Massacre e tragédia. É difícil definir de outra
forma a situação na Terra Santa. Na Faixa de Gaza continuam a morrer todos os
dias, e, entre os ataques com foguetes e bombardeios, a população vive em
estado de sítio e com constante medo.
A diplomacia internacional exige um cessar-fogo
entre Israel e Palestina, e as Nações Unidas condenou os ataques com foguetes
contra o território israelense. Enquanto isso, homens, mulheres, crianças,
famílias inteiras de Beit Lahya, no norte de Gaza, foram forçadas, ontem, a
sair correndo de suas casas e fugir, sem bagagem e em jejum, para não sucumbir
ao enésimo ataque do exército israelense.
Uma situação insustentável diante da qual o Papa
Francisco expressou seu pesar, exortando, ontem, depois do Angelus, “as partes
em causa e todos aqueles que têm responsabilidades políticas a nível local e
internacional para não pouparem a oração e qualquer esforço para pôr fim a
todas as hostilidades e alcançar a paz desejada para o bem de todos". No
dia seguinte do apelo do Papa, ZENIT recolheu o testemunho de Mons. Shomali,
bispo auxiliar de Jerusalém e vigário patriarcal para a Palestina. Acompanhe a
entrevista.
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ZENIT: Excelência, o que está acontecendo na Terra
Santa?
Mons. Shomali: O que está acontecendo é uma reação
ao sequestro e assassinato dos três jovens hebreus, perto de Hebron. O governo
de Netanyahu atribuiu esse crime ao partido Hamas e respondeu com uma busca
frenética dos criminosos, com várias prisões até de ex-reclusos. Enquanto isso,
um jovem palestino de Shufat, bairro de Jerusalém, foi sequestrado e queimado
vivo por alguns colonos israelenses. Esses fatos começaram um ciclo vicioso de
violência. O Exército de Israel atingiu as bases de Hamas e do Jihad Islâmico
na Faixa de Gaza. Estes, por sua vez, responderam com o lançamento de mísseis,
chegando a atingir os assentamentos próximos, bem como a cidade de Haifa, Tel
Aviv e Jerusalém. Estes mísseis, conhecidos por sua imprecisão, fazem mais
barulho e medo do que destruição. Para os palestinos, no entanto, a lista é
grande: 170 mortos, 1000 feridos e muitas casas destruídas em Gaza e nos
territórios palestinos.
ZENIT: Qual é a origem do conflito atual?
Mons. Shomali: A principal razão é o fracasso do
processo de paz no passado mês de abril. O ministro americano Kerry, após nove
meses de trabalho intenso, não conseguiu elaborar um quadro político para as
futuras negociações. Esta derrota criou nos corações dos palestinos desespero,
mais tarde aumentado pela construção contínua de novos assentamentos
israelenses. Estes edifícios são vistos como um casus belli contínuo. A isso
acrescenta-se a tensão entre os dois povos com relação ao Monte do Templo- Al
Aksa. Aqui a religião faz parte do problema e é uma causa agravante.