sexta-feira, 18 de março de 2016

Via-Sacra: 6ª Estação: “Verônica enxuga o rosto de Jesus.” (Isaías 53,2-3; Salmos 27/26,8-9).


  
“Não tinha beleza que atraia o nosso olhar”.

O meu próximo é aquele do qual eu me aproximo. A caridade é uma atitude que brota de dentro, foi o que aconteceu com esta mulher ao ver aquele condenado. Não se preocupou com o “preço” que poderia vir a pagar por aquele gesto, se por um nada o Cirineu se associou à maldição que carregava o Cristo, essa mulher livre por dentro e por fora enxuga o rosto e atenua um pouco os seus sofrimentos. Como o nosso mundo precisa de Verônicas, eu e você muitas vezes levantamos de nossas quedas e fracassos porque alguém revelou a fase misericordiosa de Deus para nós.

“É Senhor, o vosso rosto que eu persigo”.

«É, Senhor, o vosso rosto que eu persigo. Não escondais de mim o vosso rosto» (Sal 27/26, 8). Verónica – Berenice, segundo a tradição grega – encarna este anseio que irmana todos os homens piedosos do Antigo Testamento, o anseio que provam todos os homens crentes de verem o rosto de Deus. Em todo o caso, na Via-Sacra de Jesus, inicialmente ela limitara-se a prestar um serviço de gentileza feminina: oferecer um lenço a Jesus. Não se deixa contagiar pela brutalidade dos soldados, nem imobilizar pelo medo dos discípulos. É a imagem da mulher bondosa que, perante o turbamento e escuridão dos corações, mantém a coragem da bondade, não permite ao seu coração de entenebrecer-se: «Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus» – dissera o Senhor no Discurso da Montanha (Mt 5, 8). Ao princípio, Verónica via apenas um rosto maltratado e marcado pela dor. Mas, o acto de amor imprime no seu coração a verdadeira imagem de Jesus: no Rosto humano, coberto de sangue e de feridas, ela vê o Rosto de Deus e da sua bondade que nos acompanha mesmo na dor mais profunda. Somente com o coração podemos ver Jesus. Apenas o amor nos torna capazes de ver e nos torna puros. Só o amor nos faz reconhecer Deus, que é o próprio amor.

Senhor dai-nos a inquietação do coração que procura o vosso rosto. Protegei-nos do obscurecimento do coração que vê apenas a superfície das coisas. Concedei-nos aquela generosidade e pureza de coração que nos tornam capazes de ver a vossa presença no mundo. Quando não formos capazes de realizar grandes coisas, dai-nos a coragem de uma bondade humilde. Imprimi o vosso rosto nos nossos corações, para Vos podermos encontrar e mostrar ao mundo a vossa imagem. 

Não há n'Ele parecer, não há formosura que atraia o olhar nem beleza que agrade. Desprezado, rejeitado pelos homens, varão de dores, experimentado em todos os sofrimentos, diante de quem se volta a cara, menosprezado, considerado em nada (Is LIII, 2-3).

E é o Filho de Deus que passa, louco... louco de Amor!

Uma mulher, de nome Verônica, abre caminho entre a multidão, levando um pano branco dobrado, com o qual limpa piedosamente o rosto de Jesus. O Senhor deixa gravada a Sua Santa Face, nas três partes desse véu.

O rosto bem-amado de Jesus, que tinha sorrido às crianças e se transfigurou de glória no Tabor, está agora como que oculto pela dor. Mas esta dor é a nossa purificação; esse suor e esse sangue que mancham e deformam as Suas feições, a nossa limpeza. Senhor, que eu me decida a arrancar, mediante a penitência, a triste máscara que forjei com as minhas misérias... Então, só então, pelo caminho da contemplação e da expiação, a minha vida irá copiando fielmente os traços da Tua vida. Ir-nos-emos parecendo cada vez mais conTigo.

Seremos outros Cristos, o próprio Cristo, ipse Christus. 

Os bispos, nestes dias de angústia nacional, precisam repetir os ensinamentos da moral cristã ‘ad nauseam’

 
O cenário político é realmente preocupante. Em minha opinião, órgãos eclesiásticos, como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), podem, ou talvez, devem se manifestar, apenas para inculcar cautela e prudência. Não cabe à hierarquia assumir nenhuma postura político-partidária. Compete, ainda, aos pastores, o múnus de ensinar os princípios éticos sacados da chamada Doutrina Social da Igreja. Os bispos, nestes dias de angústia nacional, precisam repetir, oportuna e inoportunamente, ad nauseam, os ensinamentos da moral cristã.

A tarefa de reverter o presente quadro dantesco há de ser desempenhada pelos leigos, que atuam como Igreja, os quais necessitam sair das sacristias, tirar os jalecos!  Não existe a “solução católica”, porém, alumiados pela palavra de Jesus, contextualizada pelo magistério, os leigos, consoante a ensinança do Concílio Vaticano II, têm de animar e aperfeiçoar a ordem das realidades temporais, com o espírito do evangelho de nosso Senhor.  Onde está a bancada católica do Congresso Nacional?

O Brasil falhou em capacitar líderes políticos. Nós falhamos! Desta feita, os vezos de grande parte dos micro-organismos (famílias, escolas, empresas etc.) infeccionaram as fibras dos macro-organismos (Estado, governo, autarquias, instituições etc.). Não é o povo que imita os políticos ruins; são certos políticos que emulam parcela da população. Ora, por exemplo, o síndico que perpetra trapaças financeiras em detrimento do condomínio realizará coisas horríveis, se guindado a deputado federal. Em outras palavras: continuará com idêntico procedimento vil e imoral, em escala geometricamente superior, é claro.

Cristo ofereceu-se por nós


Os sacrifícios das vítimas materiais, que a própria Santíssima Trindade, Deus único do Antigo e do Novo Testamento, tinha ordenado que nossos antepassados lhe oferecessem, prefiguravam a agradabilíssima oferenda daquele sacrifício em que o Filho unigênito de Deus feito carne iria, misericordiosamente, oferecer-se por nós.

De fato, segundo as palavras do Apóstolo, ele se entregou a si mesmo a Deus por nós, em oblação e sacrifício de suave odor (Ef 5,2). É ele o verdadeiro Deus e o verdadeiro sumo-sacerdote que por nossa causa entrou de uma vez para sempre no santuário, não com o sangue de touros e bodes, mas com o seu próprio sangue. Era isto que outrora prefigurava o sumo-sacerdote, quando, uma vez por ano, entrava no santuário com o sangue das vítimas.

É Cristo, com efeito, que, por si só, ofereceu tudo o quanto sabia ser necessário para a nossa redenção; ele é ao mesmo tempo sacerdote e sacrifício, Deus e templo. Sacerdote, por quem somos reconciliados; sacrifício, pelo qual somos reconciliados; templo, onde somos reconciliados; Deus, com quem somos reconciliados. Entretanto, só ele é o sacerdote, o sacrifício e o templo, enquanto Deus na condição de servo; mas na sua condição divina, ele é Deus com o Pai e o Espírito Santo.

Acredita, pois, firmemente e não duvides que o próprio Filho Unigênito de Deus, a Palavra que se fez carne, se ofereceu por nós como sacrifício e vítima agradável a Deus. A ele, na unidade do Pai e do Espírito Santo, eram oferecidos sacrifícios de animais pelos patriarcas, profetas e sacerdotes do Antigo Testamento. E agora, no tempo do Novo Testamento, a ele, que é um só Deus com o Pai e o Espírito Santo, a santa Igreja católica não cessa de oferecer em toda a terra, na fé e na caridade, o sacrifício do pão e do vinho.

Antigamente, aquelas vítimas animais prefiguravam o corpo de Cristo, que ele, sem pecado, ofereceria pelos nossos pecados, e seu sangue, que ele derramaria pela remissão desses mesmos pecados. Agora, este sacrifício é ação de graças e memorial do Corpo de Cristo que ele ofereceu por nós, e do sangue que o mesmo Deus derramou por nós. A esse respeito, fala São Paulo nos Atos dos Apóstolos: Cuidai de vós mesmos e de todo o rebanho, sobre o qual o Espírito Santo vos colocou como guardas, para pastorear a Igreja de Deus, que ele adquiriu com o sangue do seu próprio Filho (At 20,28). Antigamente, aqueles sacrifícios eram figura do dom que nos seria feito; agora, este sacrifício manifesta claramente o que já nos foi doado.

Naqueles sacrifícios anunciava-se de antemão que o Filho de Deus devia sofrer a morte pelos ímpios; neste sacrifício anuncia-se que ele já sofreu essa morte, conforme atesta o Apóstolo: Quando éramos ainda fracos, Cristo morreu pelos ímpios, no tempo marcado (Rm 5,6). E ainda: Quando éramos inimigos de Deus, fomos reconciliados com ele pela morte do seu Filho (Rm 5,10).


Do Tratado sobre a fé de Pedro, de São Fulgêncio de Ruspe, bispo
(Cap.22.62: CCL 91A, 726.750-751) 

(Séc. VI)

Como tornar inesquecível o final da vida


Ninguém gostaria que um parente ou um amigo estivesse em estado terminal. Mas, se essa for a realidade de um conhecido seu, como tornar os últimos preciosos momentos de vida inesquecíveis?

Mário, faleceu antes de completar 54 anos, mas, antes de partir, pôde dizer um adeus especial e nada comum: a uma girafa!

Isso porque, Mario trabalhou na manutenção de um zoológico em Roterdan, na Holanda, por quase metade da sua vida (25 anos). Depois de seus turnos, ele adorava visitar e ajudar a cuidar dos animais, incluindo as girafas.

Graças a uma organização incrível, Mario conseguiu o que queria.

A Ambulance Wish Foundation (na tradução livre, Fundação Ambulância dos Sonhos), é uma fundação holandesa e sem fins lucrativos que ajuda pessoas como Mario a realizarem seu último sonho. É muito parecido com Make-A-Wish, só que não é apenas para crianças. Como a luta de Mario contra o câncer cerebral terminal chegou ao fim, tudo o que queria fazer era visitar o zoológico pela última vez.

Ele queria dizer adeus aos seus colegas – e talvez compartilhar um momento final com alguns de seus amigos peludos.

A ideia da Ambulance Wish Foundation (AWF) surgiu em 2006, quando Kees Veldboer, que era um motorista de ambulância na época, estava deslocando um paciente de um hospital para outro. O paciente era um homem doente terminal que passou três meses seguidos confinado na cama de um hospital. Durante a viagem de um hospital para outro, o paciente disse a Veldboer que queria ver o canal Vlaardingen uma última vez. Ele queria se sentar junto do sol e do vento e sentir o cheiro da água novamente antes de voltar para dentro.


Veldboer fez o último desejo do paciente acontecer, e como lágrimas de alegria escorriam pelo rosto do homem, o motorista descobriu uma poderosa forma de trazer a paz para as pessoas em seus dias finais.

Logo depois disso, nasceu a fundação. 

São Cirilo de Jerusalém


Com alegria neste dia lembramos a vida de santidade de um grande homem proclamado Doutor da Igreja. São Cirilo nasceu em Jerusalém em 315, no início do tempo de graça, em que a Igreja conquistou com a liberdade religiosa dada por Constantino. Ordenado sacerdote, São Cirilo cuidou com carinho, zelo e amor da preparação de Catecúmenos para o Batismo, assim como se dedicou no magistério, ou seja, ensinamento da Sã Doutrina.

Deixou escrito as “Catequeses”, em que expõe a verdadeira doutrina da fé e os ensinamentos da Sagrada Escritura. Sobre a Eucaristia, ele afirmava: “Sob a forma de pão é o corpo que te é dado e, sob a forma de vinho, o sangue; de tal maneira que, ao receberes o corpo e sangue de Cristo, te transformas, com ele, num só corpo e num só sangue”.

Cirilo tratava com simplicidade, mas com muita profundidade, sobre o pecado, penitência, batismo, credo e outros pontos essenciais da nossa fé. Mesmo depois de ser eleito bispo e patriarca de Jerusalém continuou sempre ao lado da verdade.

Por três vezes foi exilado pelos imperadores Constâncio e Valente. Participou do terceiro Concílio Ecumênico de Constantinopla. Seu último exílio foi o mais duro e cruel, obrigando-o por onze anos, a vagar pelas cidades da Ásia e outras regiões do Oriente.

São Cirilo morreu em 386.  

ORAÇÃO


Ó Deus, que marcastes pela vossa doutrina a vida de São Cirilo de Jerusalém, concedei-nos, por sua intercessão, que sejamos fiéis à mesma doutrina, e a proclamemos em nossas ações. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

quinta-feira, 17 de março de 2016

Conselho Nacional da RCC convoca carismáticos a uma grande intercessão pelo país


CONSELHO NACIONAL DA RCC DO BRASIL


Prezados irmãos em Cristo Jesus,
Paz!

Estamos vivendo tempos difíceis e assistimos nosso país envolto em uma crise política, econômica, de valores e tantas outras. De qualquer maneira, o dia 16 de março de 2016 seguramente passará para a História do Brasil. Talvez seja lembrado como o dia em que um único ato de governo transformou-se em estopim capaz de mobilizar manifestações organizadas tão rápido quanto um lava-jato.

De fato, não é diferente entre nós carismáticos. Com os últimos acontecimentos políticos noticiados pela imprensa brasileira, a indignação torna-se presente, uma forte inquietação suscita em muitos o desejo de protagonizar uma reação explícita e terminam por sugerir todo o tipo de mobilização aos líderes do Movimento. Neste contexto, é importante reconhecer que é lícito indignar-se com a corrupção e com toda mazela resultante do trato com a coisa pública. Contudo, é preciso recordar que pela fé acreditamos que não são as armas humanas que estão vencendo este combate – é Deus mesmo que se põe à frente abrindo caminhos.

Isto fica cada vez mais claro, pois não obstante a seriedade e o profissionalismo dos servidores públicos da Polícia Federal, do Ministério Público e da Justiça Brasileira, eles jamais imaginaram alcançar algo tão grandioso como o que está acontecendo no país. A prova disso foi o nome dado à investigação: OPERAÇÃO LAVA JATO. Este nome teve como base as investigações a respeito do doleiro Yussef, que usava para “lavagem de dinheiro” um posto de gasolina, um lava-jato e uma lavanderia. Nesta perspectiva, os investigadores imaginavam que também a operação seria um trabalho rápido (algo em torno de 3 meses) – daí a denominação da tarefa.

Certamente não só a oração de nós carismáticos, mas sobe aos céus o clamor de todo o povo brasileiro que está morrendo nas filas dos hospitais, que perde o emprego (muitas vezes único amparo de subsistência), que padece em escolas deficitárias, que sofre a violência das cidades entregues às drogas e aos vícios de uma sociedade sem valores Cristãos, o qual com a resignação de sua dor entrega a Deus um clamor de súplica pela intervenção Divina.

A cruz de Cristo e a misericórdia




A proximidade da celebração da paixão, morte e ressurreição nos faz ver a grandeza da misericórdia que Deus revelou a nós no seu Filho, o Crucificado-Ressuscitado. São sempre atuais as palavras do profeta Zacarias, retomadas por São João: “olharão para aquele que traspassaram” (Jo 19,37). Será sempre um olhar humano, portanto limitado, que contempla a manifestação do ser mais profundo de Deus, seu amor misericordioso. Por isso, precisamos do “olhar da fé”, para, sem ignorarmos os fatos, vermos neles a redenção da humanidade, pura obra da graça. 

Na cruz, aquele que “passou fazendo o bem e curando a todos” (At 10,38), mostra-se agora Ele próprio, digno da maior misericórdia. “Ele não tinha beleza e nem esplendor que pudesse atrair o nosso olhar, nem formosura capaz de nos deleitar. Era desprezado e abandonado pelos homens, homem sujeito à dor, familiarizado com o sofrimento, como pessoa de quem todos escondem o rosto; desprezado, nem fazíamos caso dele.” (Is 53,2-3).Como que suplicando misericórdia, convida os discípulos a vigiarem com ele (Mt 26,28) e, ao Pai, pede para, “se possível, que passe de mim este cálice.” (Mt 26, 39). O Pai mantém-se fiel em seu amor misericordioso, “pois Deus amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3,16). Não lhe é, porém, poupado o sofrimento.E não encontrou quem dele tivesse misericórdia! Por isso, a cruz fala do pecado, da falta de justiça e misericórdia da humanidade, da indiferença diante do sofrimento inocente, da violência que tira a vida de pobres, crianças e jovens. Infelizmente, também hoje, como com Jesus, “nem fazíamos caso dele.” (Is 53,2).

Via-Sacra: 5ª Estação: “Jesus é ajudado por Simão Cireneu a levar a Cruz” (S. Mateus 27,32; 16,24).




“Negue-se a si mesmo, pegue a sua cruz e siga-Me”.

Neste encontro, no máximo do seu sofrimento humano e moral Jesus encontra o auxilio de um desconhecido. Parece que Ele não teria mais força para carregar a Cruz até o Calvário, Jesus que carrega a cruz para salvar a humanidade por um homem é ajudado. Quantas vezes em nossa vida parece que não vamos aquentar, a cruz é pesada demais. É nesta hora que o próprio Jesus se torna o nosso Cirineu e toma sobre si as nossas dores. Coloca em nosso caminho alguém especial que nos ajuda a carregar a cruz.

“Requisitaram-no, para levar a cruz de Jesus”.

Simão de Cirene regressa do trabalho, vai a caminho de casa quando se cruza com aquele triste cortejo de condenados – para ele talvez fosse um espetáculo habitual. Os soldados valem-se do seu direito de coação e colocam a cruz às costas dele, robusto homem do campo. Que aborrecimento não deverá ter sentido ao ver-se inesperadamente envolvido no destino daqueles condenados! Faz o que deve fazer, mas certamente com grande relutância. E, todavia o evangelista Marcos nomeia, juntamente com ele, também os seus filhos, que evidentemente eram conhecidos como cristãos como membros daquela comunidade (Mc 15, 21). Do encontro involuntário, brotou a fé. Acompanhando Jesus e compartilhando o peso da cruz, o Cireneu compreendeu que era uma graça poder caminhar juntamente com este Crucificado e assisti-Lo. O mistério de Jesus que sofre calado tocou-lhe o coração. Jesus, cujo amor divino era o único que podia, e pode redimir a humanidade inteira, quer que compartilhemos a sua cruz para completar o que ainda falta aos seus sofrimentos (Col 1, 24). Sempre que, bondosamente, vamos ao encontro de alguém que sofre alguém que é perseguido e inerme, partilhando o seu sofrimento ajudamos a levar a própria cruz de Jesus. E assim obtemos salvação, e nós mesmos podemos contribuir para a salvação do mundo.

Senhor abristes a Simão de Cirene os olhos e o coração, dando-lhe, na partilha da cruz, a graça da fé. Ajudai-nos a assistir o nosso próximo que sofre, ainda que este chamamento resultasse em contradição com os nossos projetos e as nossas simpatias. Concedei-nos reconhecer que é uma graça poder partilhar a cruz dos outros e experimentar que dessa forma estamos a caminhar convosco. Fazei-nos reconhecer com alegria que é precisamente pela partilha do vosso sofrimento e dos sofrimentos deste mundo que nos tornamos ministros da salvação, podendo assim ajudar a construir o vosso corpo, a Igreja.

Jesus está extenuado. O seu passo é cada vez mais cambaleante, e a soldadesca tem pressa de acabar; de modo que, quando saem da cidade pela porta Judiciária, intimam um homem que vinha duma granja, chamado Simão de Cirene, pai de Alexandre e de Rufo, e obrigam-no a levar a Cruz de Jesus (cfr. Mc XV, 21).

No conjunto da Paixão, é bem pouco o que significa esta ajuda. Mas a Jesus basta-Lhe um sorriso, uma palavra, um gesto, um pouco de amor, para derramar copiosamente a Sua graça sobre a alma do amigo. Anos mais tarde, os filhos de Simão, já cristãos, serão conhecidos e estimados pelos seus irmãos na fé. Tudo começou por um encontro inesperado com a Cruz.

Apresentei-Me aos que não perguntavam por Mim, encontraram-Me os que não Me procuravam (Is LXV, 1).

Às vezes, a Cruz aparece sem que a procuremos: é Cristo que pergunta por nós. E se, porventura, ante essa Cruz inesperada, e talvez por isso mais obscura, o coração mostrasse repugnância... não lhe dês consolações. E, se as pedir, cheio de uma nobre compaixão, diz-lhe devagar, em confidência: coração, coração na Cruz, coração na Cruz!