A Copa do Mundo foi
sendo construída historicamente como um evento de grande motivação e
congraçamento de povos e nações que, por meio do futebol, expressam suas
culturas e o sentimento de patriotismo. Ainda que disputando um título,
jogadores e torcedores conseguem festejar, juntos, o espetáculo do maior
esporte do mundo. Em cada canto do planeta, vizinhos decoram suas casas e suas
ruas, as famílias e os amigos se encontram para festejar. E nós, como
brasileiras e brasileiros, acolhedores que somos, temos a oportunidade de
celebrar mais de perto a integração cultural entre os povos.
No entanto, a festa dos povos
traduzida pelo futebol perde a cada Mundial sua beleza, sua essência e dá lugar
ao dinheiro, a especulação, a exploração e a negação dos direitos da população
mais empobrecida. Neste sentido, a Cáritas expressa grandes preocupações quanto
aos processos determinados pelo “mercado da Copa”. Muitas obras foram feitas e
bilhões gastos. Fala-se em superfaturamento. A Cáritas Brasileira compreende a
necessidade da realização de muitas delas e entende que tantas ficarão para
usufruto do povo brasileiro, mas não corrobora com gastos abusivos e supostas
corrupções que envolveram o processo. Neste sentido, a Cáritas espera que os
gastos com a Copa do Mundo sejam efetivamente apurados e os malfeitores
punidos.
Temos a esperança de que o povo
brasileiro, passada a Copa do Mundo, não ganhe como herança apenas o
hexacampeonato, mas que conquiste como grande vitória a garantia de que os
projetos de mobilidade urbana tão importante para a população – muitos ainda
não realizados, outros nem iniciados – sejam cumpridos. Que nossas famílias
tenham a garantia de permanência em seus territórios e a preservação de seus
costumes e que não impere o padrão FIFA. Que a polícia, que tem a tarefa de
garantir a segurança pública, não use de violência contra a população que
deseja manifestar seu descontentamento de forma pacífica.