a força da doçura, a força não violenta da verdade e do amor”.
____________________________________
Fonte: Canção Nova

Solenidade de Santa Maria, mãe de Deus


Oitavas de Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo. Que graça para nós começarmos o primeiro dia do ano contemplando este mistério da encarnação que fez da Virgem Maria a Mãe de Deus!

Este título traz em si um dogma que dependeu de dois Concílios, em 325 o Concílio de Nicéia, e em 381 o de Constantinopla. Estes dois concílios trataram de responder a respeito desse mistério da consubstancialidade de Deus uno e trino, Jesus Cristo verdadeiro Deus e verdadeiro homem.

No mesmo século, século IV, já ensinava o bispo Santo Atanásio: “A natureza que Jesus Cristo recebeu de Maria era uma natureza humana. Segundo a divina escritura, o corpo do Senhor era um corpo verdadeiro, porque era um corpo idêntico ao nosso”. Maria é, portanto, nossa irmã, pois todos somos descendentes de Adão. 


Fazendo a relação deste mistério da encarnação, no qual o Verbo assumiu a condição da nossa humanidade com a realidade de que nada mudou na Trindade Santa, mesmo tendo o Verbo tomado um corpo no seio de Maria, a Trindade continua sendo a mesma; sem aumento, sem diminuição; é sempre perfeita. Nela, reconhecemos uma só divindade. Assim, a Igreja proclama um único Deus no Pai e no Verbo, por isso, a Santíssima Virgem é a Mãe de Deus.
 

No terceiro Concílio Ecumênico em 431, foi declarado Santa Maria a Mãe de Deus. Muitos não compreendiam, até pessoas de igreja como Nestório, patriarca de Constantinopla, ensinava de maneira errada que no mistério de Cristo existiam duas pessoas: uma divina e uma humana; mas não é isso que testemunha a Sagrada Escritura. porque Jesus Cristo é verdadeiro Deus em duas naturezas e não duas pessoas, uma natureza humana e outra divina; e a Santíssima Virgem é Mãe de Deus.
____________________________________________
Disponível em: Central Católica

Superstições de Ano Novo


Quanto mais cresce o neo-paganismo, mais cresce o esoterismo, o ocultismo, as superstições, etc.  Foi assim no tempo do paganismo pré-cristão em Roma, Grécia, Egito, Babilônia, Éfeso, etc., e hoje se repete em novas metrópoles modernas.

Quando o homem não encontra o Deus verdadeiro, e não se entrega a Ele, então, fabrica o seu deus, à sua pequena imagem e semelhança; semelhante á pedra, ao cristal, à magia, etc.

Este deus é um deus “que lhe obedece” mediante algumas práticas rituais um tanto secretas, misteriosas e mágicas. Ele busca neste deus com pés de barro, o conhecimento do futuro ou as revelações do presente, de modo a ser feliz durante o Ano que surge.

Sobretudo na festa de Ano Novo os espíritos esotéricos se exaltam em busca das melhores condições para serem agraciados por seus deuses e pelos poderes ocultos do além. Para uns é a exigência de começar o Ano com o pé direito; para outro é estar de roupa branca, mesmo as mais íntimas, ainda que alma não esteja tão clara; para outro é pular as ondinhas do mar… e a pobre miséria humana multiplica as fantasias e suas falsidades.

O homem tem sede de Deus! Ou ele adora e serve ao Deus verdadeiro, “Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis”, como diz o Credo, ou passa a adorar e a servir a deuses falsos, mesmo que conscien­temente não se dê conta disso. E assim as seitas se multiplicam a cada dia.

Outros ainda, mais desorientados, correm atrás de horóscopos, de zodíacos, de mapas astrais, de cartomantes, de necromantes, de búzios, de umbanda, de macumba e de todos os tipos de ocultismos, ten­tando encontrar uma forma de satisfazer as suas necessidades.


Nas grandes e pequenas livrarias, proliferam todos esses tipos de livros, muito bem explorados por alguns escritores e editoras. Lamentavelmente, muitos cristãos (e até católicos!), por ignorância religiosa na sua maioria, acabam também seguindo esses caminhos tortuosos e perigosos para a própria vida espiritual.

A doutrina cristã sempre condenou todas essas práticas re­ligiosas. Já no Antigo Testamento, Deus proibiu todos os cultos idolátricos, supersticiosos e ocultos. O livro do Deuteronômio relata a Lei de Deus dada ao povo: “Que em teu meio não se encontre alguém que se dê à adivinhação, à astrologia, ao agou­ro, ao feiticismo, à magia, ao espiritismo ou à evocação dos mortos, porque o Senhor teu Deus abomina aqueles que se dão a essas práticas” (Dt 18,10-12). É interes­sante que, logo em seguida, disse Deus ao povo: “Serás inteira­mente do Senhor; teu Deus” (Dt 18,13).

No livro do Levítico tam­bém encontramos: “Não vos dirijais aos espíritas nem aos adivinhos: não os consulteis, para que não sejais contaminados por eles. Eu sou o Senhor, vosso Deus” (Lv 19,31) e: “Não praticareis a adivinha­ção nem a magia” (Lv 19,26b).

A busca dessas práticas ocultistas revela grande falta de fé e confiança em Deus, já que a pessoa está buscando poder ou conhecimento do futuro, fora de Deus e contra a Sua vontade.
Ao cristão é permitido buscar unicamente em Deus, pela oração, todo consolo, auxílio e força de que necessita – e em nenhum outro meio ou lugar. São Paulo disse: “Não vos inquieteis com nada! Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração, as súplicas e a ação de graças” (Fl 4,6). E São Paulo advertiu severamente as comunidades cristãs de que fugissem da idolatria (cf. I Cor 10,14) e mais: “As coisas que os pagãos sacrificam, sacrificam-nas a demônios e não a Deus. E eu não quero que tenhais comunhão com os demônios. Não podeis beber ao mesmo tempo o cálice do Senhor e o cálice dos demônios”

Não podeis participar ao mesmo tempo da mesa do Senhor e da mesa dos demônios. Ou queremos provocara ira do Senhor?” (1 Cor 10,20-22)

Muitos católicos, por ignorância, quando não conseguem por suas orações as graças e favores que pedem a Deus, especialmente nos momentos difíceis da vida, perigosamente vão atrás dessas práticas supersticiosas proibidas pela fé católica, arriscando-­se, como disse São Paulo, a prestar culto ao demônio sem o saberem, magoando a Deus (cf. 1 Cor 10,20-22).

Quando Deus não atende um pedido nosso, Ele sabe a razão; e, se temos fé e confiança nEle, não vamos atrás de coi­sas proibidas. Toda busca de poder, de realização, de conheci­mento do futuro, etc., fora de Deus, sem que Ele nos tenha dado, é grave ofensa ao Senhor por revelar desconfiança nEle.

O Ano que começa é um grande presente de Deus para cada um de nós; e deve ser colocado inteiramente em Suas mãos para que Ele cuide de cada dia e de nós. Nada alegra tanto a Deus do que vivermos na fé.



Prof. Felipe Aquino
__________________________________
Disponível em: Central Católica

Agradecer e pedir perdão a Deus no último dia do ano, recomenda o Papa


Na tarde desta terça-feira, 31, último dia do ano, o Papa Francisco presidiu a celebração das primeiras Vésperas da Solenidade da Santa Mãe de Deus, na Basílica de São Pedro, no Vaticano. A celebração faz parte da Oração das Horas – rito oracional da Igreja Católica.

Na reflexão após a leitura bíblica, o Santo Padre considerou que na última noite do ano, duas formas de oração devem estar no coração dos fiéis: o agradecimento e o pedido de perdão. “Nesta noite encerremos o ano do Senhor agradecendo, mas também pedindo perdão. Agradeçamos por todos os benefícios que Deus nos deu”, disse o Papa.

O Pontífice, ainda considerando o ano que termina, disse aos fiéis que todos devem recolher os dias, as semanas e os meses vividos em 2013, e oferecê-los ao Senhor. Afirmou que a resposta dada a Deus hoje incide sobre o futuro dos cristãos e que estes devem refletir sobre como viveram o ano que termina.

“Como vivemos o tempo que Ele [Deus] nos deu? Utilizamos para nós mesmos e nossos interesses ou o empregamos para os outros? Quanto tempo reservamos para estar com Deus na oração, no silêncio, na adoração?”, questionou o Pontífice.


Francisco também dedicou alguns instantes de reflexão sobre a qualidade de vida na cidade de Roma (Itália). Afirmou que o rosto de uma cidade é como um mosaico onde cada pessoa representa uma peça e é responsável tanto pelo bem, como pelo mal.

“Chegou o último dia do ano! O que faremos? Como agiremos no próximo ano para tornar a nossa cidade ainda melhor. Se todos nós formos atenciosos e generosos com os mais necessitados, a Roma do novo ano será melhor; se não houver pessoas que só a olhem de longe, nos cartões postais, que olham sua vida só da varanda, sem se deixar envolver por tantos problemas humanos”, refletiu.

Por fim, o Bispo de Roma pediu a intercessão de Maria, celebrada solenemente no primeiro dia de cada ano como a Mãe de Deus. “Que a Mãe de Deus nos ensine a acolher o Deus feito homem, a fim de que cada ano, cada mês, cada dia, seja repleto do seu amor eterno. Assim seja!”.

A celebração das primeiras Vésperas terminou com o canto do tradicional hino Te Deum, de agradecimento e conclusão do ano de 2013, e a bênção do Santíssimo Sacramento.


Após a celebração, o Santo Padre deslocou-se de papamóvel ao centro da Praça São Pedro onde visitou o presépio do Vaticano.
________________________________________________
Fonte: Canção Nova

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

É possível um novo começo.


Hoje, Deus nos dá a oportunidade de passarmos nossa vida a limpo e purificarmos nossas lembranças daquilo que foi o ano anterior, mergulhando-a na misericórdia de Deus.

Deus quer curar o nosso coração de todos os desencontros, erros e pecados com a graça de Seu perdão. Ao mesmo tempo, temos a chance de deixar de lado tudo o que nos atrapalha, abandonando os rancores e ressentimentos, perdoando as pessoas que nos feriram.

"Não vos lembreis mais dos acontecimentos de outrora, não recordeis mais as coisas antigas, porque eis que vou fazer obra nova, a qual já surge: não a vedes?" (Is 43, 18).

Quando a Sagrada Escritura nos diz para não nos lembrarmos dos "acontecimentos de outrora", não se trata realmente de esquecer, mas de não vivermos como escravos dos acontecimentos que, agora, não existem mais. Devemos ficar com o que foi bom e tirar proveito até mesmo dos erros cometidos para o nosso crescimento e amadurecimento. Trata-se, na verdade, de uma nova chance de recomeçar e de nascer de novo pela graça de Deus.

É possível uma vida nova. É possível um novo começo neste exato momento, porque Deus está conosco, porque Jesus está vivo e nos dá a Sua força para recomeçar. A diferença está justamente aqui: se antes vivíamos contando apenas com as nossas energias, podemos recomeçar agora pelo "poder de Deus", "pela força do Alto", que é o Espírito Santo. É dessa certeza que brota a nossa esperança.


É ano novo! É tempo de esperança! O que era velho ficou para trás. É o Senhor, portanto, quem nos diz: "Levanta, meu filho! Chegou o momento. Vou restabelecê-lo, vou renovar o seu ânimo e sua vida. Coragem!

Desejo, de todo o meu coração, que este novo ano seja para você e para toda a sua família um tempo de muita graça de Deus, um tempo de esperança e renovação.

Feliz Ano Novo!



Monsenhor Jonas Abib
_______________________________________________
Disponível em: Catequizar 

Te Deum: O hino de ação de graças.


Um ar de triunfo e alegria pairava sobre a cidade de Orléans naquele belo dia de maio de 1429. O estandarte de Santa Joana d'Arc, semeado de flores-de-lis e tendo as figuras de Jesus e Maria, tremulava ao vento, entre brados de júbilo do povo. Repicavam os sinos enquanto pela ponte do rio Loire adentrava a intrépida virgem que reerguera uma França desmoralizada e dividida. Sob as ogivas da Catedral de Sainte-Croix, milhares de vozes entoavam um hino de vitória e ação de graças: o Te Deum.

Da Idade Média até os nossos dias

Ao longo dos séculos, em ocasiões de especial relevância - uma insigne vitória ou algum outro grande dom recebido da Providência -, o povo cristão utilizou-se do Te Deum para manifestar aos Céus sua gratidão. A História registra diversos desses momentos.

Em 20 de janeiro de 1554, por exemplo, quando a cidade de Lisboa exultava pelo nascimento do herdeiro do trono luso, Dom Sebastião, o Desejado, a Igreja uniu-se ao júbilo geral, promovendo solene Te Deum acompanhado do repicar dos sinos. E em 12 de setembro de 1683, após a famosa Batalha de Viena, o rei polonês João Sobieski entrou vitorioso na cidade e cantou com o povo o Te Deum, agradecendo a intervenção da Mãe de Deus, que lhes prestara seu invencível auxílio.

Hoje, as comunidades cristãs do mundo todo se reúnem para entoar solenemente este hino a cada 31 de dezembro, por ocasião das Primeiras Vésperas da Solenidade de Maria Santíssima. Sobre este belo costume, o Papa Bento XVI afirma: Deus "fez-Se como nós, para nos fazer como Ele: filhos no Filho, portanto, homens livres da lei do pecado. Não é este porventura um motivo fundamental para elevar a Deus a nossa ação de graças? Uma ação de graças que não pode deixar de ser ainda mais motivada no final de um ano, considerando os numerosos benefícios e a sua assistência constante que pudemos experimentar no arco dos doze meses transcorridos".1


Hino de louvor e súplica

Cântico de arrebatadora beleza, tanto pela admirável evocação da Igreja triunfante e militante, como pela efusiva proclamação dos atributos e benefícios divinos, possui o Te Deum três partes bem características.

Na primeira, ressalta-se a glorificação da Santíssima Trindade por todos os seres racionais: os Anjos e os Santos prosternam-se em adoração diante desse augusto Mistério. A segunda é uma exaltação de Jesus Cristo, o Verbo Encarnado, o Redentor, que voltará no fim dos tempos como Supremo Juiz para julgar os vivos e os mortos. Por fim, a terceira contém uma veemente súplica: "Fazei-nos ser contados, Senhor Vos suplicamos, em meio a Vossos santos na Vossa eterna glória".

Aqui termina o hino propriamente dito. O que se segue é um apêndice, composto de versículos extraídos de diversos salmos2, acrescentado posteriormente ao texto original.

"Irmão gêmeo" do Gloria

Numerosas analogias relacionam esse hino com outro, o Gloria in excelsis Deo, a ponto de serem chamados de "irmãos gêmeos". E a própria Liturgia, por assim dizer, os associa, pois ambos são habitualmente rezados nos domingos, solenidades e festas: o Gloria na Santa Missa e o Te Deum na Liturgia das Horas (Ofício das Leituras).

Na Idade Média - dado o caráter de humilde súplica dos versículos acrescentados ao texto original - era comum valer-se do Te Deum também para pedir o afastamento de alguma calamidade, enquanto o Gloria in excelsis era cantado apenas nos momentos mais alegres.

Diálogo entre Santo Ambrósio e Santo Agostinho

Há quem atribua a autoria do Te Deum a Santo Hilário, Bispo de Poitiers; a Nicésio, Bispo de Tréveris; a Niceta di Remesiana, e outros mais. Opinam ainda que ele não teve propriamente autor, mas sim compilador que teria recolhido trechos de diversas obras.

Entretanto, uma piedosa tradição atribui sua autoria a dois insignes Padres da Igreja: Santo Ambrósio e Santo Agostinho.

Por volta do ano 384, sendo Santo Ambrósio Bispo de Milão, Agostinho - então com 30 anos - foi para essa cidade a fim de lecionar retórica. O virtuoso Bispo o acolheu paternalmente. "Tu me conduzias a ele sem que eu o soubesse, para que eu fosse por ele conduzido conscientemente a Ti" - escreveria ele depois, impressionado pela bondade com que Ambrósio o tratava.3

Agostinho prestava atenção no conteúdo dos sermões do grande pregador, porém, o que mais o cativava eram a pessoa e as virtudes do homem de Deus. E depois de algum tempo, segundo ele mesmo declarou, "não me era possível separar as duas coisas: enquanto abria o coração às palavras eloquentes, entrava também, pouco a pouco, a verdade que ele pregava".4

Por fim, de tal forma as palavras do santo Bispo pervadiram sua alma, que ele resolveu abandonar o maniqueísmo e se tornar Católico. Graças às lágrimas e insistentes orações de sua mãe, Santa Mônica, aos ensinamentos e ao exemplo de Santo Ambrósio, chegou enfim o dia em que o futuro Doutor da Graça deixaria de ser mera criatura para tornar-se filho de Deus: foi batizado por Santo Ambrósio na noite do Sábado Santo do ano 386, juntamente com seu filho Adeodato e seu amigo Alípio.

Segundo a tradição, durante aquela celebração litúrgica, Ambrósio, num arroubo de fervor, quiçá prevendo quanta glória daria à Igreja aquela alma eleita, proclamou em alta voz:

- Te Deum laudamus: te Dominum confitemur (A Vós, ó Deus, louvamos; a Vós, Senhor, cantamos).

Ao que Agostinho, também ardente de entusiasmo, acrescentou:

- Te æternum Patrem omnis terra veneratur (A Vós, Eterno Pai, adora toda a terra).

E assim, alternando-se num santo e inspirado diálogo, os dois teriam composto o Te Deum. O antigo Breviário Romano lhe dava o título de Hino de Santo Ambrósio e Santo Agostinho. Depois, a versão promulgada por São Pio X o chama de Hino ambrosiano.

Grandes compositores a ele se dedicaram

Como é explicável, ao longo dos séculos, grandes compositores, atraídos pela força e grandeza deste antigo hino, empregaram seu talento em musicar o texto latino. Entre eles encontramos Verdi, Berlioz, Dvorák, Haydn, Mozart e Henry Purcell. Handel chegou a compor três versões, e o "Prelúdio ao Te Deum" de Charpentier é hoje apreciado no mundo inteiro.

No entanto, a melodia mais conhecida é, sem dúvida, a do canto gregoriano, no qual o Te Deum melhor se revela como o hino de ação de graças da Igreja.


Seja entoado por algum grande coral, acompanhado pelo som do órgão, sob a abóboda das catedrais, seja cantado pelo povo fiel em singelas capelinhas, exprime ele a gratidão, o louvor e a súplica ao Deus Eterno: Fiat misericordia tua, Domine, super nos, quemadmodum speravimus in te - Que desça sobre nós, Senhor, a Vossa graça, porque em Vós pusemos a nossa confiança. ²


Emílio Portugal Coutinho
__________________________________
Disponível em: Arautos do Evangelho

Papa Francisco: um homem sozinho no comando?


Um homem sozinho no comando: essa é a frase me surge na mente quando eu penso no papel, na responsabilidade e no trabalho árduo que o papa Francisco desempenhou ao longo deste ano, que testemunhou a sua chegada ao trono de Pedro.

O que quer que se pense dele, de bom ou de ruim, e sem diminuir os seus antecessores, cada um com a sua personalidade, fraquezas e grandezas, o fato é que este papa, que conquistou a capa da revista Time, realmente marcou o ano de 2013. Seus próprios críticos, entre eles muitos católicos, reconhecem esse fato implicitamente ao denunciarem o que, para eles, é uma “descontinuidade incompreensível” em relação com o passado: afinal, se Francisco é atacado por este motivo, é porque ele está dizendo e fazendo algo que de fato não estava sendo dito nem feito antes.

Esse estado de coisas sugere várias questões a ser levadas em conta, inclusive pelos “torcedores” do pontífice. Uma delas é justamente a frase usada no início deste texto: o papa Francisco é um homem sozinho no comando? Ele vai conseguir terminar com sucesso o empreendimento solitário desta ciclópica etapa de reforma na Igreja? E por que tivemos que esperar um homem fora de série como ele para começar este empreendimento? A comunidade cristã, italiana e mundial, era tão incapaz assim de ter essa iniciativa? Ou, ainda mais profundamente: por que uma assembleia, que é o que a Igreja é em essência, se limita invariavelmente a definhar até que a sugestão de mudar de ritmo seja dada sempre pelo seu vértice?

A explosão que é o papa Francisco denuncia, por contraste, a fragilidade do resto da equipe. Como nos tempos do papa João XXIII, quando ele convocou inesperadamente o concílio, o corpanzil católico só se mexe quando a cabeça comanda. Mas isso está certo? Onde é que está a força do colegiado, que deveria enriquecer qualquer tipo de fraternidade? É humilhante que a grande massa dos crentes ainda se reduza ao mero papel de “torcida pelo único craque”. E se acontecesse que, de repente, perdêssemos o papa Francisco? O trabalho dele ficaria inacabado?


Uma segunda série de perguntas, também relacionadas com isto, surge da vitalidade injetada na Igreja por este papa: aqueles cardeais, bispos e leigos papistas que hoje cantam hosanas a Francisco, onde é que estavam antes? Por que é que não começaram antes a fazer, a indagar, a discutir as coisas que o novo papa está fazendo e que eles acham belíssimo, justíssimo e até obrigatório? E são sempre os mesmos, com poucas exceções, os notáveis clericalistas que antes estavam prestes a retornar à liturgia antiga e agora já se voltam, como se nada fosse, para a nova liturgia, tanto exaltando Ratzinger por usar o camauro e os sapatos vermelhos quanto Bergoglio por vestir o que estiver à mão.

A Igreja está cheia de “rolhas que boiam em qualquer tipo de água”, arvorando o slogan "O papa está sempre certo" (e bastaria segui-lo para se estar automaticamente certo também): essa política se diz católica, mas, muitas vezes, é adotada por interesse.

Enfim: além de estar “sozinho no comando”, o papa Francisco ainda precisa tomar o cuidado de olhar em volta para se precaver dos muitos soldados mais interessados em ganhar medalhas pessoais do que em ajudá-lo a vencer a batalha.

Enquanto isso, "vamos, papa!": é o que gritamos nós, continuando a ser apenas “torcedores”.

____________________________________ 

Por Roberto Beretta
Disponível: Aleteia

Quem são os Herodes de hoje?


Dentro da oitava de Natal, a Igreja celebra o milagre de um Deus que quer se fazer família humana. Relembrando a Sagrada Família: Jesus, Maria e José, queremos relembrar que Deus veio ao encontro da humanidade no Natal para que a humanidade experimentasse o céu. E, dentro da família divina, o homem se reflete buscando as luzes necessárias para bem viver o que fez São José, o homem justo que emprestou sua realeza davídica, em favor de Maria que concedeu por obra e graça do Espírito Santo, para redimir a humanidade.

O Evangelho desta festa nos mostra uma família de migrantes. De Nazaré, aonde Jesus nasceu em uma pedra fria, ele é levado por São José e Maria Santíssima para o Egito. Lá ele aguardará passar os tempos de Herodes. Depois, por medo de Arquelau, que sucedeu ao seu pai tirano e sanguinário, não retornam para Belém mais migram para Nazaré.


O papel de José e Maria é o resumo do que deve ser o papel do papai e da mamãe dentro de sua família: o papel de proteger os filhos de Herodes. Como Maria e José protegeram o Menino Jesus do tirano Herodes, que queria matá-lo, as famílias são convidadas a se inspirarem na Divina Família para proteger os seus filhos dos Herodes de hoje?


Quem são os Herodes de hoje? Os Herodes de hoje tem muitas facetas, diversos "modus operandi" e muitas fantasias do ter, do ser, do poder, do sensual, do virtual para contaminar a família com as trevas do erro, do vício, do prazer e da violência.

O primeiro nome de Herodes das famílias de hoje é a droga, o crack, a cocaína, os consumidores e traficantes, que transformam a família em refém da pior droga humana, o desagregamento familiar. Mais outro Herodes é a vida familiar destruída pela libertinagem digital, aonde o ético perde lugar para o provisório, para o prazeroso, para o efêmero, para o infiel.


A família precisa ser constituída sob a rocha forte da Palavra de Deus, conforme ensinou o livro do Eclesiástico, porque quem respeita o seu pai, quem ama e protege a sua mãe terá vida longa, feliz, abençoada e terá até o perdão dos seus pecados.