terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Padre Lombardi deixa a direção geral da Rádio Vaticano, após 25 anos


Troca de guarda na Rádio Vaticano: depois de 25 anos de serviço, o padre Federico Lombardi deixa a direção geral, conforme anúncio feito pela Secretaria de Comunicação da Santa Sé. Não é especificada nenhuma data, mas fontes internas apontam o próximo dia 29 de fevereiro.

O padre Lombardi, que permanecerá como diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, foi nomeado diretor dos programas da rádio em 15 de janeiro de 1991; em 2005, passou a ser o diretor geral da emissora, dando continuidade à longa tradição de jesuítas no comando da Rádio Vaticano – desde a sua fundação, há 84 anos, por desejo de Pio XI, que a lançou com a mensagem radiofônica “Qui arcano Dei” em 12 de fevereiro de 1931, a rádio foi confiada à Companhia de Jesus.

O fim da direção do padre Lombardi encerra uma era, levado a rádio do papa para o comando da Secretaria de Comunicação, da qual dom Dario Edoardo Viganò é o prefeito.

Junto com o jesuíta, expira também o mandato de Alberto Gasbarri como diretor administrativo – ele se aposentou, além disso, do cargo de organizador das viagens papais. No lugar dos dois, informa a nota da mesma Secretaria para a Comunicação, não serão nomeadas “análogas figuras dirigentes”, mas um representante legal e um gerente do escritório administrativo.

Quem assume por agora é Giacomo Ghisani, atualmente diretor adjunto da direção geral da Secretaria de Comunicações e “grande conhecedor” da realidade da rádio, onde trabalhou durante muitos anos como chefe do departamento jurídico e de relações internacionais.

A equipe responderá a Ghisani nas questões administrativas. Quanto às atividades editoriais e à situação das diversas redações linguísticas, a referência será o padre Andrzej Majewski, polonês, atual diretor dos programas. No tocante aos aspectos tecnológicos, incluindo compras e projetos de desenvolvimento, a responsabilidade passa a ser do engenheiro Sandro Piervenanzi. 

A paixão de todo o corpo de Cristo


Senhor, eu clamo por vós, socorrei-me sem demora (Sl 140,1). Isto todos nós podemos dizer. Não sou eu que digo, é o Cristo total que diz. Contudo, estas palavras foram ditas especialmente em nome do Corpo, porque, quando Cristo estava neste mundo, orou como homem; orou ao Pai em nome do Corpo; e enquanto orava, gotas de sangue caíram de todo o seu corpo. Assim está escrito no Evangelho: Jesus rezava com mais insistência e seu suor tornou-se como gotas de sangue (Lc 22,44). Que significa este derramamento de sangue de todo o seu corpo, senão a paixão dos mártires de toda a Igreja?

Senhor, eu clamo por vós, socorrei-me sem demora. Quando eu grito, escutai minha voz! (Sl 140,1). Julgavas ter acabado de vez o teu clamor ao dizer: eu clamo por vós. Clamaste, mas não julgues que já estejas em segurança. Se findou a tribulação, findou também o clamor; mas se a tribulação da Igreja e do Corpo de Cristo continua até o fim dos tempos, não só devemos dizer: eu clamo por vós, socorrei-me sem demora; mas: Quando eu grito, escutai minha voz! Minha oração suba a vós como incenso, e minhas mãos, como oferta da tarde (Sl 140,2).

Todo cristão sabe que esta expressão continua a ser atribuída à própria Cabeça. Porque, na verdade, foi ao cair da tarde daquele dia, que o Senhor, voluntariamente, entregou na cruz sua vida, para retomá-la em seguida. Também aqui estávamos representados. Com efeito, o que estava suspenso na cruz foi o que ele assumiu da nossa natureza. Como seria possível que o Pai rejeitasse e abandonasse algum momento seu Filho Unigênito, sendo ambos um só Deus? Contudo, cravando nossa frágil natureza na cruz, onde o nosso homem velho, como diz o Apóstolo, foi crucificado com Cristo (Rm 6,6), clamou com a voz da nossa humanidade: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste? (Sl 21,2).

Eis, portanto, o verdadeiro sacrifício vespertino: a paixão do Senhor, a cruz do Senhor, a oblação da vítima salvadora, o holocausto agradável a Deus. Esse sacrifício vespertino, ele o converteu, por sua ressurreição, em oferenda da manhã. Assim, a oração que se eleva, com toda pureza, de um coração fiel, é como o incenso que sobe do altar sagrado. Não há aroma mais agradável a Deus: possam todos os fiéis oferecê-lo ao Senhor.

Por isso, o nosso homem velho – são palavras do Apóstolo – foi crucificado com Cristo, para que seja destruído o corpo do pecado, de maneira a não mais servirmos ao pecado (Rm 6,6).


Dos Comentários sobre os Salmos, de Santo Agostinho, bispo

(Ps 140,4-6:CCL 40,2028-2029)            (Séc.V)

Por que o papa veste branco?


Ele não quer renunciar ao hábito branco. Nem mesmo agora, que acaba de ser eleito papa. Michele Ghislieri, cujo nome de batismo era Antonio antes da profissão religiosa como frade dominicano, se tornou o 224º sucessor de São Pedro e adotou o nome de Pio V. Estamos em 1566. Pio V decide que o branco da veste escolhida por São Domingos de Gusmão para a Ordem dos Pregadores será também a cor da veste dos papas.

Pelo menos é o que diz uma tradição. Na verdade, São Pio V simplesmente continuou usando o hábito branco da sua ordem sob as vestes papais como sinal não só de afeto pela sua família religiosa, mas também como sinal de humildade: apesar da autoridade de que o recobriam as vestes papais, ele ainda continuava sendo um humilde frade.


Outra tradição, bastante difundida no século XVIII e relatada por Filippo Bonanni em sua obra “A Sagrada Hierarquia explicada em seus hábitos civis e eclesiásticos” (Roma, 1720), diz que o uso da veste branca pelos papas deriva do aparecimento de uma pomba branca no momento do martírio de São Fabiano (L’Osservatore Romano, 14 de julho de 2010).

Independentemente das lendas e tradições, o uso da veste branca pelos pontífices é muito antigo: o mesmo Bonanni menciona o seu uso pelo papa Vítor III, eleito em 1086.

O tratado de liturgia “Rationale divinorum officiorum“, que Guglielmo Durando escreveu por volta de 1286, traz a interpretação considerada mais completa da cor das vestes papais: o branco remete à pureza e à santidade de vida, enquanto o vermelho simboliza o sacrifício e o Sangue de Cristo derramado por nós.

O primeiro cerimonial pontifício que aborda sistematicamente as vestes do papa é o redigido por Gregório X entre 1272 e 1273, ao passo que a codificação precisa faz parte do cerimonial escrito por Agostino Patrizi- Piccolomini e Giovanni Burcardo no final do século XV. Este último cerimonial dispõe que o papa recém-eleito, vestido de branco, deve receber o manto pontifício vermelho do cardeal prior dos diáconos, mantendo a estola de acordo com a sua ordem de pertença (ou sem estola, caso o eleito não tenha nem mesmo a ordem diaconal). Assim revestido, com a mitra na cabeça e sentado ao trono pontifício no mesmo lugar da sua eleição, o novo papa deve receber, segundo este cerimonial, a promessa de obediência dos cardeais (L’Osservatore Romano, 14 de julho de 2010). Com algumas diferenciações pontuais (o papa Francisco, por exemplo, não se sentou ao trono, mas recebeu em pé a homenagem dos cardeais), esse rito foi preservado até tempos recentes. 

São Policarpo


O Santo deste dia é um dos grandes Padres Apostólicos, ou seja, pertencia ao número daquele que conviveram com os primeiros apóstolos e serviram de elo entre a Igreja primitiva e a Igreja do mundo greco-romano. São Policarpo foi sagrado bispo de Esmirna pelo próprio São João, o Evangelista.

Muito reverenciando pelos cristãos como um líder que estes o escolheram para representar o Papa Aniceto na questão da data da celebração da Páscoa.

A carta escrita por Policarpo aos Filipenses foi preservada. Nesta carta ele diz:

“Fique firme e na sua conduta siga o exemplo do Senhor, firme e imutável em sua fé, ame seu irmão, amando a cada um e a todos, unidos na verdade e ajudando a cada um com a bondade do Senhor Jesus , não desprezando a nenhum homem”.

De caráter reto, de alto saber e amor a Igreja, Policarpo era respeitado por todos no Oriente. Com a perseguição, o Santo bispo, de 86 anos escondeu-se até que preso foi dirigido ao governador que o obrigou a ofender a Cristo. Policarpo respondeu: "Há oitenta e seis anos sirvo a Cristo e nenhum mal tenho recebido dele. Como poderei rejeitar aquele a quem prestei culto e reconheço o meu Salvador".

Condenado no estádio da cidade, ele próprio subiu na fogueira e testemunhou para o povo: "Sede bendito para sempre, ó Senhor; que o vosso nome adorável seja glorificado por todos os séculos".

Milagrosamente, as chamas não o atingiam e não o machucavam e ele continuava a cantar hinos de louvor a Jesus. Impressionado com o acontecimento, os guardas chamaram um arqueiro para que ele perfurasse o santo com uma flecha. Ao ser atingido o seu sangue apagou as chamas. Os guardas tentaram de novo acender a pira mas sem sucesso. O procônsul encarregado do martírio, furioso ordenou que fosse decapitado com uma adaga.
São Policarpo morreu por amor a Deus em 155.

É invocado como protetor das dores de ouvido e das queimaduras.


Deus eterno e todo-poderoso, que a vossos pastores associastes São Policarpo, a quem destes a graça de lutar pela justiça até a morte, concedei-nos, por sua intercessão, suportar por vosso amor as adversidades, e correr ao encontro de vós que sois a nossa vida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Romaria do Terço dos Homens reúne mais de 50 mil peregrinos em Aparecida (SP)


Mais de 50 mil homens de todo o Brasil participaram da VIII Romaria Nacional do Terço dos Homens, que aconteceu nos dias 19 e 20, no Santuário de Aparecida (SP). O número impressionou e levou o Bispo auxiliar de Aparecida, Dom Darci José Nicioli a brincar: “A casa ficou pequena... Acho que teremos que construir uma nova Basílica”.

Neste ano, a romaria teve como tema “Compromisso com o Evangelho – Ação e Fé” e contou com a presença do Arcebispo de Juiz de Fora (MG) e referencial no Brasil para o Terço dos Homens, Dom Gil Antônio Moreira.

O Prelado presidiu a Santa Missa no sábado, 20, e demonstrou sua alegria por ver reunido na Casa da Mãe Aparecida mais de “50 mil terços”.

De acordo com o portal A12, Dom Gil destacou a “rezar o terço e rezar o rosário é viver o Evangelho”. Ele lembrou que “a oração do Rosário é uma contemplação dos mistérios do Evangelho, para meditar na companhia de Maria, a luz do seu olhar, ao som da sua voz, sobre a vida de Cristo e sobre o mistério de Cristo expressos no evangelho”.

O Arcebispo de Juiz de Fora, então, questionou os homens presentes se “sabem qual é a sua missão e a sua força” e explicou que “é levar no coração o amor de Deus para espalhar para os outros”.

Dom Gil observou ainda como o terço dos homens vem crescendo nos últimos anos. “Eu estou feliz neste ano, nessa oitava romaria, pois estou vendo crescer não só os números, mas o fervor dos nossos homens”, expressou.

Segundo ele, também é crescente “o número de padres, nomeados pelos bispos, que estão atuantes, assumindo, acolhendo e divulgando o valor evangelizador do terço dos homens”.

“Padres, incentivem, não percam essa força evangelizadora que se chama terço dos homens”, exortou.

Ao fim da celebração, o Bispo auxiliar de Aparecida, Dom Darci José Nicioli deu uma missão aos participantes da romaria, ao retornarem para suas casas: “convidar mais um para fazer parte do terço e assim a nossa romaria será cada vez mais festiva”.

“Perseverem nesse instrumento que é o terço, perseverem na oração, pois quem reza se salva, quem reza vence, quem não reza é vencido”, acrescentou. 

Amor sem cruz nunca será amor


Há poucos dias em conversa com um amigo ele me dizia: “Até hoje na minha vida o amor só foi sofrimento”. É um jovem adulto que vive a experiência de não ser amado e compreendido em seus desejos e sentimentos e com isso sente fortemente o desejo de amar, porém não encontra o espaço que dê a segurança de um verdadeiro amor.

Essa situação acaba sendo um drama, que repercute em dores físicas e psicológicas. A capacidade de amar se transforma em sofrimento. Eu tenho a certeza que só abraçando a dor, amando a própria cruz é que se passa da dor ao amor.

A dor, a cruz não é o fim e sim meio, passagem para poder amar de verdade. Na medida em que se assume a perda, a ausência, a incompreensão, a solidão, a traição, o desentendimento, enfim as contrariedades doídas da vida, se passa imediatamente ao amor. Permanecendo na cruz nunca haverá ressurreição.

Essa experiência de abandono, do amor sofrido, recorda a própria experiência de Jesus que, na dor agonizante, suando sangue, grita: “Meu Deus porque me abandonastes. Porém, não se faça a minha e sim a tua vontade” (Mt 27,46). Não dá para fugir e muito menos fazer de conta. O mestre, assume mesmo sem entender. O que lhe espera não é o “Hosana, o Bendito que vem em nome do Senhor”, e sim o “crucifica-o”. Assume a dor doída até a morte. Vence porque foi até o fim. “Só quem passa pelo fogo da dor chega ao incêndio do amor”. Amor sem cruz nunca será amor. Em qualquer momento seremos surpreendidos pela alegria ou pela tristeza, em qualquer desses momentos, o importante é amar. 

Santa Margarida de Cortona


A Santa de hoje é uma grande testemunha de fé e santidade para todos nós. Santa Margarida de Cortona nasceu em 1247, em Alviano, na Itália. Órfã de mãe e tratada duramente pelo pai e pela madrasta, tornou-se uma linda jovem que conquistou o coração de um rico homem, com quem viveu amasiada por nove anos.

Aconteceu que o rico jovem foi assassinado. Graças a uma cachorrinha de estimação, que indicou o lugar do crime, Margarida pôde encontrar o corpo do amante, já em decomposição. Diante da visão da finitude humana, Margarida tomou consciência das futilidades de sua vida. Mudou-se para Cortona onde recebeu o sacramento da Reconciliação.

A partir da conversão, a vida de Margarida foi uma luta constante para a santidade através dos exercícios de penitência, ao ponto de fazer de uma pedra o seu travesseiro, o chão de cama e como alimento apenas pão e água. Aceitou viver três anos de retiro e penitência, entrando em seguida para a Ordem Terceira, onde levou uma vida de extrema austeridade.

Viveu da oração e sacrifício, isto mesmo na dor, provações e sofrimentos. Purificada e liberta do domínio dos erros, Santa Margarida de Cortona entrou no encontrou-se com Deus em 1297.  


Ó Deus, concedei-nos, pelas preces de Santa Margarida de Cortona, a quem destes perseverar na imitação de Cristo pobre e humilde, seguir a nossa vocação com fidelidade e chegar àquela perfeição que nos propusestes em vosso Filho. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

A Igreja de Cristo ergue-se na firmeza da fé do apóstolo Pedro


Dentre todos os homens do mundo, Pedro foi o único escolhido para estar à frente de todos os povos chamados à fé, de todos os apóstolos e de todos os padres da Igreja. Embora no povo de Deus haja muitos sacerdotes e pastores, na verdade, Pedro é o verdadeiro guia de todos aqueles que têm Cristo como chefe supremo. Deus dignou-se conceder a este homem, caríssimos filhos, uma grande e admirável participação no seu poder. E se ele quis que os outros chefes da Igreja tivessem com Pedro algo em comum, foi por intermédio do mesmo Pedro que isso lhes foi concedido.

A todos os apóstolos o Senhor pergunta qual a opinião que os homens têm a seu respeito; e a resposta de todos revela de modo unânime as hesitações da ignorância humana.

Mas, quando procura saber o pensamento dos discípulos, o primeiro a reconhecer o Senhor é o primeiro na dignidade apostólica. Tendo ele dito: Tu és Cristo, o Filho do Deus vivo, Jesus lhe respondeu: Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu (Mt 16,16-17). Quer dizer, és feliz, porque o meu Pai te ensinou, e a opinião humana não te iludiu, mas a inspiração do céu te instruiu; não foi um ser humano que me revelou a ti, mas sim aquele de quem sou o Filho unigênito.

Por isso eu te digo, acrescentou, como o Pai te manifestou a minha divindade, também eu te revelo a tua dignidade: Tu és Pedro (Mt 16,18). Isto significa que eu sou a pedra inquebrantável, a pedra principal que de dois povos faço um só (cf. Ef 2,20.14), o fundamento sobre o qual ninguém pode colocar outro. Todavia, tu também és pedra, porque és solidário com a minha força. Desse modo, o poder, que me é próprio por prerrogativa pessoal, te será dado pela participação comigo.

E sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la (Mt 16,18). Sobre esta fortaleza, construirei um templo eterno. A minha Igreja destinada a elevar-se até ao céu deverá apoiar-se sobre a solidez da fé de Pedro.

O poder do inferno não impedirá esse testemunho, os grilhões da morte não o prenderão; porque essa palavra é palavra de vida. E assim como conduz aos céus os que a proclamam, também precipita no inferno os que a negam.

Por isso, foi dito a São Pedro: Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que desligares na terra, será desligado nos céus (Mt 16,19).

Na verdade, o direito de exercer esse poder passou também para os outros apóstolos, e o dispositivo desse decreto atingiu todos os príncipes da Igreja. Mas não é sem razão que é confiado a um só o que é comunicado a todos. O poder é dado a Pedro de modo singular, porque a sua dignidade é superior à de todos os que governam a Igreja.


Dos Sermões de São Leão Magno, papa

(Sermo 4 de Natali ipsius, 2-3: PL 54,149-151)    (Séc.V)