sábado, 5 de março de 2016

1ª Dor de Nossa Senhora: A Profecia de Simeão


Neste vale de lágrimas o homem nasce para chorar. Deve padecer e suportar os males que lhe sobrevêm cada dia. Entretanto, muito mais infeliz seria a vida se cada um soubesse os males futuros que o esperam. Desgraçadíssimo seria aquele a quem tocasse tal sorte, disse Sêneca. Usando de misericórdia conosco, oculta-nos o Senhor as cruzes vindouras. Quer que só uma vez as padeçamos, à hora e momento certos. Não usou entretanto da mesma compaixão com Maria. Destinara-A para ser a Rainha dos mártires e em tudo semelhante a Seu Filho. Devia por isso sofrer continuamente e ter sempre diante dos olhos as penas que A esperavam. E elas eram a Paixão e morte de Seu amado Filho. 

1. Nas palavras de Simeão reconhece Maria, os pormenores da Paixão de Jesus 

Eis que S. Simeão recebe em seus braços o Menino-Deus, e prediz a Maria que aquele Filho seria o objeto das contradições e perseguições dos homens. "Eis aqui está posto este Menino como alvo a que atirará a contradição: e uma espada de dor transpassará até a tua alma" (Lc 2, 34). 

Disse a Virgem a S. Matilde que a esse vaticínio se Lhe mudou toda alegria em tristeza. Efetivamente, como foi revelado a S. Teresa, a bendita Mãe sabia dos sacrifícios que Seu Filho devia fazer da vida para a salvação do mundo. Mas naquele momento, de um modo mais particular e distinto, conheceu as penas e a cruel morte, reservadas a Seu pobre Filho no futuro. Conheceu, então, que o havia de contradizer, e contradizer em tudo: em Sua doutrina, porque, em vez de nEle crerem, O haviam de condenar como blasfemador, por ter dado testemunho da divindade. Pois não disse o ímpio Caifás: Ele blasfemou contra Deus; é réu de morte? (Mt 26,65). Contradizê-lO na hora e na estima, porque, apesar de Sua nobre e real estirpe, O desprezaram como vilão: Porventura não é ele o Filho do carpinteiro? Não é sua mãe essa, que é chamada Maria? (Mt 63, 55). Sendo Ele a própria Sabedoria, foi tratado como ignorante: Como sabe este as letras, não tendo aprendido? (Jo 7, 15). Foi escarnecido como falso profeta: E vendavam-Lhe os olhos, davam-Lhe na face, O interrogavam, dizendo: Adivinha quem foi que te deu? (Lc 22,64). 

Chamavam-nO de louco. Muitos diziam: Perdeu o juízo; por que o estais ouvindo? (Jo 10, 20). Disseram-nO ébrio, glutão, amigo dos vinhos: Eis o homem, glutão, que bebe vinho e faz amizades com publicanos e pecadores (Lc 7, 34). 

Espalharam que era feiticeiro: É pelo príncipe dos demônios que ele expulsa demônios (Mt 10, 34);que era herege e endemoninhado: Não dizemos nós bem que tu és samaritano e que tens um demônio? (Jo 8, 48, 52). Em suma Jesus foi apontado por celerado tão notório, que nem se precisava processo para condená-lO. Pois não disseram os judeus a Pilatos: Se este não fosse malfeitor, não to entregaríamos! (Jo 18,30). Sofreu também contradição na alma. Até o Eterno Pai para satisfazer a justiça divina O contrariou, desatendendo-Lhe o pedido: "Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice" (Mt 26, 39). No excesso de Seu sofrimento, chegou a suar sangue. Contradisseram e perseguiram-nO, enfim, no corpo e na alma. Basta dizer que foi Ele martirizado em todos os Seus membros sagrados: nas mãos, nos pés, no rosto, na cabeça, em todo o corpo, e finalmente morreu consumido pelas dores, já sem sangue e coberto de opróbrios, sobre um madeiro infame.  

Casa infestada de demônios é demolida nos Estados Unidos


No estado de Indiana (Estados Unidos), foi demolida recentemente uma casa que tinha sido infestada por demônios e cujo caso foi centro de investigações por diferentes agências da polícia local desde maio de 2012.

Dois anos depois, em uma reportagem feita pelo jornal Daily Mail, relataram que a família que ocupou tal casa – Latoya Ammons e seus três filhos –, também foi exorcizada em três sessões pelo sacerdote católico Pe. Mike Maginot, autorizado pelo Bispo de Gary (Indiana), Dale Melczek. 

Na história recolhida pelo National Catholic Register, o sacerdote católico assegurou que as possessões demoníacas sofridas pelos menores ocorreram porque a mãe foi vítima de uma maldição satânica, “possivelmente de um ex-namorado”. Acrescentou que “anteriormente tinham praticado rituais satânicos nesta casa, os quais permitiram que fosse aberta uma porta ao inferno”.

A infestação da casa chamou a atenção da mídia internacional depois que policiais, agentes de serviço social e vizinhos deram testemunhos dos inexplicáveis fatos.

Por exemplo, detalharam acerca de acontecimentos estranhos como enxames de moscas negras atacando o pórtico durante o inverno, escutavam o barulho constante de passos na escada do porão e da cozinha quando ninguém estava ali ou viam levitar sobre uma cama, completamente inconsciente, um dos meninos da família.

Segundo o livro Summa Daemoniaca do sacerdote e teólogo especializado em demonologia, Pe. José Antonio Fortea, “a infestação é o fenômeno pelo qual um demônio possui um lugar. Quando o demônio possui um lugar, pode movimentar coisas a vontade ou provocar ruídos ou aromas”. 

Sirvamos a Cristo na pessoa dos pobres


Diz a Escritura: Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia (Mt 5,7). A misericórdia não é certamente a última das bem-aventuranças. Lemos também: Feliz de quem pensa no pobre e no fraco (Sl 40,2). E ainda: Feliz o homem caridoso e prestativo (Sl 111,5). E noutro lugar: O justo é generoso e dá esmola (Sl 36,26). Tornemo-nos dignos destas bênçãos, de sermos chamados misericordiosos e cheios de bondade.

Nem sequer a noite interrompa a tua prática da misericórdia. Não digas: “Vai e depois volta, amanhã te darei o que pedes”. Nada se deve interpor entre a tua resolução e o bem que vais fazer. Só a prática do bem não admite adiamento.

Reparte o teu pão com o faminto, acolhe em tua casa os pobres e peregrinos (Is 58,7), com alegria e presteza. Quem se dedica a obras de misericórdia, diz o Apóstolo, faça-o com alegria (Rm 12,8). Essa presteza e solicitude duplicarão a recompensa da tua dádiva. Mas o que é dado com tristeza e de má vontade não se torna agradável nem é digno.

Devemos alegrar-nos, e não entristecer-nos, quando prestamos algum benefício. Diz a Escritura: Se quebrares as cadeias injustas e desligares as amaras do jugo (Is 58,6), isto é, da avareza e das discriminações, das suspeitas e das murmurações, que acontecerá? A tua recompensa será grande e admirável! Então, brilhará tua luz como a aurora e tua saúde há de recuperar-se mais depressa (Is 58,8). E quem há que não deseje a luz e a saúde?

Por isso, se me julgais digno de alguma atenção, vós, servidores de Cristo, seus irmãos e co-herdeiros, em todas as ocasiões visitemos a Cristo, alimentemos a Cristo, tratemos as feridas de Cristo, vistamos a Cristo, acolhamos a Cristo, honremos a Cristo; não apenas oferecendo-lhe uma refeição, como fizeram alguns, não apenas ungindo-o com perfumes como Maria, não apenas dando-lhe o sepulcro como José de Arimateia, não apenas dando o necessário para o sepultamento como Nicodemos que dava a Cristo só uma parte do seu amor, nem, finalmente, oferecendo ouro, incenso e mira, como fizeram os magos, antes de todos esses. O Senhor do universo quer a misericórdia e não o sacrifício, e a compaixão tem muito maior valor que milhares de cordeiros gordos. Ofereçamos a misericórdia e a compaixão na pessoa dos pobres que hoje na terra são humilhados, de modo que, ao deixarmos este mundo, eles nos recebam nas moradas eternas, juntamente com o próprio Cristo nosso Senhor, a quem seja dada a glória pelos séculos dos séculos. Amém.


Dos Sermões de São Gregório de Nazianzo, bispo

(Oratio 14, De pauperum amore, 38.40:PG 35,907.910)            (Séc.VI)

Ele foi espancado até cair, mas sua única preocupação era proteger a Eucaristia


Este sacerdote foi espancado enquanto distribuía a comunhão, e dedicou todas as forças que lhe restavam a recolher as partículas eucarísticas que haviam caído no chão. O registro foi feito por um dos presentes na celebração, instantes após o ataque, na aldeia de Gangjeong.

O fato, que continua impactando as pessoas até hoje, ocorreu na ilha de Jeju (Coreia do Sul) em 8 de agosto de 2012, como então contou a agência UCAnews: o sacerdote Bartholomew Mun Jung-hyun estava celebrando uma missa às portas de uma polêmica base naval que o governo estava construindo na região, e que causaria um impacto ambiental muito negativo para as populações locais.

O padre celebrava uma missa para os cidadãos que protestavam contra a obra, e estava distribuindo a comunhão quando a polícia chegou e começou a espancar os presentes, incluindo o sacerdote, até fazê-lo cair no chão.

Bispo se pronuncia sobre vídeo de sacerdote consumindo cocaína


O Bispo de Dromore (Irlanda), Dom John McAreavey, se pronunciou a respeito do vídeo viral no qual um sacerdote de sua Diocese aparece consumindo cocaína.

As imagens, reproduzidas na mídia do mundo inteiro, teriam sido gravadas com um telefone móvel. As imagens mostram o sacerdote Stephen Crossan, que até início de 2015 trabalhava na paróquia de St. Patrick em Banbridge (Irlanda do Norte).

O presbítero de 37 anos havia pedido licença por sérios problemas de saúde e não exercia o ministério sacerdotal desde maio de 2015. As imagens foram registradas em julho de 2015 e no começo do mês de fevereiro – antes de que o jornal ‘The Sun’ divulgasse o vídeo – solicitou uma extensão de sua licença.

Em um comunicado, a Diocese explica que, “em maio de 2015, Stephen Crossan, presbítero da Diocese de Dromore, solicitou e lhe concederam licença de seus trabalhos pastorais na paróquia de St. Patrick por motivos de saúde".

Segundo fontes da Diocese, o sacerdote estava passando por um severo quadro de depressão.

“Desde então, se submeteu a um período de acompanhamento, enquanto toma uma decisão sobre seu próprio futuro”, indica o comunicado. 

São José da Cruz


São José da Cruz, nasceu na cidade de Ísquia, próximo de Nápoles, no ano de 1625. Foi batizado com o nome de Caetano. Era admirador de São Francisco de Assis, procurando encarnar em si o exemplo de vida evangélica do Pobrezinho de Assis, ingressando, portanto na Ordem dos franciscanos.

Fundou o primeiro convento da Ordem no ano de 1671 em Piemonte. Juntou pedras com suas próprias mãos, usou cal e madeira e com um enxadão fez os alicerces. Não tinha ninguém para ajudá-lo. O povo começou a achar que ele era louco mas logo percebeu que estava errado e começou a prestar-lhe ajuda, de forma que um grande convento foi edificado em poucos tempo.

Tornou-se mestre de noviços e depois provincial e geral da Ordem Franciscana. Levou vida austera, despojada de tudo. A mobília de seu quarto consistia em um crucifixo, numa imagem de Nossa Senhora, um livro de orações e um leito duríssimo, composto de dois pedaços de couro e uma coberta de lã. Possuía apenas um hábito de pano grosseiro, que usou por 65 anos, até sua morte.

São José da Cruz fugiu das dignidades eclesiásticas e levou uma vida eremítica para se exercitar unicamente na penitência e na oração. Era profundamente austero, comia pouco e só uma vez ao dia, dormi apoucas horas, levantando-se a meia noite para agradecer a Deus pelo novo dia.

São José da Cruz dedicou toda a sua vida aos pobres, socorrendo-os em suas necessidades. De todo Piemonte vinham ao Convento de Ávila numerosas pessoas que, se tivessem fé e merecimentos, eram curadas. Morreu no ano de 1737, com 84 anos de idade. Foi canonizado por Gregório XVI.  

ORAÇÃO


São José da Cruz, vós que edificastes com vossas próprias mãos uma obediência incontestável dá-nos este grande dom de dizer sempre "sim" à vontade de Deus, mesmo em meio às nossas dificuldades. Que vivamos toda nossa vida em conformidade aos desígnios de Nosso Senhor para que um dia possamos estar juntos num só único louvor a Quem que nos criou unicamente para sermos santos. Por Cristo nosso Senhor. Amém.

sexta-feira, 4 de março de 2016

Papa fala de "cegueira espiritual" e convida à conversão


HOMILIA
Celebração penitencial – “24 horas para o Senhor”

Basílica Vaticana
Sexta-feira, 4 de março de 2016

«Que eu veja de novo» (Mc 10, 51): este é o pedido que queremos fazer hoje ao Senhor. Ver de novo, depois de os nossos pecados nos terem feito perder de vista o bem e desviar da beleza da nossa vocação, levando-nos a vagar longe da meta.

Este trecho do Evangelho possui um grande valor simbólico e existencial, porque cada um de nós se encontra na situação de Bartimeu. A sua cegueira levara-o à pobreza e a viver na periferia da cidade, dependendo em tudo dos outros. Também o pecado tem este efeito: empobrece-nos e isola-nos. É uma cegueira do espírito que impede de ver o essencial, fixar o olhar no amor que dá a vida; e, aos poucos, leva a deter-se no que é superficial até deixar insensíveis aos outros e ao bem. Quantas tentações têm a força de anuviar a vista do coração e torná-lo míope! Como é fácil e errado crer que a vida dependa do que se possui, do sucesso ou do aplauso que se recebe; que a economia seja feita apenas de lucro e consumo; que as pretensões próprias devam prevalecer sobre a responsabilidade social! Olhando apenas para o nosso eu, tornamo-nos cegos, amortecidos e fechados em nós mesmos, sem alegria nem verdadeira liberdade.

Mas Jesus passa; passa, mas detém o passo: «parou», diz o Evangelho (v. 49). Então um frémito atravessa o coração, porque nos damos conta de ser contemplados pela Luz, por aquela Luz gentil que nos convida a não ficar fechados nas nossas cegueiras tenebrosas. A presença de Jesus perto de nós faz sentir que, longe d’Ele, falta-nos qualquer coisa importante: faz-nos sentir necessitados de salvação; e isto é o princípio da cura do coração. Depois, quando o desejo de ser curado ganha audácia, leva a rezar, a gritar, com força e insistência, por ajuda, como faz Bartimeu: «Jesus, Filho de David, tem misericórdia de mim!» (v. 47).

Infelizmente, há sempre alguém (o Evangelho fala de «muitos») que não quer parar, não quer ser incomodado por quem grita a sua aflição, preferindo mandar calar e repreender o pobre que chateia (cf. v. 48). É a tentação de prosseguir como se nada tivesse acontecido; mas, assim, afastamo-nos do Senhor e deixamos afastados de Jesus também os outros. Reconheçamos todos que somos mendigos do amor de Deus, e não deixemos escapar o Senhor que passa. «Timeo transeuntem Dominum – temo que o Senhor passe» (Santo Agostinho). Demos voz ao nosso desejo mais verdadeiro: «[Jesus], que eu veja de novo!» (v. 51). Este Jubileu da Misericórdia é tempo favorável para acolher a presença de Deus, experimentar o seu amor e voltar a Ele de todo o coração. Como Bartimeu, joguemos fora a capa e ponhamo-nos de pé (cf. v 50), ou seja, joguemos fora aquilo que nos impede de caminhar rapidamente para Ele, sem medo de deixar aquilo que nos dá segurança e a que estamos presos; não fiquemos sentados, ergamo-nos, recuperemos a nossa estatura espiritual, a dignidade de filhos amados que estão diante do Senhor para que Ele nos fixe nos olhos, nos perdoe e recrie. A palavra que, talvez, hoje chega ao nosso coração é a mesma da criação do homem: levante-te, Deus te criou em pé. Levanta-te! 

Terceira pregação da Quaresma 2016: "O Espírito Santo, principal agente de evangelização".


Terceira pregação da Quaresma

Anunciar a Palavra

O Espírito Santo, principal agente de evangelização


Hoje vamos continuar e concluir as nossas reflexões sobre a constituição Dei Verbum, ou seja, sobre a Palavra de Deus. Na última vez falei da “lectio divina”, ou seja, da leitura pessoal e edificante da Escritura. Seguindo o esquema delineado por São Tiago distinguimos três operações sucessivas: acolher a Palavra, meditar a Palavra, colocar em prática a Palavra.

Falta uma quarta operação a ser feita, sobre a qual queremos refletir hoje: anunciar a Palavra. A Dei Verbum fala brevemente do lugar privilegiado que a Palavra de Deus deve ter na pregação da Igreja (DV, nr. 24), mas não trata diretamente do anúncio, também porque sobre este argumento o Concílio dedica um documento a parte, a Ad gentes divinitus, sobre a atividade missinária da Igreja.

Depois deste texto conciliar, o discurso foi retomado e atualizado pelo Beato Paulo VI com a Evangelii nuntiandi, por São João Paulo II com a Redemptoris missio, e pelo Papa Francisco com a Evangelii gaudium. Do ponto de vista doutrinário e operacional, portanto, tudo foi dito, e ao mais alto nível do magistério. Seria insensato da minha parte achar que eu poderia acrescentar algo. O que é possível fazer, de acordo com a linha destas meditações, é destacar algum aspecto mais diretamente espiritual do problema. Para fazê-lo, começo com a frase, muitas vezes repetida, do Beato Paulo VI: “o Espírito Santo é o principal agente da evangelização[1]”.

O meio e a mensagem

Se eu quero espalhar uma notícia, o primeiro problema que se coloca é: com qual meio transmiti-la: através do jornal? através do rádio? através da televisão? O meio é tão importante que a ciência moderna das comunicações sociais cunhou o slogan: “O meio é a mensagem” ( “The medium is the message[2]”). Ora, qual é o meio primordial e natural com o qual se transmite uma palavra? É o sopro, a respiração, a voz que toma, por assim dizer, a palavra que se formou no segredo da minha mente e a leva ao ouvido do interlocutor. Todos os outros meios apenas potenciam e amplificam este meio primordial do sopro ou da voz. Também a escritura vem depois e supõe a viva-voz, uma vez que as letras do alfabeto só são sinais que indicam sons.

Também a Palavra de Deus segue esta lei. Ela é transmitida por meio de um sopro. E qual é, ou quem é, o sopro, ou ruah, de Deus, segundo a Bíblia? Nós sabemos: é o Espírito Santo! O meu sopro pode animar a palavra de um outro, ou o sopro de outro animar a minha palavra? Não. A minha palavra só pode ser pronunciada com o meu sopro e a palavra de outro com o seu sopro. Assim, de forma análoga, claro, a Palavra de Deus só pode ser animada pelo sopro de Deus que é o Espírito Santo.

Esta é uma verdade muito simples e quase óbvia, mas de imenso alcance. É a lei fundamental de todo anúncio e de toda evangelização. As notícias humanas se transmitem ou com viva-voz ou via rádio, jornal, internet, e assim por diante; a notícia divina, em quanto divina, é transmitida através do Espírito Santo. O Espírito Santo é o verdadeiro, essencial, meio de comunicação, sem o qual nada se percebe da mensagem, a não ser o revestimento humano. As palavras de Deus são “Espírito e vida” (cf. Jo 6, 63), e, portanto, só podem ser transmitidas ou acolhidas “no Espírito”.

Esta lei fundamental é a que vemos em ato, concretamente, na história da salvação. Jesus começou a pregar “com o poder do Espírito Santo (Lucas 4,14 ss) Ele próprio declarou: “O Espírito do Senhor está sobre mim… ele me consagrou com a unção, para levar aos pobres uma feliz mensagem”. (Lc 4, 18) Aparecendo aos apóstolos no Cenáculo na tarde de Páscoa, ele disse:” Como o Pai me enviou, também Eu vos envio. Dito isto, soprou sobre eles e disse: Recebei o Espírito Santo “(Jo 20, 21-22). Ao dar aos apóstolos o mandato de ir a todo o mundo, Jesus lhes deu também o meio para realiza-lo – o Espírito Santo – e deu-o, de forma significativa, no sinal do sopro, da respiração.

De acordo com Marcos e Mateus, a última palavra que Jesus disse aos apóstolos antes de subir ao céu foi “Ide!”: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16,15; Mt 28, 19) . De acordo com Lucas, o comando final de Jesus parece ser o oposto: Fiquem! Permaneçam!: “Permaneçam na cidade até serdes revestidos com o poder do alto” (Lc 24, 49). Claro, não há contradição; o sentido é: ide por todo o mundo, mas não antes de ter recebido o Espírito Santo.

Toda a história de Pentecostes serve para destacar essa verdade. Vem o Espírito Santo e eis que Pedro e os outros apóstolos, em voz alta, começam a falar de Cristo crucificado e ressuscitdo e a sua palavra tem uma tal unção e potência que três mil pessoas sentem o coração transpassado. O Espírito Santo, descido sobre os apóstolos, se transformar neles em um irresistível impulso a evangelizar.

São Paulo vem afirmar que sem o Espírito Santo é impossível proclamar que “Jesus é o Senhor!” (1 Cor 12, 3), que é o começo e a síntese de todo anúncio cristão. São Pedro, por sua vez, define os apóstolos “aqueles que anunciaram o Evangelho no Espírito Santo” (1 Pd 1, 12). Indica com a palavra “Evangelho” o conteúdo e com a expressão “no Espírito Santo” o meio, ou o método, do anúncio.