quarta-feira, 30 de setembro de 2015

O Católico médio perdido entre o relativismo moral e a má fé.


"Não resistiria aos embates do tempo uma fé católica reduzida a uma bagagem, a um elenco de algumas normas e de proibições, a práticas de devoção fragmentadas, a adesões seletivas e parciais das verdades da fé, a uma participação ocasional em alguns sacramentos, à repetição de princípios doutrinais, a moralismos brandos ou crispados que não convertem a vida dos batizados. Nossa maior ameaça “é o medíocre pragmatismo da vida cotidiana da Igreja, no qual, aparentemente, tudo procede com normalidade, mas na verdade a fé vai se desgastando e degenerando em mesquinhez”. A todos nos toca recomeçar a partir de Cristo, reconhecendo que “não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande ideia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva”. (Documento de Aparecida, nº 12)

1. Os embates do nosso tempo: O relativismo moral, porque religioso, a degenerescência da razão e por consequência, do homem.

O católico médio contemporâneo é aquele que vai à missa uma vez ou outra, frequenta alguns sacramentos, afirma-se e reconhece-se católico e não vê maiores problemas em manter um affair com o espiritismo, o budismo ou outras religiões ou seitas. Todo católico filo*-espírita, filo-budista, filo-protestante, filo-umbandista, filo-nova era, filo-pagão, etc, não vê maiores problemas em sustentar ambiguidades doutrinais e morais. Esta ambiguidade de confissão religiosa tem uma raiz que se chama relativismo. O relativismo abdica de qualquer Verdade absoluta em nome das "verdades" parciais, particulares. O site "Presbíteros" traz esta definição:

O relativismo é uma corrente que nega toda verdade absoluta e perene assim como toda ética absoluta, ficando a critério de cada indivíduo definir a sua verdade e o seu bem. Opõe-se-lhe o fundamentalismo, que afirma peremptoriamente a existência de algumas verdades e algumas normas fundamentais. O indivíduo se torna o padrão ou a medida de todas as coisas. Tal atitude está baseada em fatores diversos, entre os quais o historicismo: com efeito a história mostra que tudo evolui e se tornam obsoletas coisas que em tempos passados eram plenamente válidas. A Igreja rejeita o relativismo, mas também não aceita o fundamentalismo: ao lado de verdades e normas perenes, existem outras, de caráter contingente e mutável. Ao cristão toca o dever de testemunhar ao mundo de hoje que a profissão da fé e a Moral católicas nada têm de obscurantista e de recusa dos autênticos valores da civilização contemporânea. Fonte aqui.

O relativismo está presente na concepção religiosa de muitos católicos. O "tanto faz" é ouvido constantemente, assim: "tanto faz ser católico e isto ou aquilo, porque o nosso Deus é o mesmo não é?" e o jargão "só é preciso amar, e nada mais, amar o próximo como a si mesmo" também. Ambas as afirmações são relativistas, ou seja, negam que possa haver uma verdade absoluta, revelada por Deus. e consignada à Igreja e afirmam a prevalência da autonomia subjetiva sobre a Verdade. Toda a permissividade imoral dos nossos dias e todo relativismo religioso está sendo jogado nas contas de um tal "amor ao próximo" aguado e sem nenhuma coesão com o Evangelho ou alguma exigência de mudança de vida, conversão e santidade. Ao que parece, a única frase do evangelho que os católicos relativistas conhecem é essa "amarás o teu próximo como a ti mesmo". Igualmente, parece notório que se esqueceram todo o resto: "vá e não peques mais"; "tome a tua cruz e siga-me"; "quem não está comigo, dispersa"; "amai-vos como Eu vos amei"; entre outros trechos importantes. 

O relativismo moral acompanha o relativismo religioso em virtude do parvo conhecimento de doutrina de que padecem os católicos relativistas. Em geral, o católico mediano vivencia um catolicismo muito superficial, com conteúdos da fé guardados da catequese de primeira eucaristia - se tanto - e, por força da crescente presença protestante em solo brasileiro, uma mal dissimulada doutrina do sola scriptura. Em virtude disso, o católico mediano faz transparecer uma falsa contraposição entre o que há escrito na Sagrada Escritura e a Doutrina da Igreja. Assim, por exemplo, é comum vermos um tal argumento: "a Igreja ensina assim, mas eu vivo deste outro modo". Isso no tocante, por exemplo, à questão moral da camisinha, da fornicação, do adultério, da fertilização in vittro, da prática da homossexualidade, do incesto, da pedofilia, da eutanásia, entre tantos outros exemplos. 

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Homilética: 27º Domingo Comum - Ano B: "O que Deus uniu".


As leituras bíblicas deste domingo levam à reflexão sobre o tema da família. No Antigo Testamento, em Gn 2,18-24, lê-se que Deus faz desfilar perante o homem “todos os animais dos campos e todas as aves do céu”, para que desse o nome a cada um deles e visse se entre eles encontrava “uma auxiliar semelhante a ele.” Adão põe o nome a cada um dos animais, mas nenhum deles satisfaz a sua necessidade de companhia e amor.

Então diz o Senhor Deus: “Não é bom que o homem esteja só. Vou dar-lhe uma auxiliar semelhante a ele.” E Deus cria a mulher e quando esta é apresentada ao homem, este prorrompe numa exclamação de alegria, reconhecendo nela a companheira ideal: “Desta vez, sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne!” O texto termina por afirmar: “Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne.” A indissolubilidade do matrimônio encontra nestas palavras o seu fundamento, a sua razão de ser profunda e sagrada.

O Evangelho (Mc 10, 2-16) apresenta os fariseus que se aproximam de Jesus para tentá-Lo, para fazê-Lo entrar em conflito com a Lei de Moisés. Perguntam a Jesus se era lícito ao marido repudiar a sua mulher. Jesus retoma o texto de Gn 2 (citado acima) e declara que o casamento é indissolúvel; isto desde a origem, conforme fora instituído por Deus, no princípio da criação.

Diz Jesus: Quem repudia sua mulher e se casa com outra comete adultério contra a primeira (Mc 10,11). Não há porque duvidar: Jesus, com essas palavras, exclui precisamente aquilo que nós chamamos de divórcio.

O divórcio! Não falar disso, neste caso, somente porque o assunto se tornou melindroso, seria fugir do Evangelho. Terríveis são os males do divórcio jurídico: mulheres condenadas à solidão, filhos destruídos psicologicamente pela escolha penosa que devem fazer entre a própria mãe e o próprio pai. Conheço crianças nesta situação; depois que vi seus olhos, não preciso ouvir mais conferências sobre os males do divórcio: os vi todos estampados naqueles olhos de passarinho ferido.

“O homem não separe” significa sim: a lei humana não separe; mas significa também, e antes de tudo: o marido não separe a mulher de si; a mulher não separe de si o marido.

Jesus lembra a unidade: “… e os dois formarão uma só carne.” (Mc. 10,8), isto é, quase uma só pessoa, com a concórdia nos mesmos projetos e sentimentos; implicitamente inculca a construir sobre a unidade e renová-la cada dia. Como? Procurando resolver logo que surgem os problemas, as incompreensões, as friezas. Depois a confiança recíproca; esta é como um lubrificante; falar, comunicar as próprias dificuldades e também tentações. Enquanto há confiança recíproca, o divórcio fica longe.

Devemos nos convencer de que tudo isto não basta e que são necessários os meios espirituais: sacrifício e oração. Se o matrimônio encontra tanta dificuldade de se manter unido, é porque enfraqueceu o espírito de sacrifício e se quer só receber do outro antes de dar ao outro.

A dignidade do matrimônio e a sua estabilidade é um dos temas que mais importa defender e fazer com que muitos compreendam. Pois, a saúde moral dos povos está ligada ao bom estado do matrimônio. Quando este se corrompe, podemos afirmar que a sociedade está doente, gravemente doente. Por isso, todos temos que rezar e velar pelas famílias com tanta urgência!

Os que se casam iniciam juntos uma vida nova que devem percorrer na companhia de Deus. É o próprio Senhor que os chama para que cheguem a Ele por esse caminho, pois o matrimônio é uma autêntica vocação sobrenatural. Sacramento grande em Cristo e na Igreja (Ef. 5,32), diz São Paulo; sinal sagrado que santifica, ação de Jesus que se apossa da alma dos que se casam e os convida a segui-Lo, transformando toda a vida matrimonial num caminhar divino sobre a terra.

Não esqueçamos que a primeira coisa que o Messias quis santificar foi um lar. O primeiro milagre que Jesus fez foi no Casamento, em Caná da Galiléia (Jo 2, 1-11). E que é precisamente nas famílias alegres, generosas, cristãmente sóbrias, que nascem as vocações para a entrega plena a Deus na virgindade ou no celibato. Todas elas representam um dom que Deus concede muitas vezes aos pais que rezam pelos filhos de todo o coração e com constância.

Que as famílias possam manter-se fiéis à sua vocação em cada época da vida, “na alegria e no sofrimento, na saúde e na doença”, como prometeram no rito sacramental. Conscientes da graça recebida, possam os cônjuges cristãos construir uma família aberta à vida e capaz de enfrentar unida os numerosos e complexos desafios deste nosso tempo. Hoje, há particularmente necessidade do seu testemunho. Há necessidade de famílias que não se deixem arrastar pelas modernas correntes culturais inspiradas no hedonismo e no relativismo, e estejam prontas a realizar com generosa dedicação a sua missão na Igreja e na sociedade

A família, tal como Deus a quis, é o lugar idôneo para tornar-se, com o amor e o bom exemplo dos pais, dos irmãos e dos outros membros do círculo familiar, uma verdadeira escola de virtudes em que os filhos se formem para serem bons cidadãos e bons filhos de Deus. É no meio da família firmemente voltada para Deus que cada um pode encontrar a sua própria vocação, aquela a que Deus o chama.

Numa época, em que muitos procuram destruir ou desfigurar a família, é urgente proclamar o Plano de Deus sobre o Matrimônio e a Família. Não é uma norma da Igreja, é Plano de Deus, reafirmado por Cristo.

A Missão dos pais é repetir o gesto das mães israelitas: levar seus filhos a Jesus, para que, abençoados por Ele e crescendo na sua escola, conservem a inocência e sejam um dia recebidos no reino dos Céus, preparado para eles. A família é insubstituível para a serenidade pessoal e para a educação dos filhos.

A família é um dos tesouros mais importantes dos povos, é patrimônio da humanidade inteira. “O futuro da humanidade passa pela família” (São João Paulo II).

A melhor oração, é aquela feita juntos, marido e mulher. Rezemos pelos casais e para aqueles que estão se encaminhando ao matrimônio; que o Senhor afaste deles o divórcio do coração e o divórcio jurídico. Sobre todas as famílias, especialmente sobre as que estão em dificuldade, invoquemos a proteção materna de Nossa Senhora e do se esposo São José. Maria, Rainha da família, rogai por nós.

Arcanjos são Miguel, são Gabriel e são Rafael - 29 de setembro


O dia 29 de setembro é dedicado aos três arcanjos. São Miguel, São Gabriel e São Rafael representam a alta hierarquia dos anjos-chefes, o seleto grupo dos sete espíritos puros que atendem ao trono de Deus e são seus “mensageiros dos decretos divinos”, aqui na Terra. 

São Miguel é considerado o príncipe guardião e guerreiro, defensor do trono celeste e do Povo de Deus. Fiel escudeiro do Pai Eterno, chefe supremo do exército celeste e dos anjos fiéis a Deus, Miguel é o arcanjo da justiça e do arrependimento, padroeiro da Igreja Católica. Costuma ser de grande ajuda no combate contra as forças maléficas. É citado três vezes na Sagrada Escritura. O seu culto é um dos mais antigos da Igreja. 

São Gabriel é o arcanjo anunciador, por excelência, das revelações de Deus e é, talvez, aquele que esteve perto de Jesus na agonia entre as oliveiras. Padroeiro da diplomacia, comumente está associado a uma trombeta, indicando que é aquele que transmite a Voz de Deus, o portador das notícias. Além da missão mais importante e jamais dada a uma criatura, que o Senhor confiou a ele: o anúncio da encarnação do Filho de Deus. Motivo que o fez ser venerado, até mesmo no islamismo. 

São Rafael teve a função de acompanhar o jovem Tobias, personagem central do livro Tobit, no Antigo Testamento, em sua viagem, como seu segurança e guia. Foi o único que habitou entre nós. Guardião da saúde e da cura física e espiritual, é considerado, também, o chefe da ordem das virtudes. É o padroeiro dos cegos, médicos, sacerdotes e, também, dos viajantes, soldados e escoteiros. 

A Igreja Católica considera esses três arcanjos poderosos intercessores dos eleitos ao trono do Altíssimo. Durante as atribulações do cotidiano, eles costumam aconselhar-nos e auxiliar, além, é claro, de levar as nossas orações ao Senhor, trazendo as mensagens da Providência Divina.

“Os anjos nos defendem. Defendem o homem e defendem o Homem-Deus, o Homem superior, Jesus Cristo que é a perfeição da humanidade, o mais perfeito. Por isso a Igreja honra os anjos, porque são aqueles que estarão na glória de Deus – estão na glória de Deus – porque defendem o grande mistério escondido de Deus, ou seja, que o Verbo se fez carne.” (Papa Francisco, 29 de setembro). 

A Cruz é o principal inimigo do ISIS: hoje nenhum traço cruz pode ser visto em Mossul.


Esta história é mais uma prova - se é que ainda é necessário - das raízes religiosas islâmicas e motivações do Estado islâmico.

A cruz é um símbolo do principal inimigo do Islã: o Cristianismo. Sob os termos do contrato e do dhimma Pacto de Omar, os cristãos não podem exibir a cruz abertamente, seja em seus edifícios ou em sua pessoa.

A quebra de cruzes é um símbolo poderoso para os muçulmanos de supremacia global do Islã no fim dos tempos. Muhammad profetizou que quando Isa (Jesus muçulmano) retorna, ele vai "lutar contra as pessoas pela causa do Islã. Ele vai quebrar a transversal, matar os porcos e abolir jizya" e estabelecer a regra de Deus em todo o mundo (Hadith de Sunan Abu Dawud, Livro das Batalhas, 37: 4310).


Demolição de igrejas e cruzes, ou conversão de igrejas em mesquitas, é um traço clássico do tratamento do Islã aos cristãos nas terras que ele conquistou por quatorze séculos. Em nossos dias, os muçulmanos estão quebrando cruzes até em cemitérios, como visto no infame Vídeos do YouTube de 2012.

Em Syracuse NY que recentemente viu "quebrarem cruzes" em grande escala; uma igreja católica romana venerável foi convertida em uma mesquita, as cruzes removidas dos pináculos e 10.000 cruzes no interior cobertas ao longo de uma vitória extremamente simbólica para o Islã.

Mensagem do Papa para Jornada Mundial da Juventude 2016


MENSAGEM
Mensagem do Papa Francisco para a 
Jornada Mundial da Juventude 2016
Segunda-feira, 28 de setembro

«Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia» (Mt 5, 7)

Queridos jovens!

Chegamos à última etapa da nossa peregrinação para Cracóvia, onde juntos, no mês de Julho do próximo ano, celebraremos a XXXI Jornada Mundial da Juventude. No nosso longo e exigente caminho, temos sido guiados pelas palavras de Jesus tiradas do «Sermão da Montanha». Iniciámos este percurso em 2014, meditando juntos sobre a primeira Bem-aventurança: «Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu» (Mt 5, 3). O ano de 2015 teve como tema «felizes os puros de coração, porque verão a Deus» (Mt 5, 8). No ano que temos pela frente, queremos deixar-nos inspirar pelas palavras: «Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia»(Mt 5, 7).

1. Jubileu da Misericórdia

Com este tema, a JMJ de Cracóvia 2016 insere-se no Ano Santo da Misericórdia, tornando-se um verdadeiro e próprio Jubileu dos Jovens a nível mundial. Não é a primeira vez que um encontro internacional dos jovens coincide com um Ano Jubilar. De facto, foi durante o Ano Santo da Redenção (1983/1984) que São João Paulo II convocou pela primeira vez os jovens de todo o mundo para o Domingo de Ramos. Depois durante o Grande Jubileu do ano 2000, mais de dois milhões de jovens, provenientes de cerca 165 países, reuniram-se em Roma para a XV Jornada Mundial da Juventude. Como aconteceu nestes dois casos anteriores, tenho certeza de que o Jubileu dos Jovens em Cracóvia será um dos momentos fortes deste Ano Santo.

Talvez algum de vós se interrogue: Que é este Ano Jubilar celebrado na Igreja? O texto bíblico de Levítico 25 ajuda-nos a compreender o significado que tinha um «jubileu» para o povo de Israel: de cinquenta em cinquenta anos, os judeus ouviam ressoar a trombeta (jobel) que os convocava (jobil) para celebrarem um ano santo como tempo de reconciliação (jobal) para todos. Neste período, devia-se recuperar uma relação boa com Deus, com o próximo e com a criação, baseada na gratuidade. Por isso, entre outras coisas, promovia-se o perdão das dívidas, uma particular ajuda a quem caíra na miséria, a melhoria das relações entre as pessoas e a libertação dos escravos.

Jesus Cristo veio anunciar e realizar o tempo perene da graça do Senhor, levando a boa nova aos pobres, a liberdade aos prisioneiros, a vista aos cegos e a libertação aos oprimidos (cf. Lc 4, 18-19). N’Ele, especialmente no seu Mistério Pascal, realiza-se plenamente o sentido mais profundo do jubileu. Quando, em nome de Cristo, a Igreja convoca um jubileu, somos todos convidados a viver um tempo extraordinário de graça. A própria Igreja é chamada a oferecer, com abundância, sinais da presença e proximidade de Deus, a despertar nos corações a capacidade de olhar para o essencial. Nomeadamente este Ano Santo da Misericórdia «é o tempo para a Igreja reencontrar o sentido da missão que o Senhor lhe confiou no dia de Páscoa: ser instrumento da misericórdia do Pai» (Homilia nas Primeiras Vésperas do Domingo da Misericórdia Divina, 11 de Abril de 2015). 

¡HAGAN LÍO! - "Levem a confusão às hostes do Maligno!".


¡HAGAN LÍO!

Este é um texto para católicos. Uma questão “ad intra”, uma questão completamente intra-eclesial. Como a internet é pública, é evidente que acatólicos a ele têm acesso. Peço, contudo, a gentileza de fazer com este texto o que fariam ao ouvir sem querer uma discussão familiar acontecendo do outro lado de uma sebe e ignorá-la ou, melhor ainda, retirar-se. Não estou lavando roupa em público, sim expondo a minha preocupação com algo que afeta o interior desta família que é a Igreja Católica Apostólica Romana. Mas vamos lá.


Confesso que tenho uma séria dificuldade em me botar na pele das pessoas que ficam falando absurdos acerca do Santo Padre o Papa Francisco. A impressão que eu tenho é de uma espécie de loucura coletiva que acomete alguns; gente normalmente inteligente, gente que normalmente não cairia nem por um segundo na esparrela dos meios de comunicação de massa, engole de repente sem pestanejar absurdos grotescos, e se coloca numa posição precaríssima diante não apenas do Papa, mas da própria Verdade.


Como comentei outro dia, a única explicação que percebo possível ée falo absolutamente sem qualquer intenção de fazer analogias ou metáforas, sim de expressar a verdade objetiva dos fatosa ação do Inimigo.

Temos, sabemos todos, três inimigos: a carne, o mundo e o demônio. Cada um deles age sobre o anterior.

A carne somos nós, nossas vaidades, nossos desejos desordenados (de prazer, de honraria, de conforto, etc.). É a carne que nos leva a, por exemplo, sofrer a tentação de mentir para parecer melhor, de cometer adultério, de entregar-se a prazeres gastronômicos exagerados, etc. É um inimigozinho tinhoso e chato, por estar sempre ali. A criação de bons hábitos ajuda, e muito: se nos acostumamos a viver castamente, é evidentemente mais fácil manter a castidade que se vivemos numa gangorra em que um exagero para um lado é compensado por um exagero no sentido oposto, e vice-versa, até a exaustão. Custodiar a carne significa lidar disciplinadamente com as nossas próprias fraquezas, reconhecê-las claramente, e fazer a escolha consciente de aceitar a Graça a cada momento. Não é fácil; na verdade, seria impossível se não fosse a graça que Deus nos oferece incessantemente pelas mãos carinhosas de Maria Santíssima, Medianeira de todas as graças.

Em seguida, sofremos o aguilhão do mundo. O mundo apela à carne, como disse acima: ele tenta nos convencer de que é bom fazer parte da turminha, de que nós “merecemos” sei-lá-qual prazer ou conforto, de que “ninguém merece”menos ainda eu!este ou aquele dissabor, etc. O mundo, em suma, se disfarça de amigo nosso, quando na verdade ele é amigo é da carne, que é nossa inimiga. O mundo não quer o nosso bem, por mais que pareça, porque o que ele oferece e busca não é o bem verdadeiro, o Bem-em-Si, que é Deus, sim um sucedâneo, uma contrafação pobre e vazia, que consiste na satisfação temporal de desejos imanentes. O mundo orienta-se em função da satisfação dos desejos desordenados que nós temosou, melhor dizendo, que nos têm!por termos herdado de Adão as consequências do Pecado Original. É o mundo, por exemplo, que propositadamente confunde a existência de mecanismos atuantes com uma suposta bondade intrínseca deles. É o que acontece em economia, com o capitalismo dizendo que “não é uma ideologia, porque o mercado existe de por si”, quando na verdade o problema não é, evidentemente, a existência do mercadoque nada mais é que a soma de todas as transações voluntárias feitas pelos descendentes de Adão –, sim a ideia absurda de que a soma de todas as vontades desordenadas de todos os homens marcados pelo Pecado seria de alguma forma algo ordenado, bom e puro e não, como é evidente, a mesma desordem escrita em escala maior.

Papa fala aos religiosos e reza por vítimas de Meca


VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO
A CUBA, AOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
E VISITA À SEDE DA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS
(19-28 DE SETEMBRO DE 2015)

VÉSPERAS COM O CLERO E OS RELIGIOSOS

HOMILIA DO SANTO PADRE

Catedral de São Patrício, Nova Iorque
Quinta-feira, 24 de Setembro de 2015


Neste momento, invadem-me dois sentimentos que têm a ver com os meus irmãos muçulmanos. O primeiro, é de felicitação pela hodierna ocorrência do vosso dia do sacrifício. Teria desejado que fosse mais calorosa a minha saudação. O segundo é de solidariedade com o vosso povo pela tragédia que hoje sofreu em Meca. Neste momento de oração, uno-me, unimo-nos em oração a Deus, nosso Pai todo-poderoso e misericordioso.

Ouçamos o Apóstolo: «Exultais de alegria, se bem que, por algum tempo, tenhais de andar aflitos por diversas provações» (1 Ped 1,6). Estas palavras lembram-nos uma coisa essencial: a nossa vocação é viver na alegria.

Esta linda catedral de São Patrício, construída ao longo de muitos anos com o sacrifício de tantos homens e mulheres, pode ser um símbolo da obra de gerações de sacerdotes, religiosos e leigos americanos que contribuíram para a edificação da Igreja nos Estados Unidos. Sem querer excluir outros campos, só no campo da educação, quantos sacerdotes e consagrados tiveram um papel central neste país, ajudando os pais a dar aos seus filhos o alimento que os nutre para a vida! Muitos fizeram-no à custa de sacrifícios extraordinários e com caridade heróica. Penso, por exemplo, em Santa Elizabeth Ann Seton, que fundou na América a primeira escola católica gratuita para meninas, ou em São João Neumann, fundador do primeiro sistema de educação católica nos Estados Unidos.

Nesta tarde, queridos irmãos e irmãs, vim rezar convosco, sacerdotes, consagrados, consagradas, para que a nossa vocação continue a construir o grande edifício do Reino de Deus neste país. Sei que vós, como corpo sacerdotal, diante do povo de Deus, sofrestes muito num passado não distante suportando a vergonha por causa de muitos irmãos que feriram e escandalizaram a Igreja nos seus filhos mais indefesos... Com palavras do Apocalipse, digo-vos que «vindes da grande tribulação» (cf. 7, 14). Acompanho-vos neste período de sofrimento e dificuldade; e também agradeço a Deus pelo serviço que realizais acompanhando o povo de Deus. Com o fim de vos ajudar a prosseguir no caminho da fidelidade a Jesus Cristo, deixai-me fazer duas breves reflexões. 

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

"Se impedimos uma pessoa de fazer objeção de consciência, negamos-lhe um direito", advertiu o Papa.


No voo de regresso a Roma, após quase nove dias de visita a Cuba e Estados Unidos, o Papa Francisco concedeu uma longa entrevista aos jornalistas. O Pontífice respondeu a 11 perguntas, durante mais de 45 minutos.

Casamento homossexual

Sobre a reforma da saúde, promovida pelo presidente norte-americano Barack Obama, que poderia obrigar instituições católicas a práticas contrárias às suas convicções sobre o aborto e o planejamento familiar, bem como sobre os casos de funcionários que se recusaram a celebrar casamentos entre pessoas do mesmo sexo, Francisco afirmou:

“A objeção de consciência é um direito. Se impedimos uma pessoa de fazer objeção de consciência, negamos-lhe um direito”, advertiu, sublinhando que isso se aplica também aos trabalhadores de qualquer Governo.

Historicamente, disse ainda, esse direito foi negado a fiéis de outras religiões que eram obrigados a escolher entre a “espada” ou o “batismo”.

Casais de segunda união

Francisco comentou sobre um dos temas mais mediatizados do próximo Sínodo sobre as Famílias: a situação dos católicos em segunda união. Segundo ele, seria simplista dizer que a solução, para estas pessoas, é a possibilidade de comungar. “Não é a única solução”, alertou.

O Pontífice enfatizou que, além destas situações, há um conjunto de novas questões, como a dos jovens que não se querem casar ou o tema da “maturidade afetiva”. “Para ordenar um padre há uma preparação de oito anos, mas para casar-se por toda a vida fazem quatro encontros de preparação matrimonial”, exemplificou.

Nulidade matrimonial

Sobre a recente notícia sobre a simplificação dos processos de nulidade matrimonial, o Santo Padre explicou que a decisão é diferente de um “divórcio católico” e destacou que a “indissolubilidade” será sempre a doutrina da Igreja.

“O divórcio católico não existe, a nulidade é reconhecida se não houve matrimônio, mas se houve, é indissolúvel. (…) Na reforma dos processos de nulidade matrimonial, fechei a porta à via administrativa, através da qual podia entrar o divórcio”, acrescentou.

Francisco explicou que a reforma jurídica visa agilizar os processos, eliminando a necessidade de uma “dupla sentença”, mas a doutrina continua a ser a do matrimônio como Sacramento “indissolúvel”. “Isto é algo que a Igreja não pode mudar, é doutrina, é um Sacramento indissolúvel. O processo judicial serve para provar que aquilo que parecia um sacramento não era sacramento”.

A este respeito, deu o exemplo dos casamentos “à pressa”, quando a noiva estava grávida, para “salvar as aparências”. “Alguns deles correram bem, mas não há liberdade”, observou.