Era o primeiro dia da semana quando Jesus
ressuscitou. O Sábado, dia santificado para os judeus desde o tempo da criação,
sétimo dia do descanso de Deus, foi para Cristo o dia do repouso silencioso no
sepulcro, depois dos terrores da paixão acontecida na tarde de sexta-feira.
Tudo estava, na verdade, recomeçando. Deus renovava todas as coisas, dava
início a um novo tempo, vencia o poder do pecado e da morte, ressuscitando seu
Filho único dado em sacrifício para a salvação de todos, qual novo Isaac.
Ninguém poderia imaginar o milagre do Dies Domini! Nem os discípulos, nem as
santas mulheres que vão ao sepulcro para encontrar um corpo morto a quem, ao
menos, querem venerar com respeito e por saudade. Mas, naquele amanhecer do
primeiro dia da semana, encontram o túmulo vazio, como vazio estava o universo
quando Deus iniciou a obra da criação. O Senhor Ressuscitado lhes aparece vivo,
fala como elas, envia-as com anunciadoras da nova realidade: Ele não permaneceu
na morte, mas reina vivo.
À tarde daquele primeiro dia, Jesus miraculosamente
se apresenta vivo aos discípulos no cenáculo, onde se encontravam de portas
fechadas, por medo dos judeus que haviam matado cruelmente o Mestre. Nesta
hora, o Senhor Ressuscitado, com o sopro de seu milagroso hálito, lhes oferece
o Espírito Santo com três grandes dons: a paz, a misericórdia e a fé robustecida.
Diz João que por três vezes, Jesus os saudou em sua língua materna com um
Shalon Aleichem! (a paz esteja convosco). A paz é a vitória sobre o medo, pois
o medo tira-nos a paz. A paz é a segurança da alma, pois é o resultado da
certeza de que se está correto no pensar, nas escolhas, na fé professada. A paz
é o efeito da convicção pura e forte de que Deus está presente e se assim é não
há nada mais a temer, e nenhuma razão para desesperar.