Todos nós sabemos dos grandes perigos que hoje
sofrem algumas das nossas famílias: famílias fragmentadas, feridas, quebradas,
em necessidades de pobreza, de miséria e de angustia. Dificuldades internas e
externas. Preocupações de tipo laboral e econômico; visões distintas na
educação dos filhos, provenientes de diferentes modelos educativos dos pais; os
reduzidos tempos para o diálogo e o descanso. A tudo isto se junta fatores
disgregados como a separação e o divórcio, e o preocupante crescimento da
prática abortiva. O mesmo egoísmo pode levar à falsa visão de considerar os
filhos como objetos de propriedade dos pais, que podem ser fabricados segundo
os seus desejos. Violência, abusos, álcool, drogas, pornografia e outras formas
de dependência sexual. E também essas situações pastorais difíceis: as uniões
livres ou em segundas núpcias sem ter recebido o sacramento do matrimonio. O
que fazer diante destes desafios?
Hoje temos que olhar o modelo da Sagrada Família
para que nos digam o segredo para formar uma família ideal e possamos lançar
luz nestes desafios. Devemos voltar uma e outra vez ao plano originário de
Deus para a família. É verdade que Deus começou o seu plano arrancando Abraão
do seio da sua família, mas ao mesmo tempo lhe fez a promessas de um
descendente, de um herdeiro, Cristo, ao redor do qual se formaria a família
perfeita. E quando com braço poderoso tirou os judeus do Egito fez isso para
constitui-los em povo, em família de Deus. Seguindo a mesma linha, Deus
constituiu depois a Igreja - novo Israel- ao modo de uma família, com um Pai
comum. Somos todos da família de Jesus. E nesta família perfeita está o pai, a
mãe e os filhos. São Paulo na segunda leitura de hoje nos dá a chave para
edificar esta família de Jesus com um único alicerce: o amor mútuo, feito
humildade, afabilidade, paciência, perdão, paz, gratidão, oração, respeito,
obediência. O pai é a cabeça, a mãe é o coração e os filhos são a coroa desses
pais.