sexta-feira, 10 de julho de 2015

Papa Francisco deixa aos pés da Virgem, na Bolívia, as condecorações que recebeu de Evo Morales.


O Papa Francisco deixou duas medalhas na Bolívia que o presidente Evo Morales lhe deu na quarta-feira, 9 julho, durante a troca de presentes no Palácio do Governo logo após a chegada do Papa ao país.

Morales entregou o prêmio mais alto da Bolívia, o Condor Andino e a Distinção Luis Espinal.

Neste segundo prêmio é a imagem de Cristo sobre a foice e o martelo que o padre jesuíta fez no início dos anos 70 e cuja réplica o presidente deu ao Santo Padre, o que gerou muita controvérsia redes sociais.

Como foi relatado pela Santa Sé, nesta manhã, o Papa celebrou a Missa na capela da residência privada do arcebispo emérito de Santa Cruz de la Sierra, Cardeal Julio Terrazas.

"Depois da Missa, o Santo Padre deu à Virgem de Copacabana, patrona da Bolívia, as duas distinções conferidas quarta-feira pelo Presidente do Estado, Evo Morales, durante uma visita de cortesia ao Palácio Presidencial Paz”.

Papa Francisco disse as seguintes palavras, seguido de uma oração: “o Presidente da Nação, em um gesto de cordialidade teve a delicadeza de me oferecer duas decorações em nome do povo boliviano".

"Agradeço o carinho do povo boliviano e apreciar esta fina delicadeza do presidente e gostaria de deixar estes dois prêmios à Santa padroeira da Bolívia, à Mãe desta nobre nação para que ela lembre sempre do seu povo e também da Bolívia, a partir de seu santuário, onde ela quis que estivesse o Sucessor de Pedro e de toda a Igreja aos cuidados da Bolívia".

Bispos da Venezuela publicam a Exortação “Eu vi a aflição do meu povo” (Êxodo 3,7).


EXORTAÇÃO PASTORAL EPISCOPAL VENEZUELANA
ASSEMBLÉIA ORDINÁRIA CIV

"Eu vi a aflição do meu povo" (Êxodo 3,7)


Com toda bênção e saúde aos venezuelanos,

1. "Eu vi a aflição de meu povo" (Êxodo 3,7), esta é a dor que Deus ouve o clamor do pobre, desamparado, que da Venezuela, as pessoas resistindo severas dificuldades, sofrendo a falta de igualdade de oportunidades, que lamenta a perda de vidas.

2. Os Arcebispos e Bispos da Venezuela, reunidos em Assembleia Ordinária CIV, partilhamos as angústias e esperanças de trabalho pastoral que fazemos a serviço de todos. A visita apostólica do Papa Francisco na América Latina reafirma os motivos de esperança e nos impulsiona a um renovado compromisso para a nova evangelização. Agradecemos também à sua preocupação com a Venezuela. É muito gratificante ver que o seu ensino tem sido um motor para várias iniciativas. Sua exortação "A alegria do Evangelho" e, recentemente, a encíclica "Laudato si", "Louvado seja" com sua mensagem sugestiva de uma ecologia integral, são um precioso testemunho ao mundo no momento. O Papa, com suas palavras e seus gestos nos dá um belo testemunho de tomar as dificuldades com coragem, esperança, responsabilidade.

3. É também um motivo de alegria para a Igreja latino-americana, a beatificação do arcebispo Oscar Arnulfo Romero, mártir da fé, o amor à Igreja e à defesa dos indefesos, cujo ministério profético se manifesta atualidade da Igreja com os pobres e para os pobres.

4. Nós acompanhamos com nossas orações e nossa comunhão solidariedade às comunidades cristãs que sob perseguição e extermínio sofreram ameaças horrendas por grupos terroristas, e a indiferença da comunidade internacional.

5. No âmbito eclesial venezuelano, sublinhamos o entusiasmo gerado pelo próximo encontro nacional de jovens -ENAJO-, a ser realizada em Barquisimeto, em agosto, onde se espera que milhares de jovens em todo o país; também, a preparação da Assembleia Nacional Pastoral em novembro deste ano, quer ser um instrumento para a renovação da Igreja.

6. A Palavra de Deus pede-nos todos para sermos profetas e promotores de esperança. Sem conformismo ou resignação, mas a determinação para superar as dificuldades para criar áreas de encontro, diálogo e reconciliação em toda a extensão do nosso país. Com a força do Espírito, podemos olhar para o horizonte com um sentido de compromisso e responsabilidade. Se nós "queremos ser pessoas espirituais" (EG 268), expressamos a esperança que nos faz protagonistas da renovação da nossa sociedade.

A DURA REALIDADE QUE NOS DESAFIA

7. A preocupação com a grave situação no país, sentida por todos, obriga-nos a ser críticos, criativos, solidários. Partilhamos as preocupações e as esperanças, o sofrimento do nosso povo com tanta incerteza. A maioria assume que vivemos em tempos muito difíceis e incertos, é necessário e urgente superar. Você não pode negar o que é óbvio: os presos políticos, perseguição, tortura, violação dos direitos humanos.

8. O povo venezuelano exige melhores condições de vida diária; apela a uma maior segurança e proteção para o seu direito à saúde e à alimentação de sua família. A nação inteira sofre com a falta de medicamentos e de cuidados hospitalares e de escassez. Exige uma maior segurança contra a violência desenfreada, a impunidade e o narcotráfico. Para este poder crônico são somadas interrupções ao serviço de água potável em todo o país que afeta tanto a vida familiar e no trabalho, gerando mais angústia e dano.

9. Venezuelanos vemos com espanto a desvalorização diária da moeda com consequências terríveis no custo de bens e serviços. Tudo custa mais a cada dia, batendo o poder de compra das famílias venezuelanas. Urge fazer medidas econômicas sólidas no âmbito da Constituição e as leis para impedir este mecanismo absurdo e prejudicial de uma política econômica errada que enriquece poucos e empobrece a maioria.

10. Um problema novo e grave é a criação das chamadas "zonas de paz". Neles, a segurança do Estado não pode entrar ou agir sem ordem superior. Grandes áreas de alguns municípios estão atualmente sob o controle de grupos ilegais e criminais, que agem com impunidade. Isso é inaceitável e nestes setores devem ser restaurados o controle do Estado e do direito.

11. As inundações que afligem o Apure em nível Guasdualito e em várias regiões dos Andes, apelaram à solidariedade de todos. Agradecemos a ajuda que vem através CARITAS nacional, diocesana e paroquial; que nos permitem fazer-nos a sincera solidariedade com acompanhamento, fervorosa oração e apoio, expressão do amor fraternal. 

Discurso do Papa durante o II Encontro dos Movimentos Populares na Bolívia


Discurso do Papa durante II Encontro dos Movimentos Populares
Bolívia
Quinta-feira, 9 de julho de 2015

Discurso

Boa tarde a todos!

Há alguns meses, reunimo-nos em Roma e não esqueço aquele nosso primeiro encontro. Durante este tempo, trouxe-vos no meu coração e nas minhas orações. Alegra-me vê-vos de novo aqui, debatendo os melhores caminhos para superar as graves situações de injustiça que padecem os excluídos em todo o mundo. Obrigado, senhor presidente Evo Morales, por sustentar tão decididamente este encontro.

Então, em Roma, senti algo muito belo: fraternidade, paixão, entrega, sede de justiça. Hoje, em Santa Cruz de la Sierra, volto a sentir o mesmo. Obrigado! Soube também, pelo Pontifício Conselho «Justiça e Paz» presidido pelo Cardeal Turkson, que são muitos na Igreja aqueles que se sentem mais próximos dos movimentos populares. Muito me alegro por isso! Ver a Igreja com as portas abertas a todos vós, a qual se envolve, acompanha e consegue sistematizar em cada diocese, em cada comissão «Justiça e Paz», uma colaboração real, permanente e comprometida com os movimentos populares. Convido-vos a todos, bispos, sacerdotes e leigos, juntamente com as organizações sociais das periferias urbanas e rurais, a aprofundar este encontro.

Deus permitiu que nos voltássemos a ver hoje. A Bíblia lembra-nos que Deus escuta o clamor do seu povo e também eu quero voltar a unir a minha voz à vossa: terra, teto e trabalho para todos os nossos irmãos e irmãs. Disse-o e repito: são direitos sagrados. Vale a pena, vale a pena lutar por eles. Que o clamor dos excluídos seja escutado na América Latina e em toda a terra.

1. Comecemos por reconhecer que precisamos duma mudança. Quero esclarecer, para que não haja mal-entendidos, que falo dos problemas comuns de todos os latino-americanos e, em geral, de toda a humanidade. Problemas que têm uma matriz global e que atualmente nenhum Estado pode resolver por si mesmo. Feito este esclarecimento, proponho que nos coloquemos estas perguntas:

– Reconhecemos nós que as coisas não andam bem num mundo onde há tantos camponeses sem terra, tantas famílias sem teto, tantos trabalhadores sem direitos e tantas pessoas feridas na sua dignidade?

– Reconhecemos nós que as coisas não andam bem, quando explodem tantas guerras sem sentido e a violência fratricida se apodera até dos nossos bairros? Reconhecemos nós que as coisas não andam bem, quando o solo, a água, o ar e todos os seres da criação estão sob ameaça constante?

Então digamo-lo sem medo: Precisamos e queremos uma mudança.

Nas vossas cartas e nos nossos encontros, relataram-me as múltiplas exclusões e injustiças que sofrem em cada atividade laboral, em cada bairro, em cada território. São tantas e tão variadas como muitas e diferentes são as formas próprias de as enfrentar. Mas há um elo invisível que une cada uma destas exclusões: conseguimos nós reconhecê-lo? É que não se trata de questões isoladas. Pergunto-me se somos capazes de reconhecer que estas realidades destrutivas correspondem a um sistema que se tornou global. Reconhecemos nós que este sistema impôs a lógica do lucro a todo o custo, sem pensar na exclusão social nem na destruição da natureza?

Se é assim – insisto – digamo-lo sem medo: Queremos uma mudança, uma mudança real, uma mudança de estruturas. Este sistema é insuportável: não o suportam os camponeses, não o suportam os trabalhadores, não o suportam as comunidades, não o suportam os povos…. E nem sequer o suporta a Terra, a irmã Mãe Terra, como dizia São Francisco.

Queremos uma mudança nas nossas vidas, nos nossos bairros, no vilarejo, na nossa realidade mais próxima; mas uma mudança que toque também o mundo inteiro, porque hoje a interdependência global requer respostas globais para os problemas locais. A globalização da esperança, que nasce dos povos e cresce entre os pobres, deve substituir esta globalização da exclusão e da indiferença. 

Discurso do Papa ao clero, consagrados e seminaristas na Bolívia


Discurso
Encontro com os sacerdotes, religiosos, religiosas e seminaristas
9 de julho de 2015

Queridos irmãos e irmãs!

Estou contente por ter este encontro convosco, a fim de partilhar a alegria que enche o coração e a vida inteira dos discípulos missionários de Jesus. Assim o manifestaram as palavras de saudação de D. Roberto Bordi e os testemunhos do Padre Miguel, da Irmã Gabriela e do seminarista Damián. Muito obrigado por terem partilhado a própria experiência vocacional.

No relato do Evangelho de Marcos, ouvimos também a experiência de Bartimeu, que se juntou ao grupo dos seguidores de Jesus. Foi um discípulo da última hora. Era a última viagem do Senhor de Jericó a Jerusalém; aqui Ele seria entregue. Cego e mendigo, Bartimeu estava na beira do caminho, marginalizado; quando, porém, soube que era Jesus que passava, começou a gritar.

Ao redor de Jesus, caminhavam os apóstolos, os discípulos, as mulheres que habitualmente O seguiam, com quem percorreu durante a sua vida pública os caminhos da Palestina para anunciar o Reino de Deus. E uma grande multidão.

Aparecem aqui duas realidades, que se nos impõem com força. Por um lado, o grito de um mendigo e, por outro, as diferentes reações dos discípulos. Quase parece que o Evangelista nos queria mostrar que tipo de eco encontra o grito de Bartimeu na vida das pessoas e dos seguidores de Jesus; mostrar como reagem perante o sofrimento de quem está na beira da estrada, da pessoa que está sentada sobre a sua dor.

Três são as respostas aos gritos do cego. Poderíamos exprimi-las com as palavras do próprio Evangelho:

1. Passar

2. Cala-te

3. Coragem, levanta-te. 

A vida dos outros


A crise da secularização, que para muitas pessoas assume a forma de um forte sentido de solidão e de uma perda de sentido da vida, é hoje considerada e narrada — em certos casos quase gritada — pela literatura. Enquanto dois escritores franceses de grande sucesso — Michel Houellebeq e Emmanuel Carrère — narram na sua última obra dois casos de regresso à fé católica falhados, o escritor inglês Ian McEwan brada — literalmente — a sua angústia num lindíssimo romance, «La ballata di Adam Henry» (Turim, Einaudi, 2014, 208 páginas, 20 euros). 

O caso é um clássico, uma questão biojurídica daquelas que se apresentam de novo sempre com maior frequência, e que impõem a opção entre ciência e religião. Um jovem — quase de maior idade — está a morrer de leucemia. Uma transfusão poderia salvar-lhe a vida, permitindo a continuação da terapia, mas os pais recusam por motivos religiosos. Chamada a decidir acerca do destino do jovem, Adam, é uma magistrada afirmada, tão apaixonada pelo seu trabalho que renuncia à maternidade e descuida o seu matrimónio. O caso do jovem acontece em contemporâneo com a crise matrimonial que ela vive, e que abre uma brecha imprevista na sua tranquila vida de mulher rica e afirmada. Acontece também em contemporâneo com a sua normal actividade de juíza que, ocupando-se de direito de família, assiste cada vez mais a numerosas crises matrimoniais que a põem diante «do absurdo perverso dos casais em fase de divórcio». A sua recente impressão era que as separações tivessem alcançado «o máximo das proporções de uma onda anómala, que tinha atingido inteiras famílias, disperso propriedades e sonhos luminosos, afogado qualquer pessoa que não tinha um forte instinto de sobrevivência. Promessas de amor abjuradas e descritas de novo, companheiros outrora serenos que se transformam em combatentes astutos escondidos por detrás dos respectivos advogados sem se preocupar com as despesas». 

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Papa Francisco recebe presente de grego e diz: «No está bien eso».

O Papa não gostou do presente, olhou seriamente e se dirigiu a Morales dizendo: "Isso não é bom!".

Imagem sensacional!

O olhar de desprezo de Sua Santidade diante da paspalhice do boliviano cocaleiro é a mais eloquente declaração anticomunista que o Papa Francisco poderia dar. E, ao contrário do que acontece com entrevistas, diante de cara feia não dá pra tergiversar, pra distorcer, pra suscitar conflito interpretativo nem nada do tipo.

O semblante sisudo é inequívoco, universalmente compreensível, insofismável. O sorriso aguado posterior, protocolar, não elide a força do símbolo desta cara de desgosto. Aqui está a imagem que vale mais do que mil palavras. Aqui está o tratamento de asco e repulsa que o comunismo merece. Às claras, sem ruído, sem margem para má interpretação.

Eucaristia é o Pão repartido para a vida do mundo, diz Papa


Homilia
Viagem apostólica do Papa Francisco
Praça do Cristo Redentor, Santa Cruz de La Sierra, Bolívia
Quinta-feira, 9 de Julho de 2015


Viemos de lugares, regiões, povoados distintos, para celebrar a presença viva de Deus entre nós. Há horas que saímos de nossas casas e comunidades, para podermos estar juntos como Povo Santo de Deus. A cruz e a imagem da missão trazem-nos à memória todas as comunidades que nasceram sob o nome de Jesus nestas terras e das quais somos herdeiros.

No Evangelho que acabamos de ouvir, descrevia-se uma situação muito semelhante à que estamos a viver agora. Como aquelas quatro mil pessoas, também nós estamos desejosos de ouvir a Palavra de Jesus e receber a sua vida. Eles ontem e nós hoje, ao pé do Mestre, Pão de vida.

Nestes dias, pude ver muitas mães que carregavam seus filhos às costas, como aliás muitas de vós o fazem aqui. Carregando sobre si a vida, o futuro do seu povo. Carregando os motivos da sua alegria, as suas esperanças. Carregando a bênção da terra nos frutos. Carregando o trabalho feito com as suas mãos. Mãos, que moldaram o presente e tecerão os sonhos do amanhã. Mas carregando também sobre os seus ombros decepções, tristezas e amarguras, a injustiça que parece não ter fim e as cicatrizes duma justiça não realizada. Carregando sobre si mesmas a alegria e a dor duma terra. Carregais sobre vós a memória do vosso povo. Porque os povos têm memória, uma memória que passa de geração em geração, uma memória em caminho.

E não são poucas as vezes que experimentamos o cansaço deste caminho. Não são poucas as vezes que nos faltam as forças para manter viva a esperança. Quantas vezes vivemos situações que pretendem anestesiar-nos a memória e, deste modo, debilita-se a esperança e, pouco a pouco, perdem-se os motivos de alegria. E começa a apoderar-se de nós uma tristeza que nos torna individualistas, que nos faz perder a memória de povo amado, de povo escolhido. E esta perda desagrega-nos, faz com que nos fechemos aos outros, especialmente aos mais pobres.

Pode suceder a nós o mesmo que aos discípulos de ontem, quando viram a quantidade de pessoas que estava lá. Pedem a Jesus que a mande embora, já que é impossível alimentar tanta gente. Perante muitas situações de fome no mundo, podemos dizer: «Os números não batem certo; não podemos resolver a conta». É impossível enfrentar estas situações; então o desespero acaba por apoderar-se do coração. 

Feministas se vestem de freiras em ato contra visita do papa à Bolívia


Um grupo de ativistas de um coletivo feminista vestiu-se de freiras grávidas e protestou nesta segunda-feira (6) contra a visita do papa Francisco à Bolívia.

Elas levantaram cartazes contra a posição da Igreja Católica contra o aborto e a homossexualidade e a favor do celibato nas escadarias da Catedral Metropolitana de La Paz, onde Francisco receberá as autoridades bolivianas.

"A minha homossexualidade não precisa de sua aprovação, mas é a homossexualidade dentro da Igreja que precisa de reivindicação", dizia um cartaz do grupo de lésbicas Mujeres Creando (Mulheres Criando, em espanhol).

Algumas delas usavam uma faixa junto com o hábito de freiras em torno da cintura dizendo "filho bastardo de um padre", em referência aos escândalos de abuso sexual de sacerdotes.