"Não
resistiria aos embates do tempo uma fé católica reduzida a uma bagagem, a um
elenco de algumas normas e de proibições, a práticas de devoção fragmentadas, a
adesões seletivas e parciais das verdades da fé, a uma participação ocasional
em alguns sacramentos, à repetição de princípios doutrinais, a moralismos
brandos ou crispados que não convertem a vida dos batizados. Nossa maior ameaça
“é o medíocre pragmatismo da vida cotidiana da Igreja, no qual, aparentemente,
tudo procede com normalidade, mas na verdade a fé vai se desgastando e
degenerando em mesquinhez”. A todos nos toca recomeçar a partir de Cristo,
reconhecendo que “não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma
grande ideia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um
novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva”. (Documento de
Aparecida, nº 12)
1. Os
embates do nosso tempo: O relativismo moral, porque religioso, a
degenerescência da razão e por consequência, do homem.
O católico médio contemporâneo é aquele que vai à
missa uma vez ou outra, frequenta alguns sacramentos, afirma-se e reconhece-se
católico e não vê maiores problemas em manter um affair com o espiritismo, o
budismo ou outras religiões ou seitas. Todo católico filo*-espírita,
filo-budista, filo-protestante, filo-umbandista, filo-nova era, filo-pagão,
etc, não vê maiores problemas em sustentar ambiguidades doutrinais e morais.
Esta ambiguidade de confissão religiosa tem uma raiz que se chama relativismo.
O relativismo abdica de qualquer Verdade absoluta em nome das
"verdades" parciais, particulares. O site "Presbíteros"
traz esta definição:
O
relativismo é uma corrente que nega toda verdade absoluta e perene assim como
toda ética absoluta, ficando a critério de cada indivíduo definir a sua verdade
e o seu bem. Opõe-se-lhe o fundamentalismo, que afirma peremptoriamente a
existência de algumas verdades e algumas normas fundamentais. O indivíduo se
torna o padrão ou a medida de todas as coisas. Tal atitude está baseada em
fatores diversos, entre os quais o historicismo: com efeito a história mostra
que tudo evolui e se tornam obsoletas coisas que em tempos passados eram
plenamente válidas. A Igreja rejeita o relativismo, mas também não aceita o
fundamentalismo: ao lado de verdades e normas perenes, existem outras, de
caráter contingente e mutável. Ao cristão toca o dever de testemunhar ao mundo
de hoje que a profissão da fé e a Moral católicas nada têm de obscurantista e
de recusa dos autênticos valores da civilização contemporânea. Fonte aqui.
O relativismo está presente na concepção religiosa
de muitos católicos. O "tanto faz" é ouvido constantemente, assim:
"tanto faz ser católico e isto ou aquilo, porque o nosso Deus é o mesmo
não é?" e o jargão "só é preciso amar, e nada mais, amar o próximo
como a si mesmo" também. Ambas as afirmações são relativistas, ou seja,
negam que possa haver uma verdade absoluta, revelada por Deus. e consignada à
Igreja e afirmam a prevalência da autonomia subjetiva sobre a Verdade. Toda a
permissividade imoral dos nossos dias e todo relativismo religioso está sendo
jogado nas contas de um tal "amor ao próximo" aguado e sem nenhuma
coesão com o Evangelho ou alguma exigência de mudança de vida, conversão e
santidade. Ao que parece, a única frase do evangelho que os católicos
relativistas conhecem é essa "amarás o teu próximo como a ti mesmo".
Igualmente, parece notório que se esqueceram todo o resto: "vá e não
peques mais"; "tome a tua cruz e siga-me"; "quem não está
comigo, dispersa"; "amai-vos como Eu vos amei"; entre outros
trechos importantes.
O relativismo moral acompanha o relativismo
religioso em virtude do parvo conhecimento de doutrina de que padecem os
católicos relativistas. Em geral, o católico mediano vivencia um catolicismo muito
superficial, com conteúdos da fé guardados da catequese de primeira eucaristia
- se tanto - e, por força da crescente presença protestante em solo brasileiro,
uma mal dissimulada doutrina do sola scriptura. Em virtude disso, o
católico mediano faz transparecer uma falsa contraposição entre o que há
escrito na Sagrada Escritura e a Doutrina da Igreja. Assim, por exemplo, é
comum vermos um tal argumento: "a Igreja ensina assim, mas eu vivo deste
outro modo". Isso no tocante, por exemplo, à questão moral da camisinha,
da fornicação, do adultério, da fertilização in vittro, da prática da
homossexualidade, do incesto, da pedofilia, da eutanásia, entre tantos outros
exemplos.