segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Discurso do Papa Francisco aos bispos no Encontro das Famílias


Discurso
Papa Francisco fala aos bispos no Encontro Mundial das Famílias
Filadélfia, Estados Unidos

Queridos Irmãos Bispos!

Sinto-me feliz por ter a oportunidade de partilhar estes momentos de reflexão pastoral convosco, na jubilosa ocasião do Encontro Mundial das Famílias.

De facto, para a Igreja, a família não é primariamente um motivo de preocupação, mas a feliz confirmação da bênção de Deus à obra-prima da criação. Cada dia, em todos os cantos do planeta, a Igreja tem motivos para se alegrar com o Senhor pelo dom daquele povo numeroso de famílias que, mesmo nas mais duras provas, honram as promessas e guardam a fé.

Assim eu diria que o primeiro impulso pastoral, que nos pede esta desafiadora transição de época, é precisamente um passo decidido na linha de tal reconhecimento. A estima e a gratidão devem prevalecer sobre o lamento, apesar de todos os obstáculos que enfrentamos. A família é o lugar fundamental da aliança da Igreja com a criação de Deus. Sem a família, a Igreja também não existiria: não poderia ser aquilo que deve ser, isto é, sinal e instrumento da unidade do gênero humano (cf. Lumen gentium, 1).

Naturalmente a compreensão que dela possuímos, plasmada com base na integração da forma eclesial da fé e da experiência conjugal da graça, abençoada pelo sacramento, não deve fazer-nos esquecer a profunda transformação do contexto atual, que incide sobre a cultura social – e agora também legal – dos laços familiares e que nos afeta a todos, crentes e não-crentes. O cristão não está «imune» das mudanças do seu tempo; e este mundo concreto, com as suas múltiplas problemáticas e possibilidades, é o lugar onde temos de viver, acreditar e anunciar.

Em tempos passados, vivíamos num contexto social em que as afinidades entre a instituição civil e o sacramento cristão eram substanciais e compartilhadas: os dois estavam interligados e apoiavam-se mutuamente. Agora já não é assim.

Para descrever a situação atual, escolheria duas imagens típicas da nossa sociedade: duma parte as conhecidas lojas, pequenos negócios das nossas terras; da outra os grandes supermercados ou centros comerciais.

Algum tempo atrás, podia-se encontrar numa mesma loja todas as coisas necessárias para a vida pessoal e familiar – é certo que expostas pobremente, com poucos produtos e, consequentemente, poucas possibilidades de escolha.

Havia uma ligação pessoal entre o vendedor e os clientes da vizinhança. Vendia-se a crédito, isto é, havia confiança, conhecimento, proximidade. Um fiava-se do outro. Tinha a coragem de fiar-se. Em muitos lugares, tal negócio era conhecido como «a venda local».

Entretanto, nas últimas décadas, desenvolveram-se e expandiram-se negócios de outro tipo: os centros comerciais, espaços imensos com grande variedade de mercadorias. O mundo parece que se tornou um grande supermercado, onde a cultura adquiriu uma dinâmica competitiva. Já não se vende a crédito, não se pode confiar nos outros. Não há ligação pessoal, relação de vizinhança. A cultura atual parece incentivar as pessoas para entrarem na dinâmica de não se prender a nada nem a ninguém. Não confiar, nem fiar-se. É que hoje a coisa mais importante parece ser esta: correr atrás da última tendência ou atividade.

E isto também a nível religioso. O consumo é que determina o que é importante hoje. Consumir relações, consumir amizades, consumir religiões, consumir, consumir… Não importa o custo nem as consequências. Um consumo que não gera ligações, um consumo que pouco tem a ver com as relações humanas. As ligações são meramente um «meio» para satisfazer as «minhas necessidades».

O próximo, com o seu rosto, com a sua história, com os seus afetos, deixou de ser importante.Este comportamento gera uma cultura que descarta tudo aquilo que já «não serve» ou «não satisfaz» os gostos do consumidor. Fizemos da nossa sociedade uma imensa vitrine multicultural, atenta apenas aos gostos de alguns «consumidores», enquanto muitos, muitíssimos outros «comem as migalhas que caem da mesa de seus donos» (Mt 15, 27).

Isto provoca uma grande ferida. Atrevo-me a dizer que uma das principais pobrezas ou raízes de muitas situações contemporâneas é a solidão radical a que se vêem forçadas muitas pessoas. E assim, indo atrás do que «me agrada», olhando ao aumento do número de «seguidores» numa rede social qualquer, as pessoas seguem a proposta oferecida por esta sociedade contemporânea. Uma solidão temerosa de qualquer compromisso, numa busca frenética de se sentir conhecido.

Devemos condenar os nossos jovens por terem crescido nesta sociedade? Devemos excomungá-los, porque vivem neste mundo? Será preciso ouvirem da boca dos seus pastores frases como estas: «dantes era melhor», «o mundo está um desastre e, se continuar assim, não sabemos como iremos acabar»? Não, não creio que seja esta a estrada. Nós pastores, seguindo os passos do Pastor, somos convidados a procurar, acompanhar, erguer, curar as feridas do nosso tempo. Olhar a realidade com os olhos de quem sabe que é chamado a mover-se, é chamado à conversão pastoral. O mundo atual pede-nos com insistência esta conversão. «É vital que hoje a Igreja saia para anunciar o Evangelho a todos, em todos os lugares, em todas as ocasiões, sem demora, sem repugnâncias e sem medo. A alegria do Evangelho é para todo o povo, não se pode excluir ninguém» (Evangelii gaudium, 23).

Enganar-nos-íamos se interpretássemos a desafeição, que a cultura do mundo atual tem pelo matrimônio e a família, só em termos de puro e simples egoísmo. Será que os jovens deste tempo se tornaram todos irremediavelmente medrosos, frágeis, inconsistentes? Não nos deixemos cair na cilada! Muitos jovens, no quadro desta cultura dissuasiva, interiorizaram uma espécie de medo inconsciente, que os paralisa relativamente aos impulsos mais belos e mais altos, e também mais necessários. Há muitos que adiam o matrimônio à espera das condições ideais de bem-estar. Entretanto a vida é consumida, sem sabor. É que a sabedoria dos verdadeiros sabores matura com o tempo, como fruto de um generoso investimento da paixão, da inteligência, do entusiasmo.

Estamos vivendo uma cultura que impulsiona e convence os jovens a não fundar uma família, pela falta de meios e por ter tantos meios que está cômodo assim. Essa é a tentação, não fundar uma família.

Como pastores, nós bispos, somos chamados a reunir as forças e a relançar o entusiasmo pelo nascimento de famílias que correspondam mais plenamente à bênção de Deus, segundo a sua vocação. Devemos investir as nossas energias não tanto para explicar uma vez e outra os defeitos da atual condição hodierna e os valores do cristianismo, como sobretudo convidar com audácia os jovens a serem ousados na opção do matrimônio e da família. Também aqui é precisa uma santa ousadia! Quantas mulheres se lamentavam:  meu filho tem 30 anos e não se casa!. Temos que entusiasmar os jovens para que se casem.  Temos que acompanhar e fazer amadurecer o compromisso do matrimônio. Um cristianismo, que pouco «faz» na realidade e «se explica» infinitamente na formação, vive numa desproporção perigosa; diria, num verdadeiro e próprio círculo vicioso. O pastor deve mostrar que o «Evangelho da família» é verdadeiramente a «boa notícia» num mundo em que a atenção para consigo mesmo parece reinar soberana. Não se trata de fantasia romântica: a tenacidade em formar uma família e levá-la por diante transforma o mundo e a história.

O pastor anuncia serena e apaixonadamente a Palavra de Deus, encoraja os crentes a apostarem alto. Tornará os seus irmãos e irmãs capazes de acolher e praticar a promessa de Deus, que alarga a própria experiência da maternidade e da paternidade para o horizonte duma nova «familiaridade» com Deus (cf. Mc 3, 31-35). O pastor vela pelo sonho, a vida, o crescimento das suas ovelhas. Este «velar» não nasce dos discursos feitos, mas do cuidado pastoral. Só é capaz de velar quem sabe estar «no meio», quem não tem medo das perguntas, do contacto, do acompanhamento. O pastor vela, antes de tudo, com a oração, sustentando a fé do seu povo, transmitindo confiança no Senhor, na sua presença. O pastor permanece sempre vigilante, ajudando a levantar o olhar quando aparecem o desânimo, a frustração ou as quedas. Seria bom perguntar-nos se, no nosso ministério pastoral, sabemos «perder» tempo com as famílias.

Sabemos estar com elas, partilhar as suas dificuldades e as suas alegrias? Naturalmente, viver o espírito desta jubilosa familiaridade com Deus e propagar a sua emocionante fecundidade evangélica é, em primeiro lugar, o traço fundamental do estilo de vida do bispo. Assim nós mesmos, aceitando humildemente a aprendizagem cristã das virtudes familiares do povo de Deus, assemelhar-nos-emos cada vez mais a pais e mães (como Paulo; veja-se 1 Ts 2, 7.11), evitando transformar-nos em pessoas que aprenderam simplesmente a viver sem família. De fato, o nosso ideal não é viver sem afetos.

A nós pastores nos tocam duas coisas: a oração e a pregação. Qual é o primeiro trabalho do bispo? Orar, rezar. O segundo trabalho que vai junto com esse: pregar. Ajuda-nos esta definição.  O bispo tem a missão de pastorear com a oração e o anúncio.

O bom pastor renuncia a afetos familiares próprios, para destinar todas as suas forças – e a graça da sua vocação especial – à bênção evangélica dos afetos do homem e da mulher que dão vida ao desígnio da criação de Deus, a começar pelos afetos perdidos, abandonados, feridos, arrasados, humilhados e privados da sua dignidade. Esta entrega total ao amor de Deus não é, por certo, uma vocação alheia à ternura e ao bem-querer! Bastar-nos-á olhar para Jesus, para entendermos isso (cf. Mt19,12). A missão do bom pastor segundo o estilo de Deus – só Deus o pode autorizar, não a sua presunção! – imita, em tudo e para tudo, o estilo afetivo do Filho para com o Pai, que se reflete na ternura da sua entrega: em favor, e por amor, dos homens e mulheres da família humana.

Na perspectiva da fé, este é um tema precioso. O nosso ministério tem necessidade de desenvolver a aliança da Igreja e da família. Caso contrário, definha; e, por nossa culpa, a família humana distanciar-se-á irremediavelmente da Feliz Notícia dada por Deus.

Se formos capazes deste rigor dos afetos de Deus, usando infinita paciência, e sem ressentimento, com os sulcos nem sempre lineares onde devemos semeá-los, até uma mulher samaritana com cinco «não-maridos» se descobrirá capaz de dar testemunho. E, para um jovem rico que tristemente sente que deve pensar ainda com calma, um maduro publicano descerá precipitadamente da árvore e far-se-á paladino dos pobres, nos quais nunca pensara até então.


Deus nos conceda o dom desta nova proximidade entre a família e a Igreja. A necessidade da família, Igreja e pastores. A família é o nosso aliado, a nossa janela aberta para o mundo, a evidência duma bênção irrevogável de Deus destinada a todos os filhos desta história difícil e maravilhosa da criação que Deus nos pediu para servir!
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Canção Nova

Como Adão e Eva tiveram descendentes?


Como Adão e Eva tiveram descendentes? Foi por meio de relações incestuosas?

A Bíblia não explica como se desenvolveu a descendência de Adão e Eva. Sabemos que Adão e Eva tiveram muitos filhos (Gn 5, 4), dos quais os primeiros foram Caim e Abel (Gn 4, 1-2), e conhecemos também o fato do fratricídio (Gn 4, 3-16) que levou uma descendência de Caim (malvada e irreligiosa – Gn 4, 17-24) separada da descendência de Set (boa e religiosa – Gn 5, 6-32), o filho “escolhido” por Deus (Gn 4, 25-26. 5, 3-4) para substituir Abel, do qual depois se chegará a Noé e o dilúvio.

Como se gerou essa descendência? Houve muitas hipóteses e todas acabaram encontrando o problema do incesto (relações sexuais entre parentes próximos), fruto de uma interpretação literal da Bíblia.

Para tentar mitigar o problema, foram buscadas muitas explicações: não havia uma lei contra o incesto; viviam muitos anos e casar-se com sobrinhos parece que era “menos grave” etc. Mas nenhuma delas deu uma explicação convincente.

Felizmente, os dois últimos séculos de estudos da Bíblia nos permitem compreender algumas coisas sobre ela que nos ajudam a resolver dificuldades como esta.

Sobre como se deu a descendência de Adão e Eva, é preciso dizer duas coisas:

A primeira se refere ao gênero literário dos primeiros capítulos do Gênesis. Os estudos deixam claro que Gn 1-11 não pode ser considerado uma narração histórica real. Não podemos achar que esses capítulos sejam a crônica dos primeiros anos da história humana.

Além disso, sua redação, procedente de fontes orais, aconteceu na época do exílio e pós-exílio babilônico (aprox. séc. VI-V a.C.). A intenção dos autores não era fazer história, mas contar verdades fundamentais para a relação do homem com Deus.

Mas, ao mesmo tempo, é preciso ter claro que tampouco se trata de mitologia, ainda que o texto utilize uma linguagem mítica. João Paulo II explicou isso: “O termo ‘mito’ não designa um conteúdo fabuloso, mas simplesmente um modo arcaico de expressar um conteúdo mais profundo” (Catequese de 7/11/1979).

Para compreender isso, podemos comparar o texto com as parábolas de Jesus. Está claro que tais parábolas têm uma linguagem de “conto” e que não são relatos históricos. No entanto, expressam, muito melhor que uma crônica, qual é a verdade das coisas, e assim “contam” a “verdadeira” história da humanidade (por exemplo, o filho pródigo).
 

domingo, 27 de setembro de 2015

Papa sobre abusos sexuais: Deus chora profundamente.


O Papa Francisco se reuniu com vítimas de abusos sexuais cometidos por membros da Igreja. Ele mesmo o anunciou neste domingo, 27, antes de iniciar o seu discursos aos bispos da Filadélfia, na capela do Seminário São Carlos Borromeu.

“Ficaram gravadas no meu coração as histórias de dor e sofrimento dos menores que foram abusados sexualmente por sacerdotes. Continuo a cobrir-me de vergonha porque pessoas que tinham sob a sua responsabilidade os cuidados de menores os violaram e lhes causaram graves danos. Deus chora profundamente. Os crimes e pecados dos abusos sexuais em menores não podem ser mantidos em segredo por mais tempo. Comprometo-me por uma zelante vigilância da Igreja para proteger os menores e prometo que todos os responsáveis prestarão contas”.

Depois de pronunciar estas palavras, que não estavam previstas no seu discurso, Francisco revelou que se encontrou com um grupo de pessoas abusadas, crianças que são ajudadas e acompanhadas na Filadélfia, com carinho, pelo Arcebispo Chaput.

Dom Charles Chaput foi nomeado em 2011 para assumir a Arquidiocese de Filadélfia na administração das comunidades mais feridas pelos escândalos de abusos sexuais nos EUA, naquele mesmo ano, por exemplo, 21 padres foram suspensos em decorrência do problema; a maioria dos episódios de abusos teria ocorrido entre as décadas de 1960 e 1980.
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Canção Nova

Papa afirma que moderna tirania procura suprimir liberdade religiosa


Viagem do Papa Francisco aos Estados Unidos
Discurso durante encontro pela liberdade religiosa
com a comunidade hispânica e outros
imigrantes
Independence Mall – Filadélfia
Sábado, 26 de setembro de 2015


Queridos amigos!

Um dos momentos salientes da minha visita tem lugar aqui, diante do Independence Mall, local do nascimento dos Estados Unidos da América. Neste lugar, foram proclamadas pela primeira vez as liberdades que definem este País. A Declaração de Independência afirmou que todos os homens e todas as mulheres são criados iguais, que são dotados pelo seu Criador de alguns direitos inalienáveis e que os governos existem para proteger e defender tais direitos. Estas vibrantes palavras continuam a inspirar-nos hoje, tal como inspiraram outros povos em todo o mundo, no combate pela liberdade de viver de acordo com a sua dignidade.

Mas a história mostra também que esta verdade, como aliás qualquer verdade, deve ser constantemente reafirmada, assumida e defendida. A história desta nação é também a história dum esforço constante, até aos nossos dias, para encarnar estes altos princípios na vida social e política. Recordamos as grandes lutas que levaram à abolição da escravatura, à extensão do direito de voto, ao crescimento do movimento operário, e ao esforço progressivo por eliminar todas as formas de racismo e preconceito contra as sucessivas ondas de novos americanos. Isto demonstra que um País, quando está determinado a permanecer fiel aos seus princípios fundadores que se baseiam no respeito pela dignidade humana, torna-se mais forte e renova-se.

Todos beneficiamos quando se faz memória do nosso passado. Um povo que recorda não repete os erros do passado; pelo contrário, olha confiante para os desafios do presente e do futuro. A memória salva a alma dum povo de tudo aquilo ou de todos aqueles que poderiam tentar dominá-lo ou utilizá-lo para os seus interesses. Quando o exercício efetivo dos respectivos direitos é garantido aos indivíduos e às comunidades, estes não apenas se sentem livres para realizar as suas potencialidades mas contribuem para o bem-estar e enriquecimento da sociedade.

Neste lugar, que é um símbolo do espírito americano, quereria refletir convosco sobre o direito à liberdade religiosa. É um direito fundamental que plasma o modo como interagimos social e pessoalmente com nossos vizinhos, cujos pontos de vista religiosos são diferentes dos nossos. 

São Cosme e Damião não são 'orixás', 'ibejis' ou 'erês' – a armadilha do sincretismo religioso.

São Cosme e Damião são festejados pela Igreja em 26 de setembro

Nós, católicos, devemos cultivar gratidão e veneração pelos nossos santos, pelo exemplo de vida e de amor a Cristo que foram e são para nós (Hb 6,12; 1Cor 13,1; João 8,39), e por continuarem a interceder por nós no Céu, unindo suas orações ao único Mediador de nossa Salvação, Jesus Cristo, Senhor nosso (Ap 5,8. 6,9-10. 7,9-10. 8,4. 13-15; Hb 12,1; 1Tm 2,5).

São Cosme e São Damião foram cristãos mártires pela fé, e são cultuados há muitos séculos (desde 300/400 dC). Até hoje, seus nomes são lembrados na Liturgia da Santa Missa, e são venerados também na Igreja Ortodoxa, que os homenageia em novembro. Seus restos mortais e suas relíquias estão distribuídos em Roma e em algumas igrejas e mosteiros da Alemanha, católicos e ortodoxos.

Refletiremos neste estudo sobre a ação maléfica do sincretismo religioso, nas lendas e mitologias que cercam o culto a esses e a outros autênticos mártires da fé cristã.

Lamentavelmente, no Brasil, o culto desses santos benfeitores foi bastante deturpado através da História, no sincretismo religioso que é típico do paganismo e muito presente nos cultos africanos trazidos pelos escravos ao Brasil a partir do século  XVI.

O sincretismo, como sabemos, é a prática de se misturar elementos de  religiões diferentes, forçando uma harmonia que de fato não existe. No caso que estamos tratando, é pretender dar "aparência católica" a um sistema de crenças completamente diferente ou oposto àquilo que prega o catolicismo de fato. Ainda mais lamentável (e nocivo para as almas) é o fato de que hoje tanto a mídia secular quanto as próprias instituições católicas ajudam a promover o sincretismo como se fosse coisa muito boa, louvável, digna e justa. – Como se fosse coisa cristã. – Respeitar a liberdade religiosa e coexistir com as diferentes crenças é uma coisa. O sincretismo religioso, que é desonesto em sim mesmo, porque em sua origem já foi pensado para enganar, é outra coisa, completamente diferente.

Ocorre que na triste época da escravatura os cativos africanos criaram uma maneira engenhosa de enganar os senhores de engenho: invocavam seus deuses ou entidades espirituais/orixás, – como "Oxalá", "Ogum", "Iemanjá" e muitos outros, – simulando que rezavam para Jesus, Maria ou alguns dos santos mais reverenciados na época, como São Sebastião, São Jorge, Santa Bárbara, São Cosme e Damião, etc.

Tal situação viria a causar, posteriormente, muita confusão entre o povo católico brasileiro, especialmente entre as pessoas mais simples. Situação esta que permanece, em maior ou menor grau, até hoje. No dia da celebração de Cosme e Damião, adeptos de diversas seitas costumam distribuir doces às crianças, usando os nomes dos santos católicos para homenagear  determinadas "entidades" espirituais infantis que compõem o panteão de suas crenças. No catolicismo, S. Cosme e S. Damião não são crianças: eram irmãos gêmeos e médicos, que entregaram suas vidas como mártires. Abaixo, um resumo de sua verdadeira história.

sábado, 26 de setembro de 2015

Homilia da Missa com bispos, sacerdotes e consagrados na Filadélfia


HOMILIA
Santa Missa com bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas
26 de setembro de 2015
Filadélfia, Estados Unidos

Nesta manhã, aprendi algo mais da história desta bela catedral: a história que está por detrás das suas paredes altas e dos seus vitrais. Contudo prefiro olhar a história da Igreja, nesta cidade e neste Estado, como uma história não de construção de muros, mas do seu derrube. Ela fala-nos de gerações e gerações de católicos comprometidos, saindo para as periferias a fim de construir comunidades de culto, de educação, de caridade e de serviço à sociedade inteira.

Uma tal história é visível nos muitos santuários espalhados por esta cidade, nas suas inúmeras paróquias, cujas agulhas e campanários falam da presença de Deus no meio das nossas comunidades. Vemo-la também nos esforços de todos aqueles sacerdotes, religiosos e leigos que, com dedicação, ao longo de dois séculos, trabalharam pelas necessidades espirituais dos pobres, dos imigrantes, dos doentes e dos encarcerados. Vemo-la também nas inúmeras escolas onde consagrados e consagradas ensinaram as crianças a ler e a escrever, a amar a Deus e ao próximo, e a contribuir como bons cidadãos para a vida da sociedade americana. Tudo isto é a herança verdadeira que recebestes e que sois chamados a enriquecer e transmitir.

Muitos de vós conhecem a história de Santa Catarina Drexel, uma das grandes Santas saídas desta Igreja local. Quando ela falou ao Papa Leão XIII da necessidade das missões, o Papa – era um Papa muito sábio! – perguntou-lhe de maneira incisiva: «E tu, que farás?» Aquelas palavras mudaram a vida de Santa Catarina, porque recordaram-lhe que afinal cada cristão recebeu, em virtude do Batismo, uma missão. Cada um de nós deve responder, da melhor forma possível, à chamada do Senhor para construir o seu Corpo, que é a Igreja.

«E tu, que farás?» A partir destas palavras, gostaria de me deter sobre dois aspectos, no contexto da nossa missão especial de transmitir a alegria do Evangelho e edificar a Igreja como sacerdotes, diáconos ou membros de institutos de vida consagrada.

Em primeiro lugar, aquelas palavras – «E tu, que farás?» – foram dirigidas a uma pessoa jovem, uma jovem mulher com ideais elevados, e mudaram a sua vida. Impeliram-na a pensar no trabalho imenso que havia para realizar e a dar-se conta de que também ela era chamada a fazer a sua parte. Quantos jovens, nas nossas paróquias e escolas, têm os mesmos ideais elevados, generosidade de espírito e amor a Cristo e à Igreja! Somos nós capazes de os pôr à prova? Somos capazes de os guiar e ajudar a fazer a sua parte? A encontrar caminhos para poderem partilhar o seu entusiasmo e os seus dons com as nossas comunidades, sobretudo nas obras de misericórdia e de compromisso a favor dos outros? Partilhamos a própria alegria e entusiasmo que temos em servir o Senhor? 

O Papa é Rock! Papa Francisco lançará CD de Rock progressivo e canto Gregoriano


Uma notícia está dando o que falar. Comenta-se que o Papa Francisco lançará um CD de Rock. Trata-se de uma compilação de trechos de seus discursos musicados neste ritmo. Ainda não há um pronunciamento oficial do Vaticano embora exista uma faixa disponível. Vamos aguardar. Segue notícia veiculada no Jornal O Povo, na seção de cultura.

Que o Papa Francisco é pop, todos já notaram, mas que o pontífice está entrando para as linhas do rock n’ roll aí já é novidade! Sim, o Papa Francisco é roqueiro, e está prestes a lançar seu primeiro álbum intitulado ‘Wake Up!’ com 11 músicas de rock, pop e música latina.

O disco é uma colaboração de Sua Santidade com a gravadora Believe Digital, que coletou discursos do pontífice no arquivo da Rádio Vaticana e mixou com trechos de canto gregoriano.

O disco traz discursos do Papa Francisco em italiano, inglês, espanhol e português, e vai tratar de assuntos como paz, dignidade, consciência ambiental e ajuda aos mais necessitados. Tudo de acordo com as tradições cristãs, com direito a hinos sagrados e trechos dos discursos mais emocionantes.

A produção musical é de Don Giulio Neroni, que já trabalhou com João Paulo II e Bento XVI.

”Wake Up!” (‘acorda’), será lançado em 27 de novembro, com distribuição da própria Believe Digital.

Homilia Santa Missa no Madson Square Garden


Homilia
Santa Missa no Madison Square Garden

Nova Iorque
25 de setembro de 2015

Encontramo-nos no Madison Square Garden, lugar emblemático desta cidade, sede de importantes encontros desportivos, artísticos, musicais, que congregam pessoas de diferentes partes, e não só desta cidade, mas do mundo inteiro. Neste lugar, que representa as diferentes faces da vida dos cidadãos que se reúnem por interesses comuns, ouvimos: «O povo que caminhava nas trevas viu uma grande luz» (Is 9, 1). O povo que caminhava, o povo no meio das suas actividades, das suas ocupações diárias; o povo que caminhava carregando seus sucessos e erros, seus medos e oportunidades, viu uma grande luz. O povo que caminhava com as suas alegrias e esperanças, com as suas decepções e amarguras, viu uma grande luz.

O povo de Deus é chamado, em cada época, a contemplar esta luz. Luz que quer iluminar as nações: assim o proclamava, cheio de júbilo, o velho Simeão. Luz que quer chegar a cada canto desta cidade, aos nossos concidadãos, em cada espaço da nossa vida.

“O povo que caminhava nas trevas viu uma grande luz”. Uma das características do povo crente passa pela sua capacidade de ver, de contemplar no meio das suas obscuridades a luz que Cristo vem trazer.

O povo crente que sabe olhar, que sabe discernir, que sabe contemplar a presença viva de Deus no meio da sua vida, no meio da sua cidade. Hoje, com o profeta, podemos dizer: o povo que caminha, respira, vive no meio do smog, viu uma grande luz, experimentou um ar de vida.

Viver numa grande cidade é algo de bastante complexo: um contexto multicultural, com grandes desafios difíceis de resolver. As grandes cidades recordam-nos a riqueza escondida no nosso mundo: a variedade de culturas, tradições e histórias. A variedade de línguas, roupas, comida. As grandes cidades tornam-se pólos que parecem apresentar a pluralidade das formas que nós, seres humanos, encontramos para responder ao sentido da vida nas circunstâncias em que nos achávamos. Por sua vez, as grandes cidades escondem o rosto de muitos que parecem não ter cidadania ou ser cidadãos de segunda categoria. Nas grandes cidades, sob o ruído do tráfego, sob o ritmo das mudanças, permanecem silenciadas as vozes de tantos rostos que não têm direito à cidadania, não têm direito a fazer parte da cidade – os estrangeiros, os seus filhos (e não só) que não conseguem a escolaridade, as pessoas privadas de assistência médica, os sem-abrigo, os idosos sozinhos – postos à margem das nossas estradas, nos nossos passeios num anonimato ensurdecedor. Entram a fazer parte duma paisagem urbana que lentamente se torna natural aos nossos olhos e, especialmente, no nosso coração.