terça-feira, 2 de fevereiro de 2016
Nossa Senhora dos Navegantes
Nossa Senhora dos Navegantes passa a receber muitos pedidos de intercessão na Idade Média, na época das Cruzadas, quando os portugueses e espanhóis cruzavam o mar Mediterrâneo rumo à Palestina para protegerem os lugares sagrados dos infiéis. Nesta devoção Maria é chamada também de Estrela do Mar, aquela que protege os navegantes mostrando-lhes sempre o melhor caminho e um porto seguro para a chegada. Antes das travessias os navegantes participavam da Santa Missa pedindo proteção a Nossa Senhora dos Navegantes, para poderem ter mais coragem de enfrentar o mar e suas tempestades com aqueles pequenos barcos. É a padroeira dos navegantes e dos viajantes.
Quando os Portugueses e Espanhóis deram início às grandes navegações, aos descobrimentos de novas rotas e novas terras pelo mundo, a devoção a Senhora dos Navegantes, Estrela do Mar, começou a ser difundida e nunca mais parou.
As invocações a Nossa Senhora eram gravadas no próprio casco dos barcos. Quase todos os barcos traziam uma imagem de Nossa Senhora dos Navegantes entalhada na proa dos barcos, com uma lâmpada de fogo, que os marujos nunca deixavam se apagar.
Quando os primeiros colonizadores portugueses chegaram ao Brasil, com eles também desembarcou a devoção a Nossa Senhora dos Mares, da Boa Viagem, a Estrela do Mar, a Nossa Senhora dos Navegantes. Pescadores simples e valentes, sempre faziam as orações a Nossa Senhora dos Navegantes antes de irem para o mar buscar o sustento para a família e o trabalho para sobreviverem.
Prova disso é que a grande maioria das Igrejas e Capelas dedicadas a Nossa Senhora dos Navegantes estão situadas no litoral do Brasil. Em Fortaleza, Ceará, Penedo em Alagoas, Porto Alegre no Rio Grande do Sul, em Santos e Cananéia no litoral de São Paulo. Em Santa Catarina são varias cidades que mantém a devoção com Igrejas ou capelas dedicadas a Senhora dos Navegantes.
No balneário Arroio do Silva, balneário Barra do Sul, as cidades de Laguna, Mondai, Bombinhas e a principal, a cidade de Navegantes. Esta já tinha uma capela dedicada à Santa em 1896. No ano de 1996 o então Bispo Auxiliar de Florianópolis, (hoje Arcebispo Metropolitano da Arquidiocese de Salvador e primaz do Brasil), Dom MURILO KRIEGER, fez a dedicação do altar da Igreja.
Por isso, ela foi elevada a Santuário Arquidiocesano, sob a invocação de SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DOS NAVEGANTES. Em todos esses lugares, a festa de Nossa Senhora dos Navegantes é celebrada no começo do fevereiro, com Missas e grandes procissões de barcos, no mar ou nos rios. A imagem de Nossa Senhora dos Navegantes é representada por Maria em pé dentro de um barco segurando o Menino Jesus no colo.
Ó Nossa Senhora dos Navegantes, Mãe de Deus, criador do céu, da terra, dos rios, lagos e mares, protegei-me em todas as minhas viagens. Que ventos, tempestades, borrascas, raios e ressacas não perturbem a minha embarcação e que monstro nenhum, nem incidentes imprevistos causem alteração e atraso à minha viagem nem me desviem da rota traçada. Virgem Maria, Senhora dos Navegantes, minha vida é travessia de um mar furioso. As tentações, os fracassos e as desilusões são ondas impetuosas que ameaçam afundar minha frágil embarcação no abismo do desânimo e do desespero. Nossa Senhora dos Navegantes, nas horas de perigo eu penso em vós e o medo desaparece, o ânimo e a disposição de lutar e de vencer tornam a me fortalecer. Com a vossa proteção e a benção de vosso Filho, a embarcação da minha vida há de ancorar segura e tranquila no porto da eternidade. Nossa Senhora dos Navegantes, rogai por nós. Amém.
Saiba mais: Nossa Senhora não é Iemanjá.
Todos corruptos?
Passou quase despercebida na época, a indicação
feita pelo Papa João Paulo II, de um padroeiro para os políticos. O escolhido
foi S. Tomás Morus, santo inglês nascido em 1477, contemporâneo portanto,
dos albores do mundo moderno em ascensão, com a emergência dos Estados
nacionais e as grandes descobertas.
Tomás Morus foi advogado de formação humanista, pai
de família, membro do parlamento, desempenhou várias missões diplomáticas.
Conseguiu conciliar sua vida cristã autêntica, com carreira política bastante
ativa. Levantava-se bem cedo para rezar, antes de ir para o tribunal. Foi
nomeado pelo rei Henrique VIII, membro do conselho secreto, posteriormente
chanceler do Reino, em 1529, o mais importante cargo de governo abaixo do
rei. Sempre gentil, bem humorado, não deixou de se preocupar, estando no
governo, com a justiça social e a ética.
Sua obra famosa A Utopia, editada em
1516, descreve um Estado imaginário, sem propriedade privada nem dinheiro, um
Estado preocupado com a felicidade coletiva, ou seja: o bem comum. “Com efeito,
ser o único a viver em prazeres e delícias, tendo ao redor pessoas que gemem e
se lamentam, não é ser rei, é ser um guarda de prisão”, ele escreve no Livro Iº
desta obra, ao falar do bom governo e da justiça social.
Qual foi o segredo deste político bem sucedido que
não cedeu à corrupção? Segundo ele mesmo, foi a fidelidade à sua consciência.
Um filme famoso sobre sua vida se intitula a propósito: “O homem que não vendeu
sua alma”. Mesmo sendo amigo do rei, não cedeu ao Act of Supremacy, de 1534 que
colocava o rei como chefe supremo da Igreja da Inglaterra, após ter rompido com
o papa. O papa negara ao rei seu primeiro divórcio, deste divórcio se seguiram
outros tantos, além rainhas por ele executadas, como se sabe.
Apresentação do Senhor
Esta festa já era celebrada em Jerusalém, no século IV. Chamava-se festa do encontro, hypapántè , em grego. Em 534, a festa estendeu-se a Constantinopla e, no tempo do Papa Sérgio, chegou a Roma e ao Ocidente. Em Roma, a festa incluía uma procissão até à Basílica de S. Maria Maior. No século X, começaram a benzer-se as velas.
José e Maria levam o Menino Jesus ao templo, oferecendo-o ao Pai. Como toda a oferta implica renúncia, a Apresentação do Senhor é já o começo do mistério do sofrimento redentor de Jesus, que atingirá o seu ponto culminante no Calvário. Maria e José unem-se à oferta do seu divino Filho estando a seu lado e colaborando, cada um a seu modo, na obra da Redenção.
Os pais de Jesus, de acordo com a lei mosaica, 40 dias depois do nascimento do primeiro filho, foram ao Templo de Jerusalém para oferecer o primogénito ao Senhor e para a mãe ser purificada. Mas este rito não foi exatamente igual aos outros. Nos ritos comuns, eram os pais que apresentavam os filhos a Deus em sinal de oferta e de pertença; neste rito é Deus que apresenta o seu Filho aos homens. Fá-lo pela boca do velho Simeão e da profetisa Ana. Simeão apresenta-O ao mundo como salvação para todos os povos, como luz que iluminará as gentes, mas também como sinal de contradição; como Aquele que revelará os pensamentos dos corações.
O encontro de Jesus com Simeão e Ana no Templo de Jerusalém é símbolo de uma realidade maior e universal: a Humanidade encontra o seu Senhor na Igreja. Malaquias preanunciava este encontro: «Eis que Eu vou enviar o meu mensageiro, a fim de que ele prepare o caminho à minha frente. E imediatamente entrará no seu santuário o Senhor, que vós procurais». No Templo, Simeão reconheceu Jesus como o Messias esperado e proclamou-o salvador e luz do mundo. Compreendeu que, doravante, o destino de cada homem se decidia pela atitude assumida perante Ele; Jesus será ruína ou salvação. Como dirá João Baptista: Ele tem na mão a joeira para separar o trigo bom da palha (cf. Mt 3, 12).
É o que acontece, a outra escala, também hoje: no novo templo de Deus que é a Igreja, os homens «encontram» Cristo, aprendem a conhecê-lo, recebem-no na Eucaristia, como Simeão o recebeu nos braços; a sua palavra torna-se, aí, para eles, luz e o seu corpo força e alimento. É a experiência que fazemos, sempre que vamos à missa. A comunhão é um verdadeiro encontro entre Deus e nós. Hoje, essa experiência é acentuada pelo simbolismo da festa: a procissão com que entramos na igreja com o sacerdote, levando a vela acesa e cantando, era, sinal deste ir ao encontro de Jesus que nos chama no interior da sua igreja, na esperança de irmos ao seu encontro um dia no Hypapante eterno, quando formos nós a ser apresentados por Ele ao Pai.
A Candelária é festa de luz. A luz da fé não nos foi dada apenas para iluminar o nosso caminho, desinteressando-nos dos outros… A luz da fé também não é para ter acesa apenas na igreja, ou em certos momentos, mas em todos os momentos e situações da nossa vida… A nossa fé há de ser luz que ilumina, fogo que aquece… É luz e fogo quem é compreensivo e bom com todos… quem sabe apoiar os pequenos esforços… os pequenos progressos… quem tem palavras de amizade, de estímulo, de apoio… quem sabe dizer uma boa palavra, dar uma ajuda… O amor cristão tem a sua origem em Deus que nos amou e nos enviou o seu Filho com quem nos encontramos em vários momentos da nossa vida, particularmente quando celebramos a Eucaristia. Esse é o nosso encontro, enquanto esperamos o encontro definitivo no Céu.
ORAÇÃO:
Ó Jesus, eis-me aqui para fazer a vossa vontade. Quero estar atento e ouvir as vossas ordens, os vossos desejos, que me chegam através da vossa Palavra, das orientações dos vossos representantes na terra, dos acontecimentos da minha vida e da vida dos meus irmãos. Uno-me à oblação generosa do vosso divino Coração. Que quereis que vos faça? Dizei-mo, pelos meus pastores, pelas vossas inspirações, pela vossa providência. Falai, Senhor, que o vosso servo escuta. Iluminai-me com a vossa luz divina e refleti-la-ei nos meus irmãos. Amém.
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016
Pedagogia Litúrgica para o mês de Fevereiro de 2016
A misericórdia no Tempo Quaresmal
Neste mês de fevereiro, a Liturgia
conclui a primeira parte do Tempo Comum num contexto tipicamente vocacional, a
partir da experiência mística e espiritual de quem escuta e acolhe a Palavra de
Deus. A resposta vocacional de Isaias (1L) e dos Apóstolos (E) não acontece
unicamente na esfera da experiência emocional, mas principalmente pela
experiência mística da transcendência divina. Ao contemplar a glória divina,
Isaias e os Apóstolos se prontificam ao seguimento e à missão. Por isso, a
proposta celebrativa para o 5º Domingo do Tempo Comum - C desenvolve-se num
contexto vocacional, com destaque para o chamado ao discipulado a partir da
escuta e do acolhimento da Palavra. Só quem ouve e acolhe a Palavra é capaz de
se dispor ao seguimento, no discipulado e, igualmente ao envio missionário.
Quaresma no contexto do Ano Santo da
Misericórdia
Concluída a primeira parte do Tempo
Comum, a Liturgia conduz os celebrantes para o seu grande retiro anual, que é a
Quaresma. E, como não poderia deixar de ser, a Quaresma deste ano
é iluminada pela luz da misericórdia divina. Uma luz que ilumina a vida
pessoal, para que sejamos misericordiosos como o Pai é misericordioso (Lc
6.36). O motivo de uma Quaresma iluminada pela misericórdia situa-se no
contexto do Ano Santo da Misericórdia. Por isso, se a natureza da Quaresma tem
um caráter, em si, misericordioso, o tem com mais intensidade neste tempo tão
rico devido ao Ano Santo da Misericórdia.
É justo que vivamos esta Quaresma
meditando e refletindo de modo mais profundo a misericórdia divina, para que
também nós possamos ser misericordiosos, como o Pai é misericordioso. Por isso,
a proposta celebrativa do 1º Domingo da Quaresma - C, pretende incentivar os
celebrantes a crescerem na misericórdia, não só como sentimento, de quem tem dó
e pena dos sofredores — embora isso seja louvável — mas como atitude de quem
vence as tentações do comodismo e da “mundanização” para crescer na solidariedade,
no serviço fraterno e na confiança em Deus.
Palavra de Vida: “Qual mãe que consola os filhos, assim vou dar-vos meu consolo.” (Is 66,13).
Quem nunca viu uma criança chorar e lançar-se nos
braços da mãe? Qualquer que seja a razão da preocupação, grande ou
pequena, a mãe enxuga suas lágrimas, cobre-a de carinhos e pouco depois a
criança volta a sorrir. Basta-lhe sentir a presença e o afeto da mãe. É isso
que Deus faz conosco, comparando-se Ele mesmo a uma mãe.
É com essas palavras que Deus se dirige ao seu povo
que retorna do exílio da Babilônia. Depois de ver destruídas suas próprias
casas e arrasado o Templo, depois de ter sido deportado para uma terra
estranha onde teve de amargar desilusões e desconforto, o povo volta à
própria pátria, tendo de recomeçar tudo a partir das ruínas da destruição
sofrida.
A tragédia vivida por Israel é a mesma que se
repete ainda hoje para tantos povos em guerra, vítimas de atos terroristas
ou de exploração desumana. Casas e ruas devastadas, marcos simbólicos da
própria identidade arrasados, bens depredados, lugares de culto destruídos.
Quantas pessoas sequestradas, milhões de fugitivos,
milhares que encontram a morte nos desertos ou pelas rotas do mar. Parece
um apocalipse.
Essa Palavra de Vida é um convite a acreditar na
ação amorosa de Deus, mesmo lá onde não se percebe a sua presença. É um
anúncio de esperança. Ele está ao lado de quem sofre perseguições,
injustiças, exílio. Está conosco, com a nossa família, com o nosso povo. Ele conhece
a nossa dor pessoal e a dor de toda a humanidade. Ele se fez um de nós, até o
ponto de morrer na cruz. Por isso Ele sabe compreender-nos e consolar-nos.
Exatamente como uma mãe que toma a criança ao colo e a consola.
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