A palavra «quiromancia» (do grego cheir, mão, e
mantéia, adivinhação) significa a arte de descobrir, mediante o exame das
características da mão (forma geral, linhas, protuberâncias, cavidades, etc.),
o que diz respeito a determinado indivíduo no pretérito, no presente ou no
futuro. Em sentido estritamente etimológico, o vocábulo designa apenas a
predição do futuro; é, aliás, isto o que geralmente se procura nas consultas a
quiromantes.
Distingue-se da quiromancia a «quirologia» ou
«quirognomia», estudo da mão que tem a finalidade de descrever não propriamente
o currículo de vida da pessoa, mas o seu temperamento ou caráter, seus traços
psicológicos e até fisiológicos, excluída toda espécie de adivinhação, oráculos
do alto, etc. A quirologia formula seus diagnósticos interpretando cada uma das
características da mão como sinal de determinado traço da personalidade do
sujeito. — A quirologia pode ser classificada como ciência, predicado este que
não convém à quiromancia (ao menos no sentido antigo e clássico), pois esta
entra muito nos setores da arte e da Religião.
Na antiguidade já o sábio grego Aristóteles (+322
a. C.) correlacionava as linhas da mão com a duração da vida do indivíduo.
Contudo o grande mentor da quirologia foi, no século passado, o capitão
D'Arpentigny mediante suas obras «Chirognomie». Paris 1856, e «La science de la
main» 1855.
Para apreciar devidamente o estudo das mãos, consideraremos
abaixo o seu histórico e os seus princípios doutrinários.
1. O
histórico do estudo das mãos
As linhas da mão, desde remota antiguidade, têm
interessado os povos; quiromancia e quirologia costumavam outrora ser
cultivadas simultaneamente. Refere-se, porém, que o filósofo Anaxágoras (+428
a. C.), o qual estudou as mãos de Péricles, Sócrates e Eurípides, distinguia
uma da outra.
Em particular, os orientais estimavam a leitura das
mãos como uma das fontes principais de conhecimento, e de conhecimento
frequentemente tido como superior ou esotérico (reservado a iniciados). Na
China a quiromancia parece ter sido praticada já por volta do ano 3000 a.C.; lá
foram redigidos os primeiros documentos sobre o assunto, documentos que os
médicos do país utilizavam para confirmar seus diagnósticos. Até nossos dias a
quiromancia está em grande voga no próximo Oriente e no Egito, sendo praticada
principalmente nos cafés, mercados e lugares públicos; os árabes a consideram
como a técnica mais fácil para se prever o resultado de alguma iniciativa. Da
Índia a quiromancia, por meio dos «dukkerippen» ou adivinhos profissionais
hindus, espalhou-se por todo o Ocidente, cultivada geralmente pelos boêmios e
«gipsies» ou ciganos, que fazem dessa profissão o seu ganha-pão.