Toda a
liturgia de hoje está permeada de uma palavra maravilhosa: palavra. Palavra que
desceu dos céus quando um profundo silêncio e quando a noite envolvia tudo
(antífona de entrada). Palavra que colocou a sua tenda aqui embaixo e se
encarnou em Cristo (1 leitura e evangelho). Palavra que é Deus, é Vida, é Luz.
Palavra que, aproximando-se de nós, elege-nos para sermos santos e
imaculados na sua presença (2 leitura).
Textos:
Eclo. 24, 1-4.12-16; Ef 1, 3-6.15-18; Jo 1, 1-18
Pontos da
ideia principal:
Em primeiro
lugar, o nosso Deus é um Deus que nos fala. Os homens e mulheres desejaram
que os deuses lhes dirigissem uma palavra. O salmo faz notar que os ídolos dos
pagãos “têm boca e não falam, têm olhos e não veem, têm orelhas e não ouvem,
têm nariz e não sentem o cheiro, tem mãos e não tocam, têm pés e não andam, não
têm voz nem garganta” (Sal 115, 5-7). Pelo contrário, o profeta Baruc proclama
a sorte de Israel que tem um Deus que se comunica com os seus fiéis: “Felizes
somos, Israel, pois o que agrada que ao Senhor se nos foi revelado” (cf. Bar
4,4). Deus nos falou por etapas. Primeiro, por meio da natureza, na obra
maravilhosa da criação. Depois, falou-nos por meio dos profetas. E finalmente,
falou-nos por meio do seu Filho (cf. Heb 1, 1-4). E nos fala porque quer entrar
em comunicação conosco, as suas criaturas e os seus filhos prediletos, e assim
participar do seu amor e dos seus sonhos. Deus não é um Deus mudo. Deus se fez
Palavra e pede uns ouvidos interiores para escutá-la, um coração para interiorizá-la
e remoê-la dentro de nós, como fez Maria, e uma vontade para colocar em prática
o que essa Palavra me pede, sugere-me ou me exige para meu bem.
Em segundo
lugar, Jesus é a Palavra eterna de Deus, que se fez som para puséssemos
atenção e se fez imagem para o víssemos entre nós. Jesus é a revelação de Deus
Amor ao homem. Mas é também a revelação de Deus sobre o homem mesmo. Olhando
para Ele aprenderemos o que somos e a que dignidade estamos chamados: “A ser
santos e irrepreensíveis diante dos seus olhos” (2 leitura). Esta Palavra que e
Jesus se oferece a nós, não è imposta. Por isso alguns não a receberam,
fecharam as portas da sua casa quando veio a este mundo. “Não havia lugar para
Ele”. Ignorar a Palavra de Deus feita carne não nos faz mais inteligentes e
livres, mas mais cegos e escravos, mais desumanos. E cairemos no que disse o
Papa Francisco na sua viagem aos Estados Unidos: na cultura da exclusão, do
descarte, da destruição... e privaremos os nossos irmãos das três T que o Papa
mencionou: teto, trabalho, terra. Esta Palavra encarnada “continua batendo as
nossas portas, a nossa vida. Não faz isso magicamente, não faz isso com por
arte de mágica, com cartais luminosos ou fogos artificiais. Jesus continua
batendo a nossa porta no rosto humano, no rosto do vizinho, no rosto de quem
está do nosso lado” (Papa Francisco aos sem teto na paróquia de São Patrício,
Washington, 24 de setembro de 2015). Mas quando escutamos esta Palavra existem
famílias reunidas ao redro dessa Palavra, diálogo, inclusão, paz e
reconciliação duradoura, autêntica liberdade, respeito do irmão- pobre, ancião,
jovem, criança- e do ambiente.