Discurso
à sociedade civil
Quito
– Equador
Terça-feira,
07 de julho de 2015
Queridos amigos!
Rejubilo por estar convosco, homens e mulheres que
representais e dinamizais a vida social, política e econômica do país.
Mesmo antes de entrar na igreja, o Senhor Prefeito
entregou-me as chaves da cidade. Deste modo, posso dizer que aqui, em San
Francisco de Quito, sou de casa. A vossa prova de confiança e carinho, ao
abrir-me as portas, permite-me apresentar-vos algumas chaves da convivência
cívica a começar da vida familiar.
A nossa sociedade ganha, quando cada pessoa, cada
grupo social se sente verdadeiramente de casa. Numa família, os pais, os avós,
os filhos são de casa; ninguém fica excluído. Se alguém tem uma dificuldade,
mesmo grave, ainda que seja por culpa dele, os outros correm em sua ajuda,
apoiam-no; a sua dor é de todos. Não deveria ser assim também na sociedade? E,
no entanto, as nossas relações sociais ou o jogo político baseiam-se muitas
vezes na luta, no descarte. A minha posição, a minha ideia, o meu projeto
consolidam-se, se for capaz de vencer o outro, de me impor. Isto é ser família?
Nas famílias, todos contribuem para o projeto comum, todos trabalham para o bem
comum, mas sem anular o indivíduo; pelo contrário, sustentam-no, promovem-no.
As alegrias e as penas de cada um são assumidas por todos. Isto é ser família!
Oh se pudéssemos ver o adversário político, o vizinho de casa com os mesmos
olhos com que vemos os filhos, esposas ou maridos, pais ou mães. Amamos a nossa
sociedade? Amamos o nosso país, a comunidade que estamos tentando construir?
Amamo-la nos conceitos proclamados, no mundo das ideias? Amemo-la mais com as
obras do que com as palavras! Em cada pessoa, em sua situação concreta, na vida
que compartilhamos. O amor tende sempre à comunicação; nunca ao isolamento.
A partir deste afeto, surgirão gestos simples que
fortalecem os vínculos pessoais. Já em várias ocasiões, me referi à importância
da família como célula da sociedade. No âmbito familiar, as pessoas recebem os
valores fundamentais do amor, da fraternidade e do respeito mútuo, que se
traduzem em valores sociais fundamentais: a gratuidade, a solidariedade e a
subsidiariedade.